20 de junho de 2009

Coletânea acerta ao revirar o baú de Caê nos 80

Resenha de CD
Título: Certeza da Beleza
Raridades 3 (83 - 94)
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Embalada como bônus na boa caixa 83-94, terceiro título da coleção Quarenta Anos Caetanos, que reedita a imensa obra fonográfica de Caetano Veloso, a compilação Certeza da Beleza revira de forma certeira o baú do artista nos anos 80 (das 20 faixas, apenas duas são da década de 90). A compilação prima por agrupar fonogramas avulsos da discografia do artista. Algumas gravações já aparecem volta e meia em coletâneas, mas outras são (de fato) bem obscuras - como a de Preciso Aprender a Só Ser (Gilberto Gil), feita em 1987 para a trilha sonora da novela Brega & Chique. Caetano, a propósito, de vez em quando grava músicas (próprias e também alheias) exclusivamente para trilhas sonoras. Compilados por Rodrigo Faour, os registros de Isto Aqui o Que É (Ary Barroso) e Cidade Maravilhosa (André Filho) - idealizados para as novelas Vale Tudo (1988) e O Dono do Mundo (1991), respectivamente - figuram em Certeza da Beleza ao lado do ijexá Falou Amizade (composto e gravado pelo artista em 1988 para trilha sonora do filme Dedé Mamata) e do registro original de Milagres do Povo, destaque da trilha sonora da minissérie Tenda dos Milagres, de 1985. É fato que nem todos os fonogramas ostestam o rigor estilístico que pontua a discografia de Caetano, sobretudo os gravados para álbuns alheios. Banda Nova - parceria de Vinicius Cantuária com Péricles Cavalcanti, gravada por Cantuária em dueto com Caetano em 1985 para o LP Siga-me - apresenta o tom pausterizado que predominou em muitos discos dos anos 80. É pop datado. Já o frevo Pra Valer (Moacyr Albuquerque) - gravado por Caetano em 1984 para o compacto Carnaval Liberou Geral - é atemporal. Trata-se, aliás, de outro fonograma realmente raro. Assim como a bossa Asa Delta, extraída do álbum Companheiros, lançado em 1985 pelo violonista paulista Marito Correa com a Banda Cooperativa. Também obscura até mesmo para fãs do cantor é a faixa-título da compilação, Certeza da Beleza, canção de Caetano, registrada pelo autor em 1983 em dueto com Telma Costa (1953 - 1989) para álbum da cantora. Verdade seja dita: a música não é das mais inspiradas do compositor, mas seu registro raro tem alto valor documental. Entre duetos com Luiz Caldas (É Tão Bom, tema cool distante do calor da axé music), Eugénia Melo e Castro (Coração Imprevisto, em clima camerístico), Beto Guedes (Luz e Mistério, em registro ao vivo de 1987) e Péricles Cavalcanti (Meu Bolero), a coletânea deixa a certeza óbvia da grandeza de Caetano Veloso como intérprete e da sua salutar boa vontade para encarar - sem preconceito - todos os ritmos e faces da música popular brasileira.

14 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Embalada como bônus na boa caixa 83-94, terceiro título da coleção Quarenta Anos Caetanos, que reedita a imensa obra fonográfica de Caetano Veloso, a compilação Certeza da Beleza revira de forma certeira o baú do artista nos anos 80 (das 20 faixas, apenas duas são da década de 90). A compilação prima por agrupar fonogramas avulsos da discografia do artista. Algumas gravações já aparecem volta e meia em coletâneas, mas outras são (de fato) bem obscuras - como a de Preciso Aprender a Só Ser (Gilberto Gil), feita em 1987 para a trilha sonora da novela Brega & Chique. Caetano, a propósito, de vez em quando grava músicas (próprias e também alheias) exclusivamente para trilhas sonoras. Compilados por Rodrigo Faour, os registros de Isto Aqui o Que É (Ary Barroso) e Cidade Maravilhosa (André Filho) - idealizados para as novelas Vale Tudo (1988) e O Dono do Mundo (1991), respectivamente - figuram em Certeza da Beleza ao lado do ijexá Falou Amizade (composto e gravado pelo artista em 1988 para trilha sonora do filme Dedé Mamata) e do registro original de Milagres do Povo, destaque da trilha sonora da minissérie Tenda dos Milagres, de 1985. É fato que nem todos os fonogramas ostestam o rigor estilístico que pontua a discografia de Caetano, sobretudo os gravados para álbuns alheios. Banda Nova - parceria de Vinicius Cantuária com Péricles Cavalcanti, gravada por Cantuária em dueto com Caetano em 1985 para o LP Siga-me - apresenta o tom pausterizado que predominou em muitos discos dos anos 80. É pop datado. Já o frevo Pra Valer (Moacyr Albuquerque) - gravado por Caetano em 1984 para o compacto Carnaval Liberou Geral - é atemporal. Trata-se, aliás, de outro fonograma realmente raro. Assim como a bossa Asa Delta, extraída do álbum Companheiros, lançado em 1985 pelo violonista paulista Marito Correa com a Banda Cooperativa. Também obscura até mesmo para fãs do cantor é a faixa-título da compilação, Certeza da Beleza, canção de Caetano, registrada pelo autor em 1983 em dueto com Telma Costa (1953 - 1989) para álbum da cantora. Verdade seja dita: a música não é das mais inspiradas do compositor, mas seu registro raro tem alto valor documental. Entre duetos com Luiz Caldas (É Tão Bom, tema cool distante do calor da axé music), Eugénia Melo e Castro (Coração Imprevisto, em clima camerístico), Beto Guedes (Luz e Mistério, em registro ao vivo de 1987) e Péricles Cavalcanti (Meu Bolero), a coletânea deixa a certeza óbvia da grandeza de Caetano Veloso como intérprete e da sua salutar boa vontade para encarar - sem preconceito - todos os ritmos e faces da música popular brasileira.

