4 de abril de 2010

Lucina abre em cena seu íntimo buquê de flores

Resenha de Show
Título: + do que Parece
- Universo Musical de Lucina e Zélia Duncan
Artista: Lucina (em fotos de Mauro Ferreira)
Participações especiais: Luz Marina e Zélia Duncan
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 3 de abril de 2010
Cotação: * * * 1/2
Até então dispersas nas discografias de Lucina e de Zélia Duncan, as parcerias das compositoras - afinadas cantoras de vozes graves que soam extremamente parecidas - ganharam força e visibilidade adicionais quando Lucina reuniu em seu quarto CD solo, + do que Parece (2009), nove músicas dessa obra que já contabiliza mais de 50 títulos. O álbum motivou a produção de um show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de sábado, 3 de abril de 2010, em apresentação no Teatro Rival que teve intervenções de Luz Marina (filha de Alzira Espíndola) e da própria Zélia. Em cena, dirigida por Marisa Avellar e emoldurada por belos desenhos de luz criados por Patrícia Ferraz, Lucina amplia o repertório do disco, mas procura manter a mesma atmosfera acústica - quase minimalista, de eventuais tons afros - que realça as sutilezas do universo musical que compartilha com Zélia. Em alguns números iniciais, quando Lucina canta e toca sua guitarra semiacústica em músicas como Sem Suspiros (com intervenção de Luz Marina) e Dias e Noites, o show não traduz com absoluta fidelidade o clima íntimo do CD. Mas, à medida em que vai ganhando delicadeza, o universo sensível das autoras parece se expandir, mais sedutor, sob a direção musical de Ney Marques. Fim - tema formatado com a suave percussão de Décio Gioielli que remete aos sons do grupo Uakti - prepara o clima para o belo set em que, sentada e às vezes tocando violão, Lucina solta seus graves na bluesy Meu Amor, Você Sabe e em Eu Nunca Estava Lá (música que foi ofuscada pelos vários hits do álbum Zélia Duncan, lançado em 1994). Na sequência, a própria Zélia entra em cena para irmanar vozes e sentimentos com a parceira afim em Eu Não Sou Eu (a música que lançou em 2005 no celebrado Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band), Olhos de Marte (apaixonada balada folk do CD + do que Parece) e Coração na Boca (do álbum Intimidade, lançado por Zélia em 1996). Mais tarde, após a quase vinheta Na Areia, o show ganha vivacidade rítmica com os contratempos lúdicos de Tom Zé - o tema que saúda tanto o compositor quanto o gato encontrado por Zélia na rua (e que conta com nova intervenção de Luz Marina) - e com a levada de samba que dá o tom de Lar Lunar, música gravada por Lucina em seu primeiro CD solo, Inteira pra mim (1998). No fim, Hora Marcada e Há Tempos (já no bis) sublinham o clima delicado de um show que, na apropriada definição de Lucina, é como um buquê repleto de flores-músicas que, no caso, exalam bons perfume e sentimento - como um relicário amoroso.

