Shumacher sustenta o musical sobre Celestino
Resenha de Musical
Título: Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil
Texto, direção musical e arranjos: Wagner Campos
Direção: Jacqueline Laurence
Elenco: Alexandre Shumacher (em foto de Guga Melgar),
Stella Maria Rodrigues, Camila Caputti, Pedro Garcia
Netto, Edmundo Lippi, Jacqueline Brandão, Bruno
Ganem e André Rebustini
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro Sesc Ginástico (RJ) até 23 de maio
de 2010, de quinta-feira a domingo. Ingressos a R$ 20
Vicente Celestino (1894 - 1968) foi ícone e ídolo da geração dos cantores de dó-de-peito que conquistaram multidões na fase pré-Bossa Nova. Com sua voz de tenor, talhada para o canto lírico, Celestino incursionou de forma passional pelo universo da música popular, gravando valsas, canções e serestas em tom exacerbado. Projetado em 1914 ao cantar a valsa Flor do Mal na revista Chuá Chuá, o intérprete estreou em disco em 1916, na Odeon, ainda na fase mecânica da indústria fonográfica. Embora sua discografia contabilize 137 discos de 78 rotações por minutos, 10 compactos e 31 LPs (a maioria destes com regravações de sucessos dos discos de 78 rotações), Celestino hoje é mais lembrado - isso quando é lembrado - por seus sucessos O Ébrio (1946) e Coração Materno (1951), tendo sido o primeiro propagado em filme homônimo de grande repercussão, protagonizado pelo tenor e dirigido de sua mulher, a cantora lírica Gilda Abreu (1904 - 1979). Por isso mesmo, o musical ora produzido pela Limite 151 Cia. Artística - Vicente Celestino, A Voz Orgulho do Brasil, em cartaz no Teatro Sesc Ginástico (RJ) até 23 de maio - já entra em cena com o mérito inicial de reviver este artista multimídia que atuou na música, no cinema e no teatro, tendo sido celebridade em sua era.
Encarnar Vicente Celestino de uma forma crível é tarefa das mais árduas porque não é qualquer ator que consegue mostrar em cena a potência vocal de Celestino. Dono de voz de baixo, Alexandre Schumacher consegue - e, em sua atuação, se escora o musical de dramaturgia convencional. O autor Wagner Campos optou por salpicar flashes biográficos do tenor em texto que vai e volta no tempo, tomando como ponto de partida a morte do artista, em 23 de agosto de 1968, aos 74 anos, quando ele se preparava para gravar um número com Caetano Veloso para um programa de televisão (fiel à antropofágica ideologia tropicalista, Caetano acabara de regravar Coração Materno - então já vista como uma música cafona - para provocar discussões e reavaliar conceitos). O dramaturgo recorre inclusive ao artifício da narração - feita pela personagem Guido (Pedro Garcia Netto), amigo fiel de Celestino - para fornecer ao espectador informações sobre a longa trajetória artística do cantor. A seu lado, Shumacher conta com atuações convincentes das atrizes Stella Maria Rodrigues (Gilda Abreu na maturidade) e Camilla Caputti (Gilda Abreu na juventude - com direito a um número musical em que Caputti mostra a potência de sua voz). Contudo, é justo reconhecer que é Shumacher quem sustenta a voz - quando entoa temas como Porta Aberta (1946) e Canção da Paz (1966) - e a encenação em si, dando credibilidade ao musical. A lamentar a ausência no roteiro de Ontem ao Luar (Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara) - uma das mais belas músicas do repertório (a rigor, ultrapassado) de Celestino - e o italiano risível falado em cena pelos atores que encarnam os pais do artista (Giuseppe e Serafina, interpretados por Edmundo Lippi e Jacqueline Brandão). No todo, Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil cumpre bem sua função sem, de fato, arrebatar. Mas é louvável a intenção de jogar luz sobre a vida e a obra de artista que causou sensação em seu vasto tempo de glória.
Título: Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil
Texto, direção musical e arranjos: Wagner Campos
Direção: Jacqueline Laurence
Elenco: Alexandre Shumacher (em foto de Guga Melgar),
Stella Maria Rodrigues, Camila Caputti, Pedro Garcia
Netto, Edmundo Lippi, Jacqueline Brandão, Bruno
Ganem e André Rebustini
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro Sesc Ginástico (RJ) até 23 de maio
de 2010, de quinta-feira a domingo. Ingressos a R$ 20
Vicente Celestino (1894 - 1968) foi ícone e ídolo da geração dos cantores de dó-de-peito que conquistaram multidões na fase pré-Bossa Nova. Com sua voz de tenor, talhada para o canto lírico, Celestino incursionou de forma passional pelo universo da música popular, gravando valsas, canções e serestas em tom exacerbado. Projetado em 1914 ao cantar a valsa Flor do Mal na revista Chuá Chuá, o intérprete estreou em disco em 1916, na Odeon, ainda na fase mecânica da indústria fonográfica. Embora sua discografia contabilize 137 discos de 78 rotações por minutos, 10 compactos e 31 LPs (a maioria destes com regravações de sucessos dos discos de 78 rotações), Celestino hoje é mais lembrado - isso quando é lembrado - por seus sucessos O Ébrio (1946) e Coração Materno (1951), tendo sido o primeiro propagado em filme homônimo de grande repercussão, protagonizado pelo tenor e dirigido de sua mulher, a cantora lírica Gilda Abreu (1904 - 1979). Por isso mesmo, o musical ora produzido pela Limite 151 Cia. Artística - Vicente Celestino, A Voz Orgulho do Brasil, em cartaz no Teatro Sesc Ginástico (RJ) até 23 de maio - já entra em cena com o mérito inicial de reviver este artista multimídia que atuou na música, no cinema e no teatro, tendo sido celebridade em sua era.
