15 de outubro de 2009

Sim, o pop dos Pet Shop Boys (ainda) faz a festa

Resenha de Show
Título: Pandemonium on Tour
Artista: Pet Shop Boys (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 14 de outubro de 2009
Cotação: * * * *
Eram (exatamente) 23 horas e 15 minutos da noite de quarta-feira, 14 de outubro de 2009, quando Neil Tennant, o cantor do duo inglês Pet Shop Boys, se despediu do público que compareceu à casa carioca Citibank Hall com uma "boa noite!" dito em português até desenvolto. Ninguém naquele momento duvidava que a noite já tinha sido boa. Em sua quarta vinda ao Brasil, viabilizada pela empresa Time for Fun, a dupla britânica trouxe o espetáculo da Pandemonium Tour para quatro capitais em turnê que se encerrou justamente na noite de ontem, no Rio de Janeiro (RJ). Baseado no décimo (bom) álbum de estúdio dos Pet Shop Boys, Yes, editado em março, o show é vibrante. Sim, Tennant e Chris Lowe - que permanece mudo durante todo o show no comando dos teclados que sustentam a batida sintetizada do pop dance do duo - ainda fazem a festa no palco. Festa de luzes e cores que evocam a estética dos anos 80, época áurea da dupla. Festa que é um convite à dança. E, nessa festa, pouco importa o peso político que esses boys já cinquentões vem dando à sua música em álbuns recentes como Fundamental (2006) - de menor apelo popular.
Cientes de que seu público quer se refugiar no passado glorioso da dupla, os Pet Shop Boys entremearam algumas das melhores músicas do álbum Yes - Bulding a Wall, All over the World, Did You See me Coming? e Love etc. - com hits de todas as fases da carreira, quase todos revividos com arranjos similares aos dos registros em disco. O que garantiu a animação. Não por acaso, o primeiro grande momento do show foi Go West, hit do grupo Village People do qual o duo se apropriou com êxito em 1993, escudado pela aura GLS que envolve sua obra e sua platéia. O coro ouvido em outro cover que evoca a era da disco music, Always on my Mind, confirma o apego do público à discografia inicial da dupla. O que vale é a animação, é o espírito feliz de festa. Por isso mesmo, o bloco com baladas como King's Cross e The Way It Used to Be - em que Neil Tennant se apresenta de smoking e de cara limpa - foi o ponto mais baixo da apresentação carioca do show Pandemonium. É como se fosse o momento lounge, a hora do descanso. Tanto que, na sequência desse set baladeiro, Jealousy chamou mais a atenção pela briga de casal encenada por dois dos quatro bailarinos, num teatrinho coerente com os versos de uma canção que versa sobre o ciúme. Os bailarinos, a propósito, são um show à parte em Pandemonium. Assim como o cenário formado por muros erguidos com cubos brancos. É cenário até simples, mas criativo, que vai mudando e assumindo diferentes formas de acordo com as projeções, as luzes (esplendorosas) e a alteração constante da disposição dos tais cubos. Faz (belo) efeito.
Dentro dessa atmosfera hi-tech, a dupla estiliza a batida do samba ao fim de Se a Vida É (That's the Way Life Is) e se dá ao direito de apenas citar um de seus maiores sucessos, Domino Dancing, antes de apostar num cover de Viva la Vida, o hit do Coldplay, que não soa tão empolgante na pegada dos Pet Shop Boys. É quando a dupla esquenta o público para o gran finale, com o hit It's a Sin - este, sim, um número quase catártico, turbinado por uma chuva de papel laminado que desaba sob a platéia para acentuar a alegria festiva que reina na casa e celebra o pop dos Boys. É clímax não superado pelo bom bis, dado com Being Boring e West End Girls. No todo, o show deixou ótima impressão. A vibe era boa. A ponto de ter passado despercebido o fato de o som ter estado sem pressão na primeira metade do show, cujo roteiro é dividido em climas e blocos distintos. É que, entre altos e baixos, a dupla vem mantendo o vigor de seu pop eletrônico que transita bem pelo universo dance com algo de disco music. Nem sempre os álbuns recentes fazem jus ao histórico fonográfico dos Pet Shop Boys, só que, no show, tudo ganha um colorido maior. Aliás, literalmente...

