16 de novembro de 2009

Mais leve, show Beijo Bandido continua perfeito

Resenha de Show - Segunda Visão
Título: Beijo Bandido
Artista: Ney Matogrosso (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Bradesco (SP)
Data: 15 de novembro de 2009
Cotação: * * * * *
Em cartaz em Recife (PE) em 5 de dezembro de 2009
Show criado (circunstancialmente) por Ney Matogrosso durante a turnê do espetáculo Inclassificáveis, na virada de 2008 para 2009, Beijo Bandido ganhou vida própria, registro de estúdio editado em CD, cenário e - a partir deste mês de novembro - a estrada. Estreada em 5 de novembro no Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora (MG), a turnê oficial de Beijo Bandido chegou a São Paulo (SP) no último fim de semana a reboque de três concorridas apresentações no Teatro Bradesco. Em essência, o recital continua o mesmo e permanece perfeito. Aos 68 anos, Ney põe sua voz laminada - em grande forma que soa até espantosa se levada em conta a idade assumida do artista - a serviço de um repertório irretocável que, no seu canto, cria toda uma atmosfera de sedução que eletriza o público. Sedução ampliada pela entrada no roteiro do maior sucesso do compositor Bororó (1898 - 1986) - Da Cor do Pecado, número em que o intérprete explora as pausas - e da sensualíssima A Cor do Desejo, tema de Junior Almeida e Ricardo Guima entoado em tons lânguidos pelo cantor. Novidade do bis, a salsa Incinero (Zé Paulo Becker e Mauro Aguiar) realça a leveza que pontua o show, cujo roteiro totaliza 16 músicas (já com o bis).
A atmosfera de sedução é a mesma, assim como o figurino e o quarteto liderado pelo pianista e maestro Leandro Braga, mas Beijo Bandido está mais leve na volta à cena. Por sua própria natureza, o show tem um tom camerístico. Contudo, essa salutar leveza dilui de certa forma o clima ligeiramente pesado - porém igualmente sedutor - da forma inicial do show (clique aqui para ler a resenha da apresentação carioca de 29 de janeiro de 2009). A leve mudança de textura é perceptível, por exemplo, no suingue que pauta o arranjo abolerado da música De Cigarro em Cigarro (Luiz Bonfá, 1953), número valorizado pela projeção do vídeo em que Ney dança em passos sensuais. Aliás, o olhar sedutor com que ele encara o público na imagem do vídeo traduz com perfeição o clima do show, que é, de certa forma, mais uma cantada passada por Ney no seu público fiel. Cantada bem-sucedida pelo evidente prazer com que o intérprete saboreia os versos de músicas como Fascinação (F. D. Marchetti e M. de Feraudy na célebre versão de Armando Louzada) e Medo de Amar (joia de Vinicius de Moraes).
Acima de qualquer clima ou rótulo, o show Beijo Bandido expõe a segurança do intérprete e seu total domínio cênico, resultando ainda melhor do que o álbum de estúdio recém-editado pela gravadora EMI Music. No palco, Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller) - balada pop inexistente no roteiro original e incluída no repertório durante a gravação do disco - adquire na voz de Ney a dose exata de mágoa. Assim como As Ilhas (Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro) está no ponto exato de fervura sem pesar o recital. Enfim, Beijo Bandido apresenta Ney Matogrosso em real estado de graça. É (mais um) grande show desse grande intérprete!

