20 de novembro de 2008

Nem vulgar nem sublime, Lôbo parece diferente

Resenha de CD
Título: Vulgar & Sublime
Artista: Armando Lôbo
Gravadora: Delira Música
Cotação: * * * 1/2

Armando Lôbo é um cantor e compositor de Pernambuco que vem procurando explorar os limites estéticos da MPB e do gênero rotulado de Mangue Beat. A confluência de estilos está sintetizada na recriação, em ritmo de maracatu, de O Quereres, a música de Caetano Veloso lançada pelo autor num de seus álbuns de maior ambiência roqueira, Velô (1984). A releitura faz parte do segundo álbum de Lôbo, Vulgar & Sublime. Inquieto, o artista apresenta música construída na forma de palíndromo - S.O.S. Reversos, em que os versos da letra, assim como o título, podem ser lidos de trás para frente sem alteração do significado - e traz tema do roqueiro australiano Nick Cave (As I Sat Sadly by her Side) para o universo musical pernambucano, mote também de faixas como Ciranda Lounge e Maculelé, um original maracatu de tonalidades jazzísticas. Lôbo busca a todo momento expandir os limites formais da música, sem fronteiras. Canto Malê combina três tempos diferentes de compasso ao fundir MPB, afoxé e música islâmica. Contudo, Lôbo não se perde em mero exotismo. Seu CD não é vulgar e tampouco sublime. Soa diferente. E isso já é muito...

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Armando Lôbo é um cantor e compositor de Pernambuco que vem procurando explorar os limites estéticos da MPB e do gênero rotulado de Mangue Beat. A confluência de estilos está sintetizada na recriação, em ritmo de maracatu, de O Quereres, a música de Caetano Veloso lançada pelo autor num de seus álbuns de maior ambiência roqueira, Velô (1984). A releitura faz parte do segundo álbum de Lôbo, Vulgar & Sublime. Inquieto, o artista apresenta música construída na forma de palíndromo - S.O.S. Reversos, em que os versos da letra, assim como o título, podem ser lidos de trás para frente sem alteração do significado - e traz tema do roqueiro australiano Nick Cave (As I Sat Sadly by her Side) para o universo musical pernambucano, mote também de faixas como Ciranda Lounge e Maculelé, um original maracatu de tonalidades jazzísticas. Lôbo busca a todo momento expandir os limites formais da música, sem fronteiras. Canto Malê combina três tempos diferentes de compasso ao fundir MPB, afoxé e música islâmica. Contudo, Lôbo não se perde em mero exotismo. Seu CD não é vulgar e tampouco sublime. Soa diferente. E isso já é muito...

20 de novembro de 2008 às 19:53  
Anonymous Anônimo said...

Diferente com certeza... e genial. Não vi nos últimos muitos anos alguém tão inovador quanto Armando Lôbo.

22 de novembro de 2008 às 09:46  
Anonymous Anônimo said...

Ouvi o CD, e posso dizer que uma palavra resume o som de Armando Lobo: pre.ten.são
sf (lat praetensu+suf lat ione) 1 Ato ou efeito de pretender. 2 Direito suposto. 3 Aspiração infundada. sf pl Presunção, jactância, vaidade exagerada.
E é só.
Ainda não vamos ouvir falar muito dele!

24 de novembro de 2008 às 15:58  
Anonymous Anônimo said...

Ô inveja. Vc deve ser músico, não? hahaha

24 de novembro de 2008 às 17:25  
Blogger Pedro Moraes said...

Sei que faz tempo isso, mas acabei esbarrando com esse post do Mauro Ferreira (um crítico com o raro hábito de escrever mais sobre a música do que sobre o mercado da música) e quero aproveitar pra deixar um comentário pra futuros navegantes que venham a ser trazidos pelas marés das ferramentas de busca a esta praia ora desabitada.

O amiguinho que foi visitar o dicionário para criticar o Lôbo é um exemplo maravilhosamente claro da inteligência, dos valores, do clima intelectual dos nossos tempos. Por baixo da ira e do desprezo do camarada, estão alguns pressupostos muito difundidos (e, a meu ver, superficiais e tóxicos):

1 - se você tem aspirações elevadas, se você ergue sua cabeça "pra fora e acima da manada", se você lança mão de elementos da cultura erudita (que é simplesmente a herança do pensamento humano que não foi assimilada pelo pop), você está errado, é metido a besta, bobo e feio.

2 - bacana mesmo é fazer cultura que possa ser compreendida por todo mundo imediatamente. Esse é o critério master: o conhecimento amplamente compartilhado. Aquele que não é amplamente compartilhado num determinado momento histórico, não presta, deve ser jogado fora, é coisa de intelectuais elitistas.

3 - bacana mesmo é ter atitude "cool", ser irônico, ser sarcástico, ser cínico, ser relativista, ser antenado, ser cheio de opiniões polêmicas, desde que possam ser facilmente defendidas e digeridas numa mesa de bar.

4 - bacana mesmo é aquilo sobre o que se fala: o "talk of the town". Se o seu assunto é outro, você está errado.

Amiguinho, você pode gostar ou não gostar do projeto do Armando. Não acho que seja um projeto inatacável não. Mas ele tem ferramentas vastas, intelectuais, poéticas e musicais, pra alcançar com propriedade o resultado que "pretende". E nós precisamos MUITO mais de pessoas, de artistas, que "pretendam" de verdade, que fixem suas miras no alto -- dessas, mesmo os enganos são louváveis -- do que de artistas que flutuam feito bosta n´água, e do que críticos de botequim que marretem na cabeça dos criadores genuínos com essa acusação tolinha.

E, vem cá, citar dicionário, citar raiz latina e sufixo e o cacete, não é o cúmulo da presunção, da afetação de erudição, da p.re.te.ns.ão?

Do não anônimo,

Pedro Moraes

28 de novembro de 2011 às 13:26  
Blogger Eduardo Guerreiro B. Losso said...

Concordo totalmente com Pedro Sá Moraes. Estou escrevendo um texto exatamente sobre isso, e citarei exatamente esse CD do Armando Lobo. Por mais restrito que seja o seu alcance diante da medianidade medíocre da maioria das coisas que circulam, somos a prova de que ainda ouviremos falar muito de Armando, Pedro e Thiago Amud.

25 de novembro de 2013 às 13:55  

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