Encarnar Vicente Celestino de uma forma crível é tarefa das mais árduas porque não é qualquer ator que consegue mostrar em cena a potência vocal de Celestino. Dono de voz de baixo, Alexandre Schumacher consegue - e, em sua atuação, se escora o musical de dramaturgia convencional. O autor Wagner Campos optou por salpicar flashes biográficos do tenor em texto que vai e volta no tempo, tomando como ponto de partida a morte do artista, em 23 de agosto de 1968, aos 74 anos, quando ele se preparava para gravar um número com Caetano Veloso para um programa de televisão (fiel à antropofágica ideologia tropicalista, Caetano acabara de regravar Coração Materno - então já vista como uma música cafona - para provocar discussões e reavaliar conceitos). O dramaturgo recorre inclusive ao artifício da narração - feita pela personagem Guido (Pedro Garcia Netto), amigo fiel de Celestino - para fornecer ao espectador informações sobre a longa trajetória artística do cantor. A seu lado, Shumacher conta com atuações convincentes das atrizes Stella Maria Rodrigues (Gilda Abreu na maturidade) e Camilla Caputti (Gilda Abreu na juventude - com direito a um número musical em que Caputti mostra a potência de sua voz). Contudo, é justo reconhecer que é Shumacher quem sustenta a voz - quando entoa temas como Porta Aberta (1946) e Canção da Paz (1966) - e a encenação em si, dando credibilidade ao musical. A lamentar a ausência no roteiro de Ontem ao Luar (Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara) - uma das mais belas músicas do repertório (a rigor, ultrapassado) de Celestino - e o italiano risível falado em cena pelos atores que encarnam os pais do artista (Giuseppe e Serafina, interpretados por Edmundo Lippi e Jacqueline Brandão). No todo, Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil cumpre bem sua função sem, de fato, arrebatar. Mas é louvável a intenção de jogar luz sobre a vida e a obra de artista que causou sensação em seu vasto tempo de glória.
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Vicente Celestino (1894 - 1968) foi ícone e ídolo da geração dos cantores de dó-de-peito que conquistaram multidões na fase pré-Bossa Nova. Com sua voz de tenor, talhada para o canto lírico, Celestino incursionou de forma passional pelo universo da música popular, gravando valsas, canções e serestas em tom exacerbado. Projetado em 1914 ao cantar a valsa Flor do Mal na revista Chuá Chuá, o intérprete estreou em disco em 1916, na Odeon, ainda na fase mecânica da indústria fonográfica. Embora sua discografia contabilize 137 discos de 78 rotações por minutos, 10 compactos e 31 LPs (a maioria destes com regravações de sucessos dos discos de 78 rotações), Celestino hoje é mais lembrado - isso quando é lembrado - por seus sucessos O Ébrio (1946) e Coração Materno (1951), tendo sido o primeiro propagado em filme homônimo de grande repercussão, protagonizado pelo tenor e dirigido de sua mulher, a cantora lírica Gilda Abreu (1904 - 1979). Por isso mesmo, o musical ora produzido pela Limite 151 Cia. Artística - Vicente Celestino, A Voz Orgulho do Brasil, em cartaz no Teatro Sesc Ginástico (RJ) até 23 de maio - já entra em cena com o mérito inicial de reviver este artista multimídia que atuou na música, no cinema e no teatro, tendo sido celebridade em sua era.
Encarnar Vicente Celestino de uma forma crível é tarefa das mais árduas porque não é qualquer ator que consegue mostrar em cena a potência vocal de Celestino. Dono de voz de baixo, Alexandre Schumacher consegue - e, em sua atuação, se escora o musical de dramaturgia convencional. O autor Wagner Campos optou por salpicar flashes biográficos do tenor em texto que vai e volta no tempo, tomando como ponto de partida a morte do artista, em 23 de agosto de 1968, aos 74 anos, quando ele se preparava para gravar um número com Caetano Veloso para um programa de televisão (fiel à antropofágica ideologia tropicalista, Caetano acabara de regravar Coração Materno - então já vista como uma música cafona - para provocar discussões e reavaliar conceitos). O dramaturgo recorre inclusive ao artifício da narração - feita pela personagem Guido (Pedro Garcia Netto), amigo fiel de Celestino - para fornecer ao espectador informações sobre a longa trajetória artística do cantor. A seu lado, Shumacher conta com atuações convincentes das atrizes Stella Maria Rodrigues (Gilda Abreu na maturidade) e Camilla Caputti (Gilda Abreu na juventude - com direito a um número musical em que Caputti mostra a potência de sua voz). Contudo, é justo reconhecer que é Shumacher quem sustenta a voz - quando entoa temas como Porta Aberta (1946) e Canção da Paz (1966) - e a encenação em si, dando credibilidade ao musical. A lamentar a ausência no roteiro de Ontem ao Luar (Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara) - uma das mais belas músicas do repertório (a rigor, ultrapassado) de Celestino - e o italiano risível falado em cena pelos atores que encarnam os pais do artista (Giuseppe e Serafina, interpretados por Edmundo Lippi e Jacqueline Brandão). No todo, Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil cumpre bem sua função sem, de fato, arrebatar. Mas é louvável a intenção de jogar luz sobre a vida e a obra de artista que causou sensação em seu vasto tempo de glória.
O musical "Vicente Celestino - a voz orgulho do Brasil" é irretocável e indispensável para quem gosta de canção e música popular.
Procuramos usar só as músicas que foram compostas pelo Vicente Celestino.
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