15 de maio de 2010

Sullivan revive seu tempo áureo com Massadas

Resenha de CD e DVD
Título: Na Linha do
Tempo - Ao Vivo
Artista: Michael
Sullivan
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Donatário das paradas populares dos anos 80, Michael Sullivan assume o microfone e inventaria a parte mais substancial de já banalizada obra autoral no seu primeiro DVD, Na Linha do Tempo, cuja gravação ao vivo está sendo editada simultaneamente em dois CDs vendidos de forma avulsa. A revisão é tão completa quanto pálida. Os coros excessivos que empastelam as regravações evidenciam o gosto duvidoso do artista na abordagem de músicas compostas ao longo de carreira que ganhou projeção em 1976 com o estouro da balada My Life, feita e gravada em inglês. Mas é justo reconhecer que a obra de Michael Sullivan & Paulo Massadas - mesmo pautada no todo pela banalidade e mesmo diluída pela produção em escala industrial que esvaziou a inspiração da dupla - tem valor dentro da canção popular brasileira. Ainda que Sullivan não seja o ideal intérprete deste repertório popular, são agradáveis os caminhos melódicos trilhados por músicas como Leva, Um Dia de Domingo (regravada com o piano e a voz de Daniel Jobim), Amor Perfeito, Deslizes, Dois (bela balada composta com Paulo Ricardo), Nem Morta e Estranha Loucura. São músicas que ampliaram as vendas e os públicos de cantores como Tim Maia (1942 - 1998), Rosana, Gal Costa, Joanna e Sandra de Sá, entre muitos outros. É fato que a imposição dessas músicas ao elenco nacional da gravadora então denominada BMG-Ariola criou um ranço em torno dos nomes de Sullivan & Massadas. Mas é fato também que, ouvidos e analisados em perspectiva, os maiores hits da produção da dupla resistem ao tempo e já atravessam gerações. Tanto que Jorge Aragão aceitou reviver o samba Talismã - lançado por Elson do Forrogode - com Sullivan em dueto que flui bem. Mais inusitada é a presença de Arnaldo Antunes no show gravado no Playrec Studios, em Santos (SP), em 22 de setembro de 2009. Com sua voz cavernosa, Antunes recita a parte falada de Me Dê Motivo, primeiro grande hit de Sullivan & Massadas, hoje um clássico cult da dor-de-corno. A faixa cita Você, música de Tim Maia, intérprete que lançou Me Dê Motivo em 1983. Já Carlinhos Brown - parceiro de Sullivan na recente balada Quanto ao Tempo, exemplo do mau uso do coro no registro ao vivo - entoa Retratos e Canções, balada-xarope que impulsionou as vendas do álbum gravado por Sandra de Sá em 1986 ao lado de Não Vá (samba na época creditado a Sandra e Mirna, mas que, na realidade, era de Sullivan & Massadas) e de Joga Fora, dois sucessos também postos pelo hitmaker nesta sua Linha do Tempo. Brown é o parceiro mais constante de Sullivan na atualidade. São dos dois o sambossa Doce Cabana, gravado com as adesões de Martinho da Vila, Roberto Menescal e Daniel Jobim. Enfim, por mais que os arranjos (do maestro Julinho Teixeira e do próprio Sullivan) sejam insossos, o sabor palatável das melodias se impõe acima da embalagem trivial. A maior parte da obra de Michael Sullivan - vale repetir - é de acabamento tosco (basta ver a letra açucarada de Amanhã Talvez). Mas a maioria das músicas reunidas neste projeto retrospectivo tem, sim, apelo popular. E saber falar a língua do povo é qualidade essencial para fazedores de hits como Michael Sullivan, um compositor irregular.
P.S.: Ao contrário do que diz o release veiculado pela Universal Music, ao listar intérpretes que gravaram músicas de Michael Sullivan, Maria Bethânia nunca cantou composição do hitmaker.

