Faour compila samba raro e inédito de Alcione
Resenha de CD
Título: Sabiá Marrom - O Samba Raro de Alcione
Artista: Alcione
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * *
Em 1977, encantado pela voz de Alcione, o maestro francês Paul Mauriat compôs com Pierre Delanoe um belo tema em tributo à cantora, inicialmente sem letra. Quando os versos em português foram feitos por Totonho e Paulinho Rezende, a música recebeu o título de Sabiá Marrom e foi gravada por Alcione para o álbum Gostoso Veneno (1979). Inexplicavelmente, pois o samba é lindo, Sabiá Marrom acabou sobrando na seleção final do disco e permaneceu inédito por longos 31 anos. Até ser desencavado pelo jornalista Rodrigo Faour para dar título a uma coletânea essencial para todos os admiradores da cantora. Além de trazer três (boas) sobras inéditas de discos gravados pela cantora na antiga Philips, Sabiá Marrom - O Samba Raro de Alcione reconstitui em 20 faixas os primeiros passos de Alcione no mercado fonográfico, nos anos 70, trazendo para o formato digital gravações feitas para compactos já raríssimos e para coletâneas nunca lançadas em CD.
Sabiá Marrom, o samba de Mauriat, já justificaria o lançamento da coletânea por si só. Contudo, os fãs de Alcione vão se encantar também com Não Suje o meu Caixão (Panela e Garrafão), samba arranjado em clima de gafieira e gravado (mas não lançado) no primeiro álbum da artista, A Voz do Samba (1975). A terceira inédita é Pôr do Sol (André Mingas e Manuel Rui), samba dolente que destila melancolia em versos poéticos. É sobra do álbum E Vamos à Luta (1980). Tão desconhecida quanto os quatro fonogramas do compacto duplo Os Melhores Sambas Enredo de 75 (1975). Ano fértil para os compositores do gênero, 1975 rendeu sambas-enredos como Festa do Círio Nazaré (Unidos de São Carlos), Imagens Poéticas de Jorge Lima (Mangueira), O Mundo Fantástico do Uirapuru (Mocidade Independente de Padre Miguel) e O Segredo das Minas do Rei do Salomão (Salgueiro), gravados por Alcione logo após o Carnaval daquele ano. Três anos antes, em 1972, a Marrom debutava no mercado fonográfico com um compacto simples que trazia Figa de Guiné (Reginaldo Bessa e Nei Lopes) e O Sonho Acabou (tema em que o compositor Gilberto Gil inventariava a ressaca dos anos 60 com abordagem pop e pós-tropicalista inusitada na trajetória de Alcione). A esse compacto que não obteve repercussão, seguiu-se um outro, em 1973, com Tem Dendê (outra parceria de Reginaldo Bessa e Nei Lopes - também ouvida na coletânea em registro ao vivo lançado ainda em 1973 no LP Catedral do Samba). Ainda em 1973, Alcione regravaria Desafio (Luiz Américo, Bráulio de Castro e Clóvis de Lima) - samba que fazia sucesso na voz do cantor Luiz Américo - para a coletânea Máximo de Sucessos Nº 9. No volume 11 desta série, lançado em 1974, Alcione marcaria nova presença com regravação de samba-canção de cepa mais nobre, Linda Flor (Henrique Vogeler, Marques Porto, Luiz Peixoto e Cândido Costa). Tais gravações eram tentativas de Roberto Menescal - então no posto de diretor artístico da gravadora Philips - de emplacar Alcione. Mas o sucesso veio somente com o álbum gravado em 1975, no qual despontou O Surdo, ouvido na coletânea em curiosa versão espanhol intitulada El Bombo e editada em compacto de 1980 em alguns países de língua hispânica do mercado latino. Deste mesmo compacto, a compilação recupera Que Dilema, a versão em espanhol de Sufoco (1978). Por fim, Sabiá Marrom rebobina participações de Alcione em discos de colegas. Se os arretados duetos com Chico Buarque (O Casamento dos Pequenos Burgueses, 1979) e João Nogueira (De Babado, 1981) não fazem jus ao status de raridades, o mesmo não pode ser dito de Fim de Festa, gravação feita pela Marrom com Leci Brandão para um álbum de Leci, Essa Tal Criatura (1980), ainda inédito em CD. O belo samba é parceria bissexta de Leci com a violonista Rosinha de Valença (1941 - 2004). Enfim, a coletânea reúne relíquias da pré-história fonográfica de Alcione - com direito a encarte com texto assinado por Faour e à reprodução de capas dos compactos, coletâneas e álbuns que forneceram os fonogramas que moldaram o samba raro de Sabiá Marrom. É um lançamento indispensável!!!