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Eram exatamente 23 horas e 15 minutos da noite de quarta-feira - 14 de outubro de 2009 - quando Neil Tennant, o cantor do duo inglês Pet Shop Boys, se despediu do público que compareceu à casa carioca Citibank Hall com uma "boa noite!" dito em português até desenvolto. Ninguém naquele momento duvidava que a noite já tinha sido boa. Em sua quarta vinda ao Brasil, viabilizada pela empresa Time for Fun, a dupla britânica trouxe o espetáculo da Pandemonium Tour para quatro capitais em turnê que se encerrou justamente na noite de ontem, no Rio de Janeiro (RJ). Baseado no décimo (bom) álbum de estúdio dos Pet Shop Boys, Yes, editado em março, o show é vibrante. Sim, Tennant e Chris Lowe - que permanece mudo durante todo o show no comando dos teclados que sustentam a batida sintetizada do pop dance do duo - ainda fazem a festa no palco. Festa de luzes e cores que evocam a estética dos anos 80, época áurea da dupla. Festa que é um convite à dança. E, nessa festa, pouco importa o peso político que esses boys já cinquentões vem dando à sua música em álbuns recentes como Fundamental (2006), de menor apelo popular.
Cientes de que seu público quer se refugiar no passado glorioso da dupla, os Pet Shop Boys entremearam algumas das melhores músicas do álbum Yes - Bulding a Wall, All over the World, Did You See me Coming? e Love etc. - com hits de todas as fases da carreira, quase todos revividos com arranjos similares aos dos registros em disco. O que garantiu a animação. Não por acaso, o primeiro grande momento do show foi Go West, hit do grupo Village People do qual o duo se apropriou com êxito em 1993, escudado pela aura GLS que envolve sua obra e sua platéia. O coro ouvido em outro cover que evoca a era da disco music, Always on my Mind, confirma o apego do público à discografia inicial da dupla. O que vale é a animação, é o espírito feliz de festa. Por isso mesmo, o bloco com baladas como King's Cross e The Way It Used to Be - em que Neil Tennant se apresenta de smoking e de cara limpa - foi o ponto mais baixo da apresentação carioca de Pandemonium. É como se fosse o momento lounge, a hora do descanso. Tanto que, na sequência desse set baladeiro, Jealousy chamou mais a atenção pela briga de casal encenada por dois dos quatro bailarinos, num teatrinho coerente com os versos de uma canção que versa sobre o ciúme. Os bailarinos, a propósito, são um show à parte em Pandemonium. Assim como o cenário formado por muros erguidos com cubos brancos. É cenário até simples, mas criativo, que vai mudando e assumindo diferentes formas de acordo com as projeções, as luzes (esplendorosas) e a alteração constante da disposição dos tais cubos. Faz (belo) efeito.
Dentro dessa atmosfera hi-tech, a dupla estiliza a batida do samba ao fim de Se a Vida É (That's the Way Life Is) e se dá ao direito de apenas citar um de seus maiores sucessos, Domino Dancing, antes de apostar num cover de Viva la Vida, o hit do Coldplay, que não soa tão empolgante na pegada dos Pet Shop Boys. É quando a dupla esquenta o público para o gran finale, com o hit It's a Sin - este, sim, um número quase catártico, turbinado por uma chuva de papel laminado que desaba sob a platéia para acentuar a alegria festiva que reina na casa e celebra o pop dos Boys. É clímax não superado pelo bom bis, dado com Being Boring e West End Girls. No todo, o show deixou ótima impressão. A vibe era boa. A ponto de ter passado despercebido o fato de o som ter estado sem pressão na primeira metade do show, cujo roteiro é dividido em climas e blocos distintos. É que, entre altos e baixos, a dupla vem mantendo o vigor de seu pop eletrônico que transita bem pelo universo dance com algo de disco music. Nem sempre os álbuns recentes fazem jus ao histórico fonográfico dos Pet Shop Boys, só que, no show, tudo ganha um colorido maior. Aliás, literalmente...

15 de outubro de 2009 às 11:32  
Anonymous ANDERSON said...

MAURO,
QUANDO VC FARA A REVIEW DO NOVO ALBUM DE MARIAH CAREY LANÇADO NA SEMANA PASSADA???

15 de outubro de 2009 às 12:57  
Anonymous Anônimo said...

Que resenha longa Mauro
Põe um resuminho básico aê ...

15 de outubro de 2009 às 16:19  
Blogger Vladimir said...

Valeu Mauro!!

Finalmente uma resenha à altura dos Pet Shop Boys!!

Abraços

15 de outubro de 2009 às 20:43  
Anonymous Bruno said...

Being Boring foi um dos momentos mais incríveis de todo show. O muro que se desmontou na musica final vira cubos suspensos no ar, num clima preto e banco... e o duo c/ plumas na cabeça.

16 de outubro de 2009 às 02:17  
Anonymous Anônimo said...

Estive no show em São Paulo na terça e realmente foi óóótimo. Mas confesso que não reconheci a cover de "Viva la vida"... Mesmo assim foi inesquecível, visualmente incrível e musicalmente com a competência de sempre.

16 de outubro de 2009 às 20:51  

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