20 de outubro de 2008

Sai de cena Luiz Carlos da Vila, orgulho da raça

Como a de Candeia (1935 - 1978), a chama de Luiz Carlos da Vila não se apaga nesta segunda-feira, 20 de outubro de 2008, dia de luto no samba por conta da morte de um dos mais inspirados compositores do gênero. Luiz Carlos saiu de cena aos 59 anos, vítima de complicações decorrentes de um câncer no intestino. Mas fica seu nome, que incorporou o da Vila por morar em Vila da Penha, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ). Embora a Vila pudesse muito bem ser outra, a Vila Isabel. Até porque foi para a escola Unidos de Vila Isabel que, ao lado dos parceiros Jonas e Rodolfo, Luiz Carlos compôs o samba-enredo Kizomba, a Festa da Raça, obra-prima do gênero com o qual a agremiação faturou em 1988 o primeiro de seus dois históricos títulos no Carnaval do Rio.

Luiz Carlos da Vila fez - como poucos compositores fizeram, dentro ou fora do universo do samba - a festa da raça negra. Com justificado orgulho, ele exaltou em muitas músicas a negritude e a mistura de raças que tinge o Brasil com as cores da miscigenação. O samba-enredo Nas Veias do Brasil - gravado por Beth Carvalho em 1986 no álbum Beth - é exemplo dessa pulsante vertente da obra de Luiz Carlos, nascido em Ramos, subúrbio do Rio, em 21 de julho de 1949. Outro bamba da Vila, o Martinho, seria o produtor responsável pela estréia do colega no mercado fonográfico brasileiro, em 1983, com o disco intitulado Luiz Carlos da Vila.

Em seu último disco solo, Um Cantar à Vontade, produzido por Milton Manhães e lançado em 2005 pela Musart Music, Luiz Carlos da Vila deu uma geral na sua obra num registro ao vivo que atesta a alta qualidade poética e melódica de seus sambas. É possível que o grande público nem ligue o nome à obra, mas levam a assinatura de Luiz Carlos da Vila jóias do quilate de Além da Razão (samba composto com Sombra e Sombrinha, lançado por Beth Carvalho, em 1988), Doce Refúgio (composto em tributo ao Cacique de Ramos, o bloco que tanto abrigou Luiz Carlos entre suas tamarindeiras), Por um Dia de Graça (samba-enredo humanista lançado por Simone em 1984) e O Sonho Não Acabou, feito para Candeia com versos que, a partir de hoje, também já podem ser aplicados à Arte de Luiz Carlos da Vila: "O tempo que o samba viver / O sonho não vai acabar / E ninguém irá esquecer... Luiz Carlos Vila, luz de eterno fulgor, hoje em doce eterno refúgio.

12 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Como a de Candeia (1935 - 1978), a chama de Luiz Carlos da Vila não se apaga nesta segunda-feira, 20 de outubro de 2008, dia de luto no samba por conta da morte de um dos mais inspirados compositores do gênero. Luiz Carlos saiu de cena aos 59 anos, vítima de complicações decorrentes de um câncer no intestino. Mas fica seu nome, que incorporou o da Vila por morar em Vila da Penha, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ). Embora a Vila pudesse muito bem ser outra, a Vila Isabel. Até porque foi para a escola Unidos de Vila Isabel que, ao lado dos parceiros Jonas e Rodolfo, Luiz Carlos compôs o samba-enredo Kizomba, a Festa da Raça, obra-prima do gênero com o qual a agremiação faturou em 1988 o primeiro de seus dois históricos títulos no Carnaval do Rio.

Luiz Carlos da Vila fez - como poucos compositores fizeram, dentro ou fora do universo do samba - a festa da raça negra. Com justificado orgulho, ele exaltou em várias de suas música a negritude e mistura de cores e raças que molda o Brasil. O samba-enredo Nas Veias do Brasil - gravado por Beth Carvalho em 1986 no álbum Beth - é exemplo dessa pulsante vertente da obra de Luiz Carlos, nascido em Ramos, subúrbio do Rio, em 21 de julho de 1949. Outro bamba da Vila, o Martinho, seria o produtor responsável pela estréia do colega no mercado fonográfico brasileiro, em 1983, com o disco intitulado Luiz Carlos da Vila.