Título: Sabiá Marrom - O Samba Raro de Alcione
Artista: Alcione
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * *
Em 1977, encantado pela voz de Alcione, o maestro francês Paul Mauriat compôs com Pierre Delanoe um belo tema em tributo à cantora, inicialmente sem letra. Quando os versos em português foram feitos por Totonho e Paulinho Rezende, a música recebeu o título de Sabiá Marrom e foi gravada por Alcione para o álbum Gostoso Veneno (1979). Inexplicavelmente, pois o samba é lindo, Sabiá Marrom acabou sobrando na seleção final do disco e permaneceu inédito por longos 31 anos. Até ser desencavado pelo jornalista Rodrigo Faour para dar título a uma coletânea essencial para todos os admiradores da cantora. Além de trazer três (boas) sobras inéditas de discos gravados pela cantora na antiga Philips, Sabiá Marrom - O Samba Raro de Alcione reconstitui em 20 faixas os primeiros passos de Alcione no mercado fonográfico, nos anos 70, trazendo para o formato digital gravações feitas para compactos já raríssimos e para coletâneas nunca lançadas em CD.
Sabiá Marrom, o samba de Mauriat, já justificaria o lançamento da coletânea por si só. Contudo, os fãs de Alcione vão se encantar também com Não Suje o meu Caixão (Panela e Garrafão), samba arranjado em clima de gafieira e gravado (mas não lançado) no primeiro álbum da artista, A Voz do Samba (1975). A terceira inédita é Pôr do Sol (André Mingas e Manuel Rui), samba dolente que destila melancolia em versos poéticos. É sobra do álbum E Vamos à Luta (1980). Tão desconhecida quanto os quatro fonogramas do compacto duplo Os Melhores Sambas Enredo de 75 (1975). Ano fértil para os compositores do gênero, 1975 rendeu sambas-enredos como Festa do Círio Nazaré (Unidos de São Carlos), Imagens Poéticas de Jorge Lima (Mangueira), O Mundo Fantástico do Uirapuru (Mocidade Independente de Padre Miguel) e O Segredo das Minas do Rei do Salomão (Salgueiro), gravados por Alcione logo após o Carnaval daquele ano. Três anos antes, em 1972, a Marrom debutava no mercado fonográfico com um compacto simples que trazia Figa de Guiné (Reginaldo Bessa e Nei Lopes) e O Sonho Acabou (tema em que o compositor Gilberto Gil inventariava a ressaca dos anos 60 com abordagem pop e pós-tropicalista inusitada na trajetória de Alcione). A esse compacto que não obteve repercussão, seguiu-se um outro, em 1973, com Tem Dendê (outra parceria de Reginaldo Bessa e Nei Lopes - também ouvida na coletânea em registro ao vivo lançado ainda em 1973 no LP Catedral do Samba). Ainda em 1973, Alcione regravaria Desafio (Luiz Américo, Bráulio de Castro e Clóvis de Lima) - samba que fazia sucesso na voz do cantor Luiz Américo - para a coletânea Máximo de Sucessos Nº 9. No volume 11 desta série, lançado em 1974, Alcione marcaria nova presença com regravação de samba-canção de cepa mais nobre, Linda Flor (Henrique Vogeler, Marques Porto, Luiz Peixoto e Cândido Costa). Tais gravações eram tentativas de Roberto Menescal - então no posto de diretor artístico da gravadora Philips - de emplacar Alcione. Mas o sucesso veio somente com o álbum gravado em 1975, no qual despontou O Surdo, ouvido na coletânea em curiosa versão espanhol intitulada El Bombo e editada em compacto de 1980 em alguns países de língua hispânica do mercado latino. Deste mesmo compacto, a compilação recupera Que Dilema, a versão em espanhol de Sufoco (1978). Por fim, Sabiá Marrom rebobina participações de Alcione em discos de colegas. Se os arretados duetos com Chico Buarque (O Casamento dos Pequenos Burgueses, 1979) e João Nogueira (De Babado, 1981) não fazem jus ao status de raridades, o mesmo não pode ser dito de Fim de Festa, gravação feita pela Marrom com Leci Brandão para um álbum de Leci, Essa Tal Criatura (1980), ainda inédito em CD. O belo samba é parceria bissexta de Leci com a violonista Rosinha de Valença (1941 - 2004). Enfim, a coletânea reúne relíquias da pré-história fonográfica de Alcione - com direito a encarte com texto assinado por Faour e à reprodução de capas dos compactos, coletâneas e álbuns que forneceram os fonogramas que moldaram o samba raro de Sabiá Marrom. É um lançamento indispensável!!!
