12 de maio de 2010

Arranco se ajeita na casa do bamba Martinho

Resenha de CD / DVD
Título: Pãozinho de
Açúcar - Arranco de
Varsóvia Canta
Martinho da Vila
Artista: Arranco de

Varsóvia
Gravadora: Mills
Cotação: * * *

Quando Martinho da Vila levanta da platéia e sobe ao palco do Teatro Fecap (SP), ao ser chamado pelos cinco integrantes do Arranco de Varsóvia bem no meio do pot-pourri de partido alto alocado ao fim do show gravado ao vivo, fica claro que a voz que mais se ajusta ao repertório dengoso do compositor é a do próprio Martinho. Basta o sambista começar a cantar Me Faz um Dengo (1981), fazendo apropriado jogo de sedução com as três vocalistas do grupo carioca, para que essa total adequação salte aos ouvidos. Ainda assim, o Arranco de Varsóvia até se ajeita bem na casa do bamba reverenciado pelo grupo em seu primeiro DVD, editado num kit que inclui CD com o registro ao vivo do show captado em novembro de 2008. Isoladamente, as vozes de Andréa Dutra, Cacala Carvalho, Elisa Queirós, Muri Costa e Paulo Malaguti não são especialmente sedutoras. Contudo, juntas, funcionam bem - como atesta a releitura de sambas como Amor Não É Brinquedo (1978). São os arranjos vocais, como o de Disritmia (1974), que fazem a diferença neste Pãozinho de Açúcar, cuja faixa-título, lançada por Martinho em 1994 num álbum gravado em fase de vendas ralas, é belo samba que merece ser redescoberto. Nesse sentido, o repertório selecionado pelo Arranco tem o mérito de pescar pérolas na obra de Martinho, mesmo que não evite hits quase inevitáveis como Ex-Amor (1991) e Canta Canta, Minha Gente (1974), este unido com Casa de Bamba (1969) no medley que abre o roteiro e bisado no pot-pourri de partido alto que fecha o show com vibração que inexiste em números mornos como Dente por Dente (1974), Amor pra que Nasceu (1969) e Meu Laiaraiá (1970). Das pérolas raras, a que mais reluz é - apesar da letra eventualmente datada - Daquele Amor Nem me Fale. Neste samba feito por Martinho com João Donato, Paulo Malaguti evoca ao piano a latinidade que pontua a obra de Donato. Na apropriada sequência, Ô Nega (2003) é bem temperada com molho cubano. Presente menos inspirado de Martinho para o tributo do Arranco de Varsóvia, Disritmou é samba lento assinado com Carlinhos Vergueiro que não chega a sobressair no roteiro e tampouco na vasta obra do compositor. O Arranco desfila mais exuberante ao defender o samba-enredo Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira (1984), solado de início por Cacala Carvalho. Já nos créditos da filmagem dirigida pela Cine Viola, outro samba-enredo - Amigo Martinho, da lavra nobre de Monarco com Ratinho - evolui na tela, mostrando que, no todo, o Arranco de Varsóvia merece boa nota no quesito harmonia vocal. Mesmo sem o dengo do mestre...

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Quando Martinho da Vila levanta da platéia e sobe ao palco do Teatro Fecap (SP), ao ser chamado pelos cinco integrantes do Arranco de Varsóvia bem no meio do pot-pourri de partido alto alocado ao fim do show gravado ao vivo, fica claro que a voz que mais se ajusta ao repertório dengoso do compositor é a do próprio Martinho. Basta o sambista começar a cantar Me Faz um Dengo (1981), fazendo apropriado jogo de sedução com as três vocalistas do grupo carioca, para que essa total adequação salte aos ouvidos. Ainda assim, o Arranco de Varsóvia até se ajeita bem na casa do bamba reverenciado pelo grupo em seu primeiro DVD, editado num kit que inclui CD com o registro ao vivo do show captado em novembro de 2008. Isoladamente, as vozes de Andréa Dutra, Cacala Carvalho, Elisa Queirós, Muri Costa e Paulo Malaguti não são especialmente sedutoras. Contudo, juntas, funcionam bem - como atesta a releitura de sambas como Amor Não É Brinquedo (1978). São os arranjos vocais, como o de Disritmia (1974), que fazem a diferença neste Pãozinho de Açúcar, cuja faixa-título, lançada por Martinho em 1994 num álbum gravado em fase de vendas ralas, é belo samba que merece ser redescoberto. Nesse sentido, o repertório selecionado pelo Arranco tem o mérito de pescar pérolas na obra de Martinho, mesmo que não evite hits quase inevitáveis como Ex-Amor (1991) e Canta Canta, Minha Gente (1974), este unido com Casa de Bamba (1969) no medley que abre o roteiro e bisado no pot-pourri de partido alto que fecha o show com vibração que inexiste em números mornos como Dente por Dente (1974), Amor pra que Nasceu (1969) e Meu Laiaraiá (1970). Das pérolas raras, a que mais reluz é - apesar da letra eventualmente datada - Daquele Amor Nem me Fale. Neste samba feito por Martinho com João Donato, Paulo Malaguti evoca ao piano a latinidade que pontua a obra de Donato. Na apropriada sequência, Ô Nega (2003) é bem temperada com molho cubano. Presente menos inspirado de Martinho para o tributo do Arranco de Varsóvia, Disritmou é samba lento assinado com Carlinhos Vergueiro que não chega a sobressair no roteiro e tampouco na vasta obra do compositor. O Arranco desfila mais exuberante ao defender o samba-enredo Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira (1984), solado de início por Cacala Carvalho. Já nos créditos da filmagem dirigida pela Cine Viola, outro samba-enredo - Amigo Martinho, da lavra nobre de Monarco com Ratinho - evolui na tela, mostrando que, no todo, o Arranco de Varsóvia merece boa nota no quesito harmonia vocal. Mesmo sem o dengo do mestre...

12 de maio de 2010 às 15:49  
Anonymous Marcelo Barbosa said...

Mauro,

Se não me engano, a música Amigo Martinho, do Monarco, foi cantada no dvd Conexões (nos extras da roda de samba em que participam o compositor, Beth, Zeca e as filhas). Não estou lembrado se há em algum disco do Monarco também. Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

12 de maio de 2010 às 15:50  
Anonymous Marcelo Barbosa said...

E você poderia, por favor, descrever as músicas. Me interessei pelo projeto.
E falando ainda em Martinho, resenhe o disco sobre Noel da Biscoito Fino (o meu já está a caminho). Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

12 de maio de 2010 às 15:58  
Anonymous Anônimo said...

Café com Leite resgatando sua obra com Simone é simplesmente perfeito, pena a pouca repercussão na época.

12 de maio de 2010 às 18:19  
Anonymous Anônimo said...

Ao ler a resenha do Mauro tb me lembrei do Café com Leite que tb considero perfeito. Mas me parece que teve boa repercussão, ganhando até elogios públicos do Caetano Veloso. E Simone ampliou o excelente trabalho no show gravado ao vivo (que trazia belas versões de sambas do Paulinho da Viola).

12 de maio de 2010 às 20:57  

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