Antenada, Alcina repõe seu bloco na rua virtual
Com injusto silêncio da mídia automatizada, Maria Alcina repôs seu bloco na rua neste ano de 2008. Em maio, a cantora mineira apresentou seu sexto álbum solo somente em formato digital. Disponibilizado no portal UOL Megastore para download pago, o CD Maria Alcina, Confete e Serpentina foi batizado com o nome da efusiva música feita para a intérprete pelo compositor Adalberto Rabelo Filho. Com repertório que inclui marchinha de Moisés Santana, Espaço Sideral, o disco é permeado pela alegria carnavalesca que fez a fama de Alcina na primeira metade dos anos 70. E que não teve continuidade no mercado fonográfico porque o governo militar que comandava o Brasil à força naquela época - assustado com a postura transgressora e libertária da artista - processou Alcina por comportamento subversivo, acabando com sua alegria e pondo fim ao Carnaval feito pela cantora em dois esfuziantes álbuns, ambos intitulados Maria Alcina e lançados pela extinta gravadora Continental em 1973 e 1974, tendo sido reeditados em 2002 na série Arquivos Warner. De natureza kafkiana, o processo ceifou a carreira de Alcina no auge. Quando ela retornou ao disco, em 1979, lançando o LP Plenitude pela Copacabana, o Brasil já começava a respirar os ares da abertura política, mas a folia de Alcina foi recebida com menos animação por público e mídia, num quase silêncio que em nada lembrava o barulho feito por Alcina em 1972 ao defender Fio Maravilha no VII Festival Internacional da Canção, num lance certeiro que pôs o tema de Jorge Ben na cara do gol no último FIC.
Maria Alcina, Confete e Serpentina é disco coerente com a trajetória da intérprete de voz grave, ainda em forma. Contudo, Alcina evita que seu bloco desfile em marcha à ré. Antenada, a cantora convidou Maurício Bussab - integrante do Bojo, o grupo eletrônico com quem gravou o CD Agora em 2003 - para produzir o álbum e inserir grooves atuais. Já o repertório concilia músicas de compositores da cena contemporânea, como Wado (autor de Não Pára) e Alzira E (Colapso, parceria com Arruda), com sucessos de outros Carnavais. É o caso de Cachorro Vira-Lata, samba de Alberto Ribeiro (1902 - 1971), gravado por Carmen Miranda (1909 - 1955) em 1937. Herdeira das liberdades tropicalistas, Alcina, a propósito, sempre foi associada à Pequena Notável tanto pelo visual espalhafatoso como pelo repertório, salpicado de marchas e sambas propagados por Carmen. A marchinha Alô, Alô - de André Filho (1906 - 1974) - é um bom exemplo, tendo impulsionado o sucesso do primeiro LP de Alcina, em 1973, em releitura esfuziante, cheia de confetes e serpentinas.
Enfim, Maria Alcina quer botar seu bloco na rua - como avisa no refrão (turbinado com grooves eletrônicos) da marcha de Sérgio Sampaio (1947 - 1994) Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua, sucesso de 1972 que a cantora regrava com muita propriedade em um CD corajoso, em que avisa que nem todo Carnaval tem seu fim.
14 Comments:
Com injusto silêncio da mídia automatizada, Maria Alcina repôs seu bloco na rua neste ano de 2008. Em maio, a cantora mineira apresentou seu sexto álbum solo somente em formato digital. Disponibilizado no portal UOL Megastore para download pago, o CD Maria Alcina, Confete e Serpentina foi batizado com o nome da efusiva música feita para a intérprete pelo compositor Adalberto Rabelo Filho. Com repertório que inclui marchinha de Moisés Santana, Espaço Sideral, o disco é permeado pela alegria carnavalesca que fez a fama de Alcina na primeira metade dos anos 70. E que não teve continuidade no mercado fonográfico porque o governo militar que comandava o Brasil à força naquela época - assustado com a postura transgressora e libertária da artista - processou Alcina por comportamento subversivo, acabando com sua alegria e pondo fim ao Carnaval feito pela cantora em dois esfuziantes álbuns, ambos intitulados Maria Alcina e lançados pela extinta gravadora Continental em 1973 e 1974, tendo sido reeditados em 2002 na série Arquivos Warner. De natureza kafkiana, o processo ceifou a carreira de Alcina no auge. Quando ela retornou ao disco, em 1979, lançando o LP Plenitude pela Copacabana, o Brasil já começava a respirar os ares da abertura política, mas a folia de Alcina já foi recebida com menos animação por público e mídia, num quase silêncio que em nada lembrava o barulho feito por Alcina em 1972 ao defender Fio Maravilha no VII Festival Internacional da Canção, num lance certeiro que pôs o tema de Jorge Ben na cara do gol no último FIC.
