24 de julho de 2008

Sai de cena Zezé Gonzaga, voz perfeita do rádio

Calou-se uma das últimas vozes da era de ouro do rádio brasileiro. Aos 81 anos, Zezé Gonzaga saiu de cena na madrugada desta quinta-feira, 24 de julho de 2008, vítima de falência múltipla dos órgãos. Com sua emissão e respiração perfeitas, Zezé foi uma das cantoras brasileiras de maior técnica. Nos áureos tempos da Rádio Nacional, na qual ingressou em 1948, esses atributos a levaram a ser a cantora preferida de Radamés Gnattali (1906 - 1988). Mas Zezé sempre teve o mérito de não esconder sua emoção atrás da técnica rara e privilegiada. Basta ouvir seu sublime registro de Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro) - captado ao vivo, em 2002, quando a cantora já contava 75 anos - para apreciar a arte do canto de Zezé. A gravação de Senhorinha foi editada no recente álbum Entre Cordas, lançado neste ano de 2008 pela Biscoito Fino. Foi o último título de uma discografia espaçada, iniciada em 1956 e interrompida em 1971, ano em que Zezé se desiludiu com os rumos do mercado fonográfico. Foi Hermínio Bello de Carvalho - produtor e idealizador de seus últimos CDs - quem a trouxe de volta à cena, em 1979. Foi quando a cantora, nascida na cidade mineira de Manhuaçu, retomou para valer a carreira que iniciara aos 12 anos na terra natal. Uma carreira que não lhe deu a projeção a que ela fazia jus pela extrema afinação. Zezé Gonzaga foi dona de um dos timbres mais belos da música brasileira. No cotidiano, sua voz também exalou doçura fora dos microfones. Ao sair de cena, quase aos 82 anos (iria completá-los em 3 de setembro), Zezé Gonzaga deixa saudades e a constatação de que o Brasil precisa tratar com mais dignidade e zelo suas vozes de ouro.

13 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Zezé foi a cantora mais afinada da MPB. Que Deus a receba de braços abertos !!!

24 de julho de 2008 às 17:45  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, me lembro da última entrevista que ela deu para o Jornal o GLOBO, tão digna, tão consciente, tão cantora popular brasileira. Fui saber da existência da Zezé Gonzaga quando ela gravou com a Jane Duboc, me lembro de ter escutado ela cantando Molambo no programa Sem Censura, fiquei chapado. Fui caçar os Cds e acabei encontrando o sou apenas uma senhora que canta, recomendo este CD a todos, é lindo ouvir ela cantando "O que é uma vida de artista, no mercado comum da vida humana..." Cantoras assim, como Zezé Barbosa, Rosa Passos, Eliste Cardoso, Fátima Guedes, Monica Salamso... me fazem crer que a vida e a arte é mais que ganhar dinheiro, que é possível traçar uma linda trajetória sendo fiel ao que se acredita como sendo mais verdadeiro, mais sensível e único. Acho que só uma pessoa muito iluminada pode cantar como esta senhora cantava, e pessoas iluminadas nunca morrem, apenas viajam para outros planos. A mídia brasileira, a indústria da cultura, precisa aprender a valorizar o que temos de melhor. Não tenho encontrado o CD da Áurea Martins para comprar, por exemplo.

24 de julho de 2008 às 20:38  
Anonymous Anônimo said...

Que cantora maravilhosa ela era... e sempre será.

Só vim a conhecê-la quando já estava mais madura. Mas prefiro-a assim...

Pra quem não a conhece, segue link de um vídeo maravilhoso no Youtube.

http://www.youtube.com/watch?v=zdSZredzlaI

abração,
Denilson

24 de julho de 2008 às 21:56  
Anonymous Anônimo said...

É com pesar e surpresa que recebo esta notícia.

E justiça seja feita: não fosse Hermínio Belo de Carvalho e a Biscoito Fino, Zezé sairia de cena sem o tratamento que merecia da indústria do disco. Nos últimos anos a BF lançou dois importantes discos dessa impressionante cantora: "Sou apenas uma senhora que ainda canta" e "Entre cordas", que devem ter enchido Zezé de felicidade e devem ser ouvidos sempre, por qualquer geração.

É lamentável a postura da indústria fonográfica com artistas fundadores da música que ouvimos hoje, mas ainda há gente atenta por aí.

Abraço a todos,

Anderson Falcão
Brasília - DF

25 de julho de 2008 às 09:52  
Anonymous Anônimo said...