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Em 1977, encantado pela voz de Alcione, o maestro francês Paul Mauriat compôs com Pierre Delanoe um belo tema em tributo à cantora, inicialmente sem letra. Quando os versos em português foram feitos por Totonho e Paulinho Rezende, a música recebeu o título de Sabiá Marrom e foi gravada por Alcione para o álbum Gostoso Veneno (1979). Inexplicavelmente, pois o samba é lindo, Sabiá Marrom acabou sobrando na seleção final do disco e permaneceu inédito por longos 31 anos. Até ser desencavado pelo jornalista Rodrigo Faour para dar título a uma coletânea essencial para todos os admiradores da cantora. Além de trazer três (boas) sobras inéditas de discos gravados pela cantora na antiga Philips, Sabiá Marrom - O Samba Raro de Alcione reconstitui em 20 faixas os primeiros passos de Alcione no mercado fonográfico, nos anos 70, trazendo para o formato digital gravações feitas para compactos já raríssimos e para coletâneas nunca lançadas em CD.
Sabiá Marrom, o samba de Mauriat, já justificaria o lançamento da coletânea por si só. Contudo, os fãs de Alcione vão se encantar também com Não Suje o meu Caixão (Panela e Garrafão), samba arranjado em clima de gafieira e gravado (mas não lançado) no primeiro álbum da artista, A Voz do Samba (1975). A terceira inédita é Pôr do Sol (André Mingas e Manuel Rui), samba dolente que destila melancolia em versos poéticos. É sobra do álbum E Vamos à Luta (1980). Tão desconhecida quanto os quatro fonogramas do compacto duplo Os Melhores Sambas Enredo de 75 (1975). Ano fértil para os compositores do gênero, 1975 rendeu sambas-enredos como Festa do Círio Nazaré (Unidos de São Carlos), Imagens Poéticas de Jorge Lima (Mangueira), O Mundo Fantástico do Uirapuru (Mocidade Independente de Padre Miguel) e O Segredo das Minas do Rei do Salomão (Salgueiro), gravados por Alcione logo após o Carnaval daquele ano. Três anos antes, em 1972, a Marrom debutava no mercado fonográfico com um compacto simples que trazia Figa de Guiné (Reginaldo Bessa e Nei Lopes) e O Sonho Acabou (tema em que o compositor Gilberto Gil inventariava a ressaca dos anos 60 com abordagem pop e pós-tropicalista inusitada na trajetória de Alcione). A esse compacto que não obteve repercussão, seguiu-se um outro, em 1973, com Tem Dendê (outra parceria de Reginaldo Bessa e Nei Lopes - também ouvida na coletânea em registro ao vivo lançado ainda em 1973 no LP Catedral do Samba). Ainda em 1973, Alcione regravaria Desafio (Luiz Américo, Bráulio de Castro e Clóvis de Lima) - samba que fazia sucesso na voz do cantor Luiz Américo - para a coletânea Máximo de Sucessos Nº 9. No volume 11 desta série, lançado em 1974, Alcione marcaria nova presença com regravação de samba-canção de cepa mais nobre, Linda Flor (Henrique Vogeler, Marques Porto, Luiz Peixoto e Cândido Costa). Tais gravações eram tentativas de Roberto Menescal - então no posto de diretor artístico da gravadora Philips - de emplacar Alcione. Mas o sucesso veio somente com o álbum gravado em 1975, no qual despontou O Surdo, ouvido na coletânea em curiosa versão espanhol intitulada El Bombo e editada em compacto de 1980 em alguns países de língua hispânica do mercado latino. Deste mesmo compacto, a compilação recupera Que Dilema, a versão em espanhol de Sufoco (1978). Por fim, Sabiá Marrom rebobina participações de Alcione em discos de colegas. Se os arretados duetos com Chico Buarque (O Casamento dos Pequenos Burgueses, 1979) e João Nogueira (De Babado, 1981) não fazem jus ao status de raridades, o mesmo não pode ser dito de Fim de Festa, gravação feita pela Marrom com Leci Brandão para um álbum de Leci, Essa Tal Criatura (1980), ainda inédito em CD. O belo samba é parceria bissexta de Leci com a violonista Rosinha de Valença (1941 - 2004). Enfim, a coletânea reúne relíquias da pré-história fonográfica de Alcione - com direito a encarte com texto assinado por Faour e à reprodução de capas dos compactos, coletâneas e álbuns que forneceram os fonogramas que moldaram o samba raro de Sabiá Marrom. É um lançamento indispensável!!!
