Stewart volta ao rock, mas continua nos 'covers'
Resenha de CD
Título: Still the Same...
Great Rock Classics
of Our Time
Artista: Rod Stewart
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * *
Os trajes black-tie usados por Rod Stewart nas fotos das capas dos quatro volumes de seu Great American Songbook foram devidamente trocados por figurino mais despojado. O visual informal adotado pelo artista na capa e no material promocional de seu novo álbum, Still the Same... Great Rock Classics of Our Time, sinaliza a volta do cantor às origens roqueiras. Mas Stewart - que renasceu das cinzas com o projeto em que regravava standards da canção americana - não teve coragem de dispensar a muleta dos covers e apresenta mais um burocrático disco de regravações. A diferença é que, em vez de compositores como George Gershwin, ele põe (mal) sua voz exaurida em temas de autores como Bob Dylan (It's Not for You).
É claro que, ao contrário do que prega no título do álbum, Rod Stewart não é mais o mesmo. Ele se tornou novamente um bom vendedor de discos - como em seus áureos anos 70 - e, como tal, precisa pagar preço alto para se manter nas paradas. Para saldar dívida com seus investidores (o produtor Clive Davis, sobretudo), Stewart acaba se sujeitando a virar crooner sem personalidade, apto a rebobinar músicas esquecíveis como It's a Heartache (da efêmera Bonnie Tyler) e Love Hurts, hit do grupo Nazareth. Duas pérolas melosas da década de 70, época em que Stewart não fazia covers e mostrava alguma inspiração como compositor, mesmo plagiando malandramente tema do brasileiríssimo Jorge Ben Jor.
A produção luxuosa de John Shanks mostra devoção aos clichês do rock com assepsia que até poderá contentar o público de meia-idade que se deixava seduzir quando Stewart cantava Gershwin. Até porque poucas faixas exibem pegada mais firme, como a música de Bob Seger que batiza o álbum, Still the Same. A idéia parece ter sido cortejar platéias comportadas - e não por acaso o primeiro single é Have You Ever Seen the Rain?, melodioso hit do grupo Creedence Clearwater Revival nos anos 70 (sempre eles, os 70...). A balada de John Fogerty ganha regravação insossa. Assim como Best of my Love (dos Eagles) e Everything I Own, a canção do Bread da qual Boy George já tinha se apropriado com maior inteligência na década de 80 com releitura em ritmo de reggae. O tom adocicado do disco é evidente em temas como Crazy Love, da lavra de Van Morrison. Faixa perfeita para FMs mais açucaradas...
Enfim, Rod Stewart mudou. Ou talvez até continue o mesmo, pois talvez sempre tenha sido movido pela ânsia de fazer sucesso e de vender disco, mesmo quando cantava um rock bem mais genuíno.
Título: Still the Same...
Great Rock Classics
of Our Time
Artista: Rod Stewart
Gravadora: Sony & BMG
Cotação: * *
Os trajes black-tie usados por Rod Stewart nas fotos das capas dos quatro volumes de seu Great American Songbook foram devidamente trocados por figurino mais despojado. O visual informal adotado pelo artista na capa e no material promocional de seu novo álbum, Still the Same... Great Rock Classics of Our Time, sinaliza a volta do cantor às origens roqueiras. Mas Stewart - que renasceu das cinzas com o projeto em que regravava standards da canção americana - não teve coragem de dispensar a muleta dos covers e apresenta mais um burocrático disco de regravações. A diferença é que, em vez de compositores como George Gershwin, ele põe (mal) sua voz exaurida em temas de autores como Bob Dylan (It's Not for You).
É claro que, ao contrário do que prega no título do álbum, Rod Stewart não é mais o mesmo. Ele se tornou novamente um bom vendedor de discos - como em seus áureos anos 70 - e, como tal, precisa pagar preço alto para se manter nas paradas. Para saldar dívida com seus investidores (o produtor Clive Davis, sobretudo), Stewart acaba se sujeitando a virar crooner sem personalidade, apto a rebobinar músicas esquecíveis como It's a Heartache (da efêmera Bonnie Tyler) e Love Hurts, hit do grupo Nazareth. Duas pérolas melosas da década de 70, época em que Stewart não fazia covers e mostrava alguma inspiração como compositor, mesmo plagiando malandramente tema do brasileiríssimo Jorge Ben Jor.
A produção luxuosa de John Shanks mostra devoção aos clichês do rock com assepsia que até poderá contentar o público de meia-idade que se deixava seduzir quando Stewart cantava Gershwin. Até porque poucas faixas exibem pegada mais firme, como a música de Bob Seger que batiza o álbum, Still the Same. A idéia parece ter sido cortejar platéias comportadas - e não por acaso o primeiro single é Have You Ever Seen the Rain?, melodioso hit do grupo Creedence Clearwater Revival nos anos 70 (sempre eles, os 70...). A balada de John Fogerty ganha regravação insossa. Assim como Best of my Love (dos Eagles) e Everything I Own, a canção do Bread da qual Boy George já tinha se apropriado com maior inteligência na década de 80 com releitura em ritmo de reggae. O tom adocicado do disco é evidente em temas como Crazy Love, da lavra de Van Morrison. Faixa perfeita para FMs mais açucaradas...
Enfim, Rod Stewart mudou. Ou talvez até continue o mesmo, pois talvez sempre tenha sido movido pela ânsia de fazer sucesso e de vender disco, mesmo quando cantava um rock bem mais genuíno.
1 Comments:
o soulbook que saiu este ano é melhor
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