Show de Caetano supera disco em clima jovial
Resenha de show
Título: Cê
Artista: Caetano
Veloso
Local: Circo Voador
(RJ)
Data: 20 de dezembro
de 2006
Cotação: * * *
Por abrigar em sua lona sons e vibes joviais desde sua fundação, em 1981, o Circo Voador teve o clima e a atmosfera apropriados para Caetano Veloso fazer a estréia no Rio do show Cê, em duas concorridas apresentações em 19 e 20 de dezembro. Apesar da acústica ruim e da (hiper)lotação que impediu parte do público de ver o show por inteiro, Cê cumpriu bem sua função de entreter platéia jovem que admira a sonoridade de rock indie experimentada por Caetano no álbum homônimo, editado em setembro com repertório de tintas sexuais e rarefeita inspiração melódica. Os jovens curtiram o disco - superestimado pela crítica.
O roteiro de Cê reproduz com fidelidade músicas e arranjos do CD com o auxílio luxuoso da guitarra de Pedro Sá, do baixo (e teclado eventual) de Ricardo Dias Gomes e da bateria de Marcelo Callado. As roqueiras Odeio e Rocks tiveram imediata empatia com o jovial público, com seus refrões repetidos em coro. Em contrapartida, a ibérica Minhas Lágrimas - grande destaque da safra caetânica de 2006, ao lado da bela canção confessional Não me Arrependo - não ressurgiu no palco com toda a beleza do disco. Por sua vez, o rap O Herói - sem empolgar - teve confirmado seu caráter insosso.
Os grandes momentos de Cê são números em que Caetano adapta músicas antigas (e bem mais inspiradas) ao tom roqueiro do show. Sampa (de 1978) ganhou contornos modernistas. Fora da Ordem (1992) reapareceu muito distorcida. London London (de 1971) foi moldada a la Pixies. Já o reggae Nine Out of Ten (1972) teve o seu andamento acelerado em contraponto com o solo de Caetano em A Voz do Violão, bonita música do repertório de Francisco Alves.
Entre o deslocado frevo Chão da Praça (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) e o bom bis, encerrado com Descobri que Sou um Anjo (Jorge Ben Jor, 1969), o compositor apresentou até inédita, Amor Mais que Discreto, precedida por Ilusão à Toa (Johnny Alf), musa inspiradora da trivial canção. Bem sacadas foram a inclusão de O Homem Velho (1984) - de temática em sintonia com o universo do CD Cê - e a releitura minimalista de Desde que O Samba É Samba (1993), com direito à guitarra wah wah e percussão suave. Enfim, Cê é um bom show que valoriza um disco não tão bom, mas que, compreensivelmente, caiu nas graças do público jovem e tem sido incensado pela crítica que segue a cartilha do rock indie - ao qual, aliás, Caetano Veloso nunca precisou recorrer para soar moderno.
Título: Cê
Artista: Caetano
Veloso
Local: Circo Voador
(RJ)
Data: 20 de dezembro
de 2006
Cotação: * * *
Por abrigar em sua lona sons e vibes joviais desde sua fundação, em 1981, o Circo Voador teve o clima e a atmosfera apropriados para Caetano Veloso fazer a estréia no Rio do show Cê, em duas concorridas apresentações em 19 e 20 de dezembro. Apesar da acústica ruim e da (hiper)lotação que impediu parte do público de ver o show por inteiro, Cê cumpriu bem sua função de entreter platéia jovem que admira a sonoridade de rock indie experimentada por Caetano no álbum homônimo, editado em setembro com repertório de tintas sexuais e rarefeita inspiração melódica. Os jovens curtiram o disco - superestimado pela crítica.
O roteiro de Cê reproduz com fidelidade músicas e arranjos do CD com o auxílio luxuoso da guitarra de Pedro Sá, do baixo (e teclado eventual) de Ricardo Dias Gomes e da bateria de Marcelo Callado. As roqueiras Odeio e Rocks tiveram imediata empatia com o jovial público, com seus refrões repetidos em coro. Em contrapartida, a ibérica Minhas Lágrimas - grande destaque da safra caetânica de 2006, ao lado da bela canção confessional Não me Arrependo - não ressurgiu no palco com toda a beleza do disco. Por sua vez, o rap O Herói - sem empolgar - teve confirmado seu caráter insosso.
Os grandes momentos de Cê são números em que Caetano adapta músicas antigas (e bem mais inspiradas) ao tom roqueiro do show. Sampa (de 1978) ganhou contornos modernistas. Fora da Ordem (1992) reapareceu muito distorcida. London London (de 1971) foi moldada a la Pixies. Já o reggae Nine Out of Ten (1972) teve o seu andamento acelerado em contraponto com o solo de Caetano em A Voz do Violão, bonita música do repertório de Francisco Alves.
Entre o deslocado frevo Chão da Praça (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) e o bom bis, encerrado com Descobri que Sou um Anjo (Jorge Ben Jor, 1969), o compositor apresentou até inédita, Amor Mais que Discreto, precedida por Ilusão à Toa (Johnny Alf), musa inspiradora da trivial canção. Bem sacadas foram a inclusão de O Homem Velho (1984) - de temática em sintonia com o universo do CD Cê - e a releitura minimalista de Desde que O Samba É Samba (1993), com direito à guitarra wah wah e percussão suave. Enfim, Cê é um bom show que valoriza um disco não tão bom, mas que, compreensivelmente, caiu nas graças do público jovem e tem sido incensado pela crítica que segue a cartilha do rock indie - ao qual, aliás, Caetano Veloso nunca precisou recorrer para soar moderno.
11 Comments:
Mauro, quando cê vai dar o braço a torcer e reconhecer que cê é um grande disco?
Se este CD redundou em um show pelo menos razoável, multiplicarei minha fé.
Eu acho CE um péssimo CD. SOu fã de Caetano, tenho sua discografia completa, mas este último cd foi um erro,( na minha opinião ) uma mancha numa carreira tão genial. Ainda bem que o show jogou um pouco de água nessa lama.
Edu - abc
ô mauro, dá uma chance aos compositores nesse blocrítico:
chão da praça, é de moraes moreira em parceria com o grande letrista cearense fausto nilo.
De o Herói eu deixaria somente a frase final.Melódica e linda!
Anônimo das 10:30, grato pela lembrança do Fausto Nilo, cujo nome já incluí na resenha.
o circo esteve iluminado com a presença de Caetano.
Tá tudo lindo na nova turne. A canção de Moraes Moreira é irresitivel.
quem critica o show e o disco não sabe de caetano, nem da tropicália.
o circo saiu feliz... muita gente quer ter CÊ!
" Cê " é bom . Mas nem de longe lembra os históricos do Caetano . Mas também não precisa né ? O Show tem algo mais , daí o fato de ser melhor
Vou imitar o Mauro . Cê é um tijolo menor na obra do Caetano Veloso
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
mauro, qual é a diferença entre JÓIA e CÊ?
Emanuel Andrade disse...
Não dá pra discutir disco de A ou B. Todo Cd tem seus altos e baixos. Desde a década de 70 não se faz mais discos em que o ouvinte evitava pular qualquer faixa. Era todo e de todo sempre bom. Pelo texto do Mauro, entendo que o show CÊ está de f..ê. Sem chatisse de fãs, sem elogios, vazios. Caetano é pago para isso. E surpreende sempre. É algo novo, sem os tambores e baticuns dos shows anteriores. O novo é sempre uma palvara bonita. Chute no saco é aquele que volta com as mesmas notícias. Caetano evita isso aqui.
Falta Gil tirar umas férias da plataforma lulista e nos brindar com o novo, falta Djavan etc...
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