11 de abril de 2010

Yassir leva viola para o mar e para outras terras

Resenha de CD
Título: A Viola e o Mar
Artista: Yassir Chediak
Gravadora: Sala de Som
Records
Cotação: * * * 1/2

Yassir Chediak é um cantor, compositor e violeiro carioca - criado em Minas Gerais - que cultiva os sons do interior do Brasil sem entrar na onda perigosa do sertanejo universitário. Segundo disco solo de Yassir, A Viola e o Mar tira a viola do sertão e a leva para a diversificada praia rítmica brasileira. Acima de conceitos, contudo, o CD seduz o ouvinte pela boa qualidade do repertório autoral, que destaca o xote Chora Morena - gravado em dueto com Geraldo Azevedo - e o samba de roda Ela Deixa, entre outras temas como o maracatu Leva Eu Morena, parceria de Yassir com Jorge Mautner. Dentro da proposta do disco, uma das faixas mais interessantes é A Lenda do Mar. Nesta faixa, que cita Aquarela do Brasil (Ary Barroso), a viola é inserida em universo praieiro - com o auxílio luxuoso do berimbau de Mestre Camisa - que remete inevitavelmente à obra seminal de Dorival Caymmi (1914 - 2008). Obra formatada na Bahia que gerou o ijexá, ritmo presente na composição de Dandá ao lado do ilú (um gênero de origem africana). Mesmo quando transita por ritmos sertanejos, como na moda de viola Flor da Noite (de Yassir e Braz Chediak), o artista paira acima da média atual do estilo. Além disso, registros bacanas de Anunciação (Alceu Valença) e Correnteza (Tom Jobim e Luiz Bonfá) - tema recriado no tom de toada mineira - ratificam o acerto da inusitada incursão marítima da viola de Yassir Chediak.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Yassir Chediak é um cantor, compositor e violeiro carioca - criado em Minas Gerais - que cultiva os sons do interior do Brasil sem entrar na onda perigosa do sertanejo universitário. Segundo disco solo de Yassir, A Viola e o Mar tira a viola do sertão e a leva para a diversificada praia rítmica brasileira. Acima de conceitos, contudo, o CD seduz o ouvinte pela boa qualidade do repertório autoral, que destaca o xote Chora Morena - gravado em dueto com Geraldo Azevedo - e o samba de roda Ela Deixa, entre outras temas como o maracatu Leva Eu Morena, parceria de Yassir com Jorge Mautner. Dentro da proposta do disco, uma das faixas mais interessantes é A Lenda do Mar. Nesta faixa, que cita Aquarela do Brasil (Ary Barroso), a viola é inserida em universo praieiro - com o auxílio luxuoso do berimbau de Mestre Camisa - que remete inevitavelmente à obra seminal de Dorival Caymmi (1914 - 2008). Obra formatada na Bahia que gerou o ijexá, ritmo presente na composição de Dandá ao lado do ilú (um gênero de origem africana). Mesmo quando transita por ritmos sertanejos, como na moda de viola Flor da Noite (de Yassir e Braz Chediak), o artista paira acima da média atual do estilo. Além disso, registros bacanas de Anunciação (Alceu Valença) e Correnteza (Tom Jobim e Luiz Bonfá) - tema recriado no tom de toada mineira - ratificam o acerto da inusitada incursão marítima da viola de Yassir Chediak.

11 de abril de 2010 às 14:17  
Anonymous Diogo ! said...

Parece realmente um belo album!

É bem inusitada esse mix de viola e mar mas acho que os sertanejos e/ou violeiros não precisam recorrer a (dita) MPB pra fazerem belos e inventivos trabalhos e assim terem as bençãos dos medalhões,da critica especializada e dos formadores de opinião.NÃO QUE SEJA NECESSARIAMENTE O CASO DE YASSIR !!!!

Mas serve pra mostrar que um coração sertanejo pulsa em muitos de nossos compositores. Entre eles Tom Jobim( " Correnteza " ),Cartola( " Feriado na Roça " ),Ary Barroso( " No Rancho Fundo " ), Roberto Carlos( " Meu pequeno Cachoeiro ") e até de novatos ( como no caso do carioca Rodrigo Maranhão ).


Salve Catulo da Paixão Cearense, Teixeirinha, Elpidio dos Santos, Hekel Tavares, Tião Carreiro, Almir Satter, Renato Teixeira ...

11 de abril de 2010 às 16:45  
Anonymous Anônimo said...

Ele é o quê do Almir Chediak ????

11 de abril de 2010 às 19:16  
Blogger Unknown said...

Olá Mauro, é sempre um prazer ter uma crítica sua em um trabalho que eu produzi. O Caymmi foi uma das nossas inspirações na concepção do disco, inclusive chegamos a gravar uma dele (Quem vem pra beira do mar), que teve que sair porque na época da gravação a família não pode autorizar por conta da morte dele.
Parabéns e obrigado pela crítica.
Um abraço,
André Agra.

12 de abril de 2010 às 01:14  

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