Ilana evoca Brasil antigo no engenhoso 'Bangüê'
Resenha de CD
Título: Bangüê
Artista: Ilana Volcov
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * * 1/2
Conta Ilana Volcov, em texto escrito para o encarte de seu primeiro belo disco solo, que conheceu a palavra Bangüê na voz de Chico Buarque em gravação de Recife, Cidade Lendária (Capiba). Curiosa, a cantora paulistana - que integrou o grupo Barbatuques - descobriu que a tal palavra, de origem africana, significa engenho da cana-de-açúcar. Bangüê acabou sendo o título do CD que apresenta a voz límpida de Ilana Volcov - de afinação e emissão perfeitas, atestadas na interpretação a capella de Morada (tema de autor desconhecido) - ao país das cantoras. Título apropriado, pois a intérprete evoca um antigo Brasil mulato com repertório primoroso que - além do samba-canção Recife, Cidade Lendária - foge do óbvio ao reviver sem ranços folclóricos temas como Estatuinha (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri), Leilão (Hekel Tavares e Joracy Camargo) e Paixão e Fé (Tavinho Moura e Fernando Brant). A produção - capitaneada por Ricardo Mosca com o violonista Michi Ruztischka e a própria Ilana Volcov - embala esse cancioneiro regional com engenhoso bom gosto. O arranjo coletivo de O Trem (Karina Bhur), por exemplo, remete ao som de locomotiva sobre os trilhos do Brasil interiorano que, na voz mansa de Ilana, ressurge com leveza em temas como Onde Eu Nasci Passa um Rio (Caetano Veloso), Procissão da Padroeira (Guinga e Paulo César Pinheiro) e O Namorico da Rita (Antônio Mestre e Artur Ribeiro), faixa de tom espirituoso realçado pelo clarinete de Alexandre Ribeiro. E, entre várias músicas que soam praticamente inéditas pelo fato de serem tão pouco gravadas ou mesmo ouvidas, há até um Noel Rosa (1910 - 1937) mais lento e trágico de 1933, Quando o Samba Acabou, que somente não surpreende porque foi resgatado por Martinho da Vila em seu recente CD-tributo Poeta da Cidade (2010), lançado em maio. Coincidência que não dilui o teor de encantamento de Bangüê, belo disco que põe Ilana Volcov na linha de frente das cantoras brasileiras identificadas com uma MPB localizada em tempos idos.
Título: Bangüê
Artista: Ilana Volcov
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * * 1/2
Conta Ilana Volcov, em texto escrito para o encarte de seu primeiro belo disco solo, que conheceu a palavra Bangüê na voz de Chico Buarque em gravação de Recife, Cidade Lendária (Capiba). Curiosa, a cantora paulistana - que integrou o grupo Barbatuques - descobriu que a tal palavra, de origem africana, significa engenho da cana-de-açúcar. Bangüê acabou sendo o título do CD que apresenta a voz límpida de Ilana Volcov - de afinação e emissão perfeitas, atestadas na interpretação a capella de Morada (tema de autor desconhecido) - ao país das cantoras. Título apropriado, pois a intérprete evoca um antigo Brasil mulato com repertório primoroso que - além do samba-canção Recife, Cidade Lendária - foge do óbvio ao reviver sem ranços folclóricos temas como Estatuinha (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri), Leilão (Hekel Tavares e Joracy Camargo) e Paixão e Fé (Tavinho Moura e Fernando Brant). A produção - capitaneada por Ricardo Mosca com o violonista Michi Ruztischka e a própria Ilana Volcov - embala esse cancioneiro regional com engenhoso bom gosto. O arranjo coletivo de O Trem (Karina Bhur), por exemplo, remete ao som de locomotiva sobre os trilhos do Brasil interiorano que, na voz mansa de Ilana, ressurge com leveza em temas como Onde Eu Nasci Passa um Rio (Caetano Veloso), Procissão da Padroeira (Guinga e Paulo César Pinheiro) e O Namorico da Rita (Antônio Mestre e Artur Ribeiro), faixa de tom espirituoso realçado pelo clarinete de Alexandre Ribeiro. E, entre várias músicas que soam praticamente inéditas pelo fato de serem tão pouco gravadas ou mesmo ouvidas, há até um Noel Rosa (1910 - 1937) mais lento e trágico de 1933, Quando o Samba Acabou, que somente não surpreende porque foi resgatado por Martinho da Vila em seu recente CD-tributo Poeta da Cidade (2010), lançado em maio. Coincidência que não dilui o teor de encantamento de Bangüê, belo disco que põe Ilana Volcov na linha de frente das cantoras brasileiras identificadas com uma MPB localizada em tempos idos.
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Conta Ilana Volcov, em texto escrito para o encarte de seu primeiro belo disco solo, que conheceu a palavra Bangüê na voz de Chico Buarque em gravação de Recife, Cidade Lendária (Capiba). Curiosa, a cantora paulistana - que integrou o grupo Barbatuques - descobriu que a tal palavra, de origem africana, significa engenho da cana-de-açúcar. Bangüê acabou sendo o título do CD que apresenta a voz límpida de Ilana Volcov - de afinação e emissão perfeitas, atestadas na interpretação a capella de Morada (tema de autor desconhecido) - ao país das cantoras. Título apropriado, pois a intérprete evoca um antigo Brasil mulato com repertório primoroso que - além do samba-canção Recife, Cidade Lendária - foge do óbvio ao reviver sem ranços folclóricos temas como Estatuinha (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri), Leilão (Hekel Tavares e Joracy Camargo) e Paixão e Fé (Tavinho Moura e Fernando Brant). A produção - capitaneada por Ricardo Mosca com o violonista Michi Ruztischka e a própria Ilana Volcov - embala esse cancioneiro regional com engenhoso bom gosto. O arranjo coletivo de O Trem (Karina Bhur), por exemplo, remete ao som de locomotiva sobre os trilhos do Brasil interiorano que, na voz mansa de Ilana, ressurge com leveza em temas como Onde Eu Nasci Passa um Rio (Caetano Veloso), Procissão da Padroeira (Guinga e Paulo César Pinheiro) e O Namorico da Rita (Antônio Mestre e Artur Ribeiro), faixa de tom espirituoso realçado pelo clarinete de Alexandre Ribeiro. E, entre várias músicas que soam praticamente inéditas pelo fato de serem tão pouco gravadas ou mesmo ouvidas, há até um Noel Rosa (1910 - 1937) mais lento e trágico de 1933, Quando o Samba Acabou, que somente não surpreende porque foi resgatado por Martinho da Vila em seu recente CD-tributo Poeta da Cidade (2010), lançado em maio. Coincidência que não dilui o teor de encantamento de Bangüê, belo disco que põe Ilana Volcov na linha de frente das cantoras brasileiras identificadas com uma MPB localizada em tempos idos.
Este cd é lindo. Não conhecia a cantora e ganhei o cd numa promoção da Tratore. Repertório bem escolhido, interpretação bem cuidada, afinada, sem arroubos, literalmente brasileiro.
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