Nina reconstrói 'Build Up', primeiro solo de Rita
Resenha de Show
Título: Build Up
Artista: Nina Becker (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Cinemathèque Jam Club (RJ)
Data: 1º de novembro de 2008
Cotação: * * *
Título: Build Up
Artista: Nina Becker (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Cinemathèque Jam Club (RJ)
Data: 1º de novembro de 2008
Cotação: * * *
Marco inaugural da carreira solo de Rita Lee, o álbum Build Up foi gravado no início de 1970 durante breve recesso do grupo Os Mutantes, que, na época, já começava a sentir os primeiros sintomas da tensão entre seus integrantes que iria levar à (ainda hoje controversa) saída de Rita da banda no começo de 1973 e à subseqüente deserção de Arnaldo Baptista no ano seguinte. Embora bem produzido pelo tropicalista Manuel Barenbein, com direção musical do próprio Arnaldo, Build Up é disco muito irregular com repertório de qualidade oscilante. Contudo, naquele LP, já havia sinais da verve pop que iria dar fama e fortuna a Rita Lee a partir de fins dos anos 70. Por isso mesmo, resultou interessante a idéia de Nina Becker - boa cantora projetada como vocalista da Orquestra Imperial - de reconstruir Build Up em show apresentado na noite de sábado, 1º de novembro de 2008, no Cinemathéque Jam Club, reduto da tribo da cena indie carioca.
Gripada, Nina não estava no melhor de sua forma vocal. Ainda assim, ao reapresentar o repertório de Build Up na ordem do disco, a cantora conseguiu bons momentos. Em Hulla-Hulla, parceria de Rita com Élcio Decário, Nina conseguiu realçar toda a graça deste tema que brinca com os clichês dos paraísos tropicais da América Latina - com direito à coreografias de contorno havaiano. Seu registro superou o de Rita. Nina também lançou mão de alguma graciosa teatralidade para entoar Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up), a jóia de Rita e Arnaldo Baptista que ajudou a dar algum brilho a um disco jocoso que também debochou do sentimentalismo dramático da música latina em Prisioneira do Amor, música em que Nina não conseguiu reproduzir a verve da gravação de Rita. Até porque o arranjo orquestral feito pelo maestro Rogério Duprat (1932 - 2006) para o disco não tinha como ser reproduzido ao vivo pela boa banda recrutada por Nina.
A propósito, por Nina ter reconstruído Build Up com a banda Do Amor, na qual tocam o baixista Ricardo Dias Gomes e o baterista Marcelo Calado, músicos requisitados por Caetano Veloso para o disco Cê (2006), a textura dos arranjos volta e meia evocava a sonoridade indie que norteia o trabalho atual do baiano. Bem apropriada, diga-se, para emoldurar temas como Calma (Arnaldo Baptista), Viagem ao Fundo de mim (Rita Lee) e Macarrão com Linguiça e Pimentão (outra parceria de Rita Lee com Arnaldo Baptista). Embora muito debilitada pela gripe, Nina mostrou o bom alcance de sua voz na terna balada And I Love Her (Lennon & McCartney) - entoada com o gênero invertido, sob ótica feminina, tal como feito por Rita no disco - e deitou confortável sobre a cama melodiosa de José, a versão de Joseph (Georges Moustaki) assinada por ninguém menos do que Nara Leão (1942 - 1989). José, aliás, foi o único real sucesso popular de Build Up, pedra titubeante na construção da monumental obra solo de Rita. Valeu!
6 Comments:
Marco inaugural da carreira solo de Rita Lee, o álbum Build Up foi gravado no início de 1970 durante breve recesso do grupo Os Mutantes, que, na época, já começava a sentir os primeiros sintomas da tensão entre seus integrantes que iria levar à (ainda hoje controversa) saída de Rita da banda no começo de 1973 e à subseqüente deserção de Arnaldo Baptista no ano seguinte. Embora produzido pelo tropicalista Manuel Barenbein, com direção musical do próprio Arnaldo, Build Up é disco bem irregular com repertório de qualidade oscilante. Contudo, naquele LP, já havia sinais da verve pop que iria dar fama e fortuna a Rita Lee a partir de fins dos anos 70. Por isso mesmo, resultou interessante a idéia de Nina Becker - boa cantora projetada como vocalista da Orquestra Imperial - de reconstruir Build Up em show apresentado na noite de sábado, 1º de novembro de 2008, no Cinemathéque Jam Club, reduto da tribo da cena indie carioca.
Gripada, Nina não estava no melhor de sua forma vocal. Ainda assim, ao reapresentar o repertório de Build Up na ordem do disco, a cantora conseguiu bons momentos. Em Hulla-Hulla, parceria de Rita com Élcio Decário, Nina conseguiu realçar toda a graça deste tema que brinca com os clichês dos paraísos tropicais da América Latina - com direito à coreografias de contorno havaiano. Seu registro superou o de Rita. Nina também lançou mão de alguma graciosa teatralidade para entoar Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up), a jóia de Rita e Arnaldo Baptista que ajudou a dar algum brilho a um disco jocoso que também debochou do sentimentalismo dramático da música latina em Prisioneira do Amor, música em que Nina não conseguiu reproduzir a verve da gravação de Rita. Até porque o arranjo orquestral feito pelo maestro Rogério Duprat (1932 - 2006) para o disco não tinha como ser reproduzido ao vivo pela boa banda recrutada por Nina.
A propósito, por Nina ter reconstruído Build Up na companhia de músicos como o baixista Ricardo Dias Gomes e o baterista Marcelo Calado, músicos requisitados por Caetano Veloso para seu disco Cê (2006), a textura dos arranjos volta e meia evocava a sonoridade indie que norteia o trabalho atual do baiano. Bem apropriada, diga-se, para emoldurar temas como Calma (Arnaldo Baptista), Viagem ao Fundo de mim (Rita Lee) e Macarrão com Linguiça e Pimentão (outra parceria de Rita Lee com Arnaldo Baptista). Embora muito debilitada pela gripe, Nina mostrou o bom alcance de sua voz na terna balada And I Love Her (Lennon & McCartney) - entoada com o gênero invertido, sob ótica feminina, tal como feito por Rita no disco - e deitou confortável sobre a cama melodiosa de José, a versão de Joseph (Georges Moustaki) assinada por ninguém menos do que Nara Leão (1942 - 1989). José, aliás, foi o único real sucesso popular de Build Up, pedra titubeante na construção da momunental obra solo de Rita. Valeu!
li que ela gravou um disco solo, alguém sabe me dizer quando vai ser lançado?
Nina e Thalma são boas demais, muito do charme da orquestra vem delas duas,
Mauro, favor corrigir a grafia da palavra "monumental" na última linha (está grafado como "momunental"). Abraço.
sonoridade indie ?
nos poupe... acho essa história de regravar uma coisa preguiçosa... cantar um disco inteirinho, nem se fala...
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