Leny acerta o exato tom do bolero em Alma Mía
Resenha de CD
Título: Alma Mía
Artista: Leny Andrade
Gravadora: Fina Flor
Cotação: * * * *
Por ser gênero carregado de intensas paixões, o bolero é ritmo que joga cantoras na vala do sentimentalismo ralo. Mesmo sob a firme batuta de Armando Manzanero, Joanna - por exemplo - roçou o brega ao abordar o gênero em Intimidad (1998). Pecado não cometido por Nana Caymmi no luxuoso Sangre de mi Alma (2000). Já Leny Andrade passa longe da cafonice em Alma Mía, CD em que se vale de sua categoria vocal e de sua vivência no México - onde morou de 1966 a 1971 - para interpretar 14 boleros de boa cepa. Na verdade, são 13 boleros, pois El Día que me Quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera) - o tema que abre o disco em versão arrebatadora - é tango que se transmutou em bolero ao longo dos tempos. Quem conduz Leny no passeio sem erros pelo passional gênero nascido ainda no século 19 é o pianista Fernando Merlino, produtor do disco e autor dos arranjos urdidos com dose exata de sopros e cordas. O piano de Merlino sobressai em alguns registros, em especial no de Entonces (Arturo Castro), faixa de clima meio esfumaçado cuja introdução dispõe as cordas de forma inusitada em discos do gênero. Já Una Mañana é bolero temperado com leve molho cubano. A embalagem é refinada, mas a sofisticação maior reside no canto de Leny. Com a voz em forma, a intérprete acerta o tom exato de temas como Sabra Díos (Alvaro Carrillo), Vete de mi (Virgilio Expósito e Homero Expósito), Como Fue (Ernesto Duarte), Mía (Armando Manzanero), Nosotros (Pedro Junco) e Te me Olvidas (Vicente Garrido). Mesmo distante dos improvisos do habitual universo do samba-jazz, a cantora insere apropriados scats ao fim de Lluvia en la Tarde (Arturo Castro) sem trair o clima apaixonado do disco. E vale ressaltar que a seleção é interessante porque prioriza boleros menos batidos. O único senão do disco é uma certa linearidade reiterada à medida em que avançam as 14 faixas. O que não empana o brilho e o valor deste Alma Mía. Leny Andrade põe sua voz e sua alma brasileira - mas apegada ao México neste belo CD - a serviço de um gênero que vai sempre resistir ao tempo porque fala direto aos corações.
Título: Alma Mía
Artista: Leny Andrade
Gravadora: Fina Flor
Cotação: * * * *
Por ser gênero carregado de intensas paixões, o bolero é ritmo que joga cantoras na vala do sentimentalismo ralo. Mesmo sob a firme batuta de Armando Manzanero, Joanna - por exemplo - roçou o brega ao abordar o gênero em Intimidad (1998). Pecado não cometido por Nana Caymmi no luxuoso Sangre de mi Alma (2000). Já Leny Andrade passa longe da cafonice em Alma Mía, CD em que se vale de sua categoria vocal e de sua vivência no México - onde morou de 1966 a 1971 - para interpretar 14 boleros de boa cepa. Na verdade, são 13 boleros, pois El Día que me Quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera) - o tema que abre o disco em versão arrebatadora - é tango que se transmutou em bolero ao longo dos tempos. Quem conduz Leny no passeio sem erros pelo passional gênero nascido ainda no século 19 é o pianista Fernando Merlino, produtor do disco e autor dos arranjos urdidos com dose exata de sopros e cordas. O piano de Merlino sobressai em alguns registros, em especial no de Entonces (Arturo Castro), faixa de clima meio esfumaçado cuja introdução dispõe as cordas de forma inusitada em discos do gênero. Já Una Mañana é bolero temperado com leve molho cubano. A embalagem é refinada, mas a sofisticação maior reside no canto de Leny. Com a voz em forma, a intérprete acerta o tom exato de temas como Sabra Díos (Alvaro Carrillo), Vete de mi (Virgilio Expósito e Homero Expósito), Como Fue (Ernesto Duarte), Mía (Armando Manzanero), Nosotros (Pedro Junco) e Te me Olvidas (Vicente Garrido). Mesmo distante dos improvisos do habitual universo do samba-jazz, a cantora insere apropriados scats ao fim de Lluvia en la Tarde (Arturo Castro) sem trair o clima apaixonado do disco. E vale ressaltar que a seleção é interessante porque prioriza boleros menos batidos. O único senão do disco é uma certa linearidade reiterada à medida em que avançam as 14 faixas. O que não empana o brilho e o valor deste Alma Mía. Leny Andrade põe sua voz e sua alma brasileira - mas apegada ao México neste belo CD - a serviço de um gênero que vai sempre resistir ao tempo porque fala direto aos corações.
