Obra de Lobo flui bem na boca de Vânia Bastos
Resenha de CD
Título: Na Boca do Lobo
Artista: Vânia Bastos
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 1/2
Três anos depois de fazer boa revisão da carreira em Tocar na Banda (2007), registro ao vivo editado em CD e DVD, Vânia Bastos encara muito bem o cancioneiro elaborado de Edu Lobo. Primeiro álbum de estúdio da cantora desde 2002, ano que reavivou o repertório do Clube da Esquina, Na Boca do Lobo evidencia a limpidez do canto de Vânia Bastos, projetada em 1980 na cena vanguardista de São Paulo (SP) como vocalista da banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé - autor do entusiástico texto reproduzido numa das capas internas do CD produzido por Thiago Marques Luiz sob a direção musical do violonista Ronaldo Rayol. Com razão, Arrigo saúda a afinação elegante da artista ao abordar repertório adequado para sua inteligência vocal. De fato, a obra de Lobo flui bem na boca de Vânia por conta das qualidades naturais da intérprete. Já atestadas nos vocalises que adornam Casa Forte (1969), o tema instrumental que abre este disco de tons suaves em que Vânia depura o romantismo da Canção do Amanhecer (1965) pontuada pelo acordeom de Guilherme Ribeiro. É com delicadeza terna que Vânia entra No Cordão da Saideira (1967), que reza pela cartilha sacra de Glória (1973), que doma a complexidade melódica de Vento Bravo (1973) - eventualmente emoldurada pelos tambores igualmente bravos de Nahame Casseb - e que recebe o próprio Edu Lobo em Gingado Dobrado (1976) para um dueto que poderia soar mais vibrante. Faixa de tom camerístico urdido pelo piano de Keco Brandão, O Circo Místico (1983) põe no centro do picadeiro a voz absolutamente luminosa da intérprete. Que dribla arranjos nem sempre à altura de sua voz para mostrar a beleza que há em temas (ainda) pouco conhecidos como Negro, Negro (1976) e Tempo Presente (1980), faixa envolta num clima esfumaçado e jazzy. Já Upa Neguinho anda menos frenético por trilha de berimbaus e percussão que busca outros tons para um tema já imortalizado por Elis Regina (1945 - 1982). Meia-Noite (1985) retoma o tom delicado do CD e o encerra com a reiteração de que o brilho deste songbook vem todo da voz de Vânia Bastos. "Voz vestida de luz", como caracteriza poeticamente o fã Arrigo Barnabé no seu lúcido texto que exalta o que há para ser exaltado.
Título: Na Boca do Lobo
Artista: Vânia Bastos
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 1/2
Três anos depois de fazer boa revisão da carreira em Tocar na Banda (2007), registro ao vivo editado em CD e DVD, Vânia Bastos encara muito bem o cancioneiro elaborado de Edu Lobo. Primeiro álbum de estúdio da cantora desde 2002, ano que reavivou o repertório do Clube da Esquina, Na Boca do Lobo evidencia a limpidez do canto de Vânia Bastos, projetada em 1980 na cena vanguardista de São Paulo (SP) como vocalista da banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé - autor do entusiástico texto reproduzido numa das capas internas do CD produzido por Thiago Marques Luiz sob a direção musical do violonista Ronaldo Rayol. Com razão, Arrigo saúda a afinação elegante da artista ao abordar repertório adequado para sua inteligência vocal. De fato, a obra de Lobo flui bem na boca de Vânia por conta das qualidades naturais da intérprete. Já atestadas nos vocalises que adornam Casa Forte (1969), o tema instrumental que abre este disco de tons suaves em que Vânia depura o romantismo da Canção do Amanhecer (1965) pontuada pelo acordeom de Guilherme Ribeiro. É com delicadeza terna que Vânia entra No Cordão da Saideira (1967), que reza pela cartilha sacra de Glória (1973), que doma a complexidade melódica de Vento Bravo (1973) - eventualmente emoldurada pelos tambores igualmente bravos de Nahame Casseb - e que recebe o próprio Edu Lobo em Gingado Dobrado (1976) para um dueto que poderia soar mais vibrante. Faixa de tom camerístico urdido pelo piano de Keco Brandão, O Circo Místico (1983) põe no centro do picadeiro a voz absolutamente luminosa da intérprete. Que dribla arranjos nem sempre à altura de sua voz para mostrar a beleza que há em temas (ainda) pouco conhecidos como Negro, Negro (1976) e Tempo Presente (1980), faixa envolta num clima esfumaçado e jazzy. Já Upa Neguinho anda menos frenético por trilha de berimbaus e percussão que busca outros tons para um tema já imortalizado por Elis Regina (1945 - 1982). Meia-Noite (1985) retoma o tom delicado do CD e o encerra com a reiteração de que o brilho deste songbook vem todo da voz de Vânia Bastos. "Voz vestida de luz", como caracteriza poeticamente o fã Arrigo Barnabé no seu lúcido texto que exalta o que há para ser exaltado.