17 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Donatário das paradas populares dos anos 80, Michael Sullivan assume o microfone e inventaria a parte mais substancial de já banalizada obra autoral no seu primeiro DVD, Na Linha do Tempo, cuja gravação ao vivo está sendo editada simultaneamente em dois CDs vendidos de forma avulsa. A revisão é tão completa quanto pálida. Os coros excessivos que empastelam as regravações evidenciam o gosto duvidoso do artista na abordagem de músicas compostas ao longo de carreira que ganhou projeção em 1976 com o estouro da balada My Life, feita e gravada em inglês. Mas é justo reconhecer que a obra de Michael Sullivan & Paulo Massadas - mesmo pautada no todo pela banalidade e mesmo diluída pela produção em escala industrial que esvaziou a inspiração da dupla - tem valor dentro da canção popular brasileira. Ainda que Sullivan não seja o ideal intérprete deste repertório popular, são agradáveis os caminhos melódicos trilhados por músicas como Leva, Um Dia de Domingo (regravada com o piano e a voz de Daniel Jobim), Amor Perfeito, Deslizes, Dois (bela balada composta com Paulo Ricardo), Nem Morta e Estranha Loucura. São músicas que ampliaram as vendas e os públicos de cantores como Tim Maia (1942 - 1998), Rosana, Gal Costa, Joanna e Sandra de Sá, entre muitos outros. É fato que a imposição dessas músicas ao elenco nacional da gravadora então denominada BMG-Ariola criou um ranço em torno dos nomes de Sullivan & Massadas. Mas é fato também que, ouvidos e analisados em perspectiva, os maiores hits da produção da dupla resistem ao tempo e já atravessam gerações. Tanto que Jorge Aragão aceitou reviver o samba Talismã - lançado por Elson do Forrogode - com Sullivan em dueto que flui bem. Mais inusitada é a presença de Arnaldo Antunes no show gravado no Playrec Studios, em Santos (SP), em 22 de setembro de 2009. Com sua voz cavernosa, Antunes recita a parte falada de Me Dê Motivo, primeiro grande hit de Sullivan & Massadas, hoje um clássico cult da dor-de-corno. A faixa cita Você, música de Tim Maia, intérprete que lançou Me Dê Motivo em 1983. Já Carlinhos Brown - parceiro de Sullivan na recente balada Quanto ao Tempo, exemplo do mau uso do coro no registro ao vivo - entoa Retratos e Canções, balada-xarope que impulsionou as vendas do álbum gravado por Sandra de Sá em 1986 ao lado de Não Vá (samba na época creditado a Sandra e Mirna, mas que, na realidade, era de Sullivan & Massadas) e de Joga Fora, dois sucessos também postos pelo hitmaker nesta sua Linha do Tempo. Brown é o parceiro mais constante de Sullivan na atualidade. São dos dois o sambossa Doce Cabana, gravado com as adesões de Martinho da Vila, Roberto Menescal e Daniel Jobim. Enfim, por mais que os arranjos (do maestro Julinho Teixeira e do próprio Sullivan) sejam insossos, o sabor palatável das melodias se impõe acima da embalagem trivial. A maior parte da obra de Michael Sullivan - vale repetir - é de acabamento tosco (basta ver a letra açucarada de Amanhã Talvez). Mas a maioria das músicas reunidas neste projeto retrospectivo tem, sim, apelo popular. E saber falar a língua do povo é qualidade essencial para fazedores de hits como Michael Sullivan, um compositor irregular.

15 de maio de 2010 às 17:30  
Anonymous Anônimo said...

PS.2: Nem Sá & Guarabyra

15 de maio de 2010 às 23:03  
Blogger valderiofreire said...

Sullivan e Massadas formaram uma dupla que produziu várias canções eternizadas na década de 80 até começo de 90. Mas considero que teve muita porcaria que é dita como MPB, que colocam as músicas da dupla como acima de qualquer suspeita!

15 de maio de 2010 às 23:47  
Anonymous Anônimo said...

pois é bethania e sá e guarabira se recusaram a gravar estas porcarias.
bethania com sua aura de diva conseguiu sair incólume, já sá e guarabira pagaram um alto preço por sua independência sendo colocados na geladeira pela gravadora e tendo suas carreiraa prejudicadas.

16 de maio de 2010 às 03:14  
Anonymous Anônimo said...

Uma vez vi a entrevista do Sullivan no Samba de Primeira e ao lado dele estava a Beth. Ele confidenciou que dos GRANDES só faltavam Beth, Martinho e Bethânia gravá-lo(s). Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

16 de maio de 2010 às 12:46  
Blogger Neto said...

Neto
Listen Without Prejudice

16 de maio de 2010 às 16:17  
Anonymous Rebbekah said...

Shalom Marcelo,

Tá certo que Beth, Martinho e Bethânia são grandes nomes da MPB mas Sullivan sabe bem que estes não foram os ÚNICOS grandes que NÃO gravaram.E Gil?Chico?Caetano?Elba?

16 de maio de 2010 às 16:45  
Anonymous Anônimo said...

Elba Ramalho tb nunca gravou músicas da dupla.

16 de maio de 2010 às 18:48  
Anonymous Anônimo said...

Cara Rebbekah,

Eu não sabia, mas as palavras não foram minhas, foram do próprio compositor. Abração,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

17 de maio de 2010 às 08:47  
Blogger Julio César Biar said...

Pois é, não gravou Sullivan & Massadas mas gravou Zezé Di Carmago...

