5 de dezembro de 2008

Ed Motta concilia idiomas no show dos 20 anos

Resenha de Show
Título: 20 Anos de Carreira
Artista: Ed Motta (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 4 de dezembro de 2008
Cotação: * * * *

Em seu nono álbum de inéditas, Chapter 9, lançado em agosto de 2008, Ed Motta canta dez músicas em inglês. No show 20 Anos de Carreira, o cantor revelado em 1988 no comando da banda Conexão Japeri concilia idiomas em roteiro que recusa o modelo retrospectivo convencional. Os hits, em sua grande maioria, estão lá. Mas todos passam pelo filtro harmônico que foi sofisticando a música de Ed Motta ao longo dessas duas décadas ao mesmo tempo em que diluiu a popularidade do artista. Foi pro céu com Manoel aquele cantor devoto da música norte-americana que surgiu em 1988 parecendo que ia dar continuidade à dinastia popular de seu tio Tim Maia (1942 - 1998). Manoel até desce à terra no fim do show, emendado com Vamos Dançar, outro hit seminal, num set que soa o mais próximo possível do que seria um baile funk comandado pelo Ed Motta que rebuscou muito seu som e flertou (até) com o samba-jazz em CDs como Aystelum (2005).
Ao contrário do que faz supor seu título, 20 Anos de Carreira não é show de greatest hits amparado pela muleta do passado. De certa forma, Ed Motta até repassa em cena toda sua trajetória, mas os grooves são outros porque o tempo do artista também já é outro. E quem entrou pela porta do Canecão, na noite de quinta-feira, 4 de dezembro de 2008, ouviu um som refinado feito por cantor-músico interado com banda excepcional que inclui jovem baterista, Vitor Cabral, que já se revela um gigante do ritmo. Sem falar nas luxuosas presenças de Paulinho Guitarra e do também guitarrista Luiz Fernando Comprido, um dos fundadores da Conexão Japeri, como Ed fez questão de lembrar ao público. A propósito, somente o fato de ter apresentado as músicas de Chapter 9 com o toque virtuoso desses músicos já deu colorido adicional a temas como You're Supposed to... e Tommy Boy's Big Mistake (faixa de ambiência mais roqueira), já que, no álbum, Ed pilotou todos os instrumentos. No show, ele se limitou a cantar e - em números como The Runaways - a assumir o piano. Pilotando os teclados ou apenas soltando o vozeirão, Ed se porta em cena mais como um músico do que um cantor. O que justifica as longas passagens instrumentais de números como a balada Falso Milagre do Amor, composta por Ed para a trilha sonora do filme Pequeno Dicionário Amoroso. São as regras atuais do manual das festas.
A apresentação única no Canecão teve lances de humor. Mordido pelo fato de a casa ter exposto com mais destaque os cartazes que anunciavam os shows de Alcione e Toni Garrido, as outras atrações da semana, Ed deitou falação contra o Canecão com tiradas irônicas. Sobrou até para a bolinha de queijo do cardápio da casa, fulminada pelo cantor numa de suas farpas. O monólogo teve lá sua graça e, embora injusto (havia também um cartaz na fachada do Canecão anunciando o show de Ed - fato que o cantor omitiu em seu discurso), deu leveza a um show que, embora pautado pela sofisticação, nem sempre conseguiu se comunicar de fato com a platéia. Chegou a ser até constrangedor o silêncio do público quando Ed soltou um "Quero ouvir Rio de Janeiro!" e ninguém o acompanhou nos versos de Que Bom Voltar, a música posicionada num bloco entre Daqui pro Méier e Vendaval - esta, sim, acompanhada em coro pela platéia (porque tocou em rádio).
Na reta final, Bem Longe preparou o ambiente para números mais dançantes como o hit Tem Espaço na Van (repetido no bis) e Colombina, a face mais pop do repertório de Ed Motta. Contudo, o baile de Ed Motta não se restringe mais aos grooves do soul e do funk que ainda identificam sua obra no imaginário popular. Ao condensar múltiplas referências e influências, com um recorte de eventual contorno jazzístico, o cantor dá outro peso ao seu baile...

