18 de julho de 2010

Moska irmana em cena sons de 'Muito' e 'Pouco'

Resenha de Show
Título: Muito Pouco
Artista: Moska (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Theatro Municipal de Niterói (RJ)
Data: 17 de julho de 2010
Cotação: * * * *
Em cartaz em Niterói - RJ (18 de julho), em Curitiba - PR (em 30 de julho) e no Festival de Inverno de Bonito - MS (31 de julho de 2010)
Discos de tons diferentes, Muito e Pouco se irmanam em cena no novo show de Moska, sem prejuízo de suas características básicas. Sob a direção musical do próprio Moska, o show Muito Pouco teve sua estreia nacional na noite de sábado, 17 de julho de 2010, no Theatro Municipal de Niterói (RJ). Com o guitarrista Daniel Lopes incorporado à (boa) banda já habituada aos voos musicais e poéticos do artista, o autor de Admito que Perdi - música lançada por Marina Lima em 1995 e alocada no bis de Muito Pouco - apresentou show coeso em que recorreu às projeções para ilustrar o roteiro que entrelaça com habilidade músicas dos dois discos, recém-lançados pela gravadora Biscoito Fino. No palco, é como se o expansivo Muito e o interiorizado Pouco fossem um único CD com dois lados complementares - o que, a rigor, eles também são.
Já na abertura, enquanto salpica notas em piano de brinquedo e canta Semicoisas, Moska se revela senhor da cena. Elétrico mesmo quando experimenta ambiências e sons acústicos. "Foram seis anos juntando músicas e ideias", contou Moska ao público que lotou o Municipal de Niterói, ocupando até as cadeiras extras posicionadas na plateia, após cantar O Tom do Amor, parceria com Zélia Duncan composta em tributo a seu primeiro filho, Antonio, hoje com 13 anos. Exposto à farta safra de músicas inéditas, o público pareceu reagir bem às novidades do roteiro - ainda que tenha se manifestado com mais calor ao reconhecer velhas canções como A Seta e o Alvo e O Último Dia. Da safra autoral dos discos gêmeos, a balada bluesy Provavelmente Você cresceu muito no palco, ambientada em atmosfera esfumaçada e turbinada com os vocais do citado guitarrista Daniel Lopes, novo integrante da banda que agrega feras como o baixista Dunga e o tecladista Sacha Amback (hábil ao piano que pontua a balada Estou Pensando em Você). Por ter sido gravada no CD Pouco com intervenções do cantor argentino Pedro Aznar, Provavelmente Você abre o bloco em que Moska enfileira suas conexões latinas com cantautores do Mercosul. Parceria de Kevin Johansen com Moska, Waiting for the Sun to Shine brilha mais no palco do que no seu morno registro de estúdio. Já Oh my Love, Oh my Love - número em que Daniel Lopes faz os vocais que, no CD Pouco, são de Maria Gadú - reitera em cena a leveza que contrasta com a densidade de Nuvem, tema do chileno Nano Stern, vertido para o português por Moska com aparente fidelidade ao espírito da letra original. Nuvem passa em cena no set em que Moska fica sozinho no palco com seu violão. É quando ele canta a belíssima Saudade - parceria com Chico César lançada por Maria Bethânia no álbum Tua (2009) - e diverte o público ao imitar a voz do parceiro, reproduzindo o diálogo que teve com Chico sobre a inspiração do tema. Findo o bloco solitário, já com a banda de volta à cena, o cantor revive A Idade do Céu - melodiosa música do uruguaio Jorge Drexler vertida por Moska - em número encorpado pelo coro espontâneo do público. Mais adiante, com o baixista Nilo Romero agregado à banda em participação especial para pilotar uma guitarra, o artista enfileira temas de pegada mais pop como Devagar, Divagar ou de Vagar? e Canção Prisão, um potencial hit radiofônico do projeto duplo Muito Pouco por sua arquitetura redonda. No todo, o show traduz bem em cena a alma dos discos que o geraram e, de certa forma, até os supera por ser mais coeso.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Discos de tons diferentes, Muito e Pouco se irmanam em cena no novo show de Moska, sem prejuízo de suas características básicas. Sob a direção musical do próprio Moska, o show Muito Pouco teve sua estreia nacional na noite de sábado, 17 de julho de 2010, no Theatro Municipal de Niterói (RJ). Com o guitarrista Daniel Lopes incorporado à (boa) banda já habituada aos voos musicais e poéticos do artista, o autor de Admito que Perdi - música lançada por Marina Lima em 1995 e alocada no bis de Muito Pouco - apresentou show coeso em que recorreu às projeções para ilustrar o roteiro que entrelaça com habilidade músicas dos dois discos, recém-lançados pela gravadora Biscoito Fino. No palco, é como se o expansivo Muito e o interiorizado Pouco fossem um único CD com dois lados complementares - o que, a rigor, eles também são.
