Especial global confirma grandeza de Paulinho
Resenha de DVD
Título: Paulo César
Baptista de Faria
Artista: Paulinho
da Viola
Gravadora: Trama
Cotação: * * * *
Houve um tempo em que Paulinho da Viola gravava e lançava anualmente discos com repertório inédito. Exibido em junho de 1980 na Rede Globo, dentro da série Grandes Nomes, o ótimo especial Paulo César Baptista de Faria - ora editado em DVD pela gravadora Trama - é desse tempo de inspiração profícua do compositor. Sem se deslumbrar pelo fato de estar no horário nobre global, o artista reafirmou as crenças e princípios que moldam sua obra - devota das tradições do samba e do choro - no belo programa dirigido por Daniel Filho.
Dividido em cinco blocos e 18 números, o programa contou com as intervenções de gênios como o pianista e maestro Radamés Gnattali (1906 - 1988), que acompanhou o compositor no choro instrumental Sarau para Radamés e em Coração Imprudente, cantado por Paulinho ao som do piano de Radamés. Outro auxílio luxuoso veio da flauta exímia de Copinha (1910 - 1984). O músico enobreceu Numa Seresta. Já Canhoto da Paraíba reafirmou em Pisando em Brasa a elasticidade do choro (como forma de tocar).
Reverente ao seu passado, Paulinho da Viola arregimentou para o segundo bloco os músicos do conjunto Rosa de Ouro, integrado pelo artista antes de sair em vitoriosa carreira solo, em 1968. É na companhia de Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro e Nelson Sargento que Paulinho apresenta sambas do (alto) quilate de Pode Guardar as Panelas e Guardei minha Viola.
Se os bambas do Rosa de Ouro dominaram o segundo bloco, Zezé Motta - então em grande evidência como cantora de samba - foi a convidada da terceira parte. A atriz fez dueto com o anfitrião em Aquela Felicidade (samba menos conhecido de Paulinho) e ainda apresentou seu maior sucesso na época, Senhora Liberdade (jóia de Wilson Moreira e Nei Lopes), acompanhada pelo cavaquinho esperto do sábio intérprete de Nervos de Aço, clássico do gaúcho Lupicínio Rodrigues, rebobinado no programa com cordas que lhe deram pulsação diferente na introdução. Um momento especial...
Emoldurado por cenário que remete tanto a uma favela como a um botequim, Paulinho da Viola reforçou o elo com a Portela ao receber no quinto e derradeiro bloco bambas da velha guarda da escola de samba carioca como Manacéa e Casquinha. E fechou o especial, orgulhoso, com Cantar pra Não Chorar, samba antigo de Heitor dos Prazeres e Paulo da Portela. Paulinho da Viola sempre é o mesmo em qualquer canto - inclusive na tela da Rede Globo - e é essa fidelidade aos seus princípios que moldam sua rara elegância.
Título: Paulo César
Baptista de Faria
Artista: Paulinho
da Viola
Gravadora: Trama
Cotação: * * * *
Houve um tempo em que Paulinho da Viola gravava e lançava anualmente discos com repertório inédito. Exibido em junho de 1980 na Rede Globo, dentro da série Grandes Nomes, o ótimo especial Paulo César Baptista de Faria - ora editado em DVD pela gravadora Trama - é desse tempo de inspiração profícua do compositor. Sem se deslumbrar pelo fato de estar no horário nobre global, o artista reafirmou as crenças e princípios que moldam sua obra - devota das tradições do samba e do choro - no belo programa dirigido por Daniel Filho.
Dividido em cinco blocos e 18 números, o programa contou com as intervenções de gênios como o pianista e maestro Radamés Gnattali (1906 - 1988), que acompanhou o compositor no choro instrumental Sarau para Radamés e em Coração Imprudente, cantado por Paulinho ao som do piano de Radamés. Outro auxílio luxuoso veio da flauta exímia de Copinha (1910 - 1984). O músico enobreceu Numa Seresta. Já Canhoto da Paraíba reafirmou em Pisando em Brasa a elasticidade do choro (como forma de tocar).
