19 de julho de 2009

Filme aproxima Herbert com olhares e silêncios

Resenha de filme
Título: Herbert de Perto
Direção: Roberto
Berliner e Pedro Bronz
Cotação: * * * *
Estreia prevista nos
cinemas do Brasil para
9 de outubro de 2009

Ao rever em vídeo imagens de sua mulher, Lucy, morta no acidente de ultraleve que o deixou paraplégico em 2001, Herbert Vianna nada fala. Mas a emoção expressada por seu olhar já diz quase tudo. Presente no documentário Herbert de Perto, que estreia nos cinemas em 9 de outubro de 2009 depois de ter sido exibido em festivais e na TV fechada, a cena é um exemplo de como o filme de Roberto Berliner e Pedro Bronz aproxima o guitarrista dos Paralamas do Sucesso mais pelos silêncios e olhares do que propriamente pelos depoimentos colhidos entre amigos, familiares e colegas de profissão. O olhar de Herbert também é revelador quando ouve, no mesmo VHS, um premonitório prognóstico feito por ele em início de carreira. "Mesmo se acontecesse alguma tragédia, eu ia começar de novo e ia conseguir tudo de novo", afirma um confiante e cabeludo Herbert em meados da década de 80. Tais momentos já valem Herbert de Perto, filme produzido pela TV Zero. Sem nuncar esbarrar no melodrama, o documentário toca nas feridas ainda abertas do acidente de 2001. Os olhos marejados do empresário do grupo Paralamas do Sucesso, José Fortes, são especialmente tocantes quando ele recorda o momento em que ouviu dos médicos que as chances de Herbert sair com vida do coma eram quase nulas. Mas Herbert de Perto não é um filme sobre o acidente - detalhado por Dado Villa-Lobos, testemunha ocular da tragédia. O acidente e suas sequelas são o assunto dominante na segunda metade do roteiro, mas Herbert de Perto é, antes, um documentário sobre a trajetória de Herbert Vianna e esta, claro, se confunde com a dos Paralamas. A fartura do material de arquivo ajuda a documentar com riqueza de imagens a evolução de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro. São abordados no filme assuntos como a histórica participação do grupo no festival Rock in Rio em 1985 e a providencial ênfase do trio no mercado argentino, no início dos anos 90, quando os Paralamas amargavam fase de baixas vendas e popularidade no Brasil por conta de álbuns como Os Grãos (1991) e Severino (1994). Período que se encerrou com o sucesso de Vamo Batê Lata (1995) - e o filme revive o momento em que Carlinhos Brown mostrou para um entusiasmado Herbert a melodia (ainda sem letra) de Uma Brasileira, que viria a ser o maior hit desse explosivo álbum duplo. Os depoimentos recorrentes do baterista João Barone e do baixista Bi Ribeiro reforçam a união e a amizade que movem o trio há 27 anos. Até mesmo por isso, Herbert de Perto é título essencial na anêmica videografia do rock brasileiro.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Ao rever em vídeo imagens de sua mulher, Lucy, morta no acidente de ultraleve que o deixou paraplégico em 2001, Herbert Vianna nada fala. Mas a emoção expressada por seu olhar já diz quase tudo. Presente no documentário Herbert de Perto, que estreia nos cinemas em 9 de outubro de 2009 depois de ter sido exibido em festivais e na TV fechada, a cena é um exemplo de como o filme de Roberto Berliner e Pedro Bronz aproxima o guitarrista dos Paralamas do Sucesso mais pelos silêncios e olhares do que propriamente pelos depoimentos colhidos entre amigos, familiares e colegas de profissão. O olhar de Herbert também é revelador quando ouve, no mesmo VHS, um premonitório prognóstico feito por ele em início de carreira. "Mesmo se acontecesse alguma tragédia, eu ia começar de novo e ia conseguir tudo de novo", afirma um confiante e cabeludo Herbert em meados da década de 80. Tais momentos já valem Herbert de Perto, filme produzido pela TV Zero. Sem nuncar esbarrar no melodrama, o documentário toca nas feridas ainda abertas do acidente de 2001. Os olhos marejados do empresário do grupo Paralamas do Sucesso, José Fortes, são especialmente tocantes quando ele recorda o momento em que ouviu dos médicos que as chances de Herbert sair com vida do coma eram quase nulas. Mas Herbert de Perto não é um filme sobre o acidente - detalhado por Dado Villa-Lobos, testemunha ocular da tragédia. O acidente e suas sequelas são o assunto dominante na segunda metade do roteiro, mas Herbert de Perto é, antes, um documentário sobre a trajetória de Herbert Vianna e esta, claro, se confunde com a dos Paralamas. A fartura do material de arquivo ajuda a documentar com riqueza de imagens a evolução de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro. São abordados no filme assuntos como a histórica participação do grupo no festival Rock in Rio em 1985 e a providencial ênfase do trio no mercado argentino, no início dos anos 90, quando os Paralamas amargavam fase de baixas vendas e popularidade no Brasil por conta de álbuns como Os Grãos (1991) e Severino (1993). Período que se encerrou com o sucesso de Vamo Batê Lata (1995) - e o filme revive o momento em que Carlinhos Brown mostrou para um entusiasmado Herbert a melodia (ainda sem letra) de Uma Brasileira, que viria a ser o maior hit desse explosivo álbum duplo. Os depoimentos recorrentes do baterista João Barone e do baixista Bi Ribeiro reforçam a união e a amizade que movem o trio há 27 anos. Até mesmo por isso, Herbert de Perto é título essencial na anêmica videografia do rock brasileiro.

19 de julho de 2009 às 10:27  
Blogger Claudinha Paixão said...

Sou fã de Hebert e dos Paralamas e desde a adolescência aompanho o trabalho deles.
Por isso,não vejo a hora de entrar em cartaz esse filme sobre a vida desse grande músico e exemplo de força,perseverança e superação!!!
Parabéns pela postagem excelente,Mauro Ferreira!!!

19 de julho de 2009 às 13:10  
Anonymous Anônimo said...

Só uma correçãozinha, Mauro: "Severino", em verdade, é de 1994.

No mais, é isso aí.

E é engraçado como Herbert, felizmente, logo aprendeu a botar humor em sua situação.

Algo notado quando, ao ver a mencionada cena do "se acontecesse alguma tragédia, eu começaria tudo de novo", gravada em 1987, o Herbert de hoje fala: "Olhaí, o mané fica falando sem noção nenhuma da vida..."

Como diz meu caríssimo recifense José Henrique, que há muito não dá o ar da graça por aqui: "O humor sempre salva as pessoas."

Ainda bem. Afinal, o próprio HV compôs e cantou que o bom de viver é estar vivo.

Felipe dos Santos Souza

19 de julho de 2009 às 21:49  
Anonymous ramon said...

mauro
gostaria de ver você tecer comentários sobre flávio venturini, beto guedes e outros componentes do clube da esquina não tão célebres quanto Milton.

21 de outubro de 2009 às 12:09  

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