Bio revive ascensão, glória e calvário de Freddie
Resenha de Livro
Título: Freddie
Mercury
Autor: Selim Rauer
Editora: Planeta
Cotação: * * *
Por bem pouco, o Queen não debutou em palcos cariocas quatro anos antes de sua apoteótica apresentação no Rock in Rio, o festival de 1985 que inseriu o Brasil na rota dos shows internacionais. Ao fazer desbravadora turnê por uma América do Sul amordaçada por governos ditatoriais, em 1981, o grupo britânico tentou se apresentar no Maracanã, mas o estádio não estava disponível para show. Restou à banda a opção de tocar no segundo maior estádio do Brasil, o Morumbi, sediado em São Paulo (SP). A informação é ressaltada pelo escritor francês Selim Rauer na página 158 de Freddie Mercury, sua boa biografia do vocalista do Queen que a editora Planeta está lançando no Brasil neste mês de março. A ascensão, a glória e o calvário de Freddie Mercury (19456 - 1991) - um dos primeiros ídolos mundiais a serem vitimados pela Aids - já foi contada em outras biografias e em documentário (já exibido no Brasil em festivais). Rauer apenas reitera - com narrativa agradável, fundamentada em entrevistas e pesquisas inéditas - a trajetória do emblemático artista de origem persa, nascido em Zanzibar, ilha situada na costa da África. Sem sensacionalismo, mas com perceptível adoração por Mercury, o autor reconstitui a trajetória de um ídolo que amargou no fim da vida - numa época em que os remédios disponíveis para minimizar os efeitos do vírus da Aids devastavam o corpo dos doentes - um sofrimento que, de forma espiritual, ele havia experimentado na infância ao ser separado dos pais para estudar em colégio interno situado longe da comunidade de raiz oriental em que nasceu. A providencial mudança para Londres, na adolescência, marcou o contato do rapaz com a cultura pop britânica e abriu o caminho da fama para o futuro astro. Foi quando Mercury enxergou um passaporte para o sucesso na banda emergente fundada em 1970 pelo guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. Era o Queen cuja trajetória passa a ser confundir com a de seu cantor. Por mais que Freddie seja sempre o centro das atenções da narrativa, a biografia disseca a gênese de cada álbum do Queen. Bem como o conceito de cada uma das megasturnês mundiais que ratificaram o excepcional carisma do vocalista do grupo como um líder pop. Enquanto detalha o envolvimento do vocalista com cada trabalho, mostrando que Freddie nunca se limitou a cantar as músicas do Queen, o autor revela como o astro foi aprendendo a lidar com sua homossexualidade, assumida (longe dos holofotes) desde que Freddie se separou de Mary Austin, a mulher com quem se uniu em meados da década de 70 e que se transformaria na amiga e confidente fiel, ombro certeiro até os momentos finais da estrela. Freddie Mercury, o livro, mergulha também na busca solitária do astro por amor e prazer. A altíssima rotatividade de amantes e a dedicação de alguns companheiros mais fiéis - alguns destes incorporados ao staff que gerenciava a vida e a carreira do artista - são assuntos recorrentes na narrativa, bem como o refúgio inútil de Mercury nas drogas. Enfim, com personalidade temperada por doses bem generosas de egocentrismo e generosidade, Freddie Mercury viveu como poucos o trinônimo-clichê que agrega sexo, drogas e rock'n'roll. No caso, um rock de arena que contagiou multidões ao redor do mundo, nos anos 70 e 80, dando lugar de honra ao Queen no Olimpo pop. Em sua era, Mercury foi campeão.
Título: Freddie
Mercury
Autor: Selim Rauer
Editora: Planeta
Cotação: * * *
Por bem pouco, o Queen não debutou em palcos cariocas quatro anos antes de sua apoteótica apresentação no Rock in Rio, o festival de 1985 que inseriu o Brasil na rota dos shows internacionais. Ao fazer desbravadora turnê por uma América do Sul amordaçada por governos ditatoriais, em 1981, o grupo britânico tentou se apresentar no Maracanã, mas o estádio não estava disponível para show. Restou à banda a opção de tocar no segundo maior estádio do Brasil, o Morumbi, sediado em São Paulo (SP). A informação é ressaltada pelo escritor francês Selim Rauer na página 158 de Freddie Mercury, sua boa biografia do vocalista do Queen que a editora Planeta está lançando no Brasil neste mês de março. A ascensão, a glória e o calvário de Freddie Mercury (19456 - 1991) - um dos primeiros ídolos mundiais a serem vitimados pela Aids - já foi contada em outras biografias e em documentário (já exibido no Brasil em festivais). Rauer apenas reitera - com narrativa agradável, fundamentada em entrevistas e pesquisas inéditas - a trajetória do emblemático artista de origem persa, nascido em Zanzibar, ilha situada na costa da África. Sem sensacionalismo, mas com perceptível adoração por Mercury, o autor reconstitui a trajetória de um ídolo que amargou no fim da vida - numa época em que os remédios disponíveis para minimizar os efeitos do vírus da Aids devastavam o corpo dos doentes - um sofrimento que, de forma espiritual, ele havia experimentado na infância ao ser separado dos pais para estudar em colégio interno situado longe da comunidade de raiz oriental em que nasceu. A providencial mudança para Londres, na adolescência, marcou o contato do rapaz com a cultura pop britânica e abriu o caminho da fama para o futuro astro. Foi quando Mercury enxergou um passaporte para o sucesso na banda emergente fundada em 1970 pelo guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. Era o Queen cuja trajetória passa a ser confundir com a de seu cantor. Por mais que Freddie seja sempre o centro das atenções da narrativa, a biografia disseca a gênese de cada álbum do Queen. Bem como o conceito de cada uma das megasturnês mundiais que ratificaram o excepcional carisma do vocalista do grupo como um líder pop. Enquanto detalha o envolvimento do vocalista com cada trabalho, mostrando que