17 Comments:
Três anos depois de fazer boa revisão da carreira em Tocar na Banda (2007), registro ao vivo editado em CD e DVD, Vânia Bastos encara muito bem o cancioneiro elaborado de Edu Lobo. Primeiro álbum de estúdio da cantora desde 2002, ano que reavivou o repertório do Clube da Esquina, Na Boca do Lobo evidencia a limpidez do canto de Vânia Bastos, projetada em 1980 na cena vanguardista de São Paulo (SP) como vocalista da banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé - autor do entusiástico texto reproduzido numa das capas internas do CD produzido por Thiago Marques Luiz sob a direção musical do violonista Ronaldo Rayol. Com razão, Arrigo saúda a afinação elegante da artista ao abordar repertório adequado para sua inteligência vocal. De fato, a obra de Lobo flui bem na boca de Vânia por conta das qualidades naturais da intérprete. Já atestadas nos vocalises que adornam Casa Forte (1969), o tema instrumental que abre este disco de tons suaves em que Vânia depura o romantismo da Canção do Amanhecer (1965) pontuada pelo acordeom de Guilherme Ribeiro. É com delicadeza terna que Vânia entra No Cordão da Saideira (1967), que reza pela cartilha sacra de Glória (1973), que doma a complexidade melódica de Vento Bravo (1973) - eventualmente emoldurada pelos tambores igualmente bravos de Nahame Casseb - e que recebe o próprio Edu Lobo em Gingado Dobrado (1976) para um dueto que poderia soar mais vibrante. Faixa de tom camerístico urdido pelo piano de Keco Brandão, O Circo Místico (1983) põe no centro do picadeiro a voz absolutamente luminosa da intérprete. Que dribla arranjos nem sempre à altura de sua voz para mostrar a beleza que há em temas (ainda) pouco conhecidos como Negro, Negro (1976) e Tempo Presente (1980), faixa envolta num clima esfumaçado e jazzy. Já Upa Neguinho anda menos frenético por trilha de berimbaus e percussão que busca outros tons para um tema já imortalizado por Elis Regina (1945 - 1982). Meia-Noite (1985) retoma o tom delicado do CD e o encerra com a reiteração de que o brilho deste songbook vem todo da voz de Vânia Bastos. "Voz vestida de luz", como caracteriza poeticamente o fã Arrigo Barnabé no seu lúcido texto que exalta o que há para ser exaltado.
O disco realmente é lindo. A afinação da Vânia esta simplesmente perfeita, os arranjos muito bonitos, a sonoridade completamente diferente de tudo o que ela fez desde seu primeiro disco de estreia em 1986. Vânia sempre surpreende e canta cada dia mais bonito, é uma das mais bonitas, afinadas e cristalinas vozes do páis, além de ser, dentro de suas particulariades, Única!
Vânia é uma das melhores cantoras do Brasil. Dá de 10 em muitas moderninhas e descoladas que andam na mídia hoje em dia!! Talento verdadeiro, sem afetações e com personalidade.
Comprei o CD em um show da Vânia Bastos. É deslumbrante. A mulher não canta, encanta. A afinação é de doer. É maravilhosa! Ela canta demais. Não tem defeito. A gente não sabe dizer o que é mais bonito.