Já na abertura, enquanto salpica notas em piano de brinquedo e canta Semicoisas, Moska se revela senhor da cena. Elétrico mesmo quando experimenta ambiências e sons acústicos. "Foram seis anos juntando músicas e ideias", contou Moska ao público que lotou o Municipal de Niterói, ocupando até as cadeiras extras posicionadas na plateia, após cantar O Tom do Amor, parceria com Zélia Duncan composta em tributo a seu primeiro filho, Antonio, hoje com 13 anos. Exposto à farta safra de músicas inéditas, o público pareceu reagir bem às novidades do roteiro - ainda que tenha se manifestado com mais calor ao reconhecer velhas canções como A Seta e o Alvo e O Último Dia. Da safra autoral dos discos gêmeos, a balada bluesy Provavelmente Você cresceu muito no palco, ambientada em atmosfera esfumaçada e turbinada com os vocais do citado guitarrista Daniel Lopes, novo integrante da banda que agrega feras como o baixista Dunga e o tecladista Sacha Amback (hábil ao piano que pontua a balada Estou Pensando em Você). Por ter sido gravada no CD Pouco com intervenções do cantor argentino Pedro Aznar, Provavelmente Você abre o bloco em que Moska enfileira suas conexões latinas com cantautores do Mercosul. Parceria de Kevin Johansen com Moska, Waiting for the Sun to Shine brilha mais no palco do que no seu morno registro de estúdio. Já Oh my Love, Oh my Love - número em que Daniel Lopes faz os vocais que, no CD Pouco, são de Maria Gadú - reitera em cena a leveza que contrasta com a densidade de Nuvem, tema do chileno Nano Stern, vertido para o português por Moska com aparente fidelidade ao espírito da letra original. Nuvem passa em cena no set em que Moska fica sozinho no palco com seu violão. É quando ele canta a belíssima Saudade - parceria com Chico César lançada por Maria Bethânia no álbum Tua (2009) - e diverte o público ao imitar a voz do parceiro, reproduzindo o diálogo que teve com Chico sobre a inspiração do tema. Findo o bloco solitário, já com a banda de volta à cena, o cantor revive A Idade do Céu - melodiosa música do uruguaio Jorge Drexler vertida por Moska - em número encorpado pelo coro espontâneo do público. Mais adiante, com o baixista Nilo Romero agregado à banda em participação especial para pilotar uma guitarra, o artista enfileira temas de pegada mais pop como Devagar, Divagar ou de Vagar? e Canção Prisão, um potencial hit radiofônico do projeto duplo Muito Pouco por sua arquitetura redonda. No todo, o show traduz bem em cena a alma dos discos que o geraram e, de certa forma, até os supera por ser mais coeso.

18 de julho de 2010 às 16:49  
Blogger A Uerba said...

Muito bom!

Me deixou ainda mais curiosa pelo show.. não vejo a hora de poder ver e apreciar tb!

ABraço.

18 de julho de 2010 às 21:03  
Anonymous Diogo ! said...

Moska é sempre interessante. Se eu estivesse presente só reclamaria as ausências de " Essa é a última solidão de sua vida "," Nada vai mudar isso " e " Um móbile no furacão " .

19 de julho de 2010 às 10:58  
Anonymous Diogo ! said...

Ao lado de Vitor Ramil, Moska é o maior embaixador da MPB no Mercosul. Kevin Johansen,Jorge Drexler ( antes do Oscar ),Pedro Aznar e Nano Stern são ótimas companhias assim como Daniel Lopes e Chico Cesar!

19 de julho de 2010 às 11:03  
Anonymous Anônimo said...

Não teve as excelentes "Móbile no Furacão" e "Um e Outro", mas foram 2 horas de sensibilidade e talento.
Infelizmente, a impressão que dá é que só daqui a uns 15 anos o Moska vai ter seu valor plenamente reconhecido.

19 de julho de 2010 às 13:25  

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