Chico César voa bem alto na asa de João do Vale
Título: Na Asa do Vento
- João do Vale Cantado e Contado
Artista: Chico César, Teresa Cristina e Pedra Lispe
(com intervenções do ator Flávio Buaraqui)
Local: Teatro Nelson Rodrigues - Caixa Cultural RJ
Data: 15 de maio de 2010
Cotação: * * * *
Em cartaz até domingo, 16 de maio de 2010
João do Vale (1933 - 1996) foi sertanejo forte que driblou com bravura suas limitações sociais e construiu obra militante que denunciou injustiças ao mesmo tempo em que exercitou a verve maliciosa do ritmos nordestinos, em especial o xote e o baião. A riqueza e a poesia popular do cancioneiro maranhense saltam aos ouvidos no oportuno show Na Asa do Vento, idealizado para reverenciar a obra e a figura de Vale. Em cena, sob a direção teatral da atriz Inez Viana e sob a batuta musical do grupo carioca Pedra Lispe, os cantores Chico César e Teresa Cristina passeiam pela obra de Vale entre boas intervenções cênicas do ator Flávio Bauraqui, que encarna Vale e diz, na primeira pessoa, textos que revelam muito da personalidade e da ideologia firme do autor de Carcará. De quebra, Bauraqui defende Ouricuri (Segredos do Sertanejo) de forma tão convincente que foi ovacionado pelo ávido público que disputou até ingressos na concorrida estreia do show no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 15 de maio de 2010. Dez!!
João do Vale (1933 - 1996) foi sertanejo forte que driblou com bravura suas limitações sociais e construiu obra militante que denunciou injustiças ao mesmo tempo em que exercitou a verve maliciosa do ritmos nordestinos, em especial o xote e o baião. A riqueza e a poesia popular do cancioneiro maranhense saltam aos ouvidos no oportuno show Na Asa do Vento, idealizado para reverenciar a obra e a figura de Vale. Em cena, sob a direção teatral da atriz Inez Viana e sob a batuta musical do grupo carioca Pedra Lispe, os cantores Chico César e Teresa Cristina passeiam pela obra de Vale entre boas intervenções cênicas do ator Flávio Bauraqui, que encarna Vale e diz, na primeira pessoa, textos que revelam muito da personalidade e da ideologia firme do autor de Carcará. De quebra, Bauraqui defende Ouricuri (Segredos do Sertanejo) de forma tão convincente que foi ovacionado pelo ávido público que disputou até ingressos na concorrida estreia do show no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 15 de maio de 2010. Dez!!
Bauraqui brilha em suas intervenções, mas é Chico César quem voa mais alto na asa da música de Vale. Presença infelizmente já rara nos palcos cariocas, Chico rouba a cena com sua vivacidade desde o momento em que adentra o palco, com dança arretada, para cantar Sanharó Tambô (João do Vale e Luiz Guimarães, 1963), baião que incorpora a pulsação do tambor-de-crioula típico do Maranhão. Na sequência, com a mesma eletricidade, o artista entra na festa de Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley, 1970) e acompanha o ritmo corrido de Maria Filó (João do Vale e Luiz Vieira, 1956). Talvez pela intimidade com a cultura musical nordestina, Chico se mostre totalmente à vontade para encarar músicas como Carcará (João do Vale e José Cândido, 1965) e conquiste de imediato o público com presença e desenvoltura que ainda faltam ao canto e à figura terna de Teresa Cristina. Isso fica evidente nos duetos maliciosos em Pipira (João do Vale e José Batista, 1962) e Peba na Pimenta (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, 1957). Juntos, Chico e Teresa fazem um jogo teatral que é dominado por ele. Teresa vem mostrando nítida evolução em cena (progresso atestado por seu primoroso recém-lançado DVD Melhor Assim), mas ainda não tem a verve necessária para brincar em cena. Rita Ribeiro, maranhense como João do Vale, seria intérprete mais talhada para jogar com Chico. Ainda assim, Teresa alcança bons momentos no tributo ao cair no samba em A Voz do Povo (João do Vale e Luiz Vieira, 1965), ao iluminar Estrela Miúda (João do Vale e Luiz Vieira, 1953), ao realçar o tom lamentoso da toada Passarinho (João do Vale e José Lunguinho, 1979) - número alternado com passagens de maior vivacidade rítmica - e ao embarcar no ritmo do xote De Teresina a São Luís (1962), uma das históricas parcerias de João do Vale com Luiz Gonzaga (1912 - 1989) creditadas a Helena Gonzaga, mulher do Rei do Baião. Com ternura, a cantora brilha especialmente em Na Asa do Vento, mas é inegável que o voo mais alto em torno da obra de João do Vale é feito por Chico César. Comparação à parte, o show-tributo é gracioso, tem teatralidade e cumpre sua função de não deixar o povo esquecer a música valiosa desse poeta João.