9 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em seu nono álbum de inéditas, Chapter 9, lançado em agosto de 2008, Ed Motta canta dez músicas em inglês. No show 20 Anos de Carreira, o cantor revelado em 1988 no comando da banda Conexão Japeri concilia idiomas em roteiro que recusa o modelo retrospectivo convencional. Os hits, em sua grande maioria, estão lá. Mas todos passam pelo filtro harmônico que foi sofisticando a música de Ed Motta ao longo dessas duas décadas ao mesmo tempo em que diluiu a popularidade do artista. Foi pro céu com Manoel aquele cantor devoto da música norte-americana que surgiu em 1988 parecendo que ia dar continuidade à dinastia popular de seu tio Tim Maia (1942 - 1998). Manoel até desce à terra no fim do show, emendado com Vamos Dançar, outro hit seminal, num set que soa o mais próximo possível do que seria um baile funk comandado pelo Ed Motta que rebuscou seu som e até flertou com o samba-jazz em álbuns como Aystelum (de 2005).
Ao contrário do que faz supor seu título, 20 Anos de Carreira não é show de greatest hits amparado pela muleta do passado. De certa forma, Ed Motta até repassa em cena toda sua trajetória, mas os grooves são outros porque o tempo do artista também já é outro. E quem entrou pela porta do Canecão, na noite de quinta-feira, 4 de dezembro de 2008, ouviu um som refinado feito por cantor-músico interado com banda excepcional que inclui jovem baterista, Vitor Cabral, que já se revela um gigante do ritmo. Sem falar nas luxuosas presenças de Paulinho Guitarra e do também guitarrista Luiz Fernando Comprido, um dos fundadores da Conexão Japeri, como Ed fez questão de lembrar ao público. A propósito, somente o fato de ter apresentado as músicas de Chapter 9 com o toque virtuoso desses músicos já deu colorido adicional a temas como You're Supposed to... e Tommy Boy's Big Mistake (faixa de ambiência mais roqueira), já que, no álbum, Ed pilotou todos os instrumentos. No show, ele se limitou a cantar e - em números como The Runaways - a assumir o piano. Pilotando os teclados ou apenas soltando o vozeirão, Ed se porta em cena mais como um músico do que um cantor. O que justifica as longas passagens instrumentais de números como a balada Falso Milagre do Amor, composta por Ed para a trilha sonora do filme Pequeno Dicionário Amoroso. São as regras atuais do manual das festas.
A apresentação única no Canecão teve lances de humor. Mordido pelo fato de a casa ter exposto com mais destaque os cartazes que anunciavam os shows de Alcione e Toni Garrido, as outras atrações da semana, Ed deitou falação contra o Canecão com tiradas irônicas. Sobrou até para a bolinha de queijo do cardápio da casa, fulminada pelo cantor numa de suas farpas. O monólogo teve lá sua graça e, embora injusto (havia também um cartaz na fachada do Canecão anunciando o show de Ed - fato que o cantor omitiu em seu discurso), deu leveza a um show que, embora pautado pela sofisticação, nem sempre conseguiu se comunicar de fato com a platéia. Chegou a ser até constrangedor o silêncio do público quando Ed soltou um "Quero ouvir Rio de Janeiro!" e ninguém o acompanhou nos versos de Que Bom Voltar, a música posicionada num bloco entre Daqui pro Méier e Vendaval - esta, sim, acompanhada em coro pela platéia (porque tocou em rádio).
Na reta final, Bem Longe preparou o ambiente para números mais dançantes como Tem Espaço na Van (repetido no bis) e Colombina, a face mais pop do repertório de Ed Motta. Contudo, o baile de Ed Motta não se restringe mais aos grooves do soul e do funk que ainda identificam sua obra no imaginário popular. Ao condensar múltiplas referências e influências, com um recorte de eventual contorno jazzístico, o cantor dá outro peso ao seu baile...

5 de dezembro de 2008 às 11:23  
Anonymous Anônimo said...

