10 de março de 2008

Salmaso brilha em CD que remói a velha bossa

Resenha de CD
Título: Um Cantinho, um Violão e Bossa Nova
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Com título inspirado em verso lapidar de Corcovado, o CD Um Cantinho, um Violão e Bossa Nova tem um subtítulo, Gravações Inéditas, que tenta dar um ar de novidade que, a rigor, não existe neste CD produzido por José Milton e editado pela Som Livre na carona das comemorações dos 50 anos da Bossa Nova. Desde que João Gilberto apresentou sua batida diferente num disco de 78 rotações por minutos lançado em agosto de 1958, muita música foi gravada com o rótulo de bossa nova sem ter a leveza e a própria batida do gênero. Não é diferente neste disco que junta intérpretes e violonistas em nome de um intimismo que nem sempre é bossa-novista. É o caso da faixa de maior beleza do disco. Na companhia do violão de Dori Caymmi, Mônica Salmaso oferece interpretação arrebatadora de Primavera - um dos melhores registros desta obra-prima de Carlos Lyra -num clima mais camerístico do que propriamente bossa-novista. Na mesma linha, Nana Caymmi, intérprete intensa por natureza, se destaca ao cantar Insensatez com o violão soberbo de Hélio Delmiro. E o casal Francis e Olivia Hime se harmonizam no dueto de Sem Mais Adeus gravado com o bom violonista Marco Pereira.
Rótulos à parte, há gravações inusitadas. O violão original de Guinga guia Leila Pinheiro pelos mares já desbravados de O Barquinho. Ao lado de Roberto Menescal, Emílio Santiago reedita seu padrão de afinação em parceria desconhecida de Menescal com Lula Freire, Amanhecendo. Já Daniel Jobim, neto de Tom, evoca sem esforço o canto personalíssimo do avô ao reviver Ela É Carioca acompanhado pelo violão de Ricardo Silveira. Enquanto Yamandu Costa põe a habitual energia nas cordas de seu violão ao tocar medley que une O Astronauta e Deve Ser Amor. Joyce nada inventa: canta Discussão tão bem, se acompanhando ao violão, que a faixa se impõe. O encontro de Danilo Caymmi com o grupo Os Cariocas em Chega de Saudade - faixa que agrega o violonista Eloy Vicente - também escapa de cair na vala comum em que derrapam, por exemplo, Carlos Lyra (Se É Tarde, me Perdoa - com sua filha Kay Lyra e o violão de Maurício Maestro) e Marcos Valle com trivial regravação de Samba de Verão (Valle apresenta seu hit nos shows com bossa mais nova). Enfim, são outros violões, às vezes outros intérpretes, mas o cantinho... Este ainda é o mesmo...
P.S.: É indesculpável a Som Livre ter deixado o CD chegar às lojas com capa em que o nome de Leila Pinheiro aparece grafado como Leila 'Pinhero'. O que revela total desleixo com a edição do disco.

15 Comments:

Anonymous Anônimo said...

BOA SEMANA PARA TODOS, CONCORDO PLENAMENTE COM O PS1 DA RESENHA, O NOME DE LEILA PINHEIRO OU O DE QUALQUER OUTRO ARTISTA QEU TENHA PARTICIPADO DE QUALQUER PROJETO, DEVE SER RESPEITADO, PRA QUE EXISTE TANTA GENTE TRABALHANDO NUMA GRAVADORA SE NEM NA HORA DA PRENSAGEM PERCEBERAM O ERRO FATAL QUE FOI COMETIDO!!!

10 de março de 2008 às 09:55  
Blogger Flávia C. said...

Humm... nem preciso dizer que concordo com o PS. Acho que vou mandar meu currículo pra eles, pelo jeito estão precisando de alguém para fazer a revisão.

Fiquei com muita vontade de ouvir a versão da Mônica. As outras também, mas tenho especial afeição por essa moça e, não que seja isso que me faz gostar dela, mas fico feliz quando outras pessoas (sobretudo gente que sabe do que está falando) comentam a beleza de seu canto.

Bom, já que comecei o comentário falando de revisão, devo dizer que não compreendi muito bem o trecho "Joyce nada inventa, mas Discussão tão bem, se acompanhando ao violão, que a faixa se impõe no CD."