7 Comments:
João do Vale (1933 - 1996) foi sertanejo forte que driblou com bravura suas limitações sociais e construiu obra militante que denunciou injustiças ao mesmo tempo em que exercitou a verve maliciosa do ritmos nordestinos, em especial o xote e o baião. A riqueza e a poesia popular do cancioneiro maranhense saltam aos ouvidos no oportuno show Na Asa do Vento, idealizado para reverenciar a obra e a figura de Vale. Em cena, sob a direção teatral da atriz Inez Viana e sob a batuta musical do grupo carioca Pedra Lispe, os cantores Chico César e Teresa Cristina passeiam pela obra de Vale entre boas intervenções cênicas do ator Flávio Bauraqui, que encarna Vale e diz, na primeira pessoa, textos que revelam muito da personalidade e da ideologia firme do autor de Carcará. De quebra, Bauraqui defende Ouricuri (Segredos do Sertanejo) de forma tão convincente que foi ovacionado pelo ávido público que disputou até ingressos na concorrida estreia do show no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 15 de maio de 2010. Dez!!
Bauraqui brilha em suas intervenções, mas é Chico César quem voa mais alto na asa da música de Vale. Presença infelizmente já rara nos palcos cariocas, Chico rouba a cena com sua vivacidade desde o momento em que adentra o palco, com dança arretada, para cantar Sanharó Tambô (João do Vale e Luiz Guimarães, 1963), baião que incorpora a pulsação do tambor-de-crioula típico do Maranhão. Na sequência, com a mesma eletricidade, o artista entra na festa de Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley, 1970) e acompanha o ritmo corrido de Maria Filó (João do Vale e Luiz Vieira, 1956). Talvez pela intimidade com a cultura musical nordestina, Chico se mostre totalmente à vontade para encarar músicas como Carcará (João do Vale e José Cândido, 1965) e conquiste de imediato o público com presença e desenvoltura que ainda faltam ao canto e à figura terna de Teresa Cristina. Isso fica evidente nos duetos maliciosos em Pipira (João do Vale e José Batista, 1962) e Peba na Pimenta (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, 1957). Juntos, Chico e Teresa fazem um jogo teatral que é dominado por ele. Teresa vem mostrando nítida evolução em cena (progresso atestado por seu primoroso recém-lançado DVD Melhor Assim), mas ainda não tem a verve necessária para brincar em cena. Rita Ribeiro, maranhense como João do Vale, seria intérprete mais talhada para jogar com Chico. Ainda assim, Teresa alcança bons momentos no tributo ao cair no samba em A Voz do Povo (João do Vale e Luiz Vieira, 1965), ao iluminar Estrela Miúda (João do Vale e Luiz Vieira, 1953), ao realçar o tom lamentoso da toada Passarinho (João do Vale e José Lunguinho, 1979) - número alternado com passagens de maior vivacidade rítmica - e ao embarcar no ritmo do xote De Teresina a São Luís (1962), uma das históricas parcerias de João do Vale com Luiz Gonzaga (1912 - 1989) creditadas a Helena Gonzaga, mulher do Rei do Baião. Com ternura, a cantora brilha especialmente em Na Asa do Vento, mas é inegável que o voo mais alto em torno da obra de João do Vale é feito por Chico César. Comparação à parte, o show-tributo é gracioso, tem teatralidade e cumpre sua função de não deixar o povo esquecer a música valiosa desse poeta João.
Foi-se o tempo em que o Canecão era palco pra esse talento que é Chico!
Desculpe a ironia, Mauro, mas a impressão que me dá, lendo sua crítica, é que você estava com tampões nos ouvidos durante o show e só conseguiu perceber os aspectos cênicos, já que eu estava lá, a poucos metros de você, e fiquei impressionado com a péssima qualidade musical do show. Esse grupo Pedra Lispe é muito ruim! Na verdade, parafraseando um amigo meu, para serem ruins, eles precisam melhorar muito. Eles conseguiram destruir todas as músicas de João do Vale, em arranjos repetitivos e execução primária. Músicas populares como "Pisa na Fulô", "O Canto da Ema" e "De Teresina a São Luiz" perderam totalmente a força na mão desse grupo. Não fosse realmente - e isso sua crítica avalia com perfeição - o grande talento de Chico César, a graça de Teresa Cristina e a interpretação de Flavio Bauraqui, não sobraria nada nesse show. Aliás, fiquei com muito pena dos artistas, que tiveram que penar pra se enquadrar em arranjos confusos e pobres. E com mais pena ainda de João do vale, que teve sua obra riquíssima tratada com desrespeito por esses músicos.
"pelo ávido público que disputou até ingressos na concorrida estreia do show no Rio de Janeiro"
fui me informar e no local cabem 388 pessoas
Assisti, adorei e simplesmente não senti o tempo passar. Teatro lotado, público participante. Arranjos lindos e bem executados.Parabenizo ao grupo por propiciar ao público a oportunidade de identificar,conhecer ou relembrar a relevante obra de João do Vale.
Creio ser pertinente registrar que, ao final do espetáculo, nas apresentações dos cantores, do ator, do grupo e de cada músico , todos foram demoradamente aplaudidos. O espetáculo deixou um gostinho de quero mais.
É sempre muito agradável poder assistir a um espetáculo como "Na asa do vento". Saí flutuando. Arranjos muito bem elaborados, que valorizaram a música de João do Vale,assim como a interpretação de Chico César, Tereza Cristina e Flávio Bauraqui. Espero poder ver em breve outros shows com a mesma idéia e qualidade. Pena que só foram 2 dias.
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