O CARA TEM TALENTO DE SOBRA, MAS É MUITO SISSI. PEDESTAL DEMAIS AS VEZES. QUE BOM QUE MANDOU BEM NO SHOW. ATÉ QUE O CD INGLES VALE A AUDIÇÃO, BAIXADA LEGAL E GRATUITAMENTE COM OS AUSPÍCIOS DA GRAVADORA DO TICKET RESTAURANTE DO FILHO DA ELIS

5 de dezembro de 2008 às 11:55  
Anonymous Anônimo said...

Fiquei contente logo que soube que Ed, neste show, ia deixar um pouco de lado as ligeiras reservas que ele tem com as coisas feitas em relação aos trabalhos iniciais.

Primeiro, porque acho que a música dele fica melhor quando mescla o refinamento dos últimos discos com o aspecto "música para dançar" do primeiro - no singular mesmo. Quando o cara acerta no equilíbrio, sempre sai discaço. Só ouvir "Um Contrato com Deus", "Entre e Ouça" (pra mim, o melhor da carreira) e "Manual Prático para Festas, Bailes e Afins vol. 1".

Segundo, porque é o tal negócio: entrou nessa de fazer show, tem de tratar bem o público. Não que ele tenha de ser populista ou fazer concessões: não é a dele. E eu até prefiro quando ele faz, como dizem, "música pra músico", em coisas como "Dwitza". Ele fica melhor assim.

Mas ele tem de ter consciência de que é inútil ignorar: a maioria da galera que vai aos shows - e que só conhece superficialmente o trabalho dele - vai querer ouvir "Manoel", "Vamos Dançar"...

Felipe dos Santos Souza

5 de dezembro de 2008 às 14:22  
Anonymous Anônimo said...

Sinceramente, acho tão intragável que nem consigo ouvir a obra. Pretensão parou ali e ficou.

5 de dezembro de 2008 às 14:38  
Blogger Márcio said...

Para mim o grande trabalho de Ed Motta continua sendo "Um Contrato com Deus", em que funcionou em grande estilo a parceria com o músico Bombom, que vinha desde a Conexão Jauperi. O que veio depois pode até ter qualidade, mas não entusiasma.

5 de dezembro de 2008 às 20:06  
Anonymous Anônimo said...

AHHHHHHHHHH!!!!!!!! Que cara mais sem noção esse Ed Mota. Fala mal do Rio de Janeiro , do Samba, do Brasil .. grava um CD só em Inglês , e fala mal da crítica e reclama e reclama, até de quem gosta de praia, de quem frequenta a Lapa............ ou seja Ed Mota detesta o Brasil e nossa música( ele disse que só passou a dar um pouco de valor á nossa música depois que um músico importante lá de fora falou bem da música brasileira...) , é um direito, mas por favor ,vai morar lá fora filho, deixa esse povinho de segunda por aqui- indo á praia, e sambando na Lapa, pois afinal isso só acontece com pessoas felizes e de bem com a vida, o que parece que não é o caso de Ed Mota.Resta saber se ele vai conseguir viver la fora demúsica fazendo o que muitos já fazem com o diferencial de serem originais.
Boa sorte Ed Mota, seu único CD que eu tinha acabou de ir pro lixo e aquela entrevista que vc deu pro JB está bem guardada, pra nunca esquecer o idiota que vc realmente é.
Beijos!!!!!!

7 de dezembro de 2008 às 11:13  
Anonymous Anônimo said...

Reforço a maioria dos comentários.
Uma tremenda voz desta usada para cantar tanta coisa esquisita.
Quando participa de algum CD-tributo dá show porque canta... música!, mas quando é CD autoral a partir do 3º o que é que ele canta ? Acho que nem dá para chamar de música estrangeira, sei lá... desperdício.

8 de dezembro de 2008 às 20:43  
Anonymous Anônimo said...

Pode até ficar só no "vocalise" que já vale. Canta uma barbaridade.
Se é metido, seboso, com o rei na barriga não tô preocupado. Aqui vale é o cantor!

9 de dezembro de 2008 às 20:28  
Blogger prztz said...

Coitados dos caras aqui q metem o pau no Ed. Aheh. O cara é simplesmente o maior e pronto. dudu.

10 de dezembro de 2008 às 20:30  

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