4 de setembro de 2008

Sai de cena Soriano, voz do sentimento popular

Um dos intérpretes que mais bem traduziram no seu cancioneiro o gosto dos brasileiros pelas canções sentimentais de tom arrebatado, Waldick Soriano saiu de cena na madrugada desta quinta-feira, 4 de setembro de 2008, aos 75 anos, vítima de câncer na próstata. Nascido em 13 de maio de 1933, na cidade interiorana de Caetité, na Bahia, Soriano morreu no Rio de Janeiro. De origem pobre, Soriano foi peão, garimpeiro, engraxate e motorista de caminhão - entre outros ofícios desprezados na escala social - antes de conseguir ser o ídolo de um Brasil popular que o Brasil finge ignorar. Começou a gravar discos no início dos anos 60. É dessa década, aliás, a obra-prima do repertório autoral de Soriano, Tortura de Amor. Mas vem dos anos 70 a música que mais identifica o artista no imaginário popular: Eu Não Sou Cachorro, Não. Voz das dores de amores, das quais dizia sofrer, Waldick Soriano parecia encarnar um personagem - e não somente pelos figurinos e pelos óculos pretos que caracterizavam o seu visual. E foi com um olhar terno dirigido a este personagem que a atriz Patrícia Pillar, fã confessa do artista, produziu e dirigiu o documentário Waldick Soriano - Sempre no meu Coração, já exibido em festivais, mas ainda à espera de uma chance para entrar em circuito. Intérprete associado à música cafona (ou brega), Waldick Soriano fez seu nome na música ao cantar para um povo que nunca teve vergonha de ser sentimental. É no coração desse povo que seu nome e seu som vão permanecer para sempre.

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Um dos intérpretes que mais bem traduziram no seu cancioneiro o gosto dos brasileiros pelas canções sentimentais de tom arrebatado, Waldick Soriano saiu de cena na madrugada desta quinta-feira, 4 de setembro de 2008, aos 75 anos, vítima de câncer na próstata. Nascido em 13 de maio de 1933, na cidade interiorana de Caetité, na Bahia, Soriano morreu no Rio de Janeiro. De origem pobre, Soriano foi peão, garimpeiro, engraxate e motorista de caminhão - entre outros ofícios desprezados na escala social - antes de conseguir ser o ídolo de um Brasil popular que o Brasil finge ignorar. Começou a gravar discos no início dos anos 60. É dessa década, aliás, a obra-prima do repertório autoral de Soriano, Tortura de Amor. Mas vem dos anos 70 a música que mais identifica o artista no imaginário popular: Eu Não Sou Cachorro, Não. Voz das dores de amores, das quais dizia sofrer, Waldick Soriano parecia encarnar um personagem - e não somente pelos figurinos e pelos óculos pretos que caracterizavam o seu visual. E foi com um olhar terno dirigido a este personagem que a atriz Patrícia Pillar, fã confessa do artista, produziu e dirigiu o documentário Waldick Soriano - Sempre no meu Coração, já exibido em festivais, mas ainda à espera de uma chance para entrar em circuito. Intérprete associado à música cafona (ou brega), Waldick Soriano fez seu nome na música ao cantar para um povo que nunca teve vergonha de ser sentimental. É no coração desse povo que seu nome e seu som vão permanecer para sempre.

4 de setembro de 2008 às 09:41  
Anonymous Anônimo said...

Eu não sou cachorro não, passou de música e virou bordão popular, está no imaginário coletivo de todo o país.
Esse tipo de brega eu gosto e respeito.

Jose Henrique

4 de setembro de 2008 às 14:51  
Anonymous Anônimo said...

AO 2:51
CANTA, QUE O TEU CANTO ( OU O TEU GOSTO ) DIRÁ QUEM TU ES.

4 de setembro de 2008 às 16:41  
Anonymous Anônimo said...

Mui digno o texto do Mauro. Concordo com o José,em mesma proporção que discordo do tardio (antipático idem) comentario infeliz do 4:41:Um pq essa coisa de puritanismo em arte é de uma subjetividade tão discutível,a propria concepção do puritanismo é em si subjetiva que dirá na arte.É tão subjetivo,tão flácido que eu,bom o dizer de antemão, sem nenhum tipo de ranço,ou conceito antecipado, eu esta criatura a qual se limita conhecer esta unica canção do Waldick,apesar de não ouvi-la.No mesmo reino da 'subjetividade':afirmo com toda segurança e naturalidade nutrir profundo respeito por o mesmo,tão só pq nutro respeito por qualquer criatura que faça algo com verdade,com verve SUA.É claro que a natureza,o desempenho da verve é questionável e varia de paladar para paladar, mas é essencial que se possa situar alguem como tendo sido verdadeiro,para com outrém?para consigo próprio 'a priore'.
Por falar em verdadeiro não existe comportamento mais fake do que esta reação do mesmo anônimo,essa ideia do "cruz credo" condicionado,que já foi derrubada tantas vezes pela 'hierarquia' mutante do múltipo.
Se me pedem pra escolher entre classe paradigma e verdade,eu de longe opto pela verdade
no departamento que for.

4 de setembro de 2008 às 20:40  
Anonymous Anônimo said...

Gente, Waldick está no nosso imaginário. Faz paete da cultura popular brasileira. O Mauro escreveu lindamente, sem falsos elitismos. Parabena Mauro, bom final de semana

5 de setembro de 2008 às 16:46  
Anonymous Anônimo said...

"Puritanismo" não. "Purismo".

Realmente, depois dos breganejos, dos sambistas mauriçolas, do Tchã, do arrocha, do Latino e da Kelly key, do KLB e do Rouge, Waldick Soriano até parece bom.

Mas está a zilhões de distância de coisas realmente boas. Só pq os pobres e ignorantes o elegeram como ídolo (mesmo??), isso não faz dele bom compositor nem cantor de bom gosto.

6 de setembro de 2008 às 11:47  
Anonymous Anônimo said...

A música cafona é um gênero como qualquer outro. Há quem goste, há quem não.

O maior ícone desse gênero é Altemar Dutra. Os outros são decorrência.

6 de setembro de 2008 às 18:45  

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