Reverente ao seu passado, Paulinho da Viola arregimentou para o segundo bloco os músicos do conjunto Rosa de Ouro, integrado pelo artista antes de sair em vitoriosa carreira solo, em 1968. É na companhia de Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro e Nelson Sargento que Paulinho apresenta sambas do (alto) quilate de Pode Guardar as Panelas e Guardei minha Viola.
Se os bambas do Rosa de Ouro dominaram o segundo bloco, Zezé Motta - então em grande evidência como cantora de samba - foi a convidada da terceira parte. A atriz fez dueto com o anfitrião em Aquela Felicidade (samba menos conhecido de Paulinho) e ainda apresentou seu maior sucesso na época, Senhora Liberdade (jóia de Wilson Moreira e Nei Lopes), acompanhada pelo cavaquinho esperto do sábio intérprete de Nervos de Aço, clássico do gaúcho Lupicínio Rodrigues, rebobinado no programa com cordas que lhe deram pulsação diferente na introdução. Um momento especial...
Emoldurado por cenário que remete tanto a uma favela como a um botequim, Paulinho da Viola reforçou o elo com a Portela ao receber no quinto e derradeiro bloco bambas da velha guarda da escola de samba carioca como Manacéa e Casquinha. E fechou o especial, orgulhoso, com Cantar pra Não Chorar, samba antigo de Heitor dos Prazeres e Paulo da Portela. Paulinho da Viola sempre é o mesmo em qualquer canto - inclusive na tela da Rede Globo - e é essa fidelidade aos seus princípios que moldam sua rara elegância.
20 Comments:
alguém pode me dizer por que o Paulinho não grava mais, e não me venham com o papo de que ele não vende, por que outros também não vendem e gravam.
Havia cortado esse DVD da minha lista, porque curto bem menos DVD do que CD e show ao vivo e também porque a lista de compra é sempre extensa e já tenho quase tudo de Paulinho. Mas, depois deste post, volta para lista.
Flávio
Heitor, o Paulinho só grava musicas de boa pra cima.
Não grava qualquer coisa só pra ter que lançar discos.
O Chico Buarque, por exemplo, quando o dinheiro acaba ele grava um disquinho pra poder sair em turnê.
Dos grandes talvez o Paulinho seja o único que tenha uma carreira sem altos e baixos, ele só tem altos.
Como diria Batatinha na musica MINISTRO DO SAMBA "salve o Paulinho da Viola, salve a turma da sua escola"
Jose Henrique
É sempre oportuno lembrar a elegância de Paulinho - adjetivos similares não faltam quando se referem a ele - contudo o compositor e cantor é um mestre da canção, do nível dos mais reverenciados da MPB. Não conheço este especial mas não perderei esta oportunidade.
Foi um Rio Que Passou em Minha Vida, Sinal Fechado e Timoneiro são apenas alguns exemplos da excelência deste artista que, com o perdão da redundância, é um dos poucos aristocratas que nos resta.
E quando será que a Emi vai colocar de novo no catalogo os discos do Paulinho?Se não me engano sairam em 1998 e já se esgotaram há muito tempo.
Discos magistrais!
E coisa boa vende sempre!
Viva Paulinho da Viola!
Tudo bem, Paulinho da Viola não grava mais disco todo ano. Mas 'Bebadosamba' e 'Bebadachama' valem por todos os discos não gravados. Do passado e do futuro.
paulinho, joão gilberto e luis melodia: o trio do ouro que reluz em meu som.
da mesma forma: bethânia, rosa passos e nana caymmi
O acervo de Paulinho na EMI é realmente é magistral. Foi quando tive a oportunidade de conhecer melhor Paulinho da Viola e, a partir daí, quebrando preconceitos infantis, conhecer melhor grandes sambistas como Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulo da Portela, Casquinha, Wilson Batista...
