19 de julho de 2009

Hairspray é vibrante, apesar do elenco irregular

Resenha de musical
Título: Hairspray
Autoria: Mark O'Donnell e Thomas Meehan
Música: Marc Shaiman e Scott Wittman
Direção e versão das letras: Miguel Falabella
Elenco: Simone Gutierrez, Edson Celulari, Arlete Salles,
Danielle Winits, Jonatas Faro e outros
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande (RJ)
De quinta-feira a domingo, até 4 de outubro de 2009

Difícil não se contagiar pela vibrante atmosfera que rege a (boa) encenação brasileira do musical Hairspray, dirigida por Miguel Falabella com suposta fidelidade ao universo e às marcações da montagem norte-americana. Com um segundo ato especialmente inebriante, o espetáculo envolve o espectador e o deixa leve ao fim de suas duas horas. O que não quer dizer que a encenação - em cartaz no teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), até 4 de outubro de 2009 - não tenha seus defeitos. O maior deles reside na equivocada escalação do elenco. Como já havia feito ao dirigir a montagem brasileira de Os Produtores, Falabella recruta atores que não cantam. No papel de Velma Von Tuslle, Arlete Salles apela para humor peculiar que remete à sua personagem no programa humorístico televisivo Toma Lá, Dá Cá. E, na hora de soltar a voz, ela não mostra habilidade para o canto. Assim como Edson Celulari, cuja caracterização como a gorducha Edna Turnblad vem sendo alvo de numerosas reportagens em jornais e revistas. Como Arlete, o ator nunca convence no papel já encarnado com mais propriedade pelo travesti Divine (no filme de 1988 dirigido por John Walters) e por John Travolta (no filme de 2007 dirigido por Adam Shankman). Falta a Celulari uma delicadeza no gestual e na fala que faça o espectador acreditar que se trata de uma mulher em cena - e não de um homem (tra)vestido de mulher. Tanto que a personagem Edna Turnblad parece minimizada na montagem brasileira, centrada totalmente na adolescente gordinha Tracy Turnblad, vivida com brilho por Simone Gutierrez, esta, sim, uma atriz que canta (e bem). E que representa bem, convencendo na adoração de Tracy pelo galã Link Larkin (Jonatas Faro, adequado ao papel). Muito do êxito do Hairspray nacional vem da feliz escalação de Gutierrez. Mas, justiça seja feita, o elenco negro dá show e também rouba a atenção do espectador quando está em cena. Bené Monteiro, como Seaweed, se revela perfeito como ator, cantor e dançarino. Ele tem voz, assim como Graça Cunha (no papel de Motormouth Maybelle) e como o trio feminino (Corina Sabbas, Karin Hills e Maria Bia Martins) que forma o explosivo grupo Dinamites. O elenco negro valoriza uma trilha sonora que nem sempre está à altura da história sobre a adolescente gorducha que desafia os padrões de beleza para cantar num programa de TV em meio aos conflitos raciais que agitavam a Baltimore (EUA) de 1962. Das 23 músicas compostas por Mark O'Donnell e Thomas Meehan, Bom Dia, Baltimore é que a mais fica na memória e a que mais garante a vibração desse esfuziante Hairspray brasileiro. Contagiante, apesar da irregularidade do elenco. Vale ir ao teatro!!

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Difícil não se contagiar pela vibrante atmosfera que rege a (boa) encenação brasileira do musical Hairspray, dirigida por Miguel Falabella com suposta fidelidade ao universo e às marcações da montagem norte-americana. Com um segundo ato especialmente inebriante, o espetáculo envolve o espectador e o deixa leve ao fim de suas duas horas. O que não quer dizer que a encenação - em cartaz no teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), até 4 de outubro de 2009 - não tenha seus defeitos. O maior deles reside na equivocada escalação do elenco. Como já havia feito ao dirigir a montagem brasileira de Os Produtores, Falabella recruta atores que não cantam. No papel de Velma Von Tuslle, Arlete Salles apela para humor peculiar que remete à sua personagem no programa humorístico televisivo Toma Lá, Dá Cá. E, na hora de soltar a voz, ela não mostra habilidade para o canto. Assim como Edson Celulari, cuja caracterização como a gorducha Edna Turnblad vem sendo alvo de numerosas reportagens em jornais e revistas. Como Arlete, o ator nunca convence no papel já encarnado com mais propriedade pelo travesti Divine (no filme de 1988 dirigido por John Walters) e por John Travolta (no filme de 2007 dirigido por Adam Shankman). Falta a Celulari uma delicadeza no gestual e na fala que faça o espectador acreditar que se trata de uma mulher em cena - e não de um homem (tra)vestido de mulher. Tanto que a personagem Edna Turnblad parece minimizada na montagem brasileira, centrada totalmente na adolescente gordinha Tracy Turnblad, vivida com brilho por Simone Gutierrez, esta, sim, uma atriz que canta (e bem). E que representa bem, convencendo na adoração de Tracy pelo galã Link Larkin (Jonatas Faro, adequado ao papel). Muito do êxito do Hairspray nacional vem da feliz escalação de Gutierrez. Mas, justiça seja feita, o elenco negro dá show e também rouba a atenção do espectador quando está em cena. Bené Monteiro, como Seaweed, se revela perfeito como ator, cantor e dançarino. Ele tem voz, assim como Graça Cunha (no papel de Motormouth Maybelle) e como o trio feminino (Corina Sabbas, Karin Hills e Maria Bia Martins) que forma o explosivo grupo Dinamites. O elenco negro valoriza uma trilha sonora que nem sempre está à altura da história sobre a adolescente gorducha que desafia os padrões de beleza para cantar num programa de TV em meio aos conflitos raciais que agitavam a Baltimore (EUA) de 1962. Das 23 músicas compostas por Mark O'Donnell e Thomas Meehan, Bom Dia, Baltimore é que a mais fica na memória e a que mais garante a vibração desse esfuziante Hairspray brasileiro. Contagiante, apesar da irregularidade do elenco. Vale ir ao teatro!!

19 de julho de 2009 às 11:28  
Anonymous Denilson said...

Qual a participação da Daniele Winits nessa peça?

abração,
Denilson

20 de julho de 2009 às 08:40  
Anonymous Leo Ladeira said...

Denilson, ela vive a antagonista da gordinha Tracy: a patricinha, louríssima e nojenta Amber.

20 de julho de 2009 às 08:57  
Anonymous Denilson said...

Valeu, Léo

Não deve ser uma participação assim muito relevante, pois o Mauro sequer a citou na matéria.

abração,
Denilson

20 de julho de 2009 às 10:17  
Anonymous Leo Ladeira said...

Na verdade é um papel de destaque sim...

20 de julho de 2009 às 15:33  
Blogger Fabiana said...

Destaque pra quem? Pq para o Mauro passou batida!

22 de julho de 2009 às 23:24  
Anonymous Anônimo said...

Assisti três vezes, adoro
Prefiro a ex integrante do Rouge KARIN HILLS que faz uma das Dinamites, fazendo a mãe
Motormouth Maybelle, ela substitui a Graça Cunha as 2 vezes das quais eu fui, me surprendi quando disseram que a Graça era a personagem, a karim tem um potencial de voz maior e atua bem melhor.
A karin Faz a plateia vibrar com sua incrivel voz, no pimeiro dia foi aplaudida no seu ultimo musica, a Graça tem pouca presença e energia no palco
Jonatas Faro e normal, Daniele Winits faz a mesma coisa que ela faz sempre na tv, fica ao extremo caricato, Arlete Sales tenta ser engraçada e nao consegue, somente quando ela fala do Miss CARANGUEJÃO, Porem concordo totalmente ela nao tem voz para musicais, o cara que faz o pai da Tracy e muito bom, o apresentador do programa Corn e bom ator, os bailarinos estao de parabens desenvolvem bem seus trabalhos.
O grupo Dinamite deveria ser mais explorado, roubam a cena nas suas pocucas cenas.
O ator e atriz que fazem que nao sei o nome e sao filho Motormouth Maybelle sao otimos.
O elenco negro e incrivel, melhor que o Branco. rs......
brincadeira...
Simone Gutierez e a menina que faz sua amiga sao muito boas, porem a amiga da Tracy se deixa ela rouba a cena, pois ela e mais engraçada.
Edson Celulari achei nao tao bem preparado para o papel ( canastrao)
A peça e boa, porem tem momentos ,que dao um certo sono.

12 de novembro de 2009 às 13:39  

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