Duboc celebra Gismonti com densidade linear
Resenha de CD
Título: Canção da Espera
Artista: Jane Duboc
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2
Apresentada por Luiz Eça (1936 - 1992) a Egberto Gismonti, em 1971, Jane Duboc de imediato despertou o interesse do compositor e pianista por sua rara musicalidade. Tanto que Gismonti logo a convidou para participar do show Água e Vinho. Segundo álbum de Duboc editado pela Biscoito Fino, Canção da Espera celebra a obra pouco explorada do compositor, de quem a cantora selecionou 12 músicas da lista de 60 que recebeu de Gismonti. O resultado é um disco denso que chega a pecar pela linearidade, sobretudo na primeira parte. As melodias rebuscadas de Gismonti receberam tratamento à altura de seu refinamento. Contudo, tal sofisticação não impede que, mais uma vez, Jane Duboc apresente um disco que não faça (de todo) jus à sua voz de técnica irretocável. Entre os melhores momentos, há Auto-Retrato (com arranjo de envolvente leveza) e o xote Sanfona, no qual Duboc recebe Olivia Byington (intérprete original da música) para harmonioso dueto. Há alguns elementos que dão ao álbum algum colorido, como o coral infantil que entoa Memória e Fado (faixa urdida também com as cordas do Quarteto Bessler) e o piano de tonalidades jazzísticas de Fernando Merlino, ouvido em Janela de Ouro (A Traição das Esmeraldas), faixa gravada com a voz já cansada de Pery Ribeiro. Outro convidado, Jay Vaquer, realça em dueto afetivo com a mãe toda a poesia contida em Ano Zero, outro destaque do CD. A propósito, dez das 12 composições ostentam belos versos do poeta Geraldo Carneiro (Paulo César Pinheiro é letrista afiado de Saudações e João Carlos Pádua é o parceiro de Gismonti em Mais do que a Paixão). Enfim, é um álbum que, a julgar por sua ficha técnica, tinha tudo para ser grandioso. Não é. É, claro, um inevitável bom disco porque Duboc é ótima cantora e porque a qualidade do repertório é alta. Só que fica a impressão de que ainda é preciso esperar por um disco em que ouvir o canto de Duboc gere sensação de (real) encantamento.
Título: Canção da Espera
Artista: Jane Duboc
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2
Apresentada por Luiz Eça (1936 - 1992) a Egberto Gismonti, em 1971, Jane Duboc de imediato despertou o interesse do compositor e pianista por sua rara musicalidade. Tanto que Gismonti logo a convidou para participar do show Água e Vinho. Segundo álbum de Duboc editado pela Biscoito Fino, Canção da Espera celebra a obra pouco explorada do compositor, de quem a cantora selecionou 12 músicas da lista de 60 que recebeu de Gismonti. O resultado é um disco denso que chega a pecar pela linearidade, sobretudo na primeira parte. As melodias rebuscadas de Gismonti receberam tratamento à altura de seu refinamento. Contudo, tal sofisticação não impede que, mais uma vez, Jane Duboc apresente um disco que não faça (de todo) jus à sua voz de técnica irretocável. Entre os melhores momentos, há Auto-Retrato (com arranjo de envolvente leveza) e o xote Sanfona, no qual Duboc recebe Olivia Byington (intérprete original da música) para harmonioso dueto. Há alguns elementos que dão ao álbum algum colorido, como o coral infantil que entoa Memória e Fado (faixa urdida também com as cordas do Quarteto Bessler) e o piano de tonalidades jazzísticas de Fernando Merlino, ouvido em Janela de Ouro (A Traição das Esmeraldas), faixa gravada com a voz já cansada de Pery Ribeiro. Outro convidado, Jay Vaquer, realça em dueto afetivo com a mãe toda a poesia contida em Ano Zero, outro destaque do CD. A propósito, dez das 12 composições ostentam belos versos do poeta Geraldo Carneiro (Paulo César Pinheiro é letrista afiado de Saudações e João Carlos Pádua é o parceiro de Gismonti em Mais do que a Paixão). Enfim, é um álbum que, a julgar por sua ficha técnica, tinha tudo para ser grandioso. Não é. É, claro, um inevitável bom disco porque Duboc é ótima cantora e porque a qualidade do repertório é alta. Só que fica a impressão de que ainda é preciso esperar por um disco em que ouvir o canto de Duboc gere sensação de (real) encantamento.