Flávio
Alguém sabe me informar se os discos dele do início da década de 1980, o Prisma Luminoso, Eu Canto Samba e A Toda Hora Rola Uma História, foram lançados em CD? Obrigado...
Anônimo de 11:32 AM, os discos foram sim lançados em CD pela Warner. Prisma Luminoso e A Toda Hora Rola Uma História teve inclusive uma versão econômica tipo 2 em 1, ou seja, dois LP's num único CD.
Flávio
O que falar de Paulinho da Viola? A nobreza do samba em pessoa! Sou do time que faz coro pelo lançamento de um disco de inéditas! Já passou da hora, desde o Meu tempo é hoje. Legal a iniciativa mas preferiria um dvd ao vivo, com show. Gosto muito de músicas pouco registradas em seus trabalhos como Sei lá Mangueira (belíssima) e UM CERTO DIA PARA 21 (que eu me amarro, linda demais). Segue a letra e por favor alguém regrave esta música:
Foram para mim
Horas diferentes
Quando eu me senti
Em plena liberdade
Tudo o que eu trazia
No meu pensamento
Era ter você
Só por um momento
E muito mais você me deu
E me fez passar um tempo precioso
Esquecido
Que eu só andava
Pelas noites mais escuras
Me escondendo do perigo
Só depois quando acordei
Aí que eu me lembrei que era o 21
E andava procurado
Tinha meu nome marcado
Não era um homem comum
Mas ficou aquele dia
Que me deu tanta alegria
Me marcando muito
Mais que a ferro e fogo
Às vezes meu amor fico pensando
Se a vida não tivesse
Me dado esse jogo.
Abraços galera!
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Ainda não comprei o meu, mas dessa semana não passa.
O DVD é maravilhoso, belíssimo, mas o preço é um absurdo. Roubalheira! Qual a justificativa para se cobrar quase 50 reais por um DVD que foi produzido a partir de imagens de arquivo dos anos 80?
Gal Costa tinha um projeto de CD com músicas de Paulinho. Ficaria bárbaro. Pena que Gal não consiga (???) realizar algumas boas idéias que lhe 'acometem' de vez em quando...
Realmente, acho ótimo o comentário do Luiz Fernando.Precisa deixar claro que o consumidor merece respeito não somente na qualidade mas também no custo do produto.Trama se vocês já fazem um bom trabalho procurem melhorar ainda mais segura um pouco o preço.
Gal desistiu do projeto depois da confusão do reveillon. Espero não estar cutucando onça com vara curta... hehe
Flávio
acho que há um erro quanto ao título da música que canhoto toca com paulinho. embora creditada como "forró do xenhenhem" (de cecéu), eu creio que seja (não estou afirmando que é) "pisando em brasa" (de canhoto). confirma, mauro? se sim, não é um erro seu, já que na capa do dvd e nos créditos ao final do programa, é o primeiro título deste comentário que aparece.
acho que há um erro quanto ao título da música que canhoto toca com paulinho. embora creditada como "forró do xenhenhem" (de cecéu), eu creio que seja (não estou afirmando que é) "pisando em brasa" (de canhoto). confirma, mauro? se sim, não é um erro seu, já que na capa do dvd e nos créditos ao final do programa, é o primeiro título deste comentário que aparece.
acho que há um erro quanto ao título da música que canhoto toca com paulinho. embora creditada como "forró do xenhenhem" (de cecéu), eu creio que seja (não estou afirmando que é) "pisando em brasa" (de canhoto). confirma, mauro? se sim, não é um erro seu, já que na capa do dvd e nos créditos ao final do programa, é o primeiro título deste comentário que aparece.
Zema, obrigado pela oportuna correção. Não tinha identificado no tema o forró que conhecia da gravação de Alcione, mas segui os créditos do dvd. Valeu!
rapá, não sei como é que meu comentário apareceu três vezes aí. eu só o enviei uma vez. grande abraço!
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