25 de junho de 2008

Boa seleção valoriza outra coletânea de Cartola

Resenha de CD
Título: Cartola Bate
Outra Vez Vol. 2
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Em 1988, a gravadora Som Livre festejou os 80 anos de Cartola (1908 - 1980) com álbum, Bate Outra Vez, em que estrelas da MPB e do pop nacional revisitavam a obra do compositor em gravações inéditas. Vinte anos depois, a companhia presta seu tributo ao centenário de Cartola com coletânea que pega carona no prestígio do disco de 1988. Desta vez, as gravações não são inéditas. Contudo, a seleção dos 14 fonogramas - feita por Rodrigo Faour - é boa e valoriza a compilação. Inclusive por conta do faixa-a-faixa que detalha a origem de cada composição e da gravação escolhida. Bate Outra Vez Vol. 2 joga luz sobre registros pouco ouvidos. São os casos de Alvorada (no dueto pálido de Maria Bethânia e Hermínio Bello de Carvalho, feito em 1995 para álbum, Cantoria, que festeja os 60 anos do parceiro de Cartola e Carlos Cachaça no samba), Divina Dama (na gravação de Chico Buarque para o projeto Chico Buarque de Mangueira, de 1997) e de Sim (no vozeirão de Nelson Gonçalves, em gravação de 1975 incluída no LP Nelson Canta Cada Vez Melhor). E há músicas também pouco conhecidas. Festa da Vinda, parceria de Cartola com Nuno Veloso, reaparece no dueto de Cauby Peixoto e Zeca Pagodinho - gravado em 2000 para disco de Cauby, Meu Coração É um Pandeiro, que obteve reduzida repercussão fora da imprensa escrita. Bissexta parceria de Cartola com Noel Rosa (1910 - 1937), o maroto samba Qual Foi o Mal que te Fiz? pode ser ouvido no registro feito por Dona Inah para o disco Divino Samba Meu, editado em 2004. Já Labaredas, parceria menos inspirada de Cartola com Hermínio Bello de Carvalho, é lembrado em sua única gravação, feita por Joanna em 1980 para o LP Estrela Guia. Entre fonogramas menos batidos de Beth Carvalho (Que Sejam Bem-Vindos) e Clara Nunes (Que Sejas Bem Feliz, jóia nunca regravada), há ainda a última gravação de Cartola, Eu Sei, feita em dueto com Alcione dois meses antes de o mestre sair de cena. Enfim, poderia ser mais uma entre tantas coletâneas de Cartola, mas Bate Outra Vez Vol. 2 consegue soar reveladora por conta da nada óbvia seleção de repertório. E, mesmo quando a obra de Cartola não arrebata (há músicas menores no CD), soa sofisticada.

12 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro, o certo é "Festa da Vinda".
Tá no primeiro disco dele.

Jose Henrique

25 de junho de 2008 às 21:40  
Anonymous Anônimo said...

É "Festa da Vinda"!

25 de junho de 2008 às 22:35  
Anonymous Anônimo said...

Dorival Caymmi à parte, no mundo do samba ( e samba não é ' MPB ' Diogo ?!)Cartola é o meu compositor preferido. Não me canso de ouvir TIVE SIM, PEITO VAZIO e ACONTECE ...

Ainda não ouvi o cd que Cida fez em ode a ele mas quero muito e essa coletanea me parece ótima mesma. A resenha do Mauro me deixou muito curioso.

Sua timidez, me lembra Paulinho da Viola ... rsrs


Um abraço a todos
Saudades da Minha Terra

26 de junho de 2008 às 08:22  
Anonymous Anônimo said...

"Que Sejas Bem Feliz" nunca foi regravada e nem precisa. A gravaco de Clara é perfeita!

26 de junho de 2008 às 08:25  
Anonymous Anônimo said...

Que seja bem feliz é muito bonita mesmo! Uma das minhas prediletas do mestre mangueirense. Uma das poucas músicas que Clara Nunes registrou de Cartola (a outra foi Alvorada).
Não conheço a maioria dos registros mas preferiria um tributo de gravações inéditas. Ainda bem que são músicas menos conhecidas do compositor (já que os clássicos estão no primeiro volume). Que sejam bem-vindos também é muito bonito e está no histórico lp De Pé no Chão (gravado depois por Alcione no cd Nos Bares da Vida). Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Diogo, já tem para baixar no umquetenha o Agenor. Abs.

26 de junho de 2008 às 08:41  
Anonymous Anônimo said...

Esqueci de comentar Mauro poderiam ter colocado Camarim (Traço de União - 1982) que sem dúvida é uma das muitas músicas que Beth soube registrar magistralmente do poeta mangueirense. Sem dúvida nenhuma é a maior intérprete dos compositores da Estação Primeira de Mangueira. Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

26 de junho de 2008 às 09:17  
Anonymous Anônimo said...

Ainda bem que não regravaram Que Seja Bem Feliz. O registro feito por Clara Nunes em 1975 é definitivo.

26 de junho de 2008 às 16:11  
Anonymous Anônimo said...

A capa arrebentou, como diz uma minha amiga.

26 de junho de 2008 às 18:25  
Anonymous Anônimo said...

Marcelo, você há de concordar, Camarim é da Elisete Cardoso, gravação irretocável, seguida pela Gravação da Alcione acompanhada pelo Roberto Menescal, também fantástica. Acho que Beth arrebenta mesmo é cantando cordas de aço, ali ela justifica a sua insistente paixão e defesa militante, neste blog, pela madrinha do samba.

26 de junho de 2008 às 19:39  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado Vagner pela dica! Nem sabia que Eliseth Cardoso havia registrado essa música. Vou procurar! Saberia me dizer qual é o disco? Mas eu gosto muito em especial da gravação da Beth no Traço de União.
Você citou Cordas de Aço eu já prefiro O Mundo é um moinho, As rosas não falam, Corra e Olha o Céu etc. Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Eu esqueci de comentar e de fato concordo com o anônimo das 06:25, a capa é uma beleza!

27 de junho de 2008 às 08:26  
Anonymous Anônimo said...

No "Todo sentimento" com o Rafael Rabelo, disco perfeito, por sinal.

As Rosas não falam eu fico com a gravação da Leny Andrade, gosto também, bastante, da Beth com a Nana Caymi. O Mundo é o moinho, eu fico a do Ney Matogrsso.

27 de junho de 2008 às 17:34  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado pela dica Vagner. Cada um tem o direito de gostar de determinados artistas mas na minha opinião e de muitos, quer queiram ou não, Beth foi, é e será sempre a MAIOR intérprete do compositor. Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

27 de junho de 2008 às 22:30  

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