30 de abril de 2007

Silvério ostenta eletricidade que remete a Alceu

Resenha de DVD
Título: Cabeça Elétrica
Coração Acústico Ao Vivo
Artista: Silvério Pessoa
Gravadora: Independente
Cotação: * * * *

Impossível não associar a eletricidade de Silvério Pessoa, em cena, ao canto vivaz de Alceu Valença. Se este fincou antena em solo pernambucano nos anos 70 para captar informações do pop rock que embutiu nos ritmos da terra natal, seu talentoso conterrâneo está inserido na ebulição miscigenada que caracteriza Recife (e arredores) desde o advento do Mangue Beat. Líder da banda Cascabulho nos anos 90, Silvério partiu neste início de século XXI em carreira solo que desemboca em seu primeiro DVD, gravado em show realizado no Teatro Santa Isabel, em Recife (PE), em 5 de novembro de 2005. Nos extras, há making of (bom, só que burocrático) e os clipes das músicas Nas Terras da Gente, Carreiro Novo, Micróbio do Frevo e Coco do M.

Conectado com o mundo, Silvério apresenta visão cibernética de ritmos (baião, xote, coco, ciranda) que moldam a melhor música nordestina. Vinhetas com símbolos regionais costuram o roteiro para realçar a fusão de tradição e modernidade - evidente também nos efeitos eletrônicos que turbinam o xote Seu Antônio e na rala psicodelia que se insere progressivamente no forró Nas Terras da Gente. Há muito de Alceu nas performances elétricas de Silvério em números como Cipó de Goiabeira, Disposto a Tudo (tema que tem seu ritmo marcado pelas palmas da platéia), Poesia Urbana (outro xote) e Sambada e Massapé. A base firme vem dos forrós, mas a linguagem extrapola a fronteira do agreste pernambucano.

Baseado no repertório do terceiro disco solo do cantor, Cabeça Elétrica, Coração Acústico, o roteiro avança por músicas da seara do grupo Cascabulho - casos de Vendedor de Amendoim e Coco de Chegada. Na ciranda Nas Águas do Mar (cuja primeira parte é entoada a capella pelo artista), Silvério Pessoa ostenta a poesia lírica que afina seu nordeste cibernético, que, aos poucos, deverá ter a identidade burilada para que a ainda forte associação com Alceu Valença se torne somente uma (bem-vinda) referência.

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

nada contra alceu nem silvério nem ninguém, só acho que música nordestina não precisa ter linguagem pop. ela se basta sem isso.

30 de abril de 2007 às 17:40  
Anonymous Anônimo said...

Emanuel Andrade disse

O Nordeste é mais que isso. Pernambuco está acima de tudo isso. Aqui, ninguém copia nada. É tudo novo, tudo original. Não sou bairrista, até porque amo a boa música dos mineiros, dos gaúchos(Vito Ramil é um fenômeno), do pessoal do Ceará, dos baianos, aliás estou pertinho e amo a Bahia.. Mas....na Bahia onde tudo que se diz axé-gode, se copia da cópia da cópi etc. Em Pernambuco não! Silvério é um trem bala, no palco. Ele é um pedagogo que fez da pedagogia um espetáculo cultural.

30 de abril de 2007 às 17:54  
Anonymous Anônimo said...

Janaína Suassuna, deixe disso, vamos misturar, o mundo é um só.
Ouvi esse disco do Silvério e não gostei, mas o primeiro do Cascabulho e o que ele fez de frevo são muito bons!

Jose Henrique

1 de maio de 2007 às 00:22  
Anonymous Anônimo said...

Viva Pernambuco e sua musica!

Silvério é guerreiro. A mostra disso é o fato de ser uma produção independente.Quero conferir esse dvd pois essa mistura que ele, Lenine, Alceu e outros fazem é uma forma sábia de fazer com o que a galera jovem se identifique com a sua música sem se afastar da identidade de nordestino.

Alceu Valença é 'o cara'e uma ótima referência para Silvério que de fato lembra o colega quanto está no palco. Eu indico a faixa "Disposto a Tudo" e outros pernambucanos como Nena Queiroga, por exemplo.
Indico também o cd 'Bate o macá '(2001).Alguns confundem com Silvério Pontes


Um abraço
Diogo Santos

1 de maio de 2007 às 07:10  
Anonymous Anônimo said...

Fala,Diogo.
O "Bate o Mancá" é mesmo bom.
Mas esse novo não me desceu pela garganta, vc gostou do novo?

Jose Henrique

1 de maio de 2007 às 16:04  
Anonymous Anônimo said...

Silvério faz um caminho semelhante ao Lenine quando deixa o Olho de Peixe como referência e parte para promover a planetaridade da música Pernambucana sem raízes fixas e folclóricas. Sem comentários o CD/DVD, ganhou prêmio TIM como melhor cantor, e ao meu ver o que mais apareçe como contraditório é classificar sua obra como "regional". Em tempo, Silvério está em Tóquio para dois shows no Rippongi Hill para privilegiados 800 pagantes por dia.
Carlos Fontes
Abraços

1 de maio de 2007 às 19:34  
Anonymous Anônimo said...

...esqueci de informar, o Silvério posta seus diários de Tour no blog http://www.monolitico-tema.blogspot.com/
e outra coisa, lá em cima, se não promoverem diálogos entre a música Nordestina, como também o cinema, a culinária, a moda etc...com outras referências, pode ser o POP ou outra estética, vai tudo terminar como folclórico e peça de Museu...vamos se ligar gente!!!

1 de maio de 2007 às 19:40  
Anonymous Anônimo said...

muito longe de ser Alceu ... não força !

2 de maio de 2007 às 08:19  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Adoro quando você dá destaque para os maravilhosos artistas independentes que vêm sustentando à custa de muito suor e sacrifício a sobrevivência da criatividade musical brasileira.

abração,
Denilson

PS: você recebeu o disco da Luhli?

2 de maio de 2007 às 09:21  

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