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Até então dispersas nas discografias de Lucina e de Zélia Duncan, as parcerias das compositoras - afinadas cantoras de vozes graves que soam extremamente parecidas - ganharam força e visibilidade adicionais quando Lucina reuniu em seu quarto CD solo, + do que Parece (2009), nove músicas dessa obra que já contabiliza mais de 50 títulos. O álbum motivou a produção de um show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de sábado, 3 de abril de 2010, em apresentação no Teatro Rival que teve intervenções de Luz Marina (filha de Alzira Espíndola) e da própria Zélia. Em cena, dirigida por Marisa Avellar e emoldurada por belos desenhos de luz criados por Patrícia Ferraz, Lucina amplia o repertório do disco, mas procura manter a mesma atmosfera acústica - quase minimalista, de eventuais tons afros - que realça as sutilezas do universo musical que compartilha com Zélia. Em alguns números iniciais, quando Lucina canta e toca sua guitarra semiacústica em músicas como Sem Suspiros (com intervenção de Luz Marina) e Dias e Noites, o show não traduz com absoluta fidelidade o clima íntimo do CD. Mas, à medida em que vai ganhando delicadeza, o universo sensível das autoras parece se expandir, mais sedutor, sob a direção musical de Ney Marques. Fim - tema formatado com a suave percussão de Décio Gioielli que remete aos sons do grupo Uakti - prepara o clima para o belo set em que, sentada e às vezes tocando violão, Lucina solta seus graves na bluesy Meu Amor, Você Sabe e em Eu Nunca Estava Lá (música que foi ofuscada pelos vários hits do álbum Zélia Duncan, lançado em 1994). Na sequência, a própria Zélia entra em cena para irmanar vozes e sentimentos com a parceira em Eu Não Sou Só Eu (música que lançou em 2005 no celebrado Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band), Olhos de Marte (apaixonada balada folk do CD + do que Parece) e Coração na Boca (do álbum Intimidade, lançado por Zélia em 1996). Mais tarde, após a quase vinheta Na Areia, o show ganha vivacidade rítmica com os contratempos lúdicos de Tom Zé - o tema que saúda tanto o compositor quanto o gato encontrado por Zélia na rua (e que conta com nova intervenção de Luz Marina) - e com a levada de samba que dá o tom de Lar Lunar, música gravada por Lucina em seu primeiro CD solo, Inteira pra mim (1998). No fim, Hora Marcada e Há Tempos (já no bis) sublinham o clima delicado de um show que, na apropriada definição de Lucina, é como um buquê repleto de flores-músicas que, no caso, exalam bons perfume e sentimento - como um relicário amoroso.

4 de abril de 2010 às 19:39  
Anonymous Leila Carvalho said...

Estive no show e fiquei maravilhadaa com a musicalidade de Lucina. Ela está super madura,solta e mais leve do que nunca no palco, apresentando arranjos inusitados, de grande sensibilidade.
Acompanhada de uma banda de alto nivel que só vem a somar à qualidade do show,+ do que parece é realmente muito mais do que mais.
Leila Carvalho

4 de abril de 2010 às 20:23  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, vc escreveu errado o nome da música Eu não sou eu[escrita erroneamente como Eu não sou só eu]

Agora, sobre o show, conheço pouco de Lucina, a conheço mais através de Zélia, mas o pouco q conheço é de tamanha sensibilidade q imagino q deve ter sido um lindo show! Procurarei o disco q ainda não ouvi tbm.

4 de abril de 2010 às 20:31  
Anonymous Anônimo said...

Lindo, o vestido da Zélia Duncan.

6 de abril de 2010 às 16:47  
Blogger Regina Colon said...

Gosto muito da parceria Zélia Duncan + Lucina. A união das letras de uma com a harmonia de outra resulta músicas maravilhosas, mesmo que não tanto conhecidas. Quanto a voz, confesso que prefiro a de Zélia. Lucina parece que não sabe muito bem o que fazer com a que tem. Mas agradeço Lucina por ser uma das responsáveis pela "veia compositora" de Zélia Duncan, como ela mesma afirmou em um dos Vozes do Brasil.
Gostaria muito de vê-las cantando juntas em um show inteiro. Já vi uma participação num show da Zélia, na música Eu não sou eu. Fico aguardando a possibilidade.

7 de abril de 2010 às 12:16  
Blogger Rosa said...

Assisti extasiada ao show de uma cantora que só há poucos meses tive o prazer de conhecer. Lucina é de uma musicalidade a toda nota... Alegre, intensa, filosófica, apaixonada, foram variadas as talentosas facetas que pude apreciar num show que a presença de Zélia Duncan tornou ainda mais especial.
Lucina compõe e canta pelo prazer da criação, mas já está mais do que na hora da mídia prestigiá-la dando-lhe o merecido lugar entre as rainhas de nossa MPB.

14 de abril de 2010 às 18:52  

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