22 Comments:
Por ser gênero carregado de intensas paixões, o bolero é ritmo que joga cantoras na vala do sentimentalismo ralo. Mesmo sob a firme batuta de Armando Manzanero, Joanna - por exemplo - roçou o brega ao abordar o gênero em Intimidad (1998). Pecado não cometido por Nana Caymmi no luxuoso Sangre de mi Alma (2000). Já Leny Andrade passa longe da cafonice em Alma Mía, CD em que se vale de sua categoria vocal e de sua vivência no México - onde morou de 1966 a 1971 - para interpretar 14 boleros de boa cepa. Na verdade, são 13 boleros, pois El Día que me Quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera) - o tema que abre o disco em versão arrebatadora - é tango que se transmutou em bolero ao longo dos tempos. Quem conduz Leny no passeio sem erros pelo passional gênero nascido ainda no século 19 é o pianista Fernando Merlino, produtor do disco e autor dos arranjos urdidos com dose exata de sopros e cordas. O piano de Merlino sobressai em alguns registros, em especial no de Entonces (Arturo Castro), faixa de clima meio esfumaçado cuja introdução dispõe as cordas de forma inusitada em discos do gênero. Já Una Mañana é bolero temperado com leve molho cubano. A embalagem é refinada, mas a sofisticação maior reside no canto de Leny. Com a voz em forma, a intérprete acerta o tom exato de temas como Sabra Díos (Alvaro Carrillo), Vete de mi (Virgilio Expósito e Homero Expósito), Como Fue (Ernesto Duarte), Mía (Armando Manzanero), Nosotros (Pedro Junco) e Te me Olvidas (Vicente Garrido). Mesmo distante dos improvisos do habitual universo do samba-jazz, a cantora insere apropriados scats ao fim de Lluvia en la Tarde (Arturo Castro) sem trair o clima apaixonado do disco. E vale ressaltar que a seleção é interessante porque prioriza boleros menos batidos. O único senão do disco é uma certa linearidade reiterada à medida em que avançam as 14 faixas. O que não empana o brilho e o valor deste Alma Mía. Leny Andrade põe sua voz e sua alma brasileira - mas apegada ao México neste belo CD - a serviço de um gênero que vai sempre resistir ao tempo porque fala direto aos corações.
Uma coisa a Leny.
Que cantora!
Leny está em seu novo auge.
E Merlino merce loas. Craque que já tocou com Chico, Gal, Nana, Nelson Gonçalves e é presença constante em discos de samba produzidos por Rildo Hora é da mesma turma do Méier de onde veio Moacyr Luz, já gravado pela mesma Leny.
Um luxo ter Merlino ao lado de Leny.
Um luxo para os dois.
Carioca da Piedade, falando direto do subúrbio
Leny é maravilhosa, mas prefiro ela cantando num bom português.
Grande Leny!Adorável em todos os sentidos.Bolero bem cantado,bem musicado e bem composto,não deve nada a outros ritmos e estilos.Joanna roça o brega cantando qualquer coisa.Quanto a Nana Caymmi,apenas peca porque tem gravado boleros muito fracos fornecidos por autores bem medianos.É cantora demais,mas ninguém faz milagres.E o disco do MPB-4 em cima de versões de boleros clássicos,feitas por grandes compositores brasileiros,alguma notícia?
Para ouvidos MPBistas talvez não, mas eu - por ser fã de boleros - achei o repertório manjadissimo!
Muitas das canções regravadas por Leny já tiveram registros impecáveis de Luis Miguel( " Como fue " e " Nosotros ") e José Feliciano ( " Sabra Dios " )- aliás, essa última pode até soar familiar por aqui, pois " Sabra Dios " já ganhou interpertações de Dolores Duran, Nelson Ned, Cauby Peixoto, Angela Maria, Agnaldo Timoteo ...
" El Día que me Quieras " dispensa comentários!!," Mia " já foi regravado por Simone e " Te me Olvidas " virou fina estampa com Caetano Veloso. Mas independente disso, o repertório é, de fato, muito bonito mesmo! Vou ouvir sim!!
Un saludo a todos!
Diogo Santos
A faixa (?) título já foi gravada em 93 por Nana Caymmi - nossa embaixadora - em um belo album de boleros. Nana, quando lançou em 2000 outro album de boleros avisou " que tinha direito " pois havia morado na Venezuela!
Quanta bobagem. Gravação definitiva só a do autor. Por mais sublime que seja, não há gravação que seja definitiva. Sempre há uma nova leitura. João Gilberto sabe disso. Elis sabia disso. E Leny sabe. Tem um monte de músicas que ela não grava, mesmo gostando, para evitar comparações. Mas, clássicos são clássicos.
O disco da Nana foi sensacional, o do Caetano também (mesmo eu não gostando tanto). Mas, Leny, como qualquer um, pode gravar tudo que foi gravada.
Como disse Pessoa, o rio que passa na minha aldeia, não é o rio que passa na minha aldeia. Pois, eu e o rio não somos os mesmo sempre, complemento.
