2 de abril de 2007

Música de Cartola sustenta olhar lírico de Lírio

Resenha de filme
Título:
Cartola

- Música para os Olhos
Direção: Lírio Ferreira

e Hilton Lacerda
Em cartaz
a partir de 6 de abril nos

cinemas de Rio de Janeiro (RJ), São
Paulo (SP) e Recife (PE)
Cotação:
* * *

Ao som de Divina Dama, samba lançado por Francisco Alves em janeiro de 1933, o filme inicia sua viagem histórica pela trajetória de Cartola a partir do fim. São as imagens do enterro do artista, em novembro de 1980, que abrem e fecham este documentário que, a rigor, oscila entre contar a vida dura do compositor e falar sobre a evolução do samba e do Rio de tempos idos. Acaba ficando na superfície de todos os assuntos, só que se sustenta na beleza atemporal da música de Cartola e em passagens bacanas como que a mostra Chico Buarque, Donga e uma turma de sambistas da antiga a entoar nos anos 60 o primeiro samba oficial, Pelo Telefone, em programa de TV comandado por Hebe Camargo.

Assinado pelos diretores Lírio Ferreira (de O Baile Perfumado) e Hilton Lacerda, o roteiro insere passagens ficcionais (nas quais o menino Marcos Paulo Simião vive Cartola na infância) e trechos de filmes que ajudam a contextualizar a época em que floresceu a fina obra do autor de As Rosas Não Falam. Seria recurso interessante se o documentário não tirasse várias vezes o foco do personagem principal, esmaecendo o olhar lírico de Lírio sobre o compositor.

Nem os (numerosos) depoimentos colhidos para o filme ajudam a solidificar a narrativa. Mas há a música. E ela carrega bem o filme. Ouvir Peito Vazio na voz rústica de Cartola é bálsamo para olhos, ouvidos e alma. Entre algumas poucas histórias saborosas (como a do dono de gravadora que confundiu o som da cuíca de Armando Marçal com o latido de um cachorro na gravação do primeiro LP de Cartola, de 1974) e seqüências como a que o artista caminha pelo Rio ao som de Autonomia, o filme segue tão poético quanto linear. Mas é filme sobre Cartola. E a figura de Cartola na tela é o bastante para encher os olhos até de espectadores mais exigentes.

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

bom ou ruim, é legal que se filmem a vida dos grandes da música como Cartola.

2 de abril de 2007 às 17:03  
Anonymous Anônimo said...

concordo. cartola merece um documentário, que pretendo ver quando estrear aqui em curitiba.

2 de abril de 2007 às 18:04  
Anonymous Anônimo said...

Cartola é o meu compositor preferido. Era um gênio! No meio de tantos pseudo-intelectuais que se acham compositores, taí a grandiosidade, a singeleza e a simplicidade de um Cartola.
O que de mais puro e refinado que o samba poderia ter nos dado.
E claro, sem esquecer Beth pelo resgate do maior compositor da MPB (eu acho respeitem).
Só para registrar Mauro, hoje, dia 02/04, fazem 24 anos do falecimento da GRANDE CLARA NUNES, que gravou em 1975, no Lp Claridade, uma das músicas que mais gosto do Cartola, Que sejam bem vindos. Falam tanto de Elis e esquecem da Clara (outra grande cantora brasileira). Um abraço,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

2 de abril de 2007 às 20:12  
Anonymous Anônimo said...

Cartola é mesmo uma maravilha, acho que a música que mais gosto dele é ACONTECE.
Como disse a Laís, é sempre bom filmes sobre os grandes da MPB. Tem um filme do Noel Rosa por aí que vi algumas criticas negativas, melhor seria se fossem filmes tão bons quanto a obra dos caras, mas só em ter os filmes, tá valendo.

Jose Henrique

3 de abril de 2007 às 00:44  
Anonymous Anônimo said...

No disco Claridade, Clara cantou uma das mais belas músicas de Cartola que se chama Que seja bem feliz. Que sejam bem-vindos, outra belíssima criação do mestre, foi gravado por Beth Carvalho no excelente De pé no chão e por Alcione Nos bares da Vida. Não me recordo de Clara Nunes tê-la gravado. Para completar, para mim, Elis não chega nem aos pés da grande Clara Nunes. Opinião minha. Pode o mundo inteiro continuar endeusando a Elis, que na minha vida quem reina é Clara. E olha que nem gosto das músicas de teor religioso, o que diminui bastante o número das músicas.

Flávio

3 de abril de 2007 às 09:09  
Anonymous Anônimo said...

Aniversário de morte de Clara Nunes lembrado por um comentarista. Nenhuma nota do Blog especiliazado em música, de um jornalista fã de cantoras!

3 de abril de 2007 às 10:53  
Anonymous Anônimo said...

Esqueci de comentar, o cara confundiu uma cuíca com latido de cachorro? Sensacional!
E não é que parece mesmo.

Jose Henrique

3 de abril de 2007 às 14:00  
Anonymous Anônimo said...

Flávio,

Obrigado pela correção, eu confundi e estava me referindo ao Que seja bem feliz mesmo, do Lp de 75, Claridade.

"Se bom pra você for
Pode partir amor,
Que seja bem feliz
E muito bem feliz
Que Deus e a natureza
As aves com seus ninhos..."

Valeu! Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

3 de abril de 2007 às 19:45  
Anonymous Anônimo said...

Só para registrar que o Que sejam bem vindo foi gravado pela Beth em 1978 no De pé no Chão. Valeu Flávio, nem me lembrava que Alcione cantou em Nos Bares da Vida. Vou procurar o meu cd dela para escutar, mas de antemão digo que gosto mais da gravação da Beth (rs). Um abraço,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

3 de abril de 2007 às 21:48  

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