Simone e Zélia harmonizam vozes e universos
Resenha de show
Título: Tom Acústico
Artistas: Simone e Zélia Duncan
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 16 de dezembro de 2006
Cotação: * * * *
Quando as vozes de Simone e Zélia Duncan são ouvidas ainda na coxia, entoando em uníssono Alguém Cantando (Caetano Veloso), a harmonia ímpar do dueto das cantoras prenuncia que o show do projeto Tom Acústico - apresentado em São Paulo, em agosto, e bisado no Rio na noite de sábado, 16 de dezembro - será especial. Sensação plenamente confirmada ao longo do lindo espetáculo. As intérpretes estavam cúmplices, felizes, sedutoras e seduzidas pela possibilidade de dividir o mesmo palco - selando a amizade e uma surpreendente parceria profissional iniciada em agosto de 2005, quando a Cigarra convidou Zélia para participar da gravação do CD / DVD Simone ao Vivo e acabou registrando Então me Diz, a versão feita por Zélia para The Blower's Daughter, bela canção do irlandês Damien Rice que Ana Carolina também verteu na mesma época para duo com Seu Jorge, gerando inevitáveis comparações.
Inserido no bis, antes de Jura Secreta (a música de Sueli Costa e Abel Silva que Simone lançou em 1977 e Zélia reviveu em 2004 na trilha da novela Da Cor do Pecado) e do samba Tô Voltando (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, 1979), Então me Diz é número afetivo de roteiro norteado por músicas dos anos 70 e início dos 80. Cantoras de gerações e universos diferentes, Simone e Zélia celebram no show - de certa forma - a fase de maior êxito artístico da Cigarra. Músicas como Petúnia Resedá (1978, com pegada de rock rural), Mar e Lua (1980, pontuada pela flauta de Fábio Luna) e Vento Nordeste (pérola de Sueli Costa e Abel Siva, lançada por Simone no álbum Pedaços, de 1979) simbolizam a época em que a baiana da gema ainda não tinha deixado sua obra adquirir o tom pasteurizado e padronizado da fase da Sony Music.
A combinação das duas graves vozes soa perfeita, sem forçação. Mais do que vozes, porém, Simone e Zélia harmonizam estilos e aparam arestas. É bom ouvir Simone incursionar elegantemente pelo repertório mais pop de Zélia em Não Vá Ainda (um número iniciado em clima folk e que ganha certo peso na segunda parte) e no blues Mãos Atadas. A convergência de universos é selada no medley que une a Alma de Simone (Sueli Costa e Abel Silva, 1982) com a Alma de Zélia (Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes, 2001). E se desenvolve em cinco músicas nunca associadas a nenhuma das cantoras: Grávida (Marina Lima e Arnaldo Antunes, 1991), Gatas Extraordinárias (Caetano Veloso, 1999), Ralador (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro, 2004) Agito e Uso (Ângela RoRo, 1979) e Quero que Vá Tudo pro Inferno (Roberto Carlos, 1965). Luxo só!!!
Por tudo o que representa de positivo, inclusive a emoção de ver a Cigarra evocar um passado de glória, o belo encontro de Simone e Zélia Duncan no show do projeto Tom Acústico merece virar DVD.
Título: Tom Acústico
Artistas: Simone e Zélia Duncan
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 16 de dezembro de 2006
Cotação: * * * *
Quando as vozes de Simone e Zélia Duncan são ouvidas ainda na coxia, entoando em uníssono Alguém Cantando (Caetano Veloso), a harmonia ímpar do dueto das cantoras prenuncia que o show do projeto Tom Acústico - apresentado em São Paulo, em agosto, e bisado no Rio na noite de sábado, 16 de dezembro - será especial. Sensação plenamente confirmada ao longo do lindo espetáculo. As intérpretes estavam cúmplices, felizes, sedutoras e seduzidas pela possibilidade de dividir o mesmo palco - selando a amizade e uma surpreendente parceria profissional iniciada em agosto de 2005, quando a Cigarra convidou Zélia para participar da gravação do CD / DVD Simone ao Vivo e acabou registrando Então me Diz, a versão feita por Zélia para The Blower's Daughter, bela canção do irlandês Damien Rice que Ana Carolina também verteu na mesma época para duo com Seu Jorge, gerando inevitáveis comparações.
Inserido no bis, antes de Jura Secreta (a música de Sueli Costa e Abel Silva que Simone lançou em 1977 e Zélia reviveu em 2004 na trilha da novela Da Cor do Pecado) e do samba Tô Voltando (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, 1979), Então me Diz é número afetivo de roteiro norteado por músicas dos anos 70 e início dos 80. Cantoras de gerações e universos diferentes, Simone e Zélia celebram no show - de certa forma - a fase de maior êxito artístico da Cigarra. Músicas como Petúnia Resedá (1978, com pegada de rock rural), Mar e Lua (1980, pontuada pela flauta de Fábio Luna) e Vento Nordeste (pérola de Sueli Costa e Abel Siva, lançada por Simone no álbum Pedaços, de 1979) simbolizam a época em que a baiana da gema ainda não tinha deixado sua obra adquirir o tom pasteurizado e padronizado da fase da Sony Music.