16 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Show criado (circunstancialmente) por Ney Matogrosso durante a turnê do espetáculo Inclassificáveis, na virada de 2008 para 2009, Beijo Bandido ganhou vida própria, registro de estúdio editado em CD, cenário e - a partir deste mês de novembro - a estrada. Estreada em 5 de novembro no Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora (MG), a turnê oficial de Beijo Bandido chegou a São Paulo (SP) no último fim de semana a reboque de três concorridas apresentações no Teatro Bradesco. Em essência, o recital continua o mesmo e permanece perfeito. Aos 68 anos, Ney põe sua voz laminada - em grande forma que soa até espantosa se levada em conta a idade assumida do artista - a serviço de um repertório irretocável que, no seu canto, cria toda uma atmosfera de sedução que eletriza o público. Sedução ampliada pela entrada no roteiro do maior sucesso do compositor Bororó (1898 - 1986) - Da Cor do Pecado, número em que o intérprete explora as pausas - e da sensualíssima A Cor do Desejo, tema de Junior Almeida e Ricardo Guima entoado em tons lânguidos pelo cantor. Novidade do bis, a salsa Incinero (Zé Paulo Becker e Mauro Aguiar) realça a leveza que pontua o show, cujo roteiro totaliza 16 músicas (já com o bis).
A atmosfera de sedução é a mesma, assim como o figurino e o quarteto liderado pelo pianista e maestro Leandro Braga, mas Beijo Bandido está mais leve na volta à cena. Por sua própria natureza, o show tem um tom camerístico. Contudo, essa salutar leveza dilui de certa forma o clima ligeiramente pesado - porém igualmente sedutor - da forma inicial do show (clique aqui para ler a resenha da apresentação carioca de 29 de janeiro de 2009). A leve mudança de textura é perceptível, por exemplo, no suingue que pauta o arranjo abolerado da música De Cigarro em Cigarro (Luiz Bonfá, 1953), número valorizado pela projeção do vídeo em que Ney dança em passos sensuais. Aliás, o olhar sedutor com que ele encara o público na imagem do vídeo traduz com perfeição o clima do show, que é, de certa forma, mais uma cantada passada por Ney no seu público fiel. Cantada bem-sucedida pelo evidente prazer com que o intérprete saboreia os versos de músicas como Fascinação (F. D. Marchetti e M. de Feraudy na célebre versão de Armando Louzada) e Medo de Amar (joia de Vinicius de Moraes).
Acima de qualquer clima ou rótulo, o show Beijo Bandido expõe a segurança do intérprete e seu total domínio cênico, resultando ainda melhor do que o álbum de estúdio recém-editado pela gravadora EMI Music. No palco, Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller) - balada pop inexistente no roteiro original e incluída no repertório durante a gravação do disco - adquire na voz de Ney a dose exata de mágoa. Assim como As Ilhas (Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro) está no ponto exato de fervura sem pesar o recital. Enfim, Beijo Bandido apresenta Ney Matogrosso em real estado de graça. É (mais um) grande show desse grande intérprete!

16 de novembro de 2009 às 09:50  
Anonymous Luc said...

Da Cor do Pecado estava naquele show com o Rafael Rabello. Ney Matogrosso canta isso muito bem, mas carrega no drama, claro.

16 de novembro de 2009 às 10:38  
Blogger Rodolfo Moraes said...

mauro, alguma informação sobre outros destinos desse show? preciso saber se e quanto ele vem a belo horizonte.

16 de novembro de 2009 às 11:55  
Anonymous Anônimo said...

carrega no drama,nas caras e bocas,na amargura,na cara de mau,na postura comporal em riste ... mas a banda é competente.

16 de novembro de 2009 às 12:13  
Blogger Unknown said...

Estive neste show 2 vezes, na estreia(convidado, no dia, por um amigo) e no domingo,(para levar minha mãe, ingressos comprados com muita antecedência).E acho que não fui ao mesmo show que você.O show é muito chato, acho que o pior show do Ney que já vi, e o acompanho desde 1989.O show atual é todo arrastado, com arranjos caretas e tão parecidos que parecem uma única canção do começo ao fim, com um repertório pra lá de batido, o que o torna enfadonho e cansativo até mesmo para senhoras como minha mãe e minha tia.Onde será que você enxergou leveza?E domínio cênico e olhar sensual?Já que ele LÊ O TEMPO TODO, sem praticamente sair do lugar ou levantar os olhos da tela?Na minha opinião, Fascinação e Medo de Amar ganharam a pior de suas versões, o mesmo acontece com Nada Por Mim.
Ao final de seus demorados 60 minutos, já estávamos todos perguntando "Manhê, demora muito ainda?"
Beijo Bandido, sem dúvida, é um retrocesso na carreira de um grande artista, que acaba de sair da turnê de um grande show, inesquecível, que foi INCLASSIFICÁVEIS.

16 de novembro de 2009 às 15:22  
Blogger Unknown said...

Este comentário foi removido pelo autor.

16 de novembro de 2009 às 15:22  
Anonymous Anônimo said...

Esse cd e respectivo show de Ney é uma maravilha, um dos melhores de sua carreira. A voz está perfeita, o repertório é maravilhoso e o show esta na medida certa, sem aqueles modernismos e repertório chato dos Inclassificáveis. Parabéns ao Ney.

16 de novembro de 2009 às 19:13  
Anonymous Guillermo said...

Foi uma deslumbrante estreia, vi uma platéia hipnotizada c/ a performance de Ney, cantando cada vez melhor, c/ uma direção musical brilhante de Leandro Braga. Arranjos belíssimos, mas a voz de Ney é o que mais impressiona: Em "As Ilhas", "Invento", e na sensualíssima "A cor do desejo", Ney está estupendo. Lindo o violino em "Fascinação" e a leveza do piano em "Nada por mim".
A iluminação tbem é sedutora. Adorei as projeções de imagens e o vídeo de Ney dançando.
Sem dúvida, um espetáculo de uma elegância
e de um requinte inegáveis., tanto musicalmente qto visualmente. Pena que requinte não costume agradar às maiorias. Mas Ney não está nem aí pra isso. E nossos ouvidos -privilegiados- agradecem!
Abraços, Mauro!