18 Comments:
Apresentada por Luiz Eça (1936 - 1992) a Egberto Gismonti, em 1971, Jane Duboc de imediato despertou o interesse do compositor e pianista por sua rara musicalidade. Tanto que Gismonti logo a convidou para participar do show Água e Vinho. Segundo álbum de Duboc editado pela Biscoito Fino, Canção da Espera celebra a obra pouco explorada de Gismonti, de quem a cantora selecionou 12 músicas da lista de 60 que recebeu de Gismonti. O resultado é um disco denso que chega a pecar pela linearidade, sobretudo na primeira parte. As melodias rebuscadas de Gismonti receberam tratamento à altura de seu refinamento. Contudo, tal sofisticação não impede que, mais uma vez, Jane Duboc apresente um disco que não faça (de todo) jus à sua voz de técnica irretocável. Entre os melhores momentos, há Auto-Retrato (com arranjo de envolvente leveza) e o xote Sanfona, no qual Duboc recebe Olivia Byington (intérprete original da música) para harmonioso dueto. Há alguns elementos que dão ao álbum algum colorido, como o coral infantil que entoa Memória e Fado (faixa urdida também com as cordas do Quarteto Bessler) e o piano de tonalidades jazzísticas de Fernando Merlino, ouvido em Janela de Ouro (A Traição das Esmeraldas), faixa gravada com a voz já cansada de Pery Ribeiro. Outro convidado, Jay Vaquer, realça em dueto afetivo com a mãe toda a poesia contida em Ano Zero, outro destaque do CD. A propósito, dez das 12 músicas ostentam versos do poeta Geraldo Carneiro (Paulo César Pinheiro é o letrista de Saudações e João Carlos Pádua é o parceiro de Gismonti em Mais do que a Paixão). Enfim, é um álbum que, a julgar por sua ficha técnica, tinha tudo para ser grandioso. Não é. É, claro, um inevitável bom disco porque Duboc é ótima cantora e porque a qualidade do repertório é alta. Só que fica a impressão de que ainda é preciso esperar por um disco em que ouvir o canto de Duboc gere sensação de total encantamento.
Mauro, tem dias que acho que vc lê meus pensamentos.
Sou super-fã das boas cantoras brasileiras e sempre tive essa impressão da Jane Duboc.
Linda voz, afinada, antenada com o repertório, mas ....
Que ela descubra o caminho para fazer um CD que possamos ouvir e nos deliciarmos com a beleza de sua voz.
Mauro, você tem toda a razão em dizer que Jane Duboc é uma ótima cantora!!
Pena que o grande público brasileiro ainda não a reconheceu como tal... O que aliás, não é de se estranhar... Infelizmente.
Abraços
Comprei o disco: é frio.
Realmente, a Jane ainda deve um disco à altura de sua voz.
Jouber-BH
Acho JD bastante linear; não é prerrogativa deste CD.
Falta-lhe verve.
Realmente tenho que concordar com todos, é uma voz incrível, me toca profundamente, um timbre belíssimo e uma técnica maravilhosa, só que sinto que a discografia da Jane é um pouco fria, falta ousadia, surpresas, experimentações, acho que há sempre um cuidado excessivo, como se tivesse uma bolha em volta... queria vê-la se jogar mais, só daí que acho que virá um disco que tenha no repertório e na sonoridade toda a emoção que ela tem no gogó...
Acho que a Jane Duboc chegou bem perto mesmo de um disco á altura de sua voz em "Uma porção de Marias"
Jane Duboc tem carreira irregular.
Começou na banda de Rock progressivo "Bacamarte" - que lançou um único LP nunca digitalizado ("Antes do Fim") e para quem conheçe: já arrebentava.
Depois lançou de forma independente seu primeiro solo, também nunca reeditado, com belo e ousado repertório.
Chegou ao público com a música "Sonhos" e "Chama da Paixão" em um belo disco pela Continental.
Após o gostinho do sucesso enveredou pelo "brega" mas logo, logo - só durou 2 discos - voltou a ser a Jane que mereçemos: só grava o que quer COM UMA DAS TRÊS MAIORES VOZES DO PAÍS.
É fato que seu repertório é irregular, mas sendo Jane vale tudo. Eu não só perdôo, como compro e idolatro esse "gogó de ouro". Viva ela e viva a Biscoito Fino que, para variar, é o porto seguro da boa MPB da atualidade.
Maravilhosa cantora da música do Brasil !!
Que nos brinda com música adulta e sofisticada !! Salve a diversidade da MPB !!
Obrigado Jane Duboc !!