Ela participo do filem "Brasileirinho"- um filme/documentario maravilhoso dirigido Mika Kaurismaki, que traca a estoria do Choro mas eh focado na vitalidade desta nova geracao de cantores e musicos que veem redescobrindo e reinventando o ritmo. Zeze Gonzaga participa cantando "Senhorinha" do Guinga...tem tbem um bate papo entre ela, Ademilde Fonseca e Teresa Cristina ..a senhorinha de ZeZe eh linda... Este filme eh omaximo e me arrancou lagrimas e lagrimas de felicidade e orgulho de ver o Brasil mostrado tao lindamente por um estrangeiro.
Apesard e toda esta trajetoria riquissima de Dona Zeze, eu apenas soube da existencia dela recentemente.
Sim , o Brasil eh um berco esplendido de talentos nao valorizados e mesmo os que conseguem atingir o sucesso, sao, apos algumas decadas, descartados.

25 de julho de 2008 às 10:00  
Anonymous Anônimo said...

Rodrigo Faour disse uma vez que " Tem gente que acha que a MPB só começou depois da bossa nova.". Tenho que concordar com ele! Até a pouco, eu me incluia em entre esses 'tem gente' ...


Talvez Angela Maria seja a unica que ainda sobrevive(?) no atual mercado fonográfico. Não posso falar muito de Zézé Gonzaga pois não tenho lembranças musicais dela mas achei bem elucidativa esse post do Mauro. Parece que Joyce também se iludiu com os rumos do mercado nos 80 e Elizeth Cardoso, idem. Pena!



Um abraço a todos e meus sentimentos a familia da cantora que nasceu Maria José, como minha já falecida mãe...

25 de julho de 2008 às 10:04  
Anonymous Anônimo said...

Mauro você tem razão, Zezé ainda cantava divinamente. O disco com a Jane Duboc tem momentos memoráveis.
Estará sempre na lembrança dos que apreciam a boa música brasileira.

25 de julho de 2008 às 10:05  
Anonymous Anônimo said...

A Biscoito Fino precisa lançar em cd a obra dessa incrível cantora!!! Alô BISCOITO!!!!!!

25 de julho de 2008 às 14:33  
Anonymous Anônimo said...

Grande intérprete! Deixará saudades.

25 de julho de 2008 às 19:25  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,
Tive acesso ao disco 'Valzinho, um doce veneno' que Zezé lançou em 1979 acompanhada do Quinteto de radamés Gnattali. Que disco esplendoroso. Realmente as gravadoras precisam abrir os olhos para essas pérolas esquecidas!

26 de julho de 2008 às 21:07  
Anonymous Anônimo said...

a última vez que vi Zezé Gonzaga foi no show em homenagem ao Hermínio Bello de Carvalho no SESC Pompéia onde ela cantou ao lado de Zélia Duncan( " Doce de Coco"), de Alaíde, Zé Renato, Vital Lima, Áurea Martins e Simone Bittencourt de Oliveira. Foram dois shows inesquecíveis e no segundo Zezé sentiu-se mal porém recuperou-se rapidamente. Mais uma linda voz que se calou e a gente fica aqui, empobrecido

Raul Motta
Lapa- CapitalSP

27 de julho de 2008 às 15:16  
Blogger THAIS DA SILVEIRA MARTINS said...

Quando nasci, minha Tia-avó Zezé Gonzaga já estava aposentada, mas cresci indo às festas em sua casa, quando morava em Campo Grande, e ouvindo suas músicas em shows com outras cantoras do rádio. Amava seus cães e sua filha adotiva, Tia Penha, que faleceu bem antes dela. Depois dste falecimento, Tia Zezé se distanciou de todos. Se isolou em sua tristeza.
Que sua rara voz nunca se cale...
Thais da Silveira Martins

31 de agosto de 2008 às 20:45  
Blogger Huguinhu K.. said...

Meu Caro Mauro!
Parabéns pelo lindo trabalho de resgate de nossa MPB. Gostaria muito que vc me ajusse a divultar meu PODCAST, entitulado "Armazém da Saudade Café". Lá inclusive os apreciadores encontrarão entrevistas com artistas de qualidade como a querida Zezé Gonzaga, Tito Madi, João Bosco, Carolina Cardoso de Menezes, etc.
Ficaria encantado se vc desse uma força a divulgar esse podcast no seu blog, e claro, contar com sua visita lá.
Abração
http://www.armazemdasaudade.mypodcast.com

20 de abril de 2009 às 01:18  

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