Maria Alcina, Confete e Serpentina é disco coerente com a trajetória da intérprete de voz grave, ainda em forma. Contudo, Alcina evita que seu bloco desfile em marcha à ré. Antenada, a cantora convidou Maurício Bussab - integrante do Bojo, o grupo eletrônico com quem gravou o CD Agora em 2003 - para produzir o álbum e inserir grooves atuais. Já o repertório concilia músicas de compositores da cena contemporânea, como Wado (autor de Não Pára) e Alzira E (Colapso, parceria com Arruda), com sucessos de outros Carnavais. É o caso de Cachorro Vira-Lata, samba de Alberto Ribeiro (1902 - 1971), gravado por Carmen Miranda (1909 - 1955) em 1937. Herdeira das liberdades tropicalistas, Alcina, a propósito, sempre foi associada à Pequena Notável tanto pelo visual espalhafatoso como pelo repertório, salpicado de marchas e sambas propagados por Carmen. A marchinha Alô, Alô - de André Filho (1906 - 1974) - é um bom exemplo, tendo impulsionado o sucesso do primeiro LP de Alcina, em 1973, em releitura esfuziante, cheia de confetes e serpentinas.
Enfim, Maria Alcina quer botar seu bloco na rua - como avisa no refrão (turbinado com grooves eletrônicos) da marcha de Sérgio Sampaio (1947 - 1994) Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua, sucesso de 1972 que a cantora regrava com muita propriedade em um CD corajoso em que avisa que nem todo Carnaval tem seu fim.
Alcina vale mais pela persona do que pela voz, propriamente.
Seu grave é fosco e opaco. Duro.
Mas será bacana tê-la de volta à cena. Sua figura é interessante.
O primeiro LP dela, de 1973, é muito bom. Realmente, mais personalidade do q voz. Mas as versões dela para "Paraíba" e "Mulher Rendeira", num estilo meio tropicalista, são ótimas!
Salve Mauro!
Mais do que re-benvindas as Serpentinas e os Confetes de Alcina!rs!
Belo texto!
Um beijo lisboeta,
Luanda!
MARIA ALCINA É EXTRAORDINÁRIA E NÃO É RESPEITADA COMO DEVERIA.
Adoro!!! "Oi trepa no coqueiro, tira coco!" rsrsrsrsr
"Seu grave é fosco e opaco. Duro.
"
E daí?? Caramba, detesto esse tipo de comentário que quer extratificar qualidade vocal num determinado tipo de voz que os autores das frases acreditam ser o bonito. O bonito do som da voz humana e da capacidade do ser humano cantar é, EXATAMANTE, a grande variedade de formas de cantar. Uma voz, ao contrário do som de um instrumento, nunca é igual à outra, por mais semelhante. E acho maravilhoso que possam existir intrumentos que, apesar de serem o mesmo (a voz) possam soar tão diferentes quanto Clementina de Jesus e Tetê Espíndola, Gal Costa e Maria Bethânia, Billie Holiday e Chavella Vargas, Olívia Byington e Maria Alcina.
A voz dela é ótima...ajuntando com a interpretaçao forte,variando entre a come'dia e o drama, quando precisa ser. Acho ela uma das melhores artistas do país e ainda injusticada com comentarios toscos e opacos sobre ela como os ditos aqui. Xô preconceito!
VIVA ALCINA !!!!!!!!!!!!!!!!!!
Olá Mauro!
Maria Alcina é uma estrela da MPB.Voz peculiar,presença de palco única.Uma grande mulher,uma grande cantora.Tudo fica bom na voz poderosa dela.Parabéns Maria Alcina.Esperamos o disco nas lojas para comprarmos e termos nas mãos.
Tb prefiro o savoir-faire de Maria Alcina à sua voz. O fato de haver vozes absolutamente peculiares não significa que todas apresentem beleza. A da mineira é realmente fosca e sem matizes. Não é bonita.
Comprarei com certeza...Maria Alcina tem verdade em seu trabalho..gosta da persona artistica , gosto da voz, do tom de galhardia em algumas musicas e seu "Fio Maravilha" faz parte de mim. Seja benvinda , querida!
Repetindo: Detesto esse tipo de comentário que quer extratificar qualidade vocal num determinado tipo de voz que os autores das frases acreditam ser o bonito.
Uma das maiores estrelas brasileiras de todos os tempos. No palco, é única. Herdeira de Carmen Miranda e Clementina de Jesus.
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