A combinação das duas graves vozes soa perfeita, sem forçação. Mais do que vozes, porém, Simone e Zélia harmonizam estilos e aparam arestas. É bom ouvir Simone incursionar elegantemente pelo repertório mais pop de Zélia em Não Vá Ainda (um número iniciado em clima folk e que ganha certo peso na segunda parte) e no blues Mãos Atadas. A convergência de universos é selada no medley que une a Alma de Simone (Sueli Costa e Abel Silva, 1982) com a Alma de Zélia (Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes, 2001). E se desenvolve em cinco músicas nunca associadas a nenhuma das cantoras: Grávida (Marina Lima e Arnaldo Antunes, 1991), Gatas Extraordinárias (Caetano Veloso, 1999), Ralador (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro, 2004) Agito e Uso (Ângela RoRo, 1979) e Quero que Vá Tudo pro Inferno (Roberto Carlos, 1965). Luxo só!!!
Por tudo o que representa de positivo, inclusive a emoção de ver a Cigarra evocar um passado de glória, o belo encontro de Simone e Zélia Duncan no show do projeto Tom Acústico merece virar DVD.
22 Comments:
Mauro, gostei dessa resenha, muito evocativa, me transportou para a platéia do Vivo Rio.
Em sua referência ao passado de Simone, brilham a palavra 'glória' e o nome de Sueli Costa. As duas caminham juntas.
Com certeza, esse é uma grande encontro!!! Mostra a revalorização da Simone e a ascendência da Zélia na MPB!!! Muito bom e muito maduro!!! Merece um DVD Sim!
Pelo o que você diz,mauro, mereceria também o cd. A zélia é, sem dúvida nenhuma, a artista mais versátil na música brasileira,hoje.E de grande inteligência.Maravilha!
Humberto
Quem sabe esteja aí a oportunidade de me envolver com o trabalho de Zelia. Tenho seus três últimos discos... gosto muito de algumas coisas mas não passo disso. Simone já teve momentos brilhantes mas anda patinando há algum tempo. As duas juntas - entretanto - pode render um show bem interessante.
Parabéns por relembrar a importância de Simone na MPB e Zélia saber disso e do ostracismo mesmo com ótimos trabalhos como café com leite, seda pura e baiana da gema além do cd ao vivo com ivan e milton, salve eterna cigarra e zd.
Simone já era. Zélia nunca será. Tô fora!
É PRECISO DAR MAIS ATENÇÃO À MÚSICA INDEPENDENTE E SAIR UM POUCO DA RODA BETHÃNIA, GAL, MARISA MONTE E SIMONE... POR FAVOR, NÉ.
Incrível, essa é a melhor palavra pra definir Simone e Zélia no palco, um show perfeito. Pasrabéns pra elas.
Podiam convidar a Ana Carolina. Ficaria perfeito...
Simone sempre será e zélia é.
O show foi perfeito - o comentário de Mauro, sempre antenado, traduz de fato a magia daquele momento. Valeu, Mauro. Que venha o CD/DVD. Ainda acho que a obra de Simone no período da "pasteurização" (pra usar a expressão do Mauro) merece uma avaliação mais isenta: há coisas boas, verdadeiras pérolas, como uma versão acústica para "Mania de Você", da Rita Lee, ou "Falou, amizade", do Caetano. Há ainda um belíssimo piano e voz para "Eu preciso de você", do Roberto, e "Princesa", do Flavio Venturini, entre outras. Vale a pena ouvir!
anonimo 3.27, vc está certíssimo, e continuando: ana carolina também, gal e bethania idem, zizi tentou, martnália fincou pé, marina faz coro e rorô jamais quis outra coisa. valeu!
Convidar a Ana Carolina ficaria perfeito? Perfeita destruição.... Deixa como tá!!!
acho que fará bem para ambas.
Fiquei curioso; espero que volte a SPaulo. Simone já foi uma de minhas cantoras preferidas mas há anos deixei de curtir seu trabalho. Zélia tá se virando nos trinta e, ao que parece, acertando em vários momentos. Se voltar aqui, vou conferir.
Faz tempo que Simone sentou na rede ( como boa a baina ) e se acomodou em trabalhos dispensáveis . Cadê os sambões de antigamente ? Essa Zélia me cansa ... ora nos Mutantes , ora solo , ora com um cd de sambas . Como diria vovó : Quem tudo quer, nada tem
Mauro, fiquei na dúvida: será que o show foi gravado? Lembro que quando do lançamento do CD "Feminino" a Simone lamentou que aquele show não tivesse sido registrado em vídeo. Será que agora foi?
Flavio
Zélia, ouça o conselho de vovó: quem com muitas pedras bole, uma lhe dá na cabeça.
Quem tudo quer nada tem?
Mas se o último trabalho da Zélia é ótimo.
Se ela sabe, se tem talento pra fazer, que faça.
Não morro de amores pela Zélia, mas quem mais tem essa coragem e essa energia( O cansei de ser sexy?)? E olha, não esqueçam também que ela realizou o último disco do Herminio Bello de Carvalho.Algum motivo tem, não é?
Tem sim. Herminio tb produziu alguns dos primeiros discos de Simone; talvez os melhores.
show lindo, só não precisava chupar o inicio igualzinho do show todas as coisas e eu de gal: alguem cantando de caetano cantado a capela e ainda na coxia!!!! affffffff.
No cd/dvd Simone ao Vivo, Simone e ZD cantam "Idade do Ceu". Então me diz entrou como bonus , no cd, apenas na voz de Simone. Me corrija, por favor, se eu estiver errado. O show foi legal mas acho que não precisa ser imortalizado em registros de dvd ou cd.
Postar um comentário
<< Home