Caramba!!!
Que maravilha. Meu candidato a cd do ano e de muitos anos que virão.
abração,
Denilson
Beleza! Aguardo ansioso esta coletânea. Aliás, coletâneas boas são essas com raridades! Não aquelas que só mudam a capa. Abraços,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Muito indispensável! adorei a resenha, Marrom aarasaaaaaaaaaa.
Maravilha!!! Já garanti o meu!
Acho o canto da Alcione perfeito: volume, afinação, intensidade. Que bom que teremos a oportunidade de tê-la sob um repertório mais de acordo com suas excelentes características vocais. Salve a Marrom !!!!!!
Esse projeto sim, Vale à pena!!!
Não há muito o que comentar, Mauro foi perfeito. Faço das palavras dele as minhas: "É um lançamento indispensável!!!"
Alcione é a voz de uma pessoa vitoriosa.
Linda capa. Uma vez ouvi uma gravação da Alcione com o Alceu Valença. Queria muito saber que música era.
Que capa linda!!!
Caramba!
Alcione no seu melhor!
Tudo.
Tem dende é demais! Sàbia marrom uma coisa de linda.
Estranho você não ter citado a beleza de "Planos de papel" do Raul Seixas e a interpretação absurda de perfeita da Marron!
Fim de festa, linda! Viva a Leci!
Dispensaria as canções em espanhol.
Mas finalmente um lançamento essencial!
Este lançamento é fruto de um trabalho maravilhoso.E prova o que jà sabemos que é um dever fazer uma caixa da Marron com os discos feitos na Universal.Viva a Marron!
Esse sim, é um discão arretado!!
Deverá ser o melhor disco do ano.
Valeu Faour!!!
Além da mravilhosa ideia de juntar essas raridades todas, o cd é feliz também porque são ótimas músicas.
Valeu, Faour.
Um abraço de todos os fãs de Alcione.
Que este seja inspirador para o disco da biscoito fino.
Rodrigo Faour sempre nos brinda com maravilhas, fruto de suas pesquisas, senso de oportunidade e gosto refinado.
Que venham outros trabalhos!
(Mauro, sua resenha está ótima! Um convite a uma boa audição!)
Meu amigo Faour é demais!!! Sempre nos brindando com maravilhas!!!
TOMARA QUE AGORA O FAOUR, NOS BRINDE COM UM CD ALCIONE RARIDADES DA ÉPOCA BMG.
Podem pendurar o beição, atirar as flechas mais sorrateiras e envenenadas, mas cantando samba... não tem pra ninguém. É a melhor cantora do gênero.
LITO
SIMPLESMENTE MARAVILHOSO !!!!
O FAOUR É O MELHOR DE TODOS QUE EXISTEM NO RIO DE JANEIOR, ÓTMIO CRÍTICO, BEM COLOCADO E RESPEITADO, NÃO É UM QUALQUERZINHO!!!!
Anônimo concordo plenamente consigo, Faour é melhor de todos os criticos, bem colocado e respeitador, não é como muitos que falam e falam e no final das contas detona com o artista, sem falar que além de defamar não tem a capacidade de criar um trabalho lindo como este.
Parabéns Faour que Deus te conserve assim e que voc~e nunca possa vir a ser igual a um qualuquerzinho!
Douglas - MG
Comprei o CD "O samba raro de Alcione" nesta semana. Não conhecia nenhuma das músicas ali cantadas (exceto O Surdo e Sufoco em portugues, jamais em espanhol). Impressionante. Diria que conheci uma nova cantora, com o mesmo nome de uma outra Alcione, que hoje é sinonimo de musica dor de cotovelo e lacrimejante.
Daí eu pergunto: por que a Marrom abandonou aquele estilo tão lindo e contagiante de cantar? Apenas questões comerciais?? Se assim fosse, imagino que já deveria ter retomado o lado "cantora de verdade", já que a industria de discos está decadente.
Ainda terá tempo para Alcione se reencontrar?? Eu acho que sim!! A começar, poderia regravar e colocar num disco a linda "Sabiá Marrom", uma vez que não entrou em nenhum de seus discos oficiais.
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