Parece que ficou faltando alguma coisa, mas pode ser também porque eu li rápido, querendo comentar logo... :-)

Abraço e boa semana a todos!

10 de março de 2008 às 10:21  
Anonymous Anônimo said...

A capa está muito bonita, mas o repertório é bem batido. Tem tanta coisa da bossa que ficou meio esquecida, mas os produtores insistem no mesmo, apenas trocando os intérpretes...
No mais espero que a Salmaso (ótima intérpretes) não tenha deixado Primavera virtuosa D+ e enfadonha ...
Adoro a leveza e a sutileza da Joyce, essa aprendeu direitinho a lição com Nara Leão.

10 de março de 2008 às 10:30  
Anonymous Anônimo said...

Nada que José Milton produza terá jamais sequer um ar de novidade...

Mauro, as gravações foram feitas especificamente para esse disco ou trata-se de uma coletânea?

abração,
Denilson

10 de março de 2008 às 10:56  
Anonymous Anônimo said...

Mônica Salmaso é, com certeza, o grande expoente da geração de cantoras que intermedeia a "velha guarda" da MPB (Bethânia, Elis, Nana, RoRo e Gal) e a nova safra (Roberta Sá, Céu, Maria Rita, Vanessa da Mata etc.). Um dia será reconhecida como tal pelo grande público.

Larissa

10 de março de 2008 às 11:04  
Blogger Ju Oliveira said...

0brigada pela dica Mauro.

Adoro duetos voz e violão, com esse timaço então, vou procurar ouvir...

10 de março de 2008 às 11:46  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, falta alguma coisa no comentário sobre a faixa gravada pela Joyce. Mas o texto é bom.
Flamarion

10 de março de 2008 às 12:59  
Anonymous Anônimo said...

O cd é ótimo. Nana e Marcos Valle arrasam. Já o chato do violão do Guinga podia ficar de fora!!

10 de março de 2008 às 15:18  
Anonymous Anônimo said...

Joyce sempre surpreende né ? Mesmo quando não inova.Como pode ?!

Concordo quando dizem que o repertório da Bossa Nova não muda quando surgem essas coletaneas e sim os interpretes. É uma pena!

Agora,que eu fiquei curioso pra ouvir os registros de Salmaso e do casal Hime, ah isso eu fiquei !

10 de março de 2008 às 15:26  
Anonymous Anônimo said...

Joyce é talvez, uma das compositoras/intérpretes mais modernas que temos. De 'Ilha Brasil' a 'Gafieira Moderna' ela fez discos luminosos. Pena que a linguagem de seu trabalho seja tão bem captada de Londres a Tokyo, e permaneça pouco conhecida aqui...
Mas ela taí, adiante e segue como diz uma de suas músicas "Pintando sutilezas em terra de cego..."

Curiosidade em ouvir Nana, tbm.

10 de março de 2008 às 17:10  
Anonymous Anônimo said...

bossa, bossa, bossa, nova?

10 de março de 2008 às 18:22  
Anonymous Anônimo said...

Bossa Nova é um estado de espírito... pena q alguns preferem se sentir passados...e mal...

11 de março de 2008 às 08:34  
Anonymous Anônimo said...

Realmente o grande desleixo com o nome da Leila é lamentável. Comprei o cd e gostei muito de todas as faixas.

Ao contrário do Denílson, gosto muito do trabalho do José Milton como produtor. Pode não ser um mestre das novidades mas é um da qualidade. Além disso, não vejo onde colocar novidades num trabalho como esse. Acho que a mágoa do Denílson é mais pessoal do que qualquer outra coisa.

Viva a Bossa Nova e seus 50 anos!

11 de março de 2008 às 22:38  
Anonymous Anônimo said...

Apenas um projetinho pra ganhar dinheirinho e mais nada.
Saudades de verdadeiros produtores como Aloisio de Oliveira!!!

Ô Mauro, o Cd nao tem o Durval Ferreira também? Parece que ele participava da gravaçao com a Wanda Sá...

13 de março de 2008 às 03:15  
Anonymous Anônimo said...

Só sendo voz e violão para o produtor não transformar tudo em bolero.

13 de março de 2008 às 12:17  

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