16 de novembro de 2006

União (forjada) de Ray com Basie resulta crível

Resenha de CD
Título:
Ray Sings,

Basie Swings
Artista:
Ray Charles e

Count Basie Orchestra
Gravadora:
Universal

Music
Cotação:
* * * *


Sim, a indústria fonográfica já percebeu que pode lucrar com a exumação dos mortos mais ilustres e rentáveis além das meras coletâneas desde que, em 1991, Nat King Cole foi ressuscitado para fazer dueto com sua filha Natalie em Unforgettable - um dos grandes sucessos daquele ano. De lá para cá, a tecnologia digital evoluiu e facilitou a criação de álbuns na linha ghost. Mas poucos soaram realmente formidáveis como Ray Sings, Basie Swings. Ray é o cantor Ray Charles (1930 - 2004), pai do soul, mas que também transitava com desenvoltura pelo blues e pelo jazz. Basie é o pianista e maestro Count Basie (1904 - 1984), nome essencial na história do jazz, sobretudo na bela era do swing das big-bands.

Graças aos milagre digital, Ray Charles pode agora ser ouvido na companhia da orquestra de Basie. A união nunca aconteceu, mas foi forjada a partir do encontro de fitas com gravações realizadas pelo cantor nos anos 70. Como os tapes estavam identificados com o título Ray / Basie, o produtor John Burk pensou tratar-se de um show dos dois gênios. Ao descobrir que, na realidade, as fitas continham registros distintos de apresentações de Ray e de Basie, Burk começou a arquitetar a idéia de reunir virtualmente os artistas em álbum que já gera controvérsias nos Estados Unidos porque há corrente que defende que, por se tratar de encontro irreal, Ray Sings, Basie Swings estaria invalidado em prêmios como o Grammy. O que somente ratifica o (grande) peso do disco.

Da fita encontrada pelo produtor, apenas a voz e o piano de Ray foram aproveitados. A atual formação da Count Basie Orchestra foi arregimentada para ir ao estúdio e criar arranjos a partir das gravações originais. E o fato é que a união fake soa com vida e vigor. Desde as primeiras faixas, Oh What a Beautiful Morning e Let the Good Times Roll, percebe-se que tudo se encaixou à perfeição nas 12 gravações, em belo mix de jazz, soul e blues. Os arranjos fazem jus à memória de Basie e se ajustam ao andamento dos vocais divinos de Ray. Até um tema batido como I Can't Stop Loving You adquire nova pulsação no álbum. Ray Charles nunca cantou com tanto suingue. Count Basie iria ficar muito orgulhoso.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

saudade de Ray!

18 de outubro de 2008 às 12:32  

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