22 de maio de 2007

Fagner acerta com romantismo lírico e sereno

Resenha de CD
Título: Fortaleza
Artista: Fagner
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Depois de um CD meio fora de hora, Donos do Brasil (de 2004), lançado na seqüência do belo álbum dividido com Zeca Baleiro, Fagner retorna ao mercado fonográfico com Fortaleza, CD de razoáveis inéditas. É trabalho marcado pela serenidade. Uma aposta no romantismo lírico - como já sinaliza a faixa Amor e Utopia, parceria de Fagner com Fausto Nilo. Entre as baladas e os boleros, Fortaleza mostra também improvável parceria de Evaldo Gouveia com Paulo César Pinheiro, Preciso de Alguém. Evaldo, vale lembrar, vem do Ceará.

Fagner produziu o disco na tentativa de criar um som mais pop e contemporâneo. Só que o universo evocado por Fortaleza é o da MPB mais tradicional. E o fato é que Fagner se mostra forte em sua placidez como sinaliza na letra de Difícil Acreditar, a parceria com Clodô que se destaca entre as inéditas. O disco já começa bem com ótimo arranjo que dilui o sentimentalismo de Rancho das Flores, tema letrado por Vinicius de Moraes (1913 - 1980) sobre melodia da cantata Jesus, Alegria dos Homens, composta por Bach (1685 - 1750). Aliás, destaca-se nos arranjos Cristiano Pinho, responsável pelas guitarras e violões do disco. Pinho é o diretor musical do CD.

Fortaleza é CD em que Fagner apara excessos e evita arroubos. Inclusive os vocais. É no clima sereno e lírico que ele homenageia a capital do Ceará na faixa-título - com versos de Fausto Nilo que evocam Mucuripe, a parceria de Fagner e Belchior que detonou a carreira dos compositores a partir de 1972 - e se deixa levar pela nostalgia bucólica de No Tempo dos Quintais, antiga parceria de Sivuca e Paulinho Tapajós, já gravada por Fagner no disco Cabelo de Milho, lançado por Sivuca em 1980. Era tema pedido no show.

Se Maria Luiza (Fagner e Câmara Cascudo) reforça o laço lírico do CD, Maria do Futuro joga luz sobre jóia obscura do cancioneiro de Taiguara (1945 - 1996). Numa aquarela de texturas suaves, a tinta fica levemente mais forte apenas no tango Colando a Boca no teu Rosto, que junta Fagner a Zeca Baleiro. Abrindo o leque rítmico, há ainda um pop reggae (Fácil de Entender, composto por Jorge Vercilo - o convidado da faixa, em trio formado com Fagner e com o cearense Paulo Façanha) e um forró (Toque, Sanfoneiro, Toque) que deixa impressão agradável ao fim de CD que não está entre os melhores de Fagner, mas acerta na opção pela serenidade madura.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

esse já morreu, esqueceram de enterrar

22 de maio de 2007 às 11:04  
Anonymous Anônimo said...

O novo CD traz algumas das marcas que sempre estiveram presentes na carreira de Fagner: musicar poetas, ampliar parcerias e a ausência de preconceitos. O Fagner de hoje é o melhor de todas as fases. Capaz de trazer Câmara Cascudo, Vinícius de Moraes e Taigura, com poesias imortais, mas flertando com o novo, a exemplo de Jorge Vercilo e Zeca Baleiro. Fagner com um pé no passado e outro no futuro, sintonizado com a poesia eterna e com a melhor música popular brasileira.

22 de maio de 2007 às 12:00  
Anonymous Anônimo said...

Fagner foi sempre o que poderia ter sido.
Esqueçamo-lo pois.

26 de maio de 2007 às 12:27  
Anonymous Carlocarlus said...

Infelizmente, ou felizmente, Fagner é inalcançavel para alguns imbecís,como alguns que postaram aqui,que não sabem ou não tiveram acesso aos melhores tempos da MPB.

8 de maio de 2009 às 19:42  

Postar um comentário

<< Home