ADORO JANE, DESDE A DÉCADA DOS FESTIVAIS, SEUS DISCOS SÃO EXCELENTES, SUA VOZ IMPAR, TAMBÉM JÁ OUVI DIZER QUE O DISCO É FRIO, DEVE SER DEFEITO NO FORNO DA GRAVADORA, POIS O MESMO SE DEU COM OS DOIS DISCOS DE ESTUDIO DE MONICA SALMASO.
CANTORAS COM A POSTURA DE SALMASO E DUBOC ACHO QUE FUNCIONAM MELHOR TENDO INDEPENDENCIA TOTAL.
POR FALAR EM JANE PARA QUEM AINDA NÃO OUVIU RECOMENDO "MOVIE MELODY", CD ONDE ELA E AQUELE TECLADISTA DA ZIZI POSSI, ACHO QUE É J SWAMI, NÃO LEMBRO COMO SE ESCREVE OU PRONUNCIA. NESTE TRABALHO ELA CANTA OS GRANDES CLASSICOS DO CINEMA É IMPERDÍVEL.
O problema de Jane, para mim, não é nem repertório, interpretação, nada disso.
A voz dela é linda, mas ela tem uma espremidinha na pronúncia dos "Us" e "Is" (que também acometeu Zizi Possi durante uma época) que torna a dicção dela enjoativa. Por melhor que seja o repertório de um disco de Jane, sempre fica longo demais com tanto "U" e "I" apertadinho.
Mas já está provado que nem sempre as melhores cantoras são as maiores (Cláudia, Jane) e nem sempre as maiores são as melhores (Clementina, Nara).
jane já fez um bom disco que é o seu primeiro, chamado Languidez. Tá certo, é questão de gosto, mas penso que naquele disco ela já se "jogou" bastante.
Jane adoçica demais o seu cantar. Quando cantar pra fora , aí sim vai fazer um disco maravilhoso.
Jane tem uma voz bonita, uma técnica apurada, mas tem um repertório um tanto irregular e me incomoda um pouco o excesso de segundas e terceiras vozes, e cantilenas que ela vez por outra insiste em por em suas músicas.
Se João Gilberto é quase unanimidade com aquela voz chaaaaaaaata, alguém pode criticar Jane ?
Bom, estamos em uma democracia e, portanto, vale até falar besteira, com tanto que não seja crime.
Estou achando o cd "cançao da espera" excelente!!! Acho que o descontentamento de alguns deve-se ao fato, talvez, do não entendimento das letras e, quanto a voz e interpretação da jane só na faixa "canção de espera" e no trecho "como um arlequim" da faixa "auto retrato" já superam qualquer expectativa!!!
Talvez eu tenha gostado tanto por ser novo na escuta de uma boa música!!
E quanto ao cd ser "frio", tem mesmo que ser!! Acho que faltou mesmo um entendimento das letras...
Acho que compreendi a abordagem do cd, e portanto ele tem que ser frio mesmo ou seria uma antítese! Mas a Jane vem a Vitória no dia 21/12 pro show desse cd, e espero que ela o explique ainda mais!!!!
Sem dúvida, voz ímpar!!
:D
abraços!
rodolfo
Parabéns Rodolfo,
Gostei de sua interpretação técnica. Só a emoção da voz de Jane já bastava, mas vou prestar atenção no que diz respeito a seu comentário. Não ouço música só por ouvir - e olha que tenho mais de 4.500 CDs e DVDs - e me interessei pela observação. Um fato é certo: comum ela não é, nunca foi.
Meu nome é Isac Santos
e-mail isac.santos_jazz@terra.com.br
Adquiri o CD "Canção da Espera", escutei e adorei!! O Disco é primoroso!! Excelente!! Jane Duboc reafirma (como se fosse preciso)o seu nome entre as CINCO MAIORES CANTORAS BRASILEIRAS DE TODOS OS TEMPOS!
Sua discografia é primorosa e indispensável para um amante da boa musica!!
Uma referência na Discografia Brasileira!!
É um engano quando é dito que seu novo disco é frio. É frio para quem não consegue compreende-lo!! É inteligivel para quem não consegue ir além do obvio, coisa que essa interprete nunca foi, mesmo quando emprestava a belissima voz, seu timbre unico para cancões romanticas dos anos 80. Mesmo popular ela imprimia sua personalidade e densidade pessoal que não atingia o povão... somente os que conseguiam entender suas mensagens...
Não me canso de escutar "Canção da Espera", um disco incomum, raro,belo, poético, inesquecivel, denso...Parabéns a cantora e a gravadora.
Mais um belissimo ponto em sua irretocavel e preciosa coleção de discos memoráveis.
Ela escreveu mais uma pagina na discografia brasileira !!!
Seus discos fazem parte da vida dos amantes da Boa Musica!!!
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