17 de maio de 2010 às 10:04  
Anonymous Anônimo said...

Não gravou porquê não quis.Pois foi oferecido.

17 de maio de 2010 às 18:57  
Anonymous Anônimo said...

Por isso mesmo. Não é qualquer um(a) que grava qualquer coisa. Já existem artistas o suficiente que deixam as gravadoras meterem o bedelho.

18 de maio de 2010 às 08:44  
Anonymous Anônimo said...

Mas Bethânia ficaria a vontade num Sullivan & Massadas

18 de maio de 2010 às 10:40  
Anonymous Anônimo said...

Oi Mauro, me perdoe a áspereza, mas creio que fazer a resenha de um dvd é mais do que emitir publicamente o seu gosto pessoal sobre o mesmo. Eu comprei este dvd anteontem e achei-o muito interessante. Ao contrário do que falas, achei os arranjos e a banda maravilhosos, que elegância! Concordo com você sobre a balada "Dois", para mim é a melhor música do dvd.
Achei as vozes um pouco altas em alguns momentos, mas me parece ser mais algo da mixagem do que do arranjo. Os teclados Hammond, Fender Rhodes mostram a veia soul do trabalho, que é bem diferente do estilo das gravações originais.
O pior do dvd é o menu, isso sim, é tosco...mas, no que diz respeito à música, achei-o soberbo. Eu daria 4 estrelas em 5. A estrela que falta viria da superficialidade do roteiro do show: näo há textos. Os extras do dvd säo medianos e a entrevista näo é muito natural, é um festival de cortes.
Bom, é isso... :)
Abs

18 de maio de 2010 às 13:16  
Anonymous Anônimo said...

Sullivan parece discípulo de um certo Presidente da República, conterrâneo dele, que costuma dizer:" - Eu não sabia de nada !"

Para a turma que mandava e desmandava na BMG/RCA, serem aceitos espontaneamente por Fagner, Alcione, Gal, Joanna, Sandra de Sá etc. não era o suficiente. A ambição humana não tem limites. E quando ambição e poder se juntam... Eles tentaram empurrar suas músicas em cima de Sá & Guarabyra e, em não conseguindo, S & G foram para a geladeira. Seu último LP pela BMG/RCA mal teve divulgação. Nem encarte possuía.

Tentaram obrigar Alceu Valença gravar uma música deles chamada "Coração Besta" (palavras do próprio Alceu!). Geraldo Azevedo se apresentou recentemente num programa da TV Senado ou TV Câmara, e contou um episódio muito parecido que se passou na segunda metade dos anos 80. Não citou nomes - mas é só verificar a discografia de Geraldo para saber com que gravadora ele tinha contrato nessa época.
TRIS-TE

18 de maio de 2010 às 15:28  
Anonymous Anônimo said...

Mesma coisa com a Beth, mas ela era estrela da gravadora e foi respeitada. Depois acabou rompendo com a BMG/RCA.

18 de maio de 2010 às 19:24  
Anonymous Anônimo said...

Acho que sua resenha (pois não foi uma critica sobre o trabalho do michael sullivan) foi uma tentativa frustrada de diminuir o talento e a obra desse artista que já tem 40 anos de sobrevivência na música, desse artista que é respeitado e por isso divide o palco com ícones da música brasileira. Achei sua resenha totalmente pessoal e fora da realidade. Não entendi o surto...
Nunca tinha lido nada seu, pois sou um leitor assíduo do blog, tão incoerente.

Como uma obra pode ser banal, se você própio gosta da bela balada "Dois" e elogia as melodias (com medo de falar musicas) de Michael Sullivan como Leva, Um Dia de Domingo, Nem Morta e Estranha Loucura, Deslizes, Amor Perfeito entre outras.
Você não concorda que apenas uma música é mais do que suficiente para fazer a diferença, para mostrar que a arte de Sullivan fez sua parte na música, com apenas a musica "Dois" ? Uma musica já é uma obra rica...
Eu pessoalmente acho que Michael Sullivan tem músicas belíssimas e nao preciso gostar de todas. Mas nesse DVD vê-se o lirismo e a grande sensibilidade dele em Nem Morta/ Estranha Loucura, na regravação acertada da música "Nunca", o lirismo do arranjo de " Um Dia de Domingo" com a ponderação bem dita de Daniel Jobim (que tem a quem puxar).
E as musicas Inéditas, ótimas! Mostrando que Sullivan tem muito a oferecer para seu publico banal, linda a faixa " Doce Cabana" que sofisticação!
PA.RA.BE.NS MICHAEL SULLIVAN, LINDO DVD!!

19 de maio de 2010 às 01:40  

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