Em seu último disco solo, Um Cantar à Vontade, produzido por Milton Manhães e lançado em 2005 pela Musart Music, Luiz Carlos da Vila deu uma geral na sua obra num registro ao vivo que atesta a alta qualidade poética e melódica de seus sambas. É possível que o grande público nem ligue o nome à obra, mas levam a assinatura de Luiz Carlos da Vila jóias do quilate de Além da Razão (samba composto com Sombra e Sombrinha, lançado por Beth Carvalho, em 1988), Doce Refúgio (composto em tributo ao Cacique de Ramos, o bloco que tanto abrigou Luiz Carlos entre suas tamarindeiras), Por um Dia de Graça (samba-enredo humanista lançado por Simone em 1984) e O Sonho Não Acabou, feito para Candeia com versos que, a partir de hoje, também já podem ser aplicados à Arte de Luiz Carlos da Vila: "O tempo que o samba viver / O sonho não vai acabar / E ninguém ira esquecer... Luiz Carlos Vila, luz de eterno fulgor, hoje em doce eterno refúgio.

20 de outubro de 2008 às 17:01  
Anonymous Anônimo said...

Beleza Mauro! E essa capa do cd Benza Deus em agradecimento à Nossa Senhora da Penha pela sua "cura"? Que pena! O samba perde um dos seus maiores expoentes e excepcional compositor. Autor das já citadas por você e de tantos grandes sucessos como: O show tem que continuar, Pra conquistar teu coração, E fez-se a luz, Arco-íris, Herança, Pintando o Sete, Nas veias do Brasil, Presente da Natureza,.... e tantos sambas lindos que ele deu principalmente para a minha Rainha gravar! Fora os outros sucessos com Zeca, Fundo etc.
Gostaria de vê-lo muito na ativa em parceria com a atual geração da Lapa mas, que pena que não deu! Imaginar um Luiz Carlos da Vila com uma Teresa Cristina....eita vida ingrata!
Você lembrou de O Sonho não acabou,cujos versos são de uma beleza, que certamente servem para ele também. E lembrar que ao menos a minha Rainha o fez bastante feliz nessa passagem fazendo com que sua música belíssima (Além da Razão) sagrasse como a vencedora ao Prêmio Sharp de melhor música.
"Por te amar eu pintei um azul do céu se admirar!" Tem verso mais bonito?
Não precisa escrever mais nada! Somente pedir a Deus com que esse poeta do samba descanse em paz. Salve Luiz Carlos da Vila! Um gênio do samba e um ídolo!
Meus sentimentos aos familiares,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

"É uma festa brilhante, um lindo
Mas fácil de achar
É perto de tudo ali no subúrbio
Um doce refúgio pra quem quer cantar"

20 de outubro de 2008 às 19:58  
Anonymous Anônimo said...

Por um Dia de Graça é um primor. É procurar no Youtube prá ver Simone cantando essa pérola.

20 de outubro de 2008 às 22:37  
Anonymous Anônimo said...

Não conheço. de qualquer forma, é uma pena.

21 de outubro de 2008 às 00:38  
Anonymous Anônimo said...

Grande Luiz Carlos da Vila!
Temos tão poucos bambas hoje em dia, que quando um desaparece a tristeza fica maior.
O consolo é que a obra fica.
Sua poesia era bem peculiar, ele tinha umas construções de frases que ninguém mais fazia, seus trocadilhos espertos também vão fazer muita falta.
É isso aí, Luiz, vc fez a sua parte.
Deixou a sua marca, um estilo.

