Show de Dylan no Rio reacende aura mitológica
Resenha de show
Título: Never Ending Tour
Artista: Bob Dylan (em foto de divulgação de Marcos Hermes)
Local: Arena Rio (RJ)
Data: 8 de março de 2008
Cotação: * * * *
Depois de alguns longos minutos de espera por um bis, Bob Dylan reapareceu no palco da gigante Arena Rio, cantou Thunder on the Mountain, dirigiu algumas poucas palavras à platéia ao apresentar a afiada banda e atacou com turbinadíssima versão de Blowin' in the Wind. Nem todos reconheceram de imediato o maior clássico da fase folk do trovador - tal o grau de distanciamento em relação ao célebre registro original de 1963 - mas o número foi um fecho de ouro para a apresentação carioca da Never Ending Tour. Em sua quarta visita ao Brasil, Dylan fez show azeitado que reacendeu a aura mitológica em torno de sua figura tão emblemática quanto contraditória. E cantou Blowin' in the Wind, o standard que ficara ausente da primeira das duas sessões paulistas da turnê sem fim.
Era 21h40m - dez minutos depois da hora marcada para o show - quando, ao entrar no palco para cantar Rainy Day Women # 12 & 35, Dylan foi recebido com aplausos entusiásticos pela platéia que não lotou a Arena Rio. Não era uma platéia de senhores saudosos. Havia muitos jovens encantados de poder ouvir e ver ao vivo um dos maiores pensadores da música americana. Na seqüência, It Ain't me Babe, de 1964, sinalizou que - por melhores que sejam os últimos discos de Dylan, e os três últimos são excelentes - o bardo jamais pode se dissociar do repertório que criou na década de 60.
No terceiro número, I'll Be your Baby, Tonight, tal encantamento inicial de estar no mesmo ambiente que o homem já tinha passado e foi possível perceber como a voz de Dylan soa fanhosa e mastiga um inglês de pronúncia, por vezes, trincada. Contudo, nada disso pareceu importar. Era o mito que estava ali e que, com a sua aura reacendida, foi enfileirando rocks, baladas e blues. Se o manifesto antiguerra Masters of War foi momento forte, o primeiro grande momento veio com Spirit on the Water - anunciada pela gaita de Dylan. Na seqüência, versão matadora de Things Have Changed manteve o pique que caiu vez por outra em alguns números mais lentos. Embora a balada When the Deal Goes Down, destaque do majestoso álbum Modern Times (2006), tenha elevado as doses de encantamento da platéia. Que não se conteve e aplaudiu de pé Highway 61 Revisited, o magistral blues roqueiro do início da fase elétrica de Dylan. O rockabilly Summer Days agitou o público e o preparou para o grande final com Like a Rolling Stone. A platéia já estava toda de pé, lutando por um lugar à beira do palco para ver de perto o ídolo que saiu de cena com a aura mitológica com que entrou no palco carioca. E o mito já é tão grande quanto a música.
Título: Never Ending Tour
Artista: Bob Dylan (em foto de divulgação de Marcos Hermes)
Local: Arena Rio (RJ)
Data: 8 de março de 2008
Cotação: * * * *
Depois de alguns longos minutos de espera por um bis, Bob Dylan reapareceu no palco da gigante Arena Rio, cantou Thunder on the Mountain, dirigiu algumas poucas palavras à platéia ao apresentar a afiada banda e atacou com turbinadíssima versão de Blowin' in the Wind. Nem todos reconheceram de imediato o maior clássico da fase folk do trovador - tal o grau de distanciamento em relação ao célebre registro original de 1963 - mas o número foi um fecho de ouro para a apresentação carioca da Never Ending Tour. Em sua quarta visita ao Brasil, Dylan fez show azeitado que reacendeu a aura mitológica em torno de sua figura tão emblemática quanto contraditória. E cantou Blowin' in the Wind, o standard que ficara ausente da primeira das duas sessões paulistas da turnê sem fim.
Era 21h40m - dez minutos depois da hora marcada para o show - quando, ao entrar no palco para cantar Rainy Day Women # 12 & 35, Dylan foi recebido com aplausos entusiásticos pela platéia que não lotou a Arena Rio. Não era uma platéia de senhores saudosos. Havia muitos jovens encantados de poder ouvir e ver ao vivo um dos maiores pensadores da música americana. Na seqüência, It Ain't me Babe, de 1964, sinalizou que - por melhores que sejam os últimos discos de Dylan, e os três últimos são excelentes - o bardo jamais pode se dissociar do repertório que criou na década de 60.
No terceiro número, I'll Be your Baby, Tonight, tal encantamento inicial de estar no mesmo ambiente que o homem já tinha passado e foi possível perceber como a voz de Dylan soa fanhosa e mastiga um inglês de pronúncia, por vezes, trincada. Contudo, nada disso pareceu importar. Era o mito que estava ali e que, com a sua aura reacendida, foi enfileirando rocks, baladas e blues. Se o manifesto antiguerra Masters of War foi momento forte, o primeiro grande momento veio com Spirit on the Water - anunciada pela gaita de Dylan. Na seqüência, versão matadora de Things Have Changed manteve o pique que caiu vez por outra em alguns números mais lentos. Embora a balada When the Deal Goes Down, destaque do majestoso álbum Modern Times (2006), tenha elevado as doses de encantamento da platéia. Que não se conteve e aplaudiu de pé Highway 61 Revisited, o magistral blues roqueiro do início da fase elétrica de Dylan. O rockabilly Summer Days agitou o público e o preparou para o grande final com Like a Rolling Stone. A platéia já estava toda de pé, lutando por um lugar à beira do palco para ver de perto o ídolo que saiu de cena com a aura mitológica com que entrou no palco carioca. E o mito já é tão grande quanto a música.
3 Comments:
tá em todas, hein, Mauro? jamais ousaria desmerecer a importância de dylan mas é um artista que nunca me disse nada.
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...
Bob Dylan pode fazer o que quiser, sua rabugice faz parte do show.
Jose Henrique
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