Parabéns Vânia Bastos por mais esse presente ao Brasil. Prezado Mauro, sua resenha é contundente, só não condiz com o número de estrelas. Um disco como este é para no mínimo 4 estrelas e meia. Acho que vc errou nas estrelas. Um disco dessa categoria não é para qualquer cantora.
Caro Mauro,
Também comprei o CD num show dela aqui em S.José do Rio Preto. Assino em baixo pelos seus elogios à voz de Vânia Bastos, mas infelizmente não concordo com sua colocação sobre a inferioridade dos arranjos. Estes estão tão bem feitos e límpidos que enalteceram ainda mais a voz da cantora.E têm ainda toda a cor de uma roupa nova para vestir a "voz de luz", como disse Arrigo.
A musicalidade do disco vem de todas as partes e soa muito bem aos meus ouvidos.
Essa é minha opinião.
Marcelo
Sofisticado e elegante trabalho da Vânia com arranjos muito especials do Ronaldo Rayol. Acertaram em cheio e, na minha modesta opinião, há um link com "Cantando Caetano", que ela lançou em 92, meu disco preferido em sua trajetória. Parabéns (extensivos a todos que estão no álbum), Vânia (aliás pelo aniversário dela, que é amanhã 13 de Maio) e obrigado pelas colheres de chá TODAS. Beijos, seu fã, Carlos Navas
Vania dá aula.Edu também.Cade um no seu quadrado!
Não vejo a hora de ouvir !!!
um dos melhores discos do ano
"...O Circo Místico (1983) põe no centro do picadeiro a voz absolutamente luminosa da intérprete." Mauro,essa sua colocação é muito feliz.
Um dos melhores discos do ano.
Ainda não ouvi, mas espero que o alto nível seja similar ao "Diversões não eletrônicas" já que não curti a homenagem ao Clube da esquina.
Vamos ouvir nabocadolobo, ou cair nalabiadomauro?
Tudo é uma questão de gosto.
Já ouvi o CD e prefiro a primeira opção.
J. Mendes
Esse CD está tão falado nesse blog, que estou curiosa para ouvir. Será que já está nas lojas do RJ?
Marilene
Penso como o Lurian. Vânia é uma cantora extraordinária, mas as vezes cantoras extraordinárias (Leila Pinheiro é outra ilustre representante dessa categoria) tendem a gravar tudo lento demais para serem virtuosas, e Vânia caiu nesse erro no "Clube da Esquina". O disco era bom, mas acabou soando chato.
Vânia é deusa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Aviso aos navegantes, a cantora em questão grava "lento demais" porque é diva. Não ouvi o disco novo ainda. Acabou na loja que fui comprar, mas quem desejar coisa para dançar, tem Ivete Sangalo e companhia. Na festinha infantil da minha sobrinha as crianças adoraram pular ao som de "Poeira". Meus sais pelo amor de Deus!!!!!!!! Desculpa Vânia Bastos, seus súditos são muito simples. A discografia dessa estrela adoroooooooooo!!!!!! É tudo impecável. Claro, para ouvidos ATENTOS e APURADOS...
Sandro, querido, tenho TODOS os Cds da Vânia, portanto posso fazer uma crítica a ela com embasamento. Não se trata de fazer um CD para dançar (embora não haja nenhum problema nisso), é questão de fazer um CD que soe dinâmico. Pq quando um cantor grava um CD inteiro com todas as músicas no mesmo andamento lento, se torna uma coisa linear, monótona (mono = único, tono= tom, um mesmo tom o tempo todo). E Vânia já fez dezenas de gravações "dançantes" e foi sempre genial.
Se a direção musical é de Ronaldo Rayol, é sinal que a qualidade sonora deve estar irretocável. Acompanho a trajetória desse grande músico há muito tempo e percebo que ainda não tem o nome que merece, mas sei que o que é evidente cedo ou tarde vem à tona. Quero muito ouvir logo este CD pela Vânia Bastos, pelo Edu Lobo e pelo Ronaldo Rayol (um dos melhores violonistas do Brasil).
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