23 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - Mendes correu atrás do tempo...

Já ciente de que seu som não é atemporal, Sérgio Mendes correu atrás do tempo perdido, inseriu o hip hop na sua batida de música brasileira e voltou às paradas com Timeless, álbum lançado em fevereiro com single muito familiar aos fãs de Mendes: Mas que Nada, tema de Jorge Ben que impulsionou o sucesso mundial do conjunto Brazil' 66 e apareceu repaginado em 2006 com a levada de will.i.am, o rapper do miscigenado grupo Black Eyed Peas. Funcionou - e Mendes faturou até indicação ao Grammy de 2007.

Se "o samba é a tristeza que balança" como sentenciou Vinicius de Moraes em célebre verso do Samba da Benção, rebobinado por Marcelo D2 neste álbum de Sérgio Mendes, o balanço atualmente está na mão dos rappers. Pelo menos nos EUA, onde, há 40 anos, o artista propagou mundialmente a bossa e o suingue brasileiros com o disco Sérgio Mendes & Brasil '66. Não foi por acaso que um rapper, will.i.am, comandou o balanço salutar de Timeless. Munido de teclados e do velho piano, Mendes entrou em sintonia com o presente, embora o título do CD - atemporal, em português - tenha tentado impor um caráter perene a estas novas gravações.

Primeiro disco de Mendes em dez anos, Timeless correu atrás do tempo ao propor a interação da música brasileira com o rap e com o rhythm and blues. As fusões desceram bem, no todo. Ainda que uma ou outra tenha transformado temas como Surfboard (de Tom Jobim) em algo perto de macumba para turista. Não, Timeless não soou uniforme - a começar pelo time eclético de convidados que pôs lado a lado nomes como Justin Timberlake e India.Aire, convidada da faixa-título. Se Please Baby Don't foi pop melodioso de John Legend - gravado com a participação do compositor - que destoou do tom verde e amarelo do CD, houve, em compensação, as cordas virtuosas dos violões do Quarteto Maogani em Lamento no Morro. Houve também Guinga e (novamente...) D2 em Fo'-Hop (Por Trás de Brás de Pina). E houve a gaita inconfundível de Stevie Wonder no medley que uniu Berimbau e Consolação. Nada mal...

Mendes quis se atualizar. E voltou às paradas munido das mesmas armas de 1966: a bossa e o suingue da música brasileira atemporal feita por nomes como Jobim, Baden, Vinicius, Jorge Ben... agora reprocessada no compasso do rap. O balanço já é outro e o artista não quis perder o bonde da história porque - como já sentenciou o stone Mick Jagger - o tempo nunca esperou mesmo por ninguém...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

mendes tem seu valor

6 de novembro de 2008 às 08:59  

Postar um comentário

<< Home