PS: Vi uma entrevista sua no "Sem Censura" há muito tempo em que ele estava falando da saudade que tinha do sambista trapalhão Mussum.
Ele disse: "Vejo ele todo dia, é a hora que eu acordo, ligo logo a televisão para ver"
A mesa inteira rio do: " É a hora que eu acordo"
Detalhe, Os Trapalhões reprisavam ao meio dia nessa época. heheheh :>)

Jose Henrique

21 de outubro de 2008 às 01:20  
Anonymous Anônimo said...

Marcelo, tive a felicidade de ver o Luiz Carlos dividindo o palco com a turma da Lapa, principalmente com o cantor Moyseis Marques, de quem era uma espécie de padrinho musical. O Luiz Carlos da Vila passou seus últimos anos circulando pela Lapa, cercado e merecidamente reverenciado pelos jovens bambas de hoje.

21 de outubro de 2008 às 01:56  
Anonymous Anônimo said...

"Por um dia de graça" é o melhor samba gravado por Simone até hoje, atestando o encontro de um grande compositor com uma grande cantora. Valeu, Luiz Carlos!!!!

21 de outubro de 2008 às 08:00  
Anonymous Anônimo said...

Retificando:Somente pedir a Deus PARA que esse poeta do samba descanse em paz!

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

21 de outubro de 2008 às 08:16  
Anonymous Anônimo said...

É uma pena mesmo! Eu conhecia e gostava do (compositor) Luis Carlos. Recentemente esteve no programa Sr. BRASIL do Rolando Boldrin e parecia bem mas como diz o lirismo de sua mais famosa composição " o show tem que continuar ... "

21 de outubro de 2008 às 08:38  
Anonymous Anônimo said...

Muito obrigado pela informação Lico! Mas eu gostaria que dali frutificassem novas parcerias, não tenho a informação se houve.
Tive o prazer de conhecê-lo na sua própria festa de aniversário comemorada no Cacique de Ramos há uns três anos a convite da mãe de um conhecido que então trabalhava com ele na época.
Uma pessoa simples, fantástica, da melhor qualidade.
"Valeu Zumbi! O grito forte dos Palmares que correu terra, céus e mares influenciando abolição! Valeu Zumbi!"..... Valeu muito Luiz Carlos da Vila! Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

21 de outubro de 2008 às 09:31  
Anonymous Anônimo said...

QUE TRISTEZA MEU POETA!!!!!
VOCÊ MERECIA MUITO MAIS....NÓS QUE TE CONHECEMOS SABEMOS DO SEU VALOR,DOS VERDADEIROS HINOS QUE COMPÔS E DA PESSOA SENSÍVEL QUE VOCÊ ERA....
QUE PENA !!!
O SAMBA ESTÁ MAIS UMA VEZ DESFALCADO,EMBORA PERMANEÇAM GRANDES BAMBAS EM PLENA CRIAÇÃO, MAS FOI-SE UM CRAQUE....
QUE PENA !!!
O SEU ÚLTIMO SHOW NO SESC VILA MARIANA, 2 DIAS ANTES DE SER INTERNADO PARA A CIRURGIA NÃO SAIRÁ DA MINHA MEMÓRIA...NEM O NOSSO JANTAR APÓS O SHOW.....QUANTA ALEGRIA, QUANTO BRILHANTISMO....
O SHOW TEM QUE CONTINUAR....
OBRIGADO POETA
JOINVILLE NUNCA TE ESQUECERÁ....

21 de outubro de 2008 às 12:44  
Anonymous Anônimo said...

A CHAMA NAO SE APAGOU E NEM SE APAGARA; E LUZ, E ETERNO FULGOR... E O SHOW TEM QUE CONTINUAR... E HOJE EU SO TENHO A EXIBIR UM, SORRISO AMARELO.... VALEU ZUMBI... VALEU LUIZ CARLOS DA VILA... ONDE VOCE ESTIVER DESCANSE EM PAZ... FOI LINDO VOCE TER VINDO

22 de outubro de 2008 às 07:39  

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