16 de novembro de 2009 às 20:23  
Anonymous Anônimo said...

Que estranho Luís Fernando. Se o show é tão ruim assim como você disse, por que foi assistí-lo novamente?

16 de novembro de 2009 às 20:25  
Anonymous Gregório said...

Pois é anônimo das 20:25, pensei a mesma coisa. A historinha do cidadão aí em cima não colou. Ou vai ver que ele é masoquista.
Qto ao show "Beijo Bandido", apenas quero dizer que Ney só exagera numa coisa: Talento. E como o talento incomoda! Mas como dizia Oscar Wilde, pra cada admirador que um artista realmente talentoso ganha, ele ganha, de brinde, um detrator... Isso é comum.
Desde o seu canto até o apuro visual, a apresentação de Ney foi simplesmente impecável. Genial em todos os sentidos.

16 de novembro de 2009 às 21:41  
Anonymous Edu said...

Lindo o arranjo novo pra "Da cor do pecado", e olhe que eu sempre achei a interpretação de Ney, em dueto c/ Paulo Moura em 'Pescador de Pérolas', insuperável. Mas, normal, Ney se supera sempre.
E acho que Ney "carrega" nas tintas somente qdo a canção pede, como é o caso da impressionante As Ilhas, que fecha o roteiro de maneira apoteótica. Ou o Tango p/ Tereza, que abre o show. Impossível não carregar, e Ney o faz na medida certa. Mas qdo é uma canção leve ou bem humorada, Ney brilha tbem, usando de habilidade e doçura. Tremendo e delicioso show.

16 de novembro de 2009 às 22:21  
Anonymous Pedro said...

O show é lindo e emocionante. Ney interpreta com um requinte e uma segurança que impressionam. Não havia escutado o cd, fui assistir sem saber exatamente do que se tratava e tive uma grata surpresa. Comprei o disco ontem, excelente, pena que Ney não incluiu a deliciosa salsa "Incinero" nele.
Adorei a tua crítica, Mauro. As críticas que saíram ontem na Folha e no Estadão também colocaram o espetáculo nas alturas -e não poderia ser diferente- mas a sua está mais bem escrita. Parabéns!

17 de novembro de 2009 às 02:20  
Anonymous Alessandra said...

Eu sempre preferi o Ney mais provocativo, sensual, extrovertido, como o Ney de 'Inclassificáveis'. Mas, depois de ouvir esse "Beijo Bandido", tive de me render ao Ney mais contido e intimista. Como não se deixar seduzir pelas releituras maravilhosas de "Fascinação", "Medo de amar" e "Mulher sem razão", entre outras? E o que é "A cor do desejo"? Que arranjo é aquele? Demais. "Invento" é maravilhosa, queria que Ney gravasse mais coisas de Ramil, cara talentosissimo. Pena que eu não consegui ingressos pro show. Pelo que eu estou acompanhando deve ser tão lindo e bem cuidado visualmente como o cd.

17 de novembro de 2009 às 03:01  
Anonymous Ingrid said...

Ney tem um domínio cênico incrível, mesmo quando o espetáculo (ou o repertório) não exija dele tanta mobilidade. Já vi recitais de Ney -como À flor da pele, ou Ney canta Cartola- em que ele permanece no centro do palco praticamente o tempo todo, mas deixando a plateia enlouquecida, sem tirar os olhos um segundo do cantor. Ney é um "sereio", fascina e seduz pela canto. O cd é muito, mas muito sensual, e a sua voz parece ter encontrado a fonte da juventude. E por essas belas fotos que vc postou, Mauro, acho que o charme e a sensualide se
redimensionam ao vivo.

17 de novembro de 2009 às 04:53  
Anonymous Anônimo said...

Deve ser o melhor show do Ney. Só duas do Cazuza e nada de Secos e Molhados, e nem "Balada do Louco" tem. Saravá, Ney!

17 de novembro de 2009 às 12:55  
Anonymous Anônimo said...

Realmente o comentário do sr. Luis Fernando está esquisito. No mínimo. Mesmo indo apenas pra acompanhar alguém, nada justifica a entrada dele na sala de espetáculos. Ele poderia ficar lendo uma revista, ou degustando algo no foyer do Teatro Bradesco (que, aliás, é agradabilíssimo) enquanto o show rolava lá dentro.
Baixaria perguntar pra um jornalista onde ele viu domínio cênico ou sensualidade. Cada espectador filtra o que vê de acordo c/ sua sensibilidade e, também, no caso de um crítico, de acordo c/ seu conhecimento musical. Não se pode questionar a sensibilidade de ninguém.

19 de novembro de 2009 às 02:57  

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