26 de março de 2007

Bebel em seu momento sentimental e moderno

Resenha de CD
Título: Momento
Artista: Bebel Gilberto
Gravadora: Six Degrees

/ Ziriguiboom
Cotação: * * 1/2

Com um tom até banal, versos como "Chegou a hora da gente conversar sobre nosso amor / Você foi embora e eu fiquei aqui pensando no que você falou” são entoados por Bebel Gilberto - com vocal lânguido - em Bring Back the Love, música de seu terceiro disco internacional, Momento, que será lançado na Europa e nos Estados Unidos no começo de abril. A faixa sintetiza bem o tom do álbum, sentimental nas letras e moderno nas levadas. No caso de Bring Back to Love, a textura eletrônica foi urdida com a colaboração de Sabina Sciubba e Didi Gutman, integrantes do cultuado grupo americano Brazilian Girls.

Bebel Gilberto volta à cena sem a bossa de sua estréia no exterior, Tanto Tempo (2000). "Tem que reciclar", sentencia a artista ao fim da faixa-título de Momento. Bebel tentou se reciclar, ergueu sólida ponte com a moderna música brasileira - não por acaso, a Orquestra Imperial emprestou seu suingue para a regravação de Tranqüilo - e estreitou laços com o antenado produtor britânico Guy Sigsworth, que trabalha com Björk e integra o estelar time de colaboradores do álbum, gravado entre Rio de Janeiro, Londres e Nova York. Mas o fato é que Momento é quase tão ruim quanto Bebel Gilberto (2004), o álbum anterior em que a filha de um tal João Gilberto cismou que era compositora. Este tem sido seu erro.

Bebel Gilberto nunca foi a compositora inspirada que imagina ser. E, para piorar, ela adota nos versos de Momento tom lamurioso (quase brega) que nem sempre o instrumental contemporâneo do CD consegue amenizar. "De tanto esperar você me ligar / Eu não pude me controlar", rascunha na letra do sambossa Um Segundo. A propósito, a produção bacana do disco não disfarça a pobreza de músicas como Azul (balada de suavidade bossa-novista) e Cadê Você?. E Bebel desfia seu rosário de mágoas amorosas em canções como Close to You, cuja letra bilíngüe repete várias vezes no fraco refrão o verso "I wanna be close to you" (Eu quero ficar perto de você). Da lavra autoral de Bebel, apenas Os Novos Yorkinos - com deliciosa base de samba estilizado e algo de trip hop - faz jus à aura hype e ao prestígio adquiridos pela artista no exterior. É a visão de uma estrangeira do Terceiro Mundo na cosmopolita New York.

Em contrapartida, Bebel evoluiu como intérprete. Sua voz desce muito bem no disco. Por isso mesmo, a artista bem poderia ter se poupado o vexame de recriar Night and Day. Ao tentar transpor o clássico de Cole Porter para seu universo, ela expõe seus limites como cantora. Em pólo oposto, Bebel se apropria com inteligência de Caçada, tema de pegada nordestina composto por seu tio Chico Buarque para a trilha do filme Quando o Carnaval Chegar, de 1972. A faixa é o melhor momento de um disco que não decola e vai ajudar a desfazer a aura construída em torno de Bebel Gilberto.

14 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

antes que me perguntem, já respondo: Momento deverá sair no Brasil pela Universal Music, mas ainda não há uma data exata para o lançamento.

26 de março de 2007 às 10:18  
Anonymous Anônimo said...

Curto o som da Bebel. Acho elegante, gostoso, por vezes sensual. Tem o seu momento.

26 de março de 2007 às 11:35  
Anonymous Anônimo said...

ja baixei esse disco da net, realmente uma decepção como o segundo album, ela realmente deveria ter recorrido a outros compositores, pq ela realmente fraquissima.

26 de março de 2007 às 12:19  
Anonymous Anônimo said...

É o mais fraco cd da Bebel. Ela tenta ser chique casual mas não cola.
Já dá pra baixar o cd em sites de mp3.

26 de março de 2007 às 12:49  
Anonymous Anônimo said...

Não, Mauro, o CD da Bebel NÃO VAI sair pela Universal no Brasil.

26 de março de 2007 às 14:29  
Anonymous Anônimo said...

A Universal não seria louca.

26 de março de 2007 às 15:28  
Anonymous Anônimo said...

Cola sim. Gosto do jeitão low profile de Bebel. Pra mim funciona. Eu me sinto chiquérrima, mesmo não tendo sequer um cão sardento pra puxar pelo rabo.

26 de março de 2007 às 16:57  
Anonymous Anônimo said...

"Chegou a hora da gente conversar sobre nosso amor"?

Peraí... acho que isso já é o suficiente para enterrar a Bebel de uma vez por todas.

PResidente.

26 de março de 2007 às 22:33  
Anonymous Anônimo said...

O melhor da Bebel é um disco que ela canta a magistral obra do sambista Geraldo Pereira.
Ela só tinha 17 aninhos quando gravou esse disco.

Jose Henrique

27 de março de 2007 às 00:55  
Anonymous Anônimo said...

Não gosto da Bebel como compositora e nem como cantora.

28 de março de 2007 às 11:50  
Blogger André said...

O melhor cd de Bebel Gilberto é, sem dúvida, "Tanto tempo".

O LP gravado em trio com composições de Geraldo Pereira eu não gosto. Pout-pourris, arranjos fracos, trabalho feito sob encomenda. Não é um disco de Bebel, realmente.

Já esse novo e o anterior ainda não ouvi. Mas independente dos cds, Bebel é uma boa artista.

28 de março de 2007 às 18:04  
Anonymous Anônimo said...

Gravado em trio? Que trio bicho?
O disco foi feito por uma dupla, Bebel Gilberto e um cantor que não conheço e que é ótimo, chamado Pedrinho Rodrigues.
Realmente são pout-pourris, mas as músicas são cantadas inteiras e os arranjos não têm nada de fracos.
Não é mesmo um disco da Bebel, vai ver por isso que é bom.
Quem ver dando sopa por aí pode comprar que é coisa fina.

Jose Henrique

29 de março de 2007 às 00:05  
Anonymous Anônimo said...

coloquei um rápido comentário na minha página do que tinha ouvido. Realmente desde o segundo cd ela vem despencando e insisti que é uma boa compositora e em músicas muito lentas quase acústicas que sobrepõe a voz dela. O melhor dela continua sendo tanto tempo.

30 de março de 2007 às 18:20  
Anonymous Anônimo said...

Há espaço para todas, inclusive para a nova-iorquina Bebel. Sim, ela tem raízes brasileiras, mas nasceu em Manhattan, para quem não sabe...

3 de abril de 2007 às 17:35  

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