21 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - Aos 68, Orlandivo retorna ao disco

Para quem curte o sambalanço, um dos fatos marcantes de 2006 na área fonográfica foi o ótimo retorno de Orlandivo ao disco. Cantor, compositor e percussionista oriundo de Santa Catarina, diplomado na escola musical do Rio dos anos 50, Orlandivo (foto) iniciou carreira solo em 1962 com LP muito apropriadamente intitulado A Chave do Sucesso. É que ele, então crooner dos bailes animados por nomes como Ed Lincoln, impressionava os freqüentadores dos salões cariocas ao usar um molho de chaves como instrumento de percussão para dividir seu samba sincopado. Por isso mesmo, uma chave ilustrou a capa de Sambaflex, o disco que marcou, em janeiro deste ano, a volta de Orlandivo ao mercado fonográfico depois que seu sambalanço foi descoberto e valorizado por DJs e produtores da cena européia dos anos 90. Coube à gravadora Deckdisc produzir e editar o CD.

Aos 68 anos, Orlandivo se mostrou em grande forma. A voz, claro, já não era a mesma dos áureos tempos, mas - no caso dele - o que sempre contou foi o molho, a divisão de seus sambas sincopados. Que desceram redondos em Sambaflex. O CD nem precisava da releitura eletrônica de Vô Bate Pá Tu, sucesso da efêmera dupla Baiano e os Novos Caetanos nos anos 70, já que o repertório se sustentou muito bem entre regravações de sucessos de Orlandivo (Chavinha, Bolinha de Sabão, Sambadinho, Samba Toff) e várias músicas inéditas em disco - algumas realmente novas como a boa faixa-título, Sambaflex, parceria do artista com o percussionista Beto Cazes. Outras tiradas do baú, caso de Eu Vendo um Samba, escrita há 35 anos (e nunca gravada pelo autor nem por ninguém).

Bastou ouvir Palladium - parceria de Ed Lincoln com Orlandivo, composta em 1975 e gravada em 1977 para disco reeditado pela EMI em 2005 - para atestar que o balanço do artista permanecia contagiante e ainda moderno. Com sambas sacudidos de Dorival Caymmi (Doralice, Rosa Morena) e clássicos do sambalanço como Boogie Woogie na Favela, Orlandivo voltou à cena com um disco delicioso à altura de seu passado e do Rio das décadas de 50 e 60.

1 Comments:

Anonymous Miguel said...

craque!

22 de janeiro de 2010 às 21:29  

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