20 de junho de 2009 às 13:32  
Anonymous Anônimo said...

Sacanagem, Mauro. Eu estou aqui escondendo o dinheiro para não ter de comprar 11 CDs por causa de 1.
Aí vem uma resenha desta... Não quer me dar de presente, não ?

20 de junho de 2009 às 13:42  
Anonymous Anônimo said...

Caetano ainda nos deve um grande cd como intérprete. Ele cantando os sambas de Ataulfo, Assis, Dorival, Lamartine, Ary e tantos outros , seria DIVINO!!!

20 de junho de 2009 às 14:15  
Anonymous mauricio said...

gostei da terceira caixa,aliás,já tinha as edições antigas.
esse raridades....não deu pra engolir.

20 de junho de 2009 às 14:25  
Anonymous Luc said...

Tem umas músicas do Caetano tão associadas a outros intérpretes, que a gente às vezes esquece que são dele. O blues "Escândalo" é uma das mais inspiradas. Mas a versão ao vivo do compositor é tão bonita quanto a de Angela Rorô.

20 de junho de 2009 às 20:16  
Anonymous Anônimo said...

Tenho as edições antigas dos álbuns dessa caixa (não as lançadas em 2002). A qualidade sonora de "Caetano" (1987), por exemplo, é sofrível... Por isso vou investir nessa caixa, mas vou aguardar um pouco para ver se o preço abaixa... Quanto ao CD de extras, provavelmente vem na embalagem "digipak", enquanto os demais vêm na "jewelbox" (convencional). Eu, que odeio os "digipaks", não entendo o porquê desta diferenciação, a não ser a imposição de um critério muito duvidoso de "sofisticação"...

20 de junho de 2009 às 21:39  
Anonymous Anônimo said...

Comprei a caixa e a qualidade do som é muito boa. Só sinto pela arte gráfica, muito se perdeu. "Tropicália 2" e "Fina Estampa" são os exemplos mais gritantes. Fiquei com as capas antigas mesmo.

20 de junho de 2009 às 21:54  
Blogger André said...

Me chamou atenção aí a falta de Mansidão, música de Cae composta pra Jane Duboc e incluída no segundo lp da cantora, em 1982, e gravada em dueto com Caetano. Não foi incluida nas raridades da caixa 74-82 e nem nessa.

21 de junho de 2009 às 12:34  
Anonymous Anônimo said...

Mais um lamento para entrar nos anais da MPB. Esse disco de Jane Duboc lançado de forma independente - quando tal fato não era opção e sim falta de - é um primor e até hoje nunca digitalizado. TRISTE BRASIL.

21 de junho de 2009 às 14:29  
Anonymous Anônimo said...

O disco-extra ( assim como a caixa toda, exceto por alguns detalhes) é excelente mesmo ( mas lembrou bem o deco, a linda Mansidão deveria ter entrado nas compilações 2 ou 3, vamos ver se entra na 4 ).
Ô Mauro, claro que o poeta Caetano em sua diversificação musical tem músicas muitíssimo mais inspiradas, mas Certeza da Beleza é muito bela e até emociona reouvir a voz sopraníssima da Telma Costa.
Abraço

21 de junho de 2009 às 23:54  
Anonymous Anônimo said...

Certeza da beleza é obra prima. E essa gravação é o maximo. Parabens ao Rodrigo Faour pela seleção.

22 de junho de 2009 às 05:39  
Anonymous Anônimo said...

"Certeza da beleza é obra prima.E essa gravação é o máximo."(2)

22 de junho de 2009 às 10:30  
Anonymous Anônimo said...

Interpretação ( além de composição) de Caetano é tudo mesmo, Falou Amizade eu só conhecia com a Simone e achava legal, mas com Caetano -apesar de ser uma música descompromissada, até pelo próprio tema do filme- ela está boa demais!

24 de junho de 2009 às 01:09  
Anonymous Anônimo said...

Descompromissada por descompromissada "Odara" é muito mais. Não existe regra para beleza de música não. Pode ser uma baita letra, uma baita melodia, um baita arranjo, uma baita interpretação. O negócio é bater no coração.

Anônimo, o poeta.

24 de junho de 2009 às 21:49  

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