Vamos ouvir. Gostar ou não gostar, mas ficar de tititi defendendo a musa não dá. Bethania, Nana e Beth Carvalho tem talento, mas tem muito defensor surdo para o que é diferente. E isso não é preconceito. Isso começa com b e termina com e.
Carioca da Piedade, e não volta mais para postar sobre o disco. E viva Leny e Merlino e toda tropa
Quanta agressividade Carioca !!
Diogo,não tem essa de ouvidos MPBistas não!Tudo pode ser MPB.Leny esta fazendo agora um trabalho em que incursiona no tema.Parabéns a ela.Nana por exemplo ja fez demais,a ponto de saturar e de seus fornecedores de canções estarem atados e presos a essa condicional e limitações,resultando em repertório muito aquém do que Nana sempre gravou.Adoraria que Nana tomasse um pouquinho o lugar da Leny e fizesse um disco mais jazzistico.Já pensou com o Hélio Delmiro?
Os dois discos de bolero da Nana são irretocáveis. Os boleros em portugues que ela sempre acrescenta em seus discos não tanto, podem ser questionados. Mas o fato aqui é o disco de Leny Andrade que me parece fugir ao lugar comum bossa-jazzy e tem apuro técnico inquestionável. Ainda não parei para escutar completamente o cd, mas do pouco que ouvi gostei muito é mais um grande trabalho de Leny Andrade.
Entendi perfeitamente o que o leitor Diogo escreveu.Não li 'bobagens' no comentário dele mas parece que não conseguiram interpretar direito o que ele postou.Pra mim que não ouço boleros concluiria que todos os eleitos por Leny Andrade são 'menos batidos'.
Sofia Barreto
Guapimirim / RJ
Sem agressividade.
Bobagem é ficar achando que um é melhor que o outro só porque não é quem a gente quer, como a gente quer.
O problema é que alguns artistas tem defensores do tudo, e isso é ruim.
Eu, por exemplo, adoro Milton. Mas, sei que ele vem rateando.
Adoro Marisa, mas sei que ela joga na trave.
O "amrguramento" é contra aqueles que acham feio, apenas porque não é o espelho que possuem em casa.
Carioca da Piedade. Fui, que tenho que trabalhar. Se o chefe me pega ganho cartão vermelho.
Lendo a retórica do Sr. 15:22 lembrei dos meu tempos de faculdade e daquela famosa frase do Jaume Perich ( 'Meus amigos dizem que sou muito agressivo, porém me dizem gritando. ')?
O mais curioso é que li 'O problema é que alguns artistas tem defensores do tudo, e isso é ruim' graças ao mesmo Sr.15:22.
Sofia Barreto
Guapimirim/RJ
A Leny Andrade é ótima, mas o repertório é bem manjado sim. Concordo com Diogo Santos. Se Leny improvisou, acabou com o disco. Em show ela improvisa tanto que fica chato. Mas é espetacular como artista e cantora.
Pra mim que não ouço boleros concluiria que todos os eleitos por Leny Andrade são 'menos batidos'.(2)...e vão continuar sendo pois no me encanta la cantante y nem el ritmo,ok?
MAURO,O QUE SERIA ENTÃO UM CD DE BOLEROS BATIDOS?
Amo!!!
Meu sonho é ter um CD de Ney sobre o genero.
Um show de Leny chato? Quem é esse louco, uma cantora fantástica, músicos pra lá de competentes e repertório irretocável. Além do bom humor, das conversas com a platéia o swuingue... Chato pq é bom?
"Belíssimo trabalho. Com requinte e sofisticação. Não tão interpretativo como Nana Caymmi em "Sangue de mi alma"- 2000, e "Bolero"-1993,este com um bom repertório porém com arranjos muito pobres. Não concordo em dizer que "Itimidad"-1998, de Joanna seje brega. É apenas um projeto para um outro tipo de público. Seria mais coerente dizer que brega é o disco "Loca" -1998 da Simone. Este sim é o CD das cafonalhas, contendo em seu repertório diversas canções de Júlio Iglesias.
Joanna tem discos muito bons como "Joannna canta Lupicínio"-1993, e "Joanna Em samba canção"-1997, aonde recria clássicos da música Popular com arranjos e direções musicais de "Roberto Menescal", quem tem coragem de dizer que Lupicínio, Dolores Duran ou Ary Barroso é brega?
Leny é minha cantora preferida de todos os tempos, todos os lugares, todos os gêneros...pode cantar qualquer coisa com sua voz grave, de harmonia perfeita. Me orgulho de ser brasileira, de viver esse tempo em que Leny encanta.
Leny Andrade é a melhor cantora viva do Brasil. Ela é fantástica. Os jovens que são fã de Ivete Sangalo, Luãn Santana e etc, poderiam ouvir Leny e quem sabe ser fã de uma verdadeira cantora.
Postar um comentário
<< Home