Martinho chega aos 70 anos com obra pessoal
Martinho José Ferreira, o da Vila, completa 70 anos nesta terça-feira, 12 de fevereiro de 2008, com direito a aplausos pela data e pela obra coerente, inovadora e pessoal. "Martinho vem da Vila lá do fundo do quintal tornando diferente aquela coisa sempre igual", chegou a zoar Rita Lee, em 1976, em verso de Arrombou a Festa. Fora do contexto, até que o verso faz sentido. Martinho não veio da Vila, mas de Duas Barras (RJ), interior fluminense. Mas tornou diferente um samba que ficara sempre igual e - nesse sentido - o único compositor de sua geração que rivaliza com ele é Paulinho da Viola, também dono de uma assinatura bem marcante e única.
Projetado em 1967 ao defender sua Menina Moça no III Festival de Música Brasileira da TV Record, Martinho já começou a fazer sucesso há 40 anos quando apresentou Casa de Bamba, o samba que seria incluído em seu primeiro álbum, Martinho da Vila, editado em 1969 pela gravadora RCA. Já no fim daqueles anos 60, Martinho renovou o samba - no caso, o samba-enredo. Sem trair as tradições do gênero a ponto de descaracterizá-lo, o compositor encurtou e acelerou o samba-enredo, alguns então quilométricos e, por vezes, arrastados e empostados. Quatro Séculos de Modas e Costumes (1968) e Iaiá do Cais Dourado (1969) são dois exemplos da habilidade de Martinho para inovar sem desrespeitar. Nos anos 70, década em que angariou prestígio e grande popularidade com irretocáveis álbuns anuais, Martinho da Vila ajudou a popularizar o partido alto na classe média. É como se o samba saísse do fundo do quintal para ser ouvido na sala de estar sem tanto preconceito.
O samba molda a obra coerente de Martinho da Vila. Mas encaixar o compositor no rótulo de sambista é injusto com um artista que, a partir do samba, soube transitar também por ritmos mais ou até menos afins como calango, ciranda, côco, choro e os belos sembas de raiz africana. Às vezes com um pé no folclore - como no disco O Canto das Lavadeiras (1989), um dos títulos emblemáticos de discografia que já soma 38 álbuns, quase todos de excelente nível. Quase todos com um viés político que, às vezes, era simplesmente a valorização da cultura negra. Com o seu canto manemolente, de uma ginga e uma divisão particulares, Martinho da Vila conseguiu criar samba de identidade tão pessoal que, na visão de desatentos detratores e críticos, pode até parecer e soar sempre igual. Só que é, na realidade, pautado por diferença capaz de distinguir o nome de Martinho José Ferreira no universo dos compositores ligados ao samba. E que o faz digno dos maiores aplausos - especialmente no dia em que faz 70 anos. Parabéns, Martinho da Vila e do Brasil!
Projetado em 1967 ao defender sua Menina Moça no III Festival de Música Brasileira da TV Record, Martinho já começou a fazer sucesso há 40 anos quando apresentou Casa de Bamba, o samba que seria incluído em seu primeiro álbum, Martinho da Vila, editado em 1969 pela gravadora RCA. Já no fim daqueles anos 60, Martinho renovou o samba - no caso, o samba-enredo. Sem trair as tradições do gênero a ponto de descaracterizá-lo, o compositor encurtou e acelerou o samba-enredo, alguns então quilométricos e, por vezes, arrastados e empostados. Quatro Séculos de Modas e Costumes (1968) e Iaiá do Cais Dourado (1969) são dois exemplos da habilidade de Martinho para inovar sem desrespeitar. Nos anos 70, década em que angariou prestígio e grande popularidade com irretocáveis álbuns anuais, Martinho da Vila ajudou a popularizar o partido alto na classe média. É como se o samba saísse do fundo do quintal para ser ouvido na sala de estar sem tanto preconceito.
O samba molda a obra coerente de Martinho da Vila. Mas encaixar o compositor no rótulo de sambista é injusto com um artista que, a partir do samba, soube transitar também por ritmos mais ou até menos afins como calango, ciranda, côco, choro e os belos sembas de raiz africana. Às vezes com um pé no folclore - como no disco O Canto das Lavadeiras (1989), um dos títulos emblemáticos de discografia que já soma 38 álbuns, quase todos de excelente nível. Quase todos com um viés político que, às vezes, era simplesmente a valorização da cultura negra. Com o seu canto manemolente, de uma ginga e uma divisão particulares, Martinho da Vila conseguiu criar samba de identidade tão pessoal que, na visão de desatentos detratores e críticos, pode até parecer e soar sempre igual. Só que é, na realidade, pautado por diferença capaz de distinguir o nome de Martinho José Ferreira no universo dos compositores ligados ao samba. E que o faz digno dos maiores aplausos - especialmente no dia em que faz 70 anos. Parabéns, Martinho da Vila e do Brasil!
6 Comments:
"Martinho da Vila conseguiu criar samba de identidade tão pessoal que, na visão de desatentos detratores, como Rita Lee, pode até parecer sempre igual."
Visão de desatentos detratores, como Rita Lee?
Acho que é o contrário, não? Rita diz que o Martinho torna diferente aquela coisa sempre igual... Isso é um elogio, não uma alfinetada...
Você que foi desatento, Mauro...
Martinho canta com a boca mole. Não posso com isso.
E a comparação com Paulinho da Viola é descabida.
Martinho já teve sua obra coerente, de uns tempos pra cá ( a partir de 96 ) sua obra ficou simplesmente terrível - é simplesmente irritante vê-lo declamar a música mulheres ! além disso não tem sido coerente nem nos seus comentários, talvez pela idade.
Mas justiça seja feita, é um dos ícones da música brasileira, tem um jeito de cantar especial, e o sem graça do Paulinho da Viola, não chega nem aos pés dele.
Pra que o comentário ofensivo do ARROMBOU A FESTA ?
Mauro só pode estar de sacanagem. Arrombou a festa é uma mistura de homenagem com zoação, e só. Bilu bilu Fafá, Chico e sua Chandon, Caetano de olho na butique da irmã...
Araca, vc curte Morrissey? Heheh.
Eu também achava que a referência ao Martinho em "Arrombou a Festa" era elogiosa...
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