17 de outubro de 2009

Alcione dilui excessos no caloroso show 'Acesa'


Resenha de Show
Título: Acesa
Artista: Alcione (em foto de Mauro Ferreira)
Local: HSBC Brasil (SP)
Data: 16 de outubro de 2009
Cotação: * * * 1/2

Tal como o álbum Acesa, o melhor disco de inéditas gravado por Alcione nesta década pelo clima mais alegre e mais próximo do samba, o show homônimo representa ligeiro upgrade na carreira recente da cantora nos palcos. Estão lá todos os elementos que caracterizam as apresentações da Marrom - as cores, os bailarinos (Chocolate e Sheila dão show à parte no samba Eu Vou pra Lapa), as projeções e as baladas derramadas que contentam seu público atual - mas, em Acesa, tudo flui com maior elegância, num tom (quase) sóbrio, condizente com o figurino menos extravagante. Em boa forma vocal, Alcione lima os habituais excessos de suas interpretações e também das interações com a platéia sem deixar de lado a espontaneidade que seduz seus fãs fiéis. Quem domina a cena é a ótima cantora. Que mixa samba com rap (em Mangueira É Mãe e em Chutando o Balde, número cheio de suingue que se impõe como um dos grandes destaques do eclético roteiro), viaja no compasso do xote De Teresina a São Luis, realça o tom afro de samba de Djavan (Aquele Um, parceria com Aldir Blanc, lançada por Djavan em 1980 no álbum Alumbramento) e arrasa ao reviver na pressão (posta inclusive pelo trio de metais) joia do mais alto quilate (Sua Estupidez, 1969) da obra de Roberto Carlos.
Se há excessos, é o de baladas. Algumas, como A Loba e Você me Vira a Cabeça (me Tira do Sério), são - de fato - presenças já obrigatórias no contexto atual da carreira da artista, garantindo sempre momentos calorosos. Em contrapartida, outras menos inspiradas e menos populares - como A Mulher Ideal e Perdeu, Perdeu - são dispensáveis num roteiro pontuado pelas inéditas do álbum Acesa. Eternas Madrugadas acerta ao levar o romantismo para o lado do samba. Em Eu Não Domino Essa Paixão, a Banda do Sol procura reproduzir o tom de tango que adorna o registro de estúdio. A faixa-título, Acesa, tem combustível para vir à cena com mais calor. O calor que esquenta Meu Ébano, pretexto para coreografias (e para confidências que arrancam risos da platéia...).
A lembrança de Rita Lee - saudada em medley pop roqueiro que costura trechos de Pagu (2000), Bem me Quer (1980) e Todas as Mulheres do Mundo (1993) - no bloco Cantando no Banheiro é tão curiosa quanto simpática. Mas Alcione fica mais à vontade no universo folhetinesco de sua mestra Ângela Maria, de quem revive Beijo Roubado (Adelino Moreira). Ou ainda acelerando o ritmo de Influência do Jazz (Carlos Lyra), belo número em que reaparece a cantora versátil diplomada na escola da noite. Em tom menor (A Dor que me Visita, tema de 1999 que passou despercebido entre os hits baladeiros do álbum A Paixão Tem Memória) ou maior (Garoto Maroto, boa lembrança do repertório romântico dos anos 80 que, na estreia nacional do show, foi embaçada pela briga que explodiu na platéia), Alcione revisita temas de pagode que gravou em 1997 no disco Valeu e, sob bases mais macias, expressa justa nostalgia carioca de tempos idos em Rio Antigo (memorável lembrança de seu repertório dos anos 70). Enfim, com muito mais altos do que baixos, Alcione mantém acesa a chama em show até elegante. Resta torcer para que Acesa - que chega ao Rio de Janeiro (RJ) em dezembro, em duas apresentações no Canecão - não sofra perdas na estrada como o anterior De Tudo que Eu Gosto (2007), que até estreou com bom repertório, mas perdeu brilho (e as melhores músicas do roteiro!) ao longo da temporada.

11 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Tal como o álbum Acesa, o melhor disco de inéditas gravado por Alcione nesta década pelo clima mais alegre e mais próximo do samba, o show homônimo representa ligeiro upgrade na carreira recente da cantora nos palcos. Estão lá todos os elementos que caracterizam as apresentações da Marrom - as cores, os bailarinos (Chocolate e Sheila dão show à parte no samba Eu Vou pra Lapa), as projeções e as baladas derramadas que contentam seu público atual - mas, em Acesa, tudo flui com maior elegância, num tom (quase) sóbrio, condizente com o figurino menos extravagante. Em boa forma vocal, Alcione lima os habituais excessos de suas interpretações e também das interações com a platéia sem deixar de lado a espontaneidade que seduz seus fãs fiéis. Quem domina a cena é a ótima cantora. Que mixa samba com rap (em Mangueira É Mãe e em Chutando o Balde, número cheio de suingue que se impõe como um dos grandes destaques do eclético roteiro), viaja no compasso do xote De Teresina a São Luis, realça o tom afro de samba de Djavan (Aquele Um, parceria com Aldir Blanc, lançada por Djavan em 1980 no álbum Alumbramento) e arrasa ao reviver na pressão (posta inclusive pelo trio de metais) joia do mais alto quilate (Sua Estupidez, 1969) da obra de Roberto Carlos.
Se há excessos, é o de baladas. Algumas, como A Loba e Você me Vira a Cabeça (me Tira do Sério), são - de fato - presenças já obrigatórias no contexto atual da carreira da artista, garantindo sempre momentos calorosos. Em contrapartida, outras menos inspiradas e menos populares - como A Mulher Ideal e Perdeu, Perdeu - são dispensáveis num roteiro pontuado pelas inéditas do álbum Acesa. Eternas Madrugadas acerta ao levar o romantismo para o lado do samba. Em Eu Não Domino Essa Paixão, a Banda do Sol procura reproduzir o tom de tango que adorna o registro de estúdio. A faixa-título, Acesa, tem combustível para vir à cena com mais calor. O calor que esquenta Meu Ébano, pretexto para coreografias (e para confidências que arrancam risos da platéia...).
A lembrança de Rita Lee - saudada em medley pop roqueiro que costura trechos de Pagu (2000), Bem me Quer (1980) e Todas as Mulheres do Mundo (1993) - no bloco Cantando no Banheiro é tão curiosa quanto simpática. Mas Alcione fica mais à vontade no universo folhetinesco de sua mestra Ângela Maria, de quem revive Beijo Roubado (Adelino Moreira). Ou ainda acelerando o ritmo de Influência do Jazz (Carlos Lyra), número em que dá as caras a cantora versátil diplomada na escola da noite. Em tom menor (A Dor que me Visita, tema de 1999 que passou despercebido entre os hits baladeiros do álbum A Paixão Tem Memória) ou maior (Garoto Maroto, boa lembrança do repertório romântico dos anos 80 que, na estreia nacional do show, foi embaçada pela briga que explodiu na platéia), Alcione revisita temas de pagode que gravou em 1997 no disco Valeu e, sob bases mais macias, expressa justa nostalgia carioca de tempos idos em Rio Antigo (memorável lembrança de seu repertório dos anos 70). Enfim, com muito mais altos do que baixos, Alcione mantém acesa a chama em show até elegante. Resta torcer para que Acesa - que chega ao Rio de Janeiro (RJ) em dezembro, em duas apresentações no Canecão - não sofra perdas na estrada como o anterior De Tudo que Eu Gosto (2007), que até estreou com bom repertório, mas perdeu brilho (e as melhores músicas do roteiro!) ao longo da temporada.

17 de outubro de 2009 às 17:54  
Anonymous Horácio said...

Mauro vive cutucando a Alcione, mas vive atrás da Marrom... he he he

17 de outubro de 2009 às 18:13  
Anonymous Anônimo said...

NOSSA ! Depois que li essa resenha me deu uma vontade de assistir acesa ao vivo ! Alcione é um joia para nossa música !

17 de outubro de 2009 às 19:57  
Anonymous Anônimo said...

Um show irretocável!
Marrom está de parabéns! Saí de lá emocionado! Acesa acendeu mais do que tudo!!! Vibrante!

Sérgio M. - SP

17 de outubro de 2009 às 20:04  
Anonymous Anônimo said...

Vi a Alcione em um show no ABC, em SP, lindo, há uns 20 anos. Popular, mas sofisticado, de bom gosto. Uma delícia! Essas canções bregas de amor, desculpa, não dá. Adoro a Alcione, mas eu passo. Sei que existe um público para isso. Mas eu não vou... Pelo roteiro que vc deu mauro, não iria gostar do show.
Espero a Alcione, um dia, se for possível, gravando as coisas do Almir Guineto, Paulo César Pinheiro, Roque Ferreira e muitos outros. Alcione nunca mais gravou Almir, o poeta. Ele faz canções lindas e sambas de sair do chão. Respeito Alcione, mas não curto mesmo as canções bregas que não estão dentro do samba gostoso de se ouvir. Essas músicas parecem os falecidos grupos de pagode "cafonérrimos" de SP. Mas mesmo assim viva Alcione e sua bela voz. Saúde, Marrom!

18 de outubro de 2009 às 13:35  
Anonymous jota mello said...

Mauro, seu tom reticente ao final da crítica compromete sua abordagem do show. Soa estranho. Parece que vc duvida de sua própria abordagem.
Veja:
'show ATÉ elegante'
'que ATÉ estreou com bom repertório...'
Assisti ao show a convite de amigos (me desinteressei por Alcione há tempos) e gostei bastante. Como vc (sem nenhum ATÉ). Simples, não?!

19 de outubro de 2009 às 00:55  
Anonymous Anônimo said...

Espero que Aquele um fique, até o show chegar no Rio. Como Mauro falou as musicas bacanas costumam ir sumindo do roteiro conforme ela vai fazendo os shows. No lançamento do Uma nova Paixão tinha Dupla Traição - também do Djavan, que depois sumiu do repertório. Se tirasse Perdeu Perdeu e a Mulher ideal e colocasse mais dois sambas do Acessa, ficaria melhor.

19 de outubro de 2009 às 01:35  
Anonymous Anônimo said...

Depois de rolar ladeira abaixo com repertório popularesco e de mau gosto é natural que uma mudança ATÉ para melhor venha com algum receio.
Espero que Alcione saiba fazer o meio termo de seu repertório para não sacrificar a cantora que é.

19 de outubro de 2009 às 09:59  
Anonymous Anônimo said...

Tb estranhei os ATE de sua crítica, mas fato é que este CD da Marrom é o melhor que ela apresentou nos últimos tempos. Me ganhou. E ela tá fazendo bonito seu trabalho de divulgação na TV. Ontem esteve bem à vontade na Fernanda Young que a tietou convenientemente.

19 de outubro de 2009 às 10:43  
Anonymous Anônimo said...

simplesmente Maravilhosa!!!!!

19 de outubro de 2009 às 20:29  
Anonymous Anônimo said...

A melhor do mundo!

19 de outubro de 2009 às 20:32  

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