17 de julho de 2009

Billie continua imortal 50 anos após sua morte

Há 50 anos, Billie Holiday (1915 - 1959) saía de cena. Cinco décadas se passaram desde sua morte, numerosas boas cantoras entraram na cena do jazz, mas nenhuma como Lady Day. A voz lânguida não primava exatamente pelo volume, mas Billie tinha uma técnica intuitiva - sua divisão era perfeita - que a fez ser reverenciada pelos maiores jazzistas. Mas a grandeza de Billie (retratada acima em caricatura de Steven Geeter) não residia exatamente nas boas divisões e no seu fraseado personalíssimo. Ela sequer fazia uso dos scats que consagraram Ella Fitzgerald (1917 - 1996), outra grande imortal dama do jazz. O que diferenciava Billie - e ainda a diferencia entre as muitas cantoras que surgiram e que hão de surgir - era a grandeza de suas interpretações. Sem nuncar forçar tom teatral, Billie conseguia pôr no seu canto toda a dor de uma vida que se mostrou difícil desde o início (já na infância, ela sofreu toda espécie de abusos, abandonos e violências até cair, adolescente, na prostituição). Sua voz parecia abrigar todas as dores do mundo. E ela expiava essas dores quando cantava. Sua discografia - iniciada em 1933 - alcançou um pico de expressividade na Decca, a gravadora que acolheu Billie entre 1944 e 1950. Mas a fase na Verve, entre 1945 e 1959, também é brilhante. Até porque a intensidade do canto de Billie foi a mesma do início ao fim, mesmo quando, na segunda metade dos anos 50, a voz já exibia precocemente os desgastes do tempo. E nenhuma palavra é suficiente para traduzir a grandeza desse canto. Melhor é ouvir Body and Soul, Lover man, Lady Sings the Blues, Strange Fruit... ou qualquer outra gravação que ateste o caráter perene da voz imortal de Billie Holiday, Lady Day.

14 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Há 50 anos, Billie Holiday (1915 - 1959) saía de cena. Cinco décadas se passaram desde sua morte, numerosas boas cantoras entraram na cena do jazz, mas nenhuma como Lady Day. A voz lânguida não primava exatamente pelo volume, mas Billie tinha uma técnica intuitiva - sua divisão era perfeita - que a fez ser reverenciada pelos maiores jazzistas. Mas a grandeza de Billie (retratada acima em caricatura de Steven Geeter) não residia exatamente nas boas divisões e no seu fraseado personalíssimo. Ela sequer fazia uso dos scats que consagraram Ella Fitzgerald (1917 - 1996), outra grande imortal dama do jazz. O que diferenciava Billie - e ainda a diferencia entre as muitas cantoras que surgiram e que hão de surgir - era a grandeza de suas interpretações. Sem nuncar forçar tom teatral, Billie conseguia pôr no seu canto toda a dor de uma vida que se mostrou difícil desde o início (já na infância, ela sofreu toda espécie de abusos, abandonos e violências até cair, adolescente, na prostituição). Sua voz parecia abrigar todas as dores do mundo. E ela expiava essas dores quando cantava. Sua discografia - iniciada em 1933 - alcançou um pico de expressividade na Decca, a gravadora que acolheu Billie entre 1944 e 1950. Mas a fase na Verve, entre 1945 e 1959, também é brilhante. Até porque a intensidade do canto de Billie foi a mesma do início ao fim, mesmo quando, na segunda metade dos anos 50, a voz já exibia precocemente os desgastes do tempo. E nenhuma palavra é suficiente para traduzir a grandeza desse canto. Melhor é ouvir Body and Soul, Lover man, Lady Sings the Blues, Strange Fruit... ou qualquer outra gravação que ateste o caráter perene da voz imortal de Billie Holiday, Lady Day.

17 de julho de 2009 às 10:12  
Anonymous maria said...

Poucas coisas, em termos de arte, me emocionam tanto quanto Billie Holiday.
Sua voz é uma chama, está sempre ardendo. Às vezes com sutileza, outras em brasa, mas o fogo está sempre ali.
Se espero alguém para jantar, não descuido da iluminação e da voz de Billie, ao fundo. Se acordo feliz, sunshine, Lady Sings the Blues. Se é noite, chove ou faz frio, recorro a um DVD onde posso, além de tudo, vê-la em preto e branco.
Para mim, Billie é imprescindível.

maria

17 de julho de 2009 às 10:14  
Anonymous Anônimo said...

Prefiro Sarah Vaughan. Voz , fraseado e divisões perfeitas!

17 de julho de 2009 às 10:27  
Blogger Alexandre Siqueira said...

Ms. Holiday é Deusa! Fato!

17 de julho de 2009 às 10:27  
Anonymous Anônimo said...

Billie é incomparável (around the world)

Onde foram parar artistas deste porte? com esta verve????

17 de julho de 2009 às 11:10  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Você conseguiu me emocionar com esse post. Adoro a Lady Day (eu, pobre mortal não ouso chamá-la pelo nome próprio)

Esse post belíssimo no dia em que ela partiu para outra existência é realmente algo que poucos jornalistas farão no dia de hoje.

Eu só discordo de você, Mauro, em achar que a fase dela na gravadora Decca foi a mais expressiva. Penso justamente o contrário. Para mim (e sei que para muitos fãs) é a fase que menos gosto.

Enfim, parabéns e obrigado, Mauro

Abração a todos,
Denilson

17 de julho de 2009 às 13:38  
Anonymous Anônimo said...

Adoro a voz marcante de Billie Holiday.Interpretações momoráveis.
Tenho cuidados especiais com discos dela.Espero artistas assim...Que nos toquem a alma.

17 de julho de 2009 às 14:02  
Blogger Carlos said...

A voz maior do jazz vocal partiu há 50 anos, mas nunca deixará de ser ouvida enquanto existirem registos da sua arte.

Disse ela: «No two people on earth are alike, and it’s got to be that way in music or it isn’t music.»

Abraço.

17 de julho de 2009 às 14:28  
Anonymous pedro hugo said...

A diferença entre Billie e algumas 'intérpretes' é que em boa parte destas, a emoção vem de fora para dentro (elas vão à cata da emoção). Nesta deusa a emoção funcionava como a bússola que a levava aonde quer que fosse (VÁ) com sua música. Vinha (VEM) da alma, verdadeiramente. Ou dos pulsos.
Incomparável!

17 de julho de 2009 às 17:55  
Blogger Thiago Augusto Corrêa said...

Mauro,

essas musicas que você falou são albuns dela?

Se não, poderia me fazer a gentileza de indicar algum album para eu ouvir dela?

19 de julho de 2009 às 01:42  
Anonymous Denilson said...

Thiago,

Permita-me responder à sua pergunta.

Os títulos citados são de músicas gravadas pela Lady Day e que viraram clássicos na voz dela.

Na maioria das vezes você vai encontrar coletâneas, pois ela gravou muitos compactos na era pré-lp. Gravou lps apenas na fase final da sua carreira.

No site da livraria Saraiva, pode-se encontrar boas ofertas. Estou entendendo que você não a conhece. Assim, recomendo a coletânea "Forever Billie Holiday" da gravadora Atração.

abração,
Denilson

20 de julho de 2009 às 07:36  
Anonymous Luc said...

Síntese muito completa , Mauro. Parabéns.

Denilson, até hoje ouço Billie Holiday naquele site que você indicou. Obrigado de novo.

21 de julho de 2009 às 18:46  
Blogger Thiago Augusto Corrêa said...

Mauro, não pode mesmo me indicar por onde começar? Me sinto perdido em meio a tanta boa música.

22 de julho de 2009 às 06:41  
Blogger Thiago Augusto Corrêa said...

Denilson,

agora que vi sua mensagem.

Sim, não conheço quase nada dela e agradeço pela indicação. Vou providenciar, assim que possível, esse disco.

Muito obrigado.

22 de julho de 2009 às 09:11  

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