Leve, 'Lua Bonita' ilumina a obra de Zé do Norte
Resenha de CD
Título: Lua Bonita
Zé do Norte 100 Anos
Artista: Socorro Lira
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * *
Veiculada em âmbito mundial no ritmo do baião, ao ser posta em rotação na trilha sonora do premiado filme O Canganceiro (1953), a toada Mulher Rendeira é o maior sucesso da obra esquecida de Alfredo Ricardo do Nascimento, conhecido como Zé do Norte (1908 - 1992). Gravada em diversos idiomas, Mulher Rendeira recupera no disco Lua Bonita o andamento original - mais lento, como se fosse um acalanto - com que a toada foi adaptada por Zé do Norte a partir de um tema tradicional do folclore. Mulher Rendeira é uma das 11 músicas do álbum em que a cantora Socorro Lira reabilita a obra do cantor, compositor e poeta paraibano - hoje pouco ouvida. Quarto volume do projeto Memória Musical da Paraíba, Lua Bonita - Zé do Norte 100 Anos é o sétimo disco de Socorro e celebra, com dois anos de atraso, o centenário do autor de Sodade, Meu Bem, Sodade - outra toada da trilha de O Cangaceiro, revivida por Socorro em dueto afetivo com Vanja Orico, atriz do filme dirigido pelo cineasta Lima Barreto (1906 - 1982) com roteiro de Rachel de Queiroz (1910 - 2003). Com leveza, Lua Bonita ilumina obra de grandeza ímpar com adesões de Elba Ramalho (no xote Flor do Campo), Geraldo Azevedo (no xote que dá título ao disco, Lua Bonita, arranjado pelo próprio Geraldo), Sandra Belê (no coco Balança a Rede) e Zé Paulo Medeiros (na canção São Jorge e a Lua). Um cancioneiro bem eclético. Natural de Cajazeiras, no sertão da Paraíba, Zé do Norte rompeu com sua obra as fronteiras musicais da região onde nasceu - talvez pelo fato de ter migrado para o Rio de Janeiro (RJ). Seu repertório autoral abrange tanto um carimbó - Vai Ver Quem Chegou, temperado com o molho rítmico do Norte do Brasil - quanto um tema afro (No Reino de Iemanjá) e um maxixe (Rainha de Tamba). Temas revividos pelo canto melodioso de Socorro Lira - tão leve quanto os arranjos de Júlio Caldas - neste disco encerrado com a voz do próprio Zé do Norte, que recita os versos de O Poeta em gravação extraída de entrevista concedida pelo compositor em 1977 a uma emissora de rádio de Salvador (BA). Por mais que surjam eventualmente algumas controvérsias sobre a verdadeira autoria de músicas registradas por Zé do Norte como dele (por ter sido folclorista, há quem defenda a tese de que alguns temas teriam sido recolhidos, e não compostos, pelo artista), a obra atribuída ao poeta é de grande valor e merece sair da sombra e ser apreciada sob a luz de Lua Bonita - belo tributo de Socorro.
Título: Lua Bonita
Zé do Norte 100 Anos
Artista: Socorro Lira
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * *
Veiculada em âmbito mundial no ritmo do baião, ao ser posta em rotação na trilha sonora do premiado filme O Canganceiro (1953), a toada Mulher Rendeira é o maior sucesso da obra esquecida de Alfredo Ricardo do Nascimento, conhecido como Zé do Norte (1908 - 1992). Gravada em diversos idiomas, Mulher Rendeira recupera no disco Lua Bonita o andamento original - mais lento, como se fosse um acalanto - com que a toada foi adaptada por Zé do Norte a partir de um tema tradicional do folclore. Mulher Rendeira é uma das 11 músicas do álbum em que a cantora Socorro Lira reabilita a obra do cantor, compositor e poeta paraibano - hoje pouco ouvida. Quarto volume do projeto Memória Musical da Paraíba, Lua Bonita - Zé do Norte 100 Anos é o sétimo disco de Socorro e celebra, com dois anos de atraso, o centenário do autor de Sodade, Meu Bem, Sodade - outra toada da trilha de O Cangaceiro, revivida por Socorro em dueto afetivo com Vanja Orico, atriz do filme dirigido pelo cineasta Lima Barreto (1906 - 1982) com roteiro de Rachel de Queiroz (1910 - 2003). Com leveza, Lua Bonita ilumina obra de grandeza ímpar com adesões de Elba Ramalho (no xote Flor do Campo), Geraldo Azevedo (no xote que dá título ao disco, Lua Bonita, arranjado pelo próprio Geraldo), Sandra Belê (no coco Balança a Rede) e Zé Paulo Medeiros (na canção São Jorge e a Lua). Um cancioneiro bem eclético. Natural de Cajazeiras, no sertão da Paraíba, Zé do Norte rompeu com sua obra as fronteiras musicais da região onde nasceu - talvez pelo fato de ter migrado para o Rio de Janeiro (RJ). Seu repertório autoral abrange tanto um carimbó - Vai Ver Quem Chegou, temperado com o molho rítmico do Norte do Brasil - quanto um tema afro (No Reino de Iemanjá) e um maxixe (Rainha de Tamba). Temas revividos pelo canto melodioso de Socorro Lira - tão leve quanto os arranjos de Júlio Caldas - neste disco encerrado com a voz do próprio Zé do Norte, que recita os versos de O Poeta em gravação extraída de entrevista concedida pelo compositor em 1977 a uma emissora de rádio de Salvador (BA). Por mais que surjam eventualmente algumas controvérsias sobre a verdadeira autoria de músicas registradas por Zé do Norte como dele (por ter sido folclorista, há quem defenda a tese de que alguns temas teriam sido recolhidos, e não compostos, pelo artista), a obra atribuída ao poeta é de grande valor e merece sair da sombra e ser apreciada sob a luz de Lua Bonita - belo tributo de Socorro.
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Veiculada em âmbito mundial no ritmo do baião, ao ser posta em rotação na trilha sonora do premiado filme O Canganceiro (1953), a toada Mulher Rendeira é o maior sucesso da obra esquecida de Alfredo Ricardo do Nascimento, conhecido como Zé do Norte (1908 - 1992). Gravada em diversos idiomas, Mulher Rendeira recupera no disco Lua Bonita o andamento original - mais lento, como se fosse um acalanto - com que a toada foi adaptada por Zé do Norte a partir de um tema tradicional do folclore. Mulher Rendeira é uma das 11 músicas do álbum em que a cantora Socorro Lira reabilita a obra do cantor, compositor e poeta paraibano - hoje pouco ouvida. Quarto volume do projeto Memória Musical da Paraíba, Lua Bonita - Zé do Norte 100 Anos é o sétimo disco de Socorro e celebra, com dois anos de atraso, o centenário do autor de Sodade, Meu Bem, Sodade - outra toada da trilha de O Cangaceiro, revivida por Socorro em dueto afetivo com Vanja Orico, atriz do filme dirigido pelo cineasta Lima Barreto (1906 - 1982) com roteiro de Rachel de Queiroz (1910 - 2003). Com leveza, Lua Bonita ilumina obra de grandeza ímpar com adesões de Elba Ramalho (no xote Flor do Campo), Geraldo Azevedo (no xote que dá título ao disco, Lua Bonita, arranjado pelo próprio Geraldo), Sandra Belê (no coco Balança a Rede) e Zé Paulo Medeiros (na canção São Jorge e a Lua). Um cancioneiro bem eclético. Natural de Cajazeiras, no sertão da Paraíba, Zé do Norte rompeu com sua obra as fronteiras musicais da região onde nasceu - talvez pelo fato de ter migrado para o Rio de Janeiro (RJ). Seu repertório autoral abrange tanto um carimbó - Vai Ver Quem Chegou, temperado com o molho rítmico do Norte do Brasil - quanto um tema afro (No Reino de Iemanjá) e um maxixe (Rainha de Tamba). Temas revividos pelo canto melodioso de Socorro Lira - tão leve quanto os arranjos de Júlio Caldas - neste disco encerrado com a voz do próprio Zé do Norte, que recita os versos de O Poeta em gravação extraída de entrevista concedida pelo compositor em 1977 a uma emissora de rádio de Salvador (BA). Por mais que surjam eventualmente algumas controvérsias sobre a verdadeira autoria de músicas registradas por Zé do Norte como dele (por ter sido folclorista, há quem defenda a tese de que alguns temas teriam sido recolhidos, e não compostos, pelo artista), a obra atribuída ao poeta é de grande valor e merece sair da sombra e ser apreciada sob a luz de Lua Bonita - belo tributo de Socorro.
Socorro Lira é hoje, ao lado de Consuelo de Paula, Ana Salvagni e Katya Teixeira a renovação da alma do nosso Brasil Profundo. Todos os discos dela são de excelente qualidade. Só pelo dueto com Vanja Orico o disco já deve estar estupendo!!!
A propósito Mauro, considero seu blog educativo e formador de opiniões, acho que seria interessante você mencionar que Vanja Orico, hoje pouco conhecida, é atriz e cantora, tendo inclusive trabalhado com F.Fellini. Quando perseguida no Brasil pela ditadura viveu na Europa tendo alcançado bastante reconhecimento lá! E era ela própria que entoava mulher rendeira em O cangaceiro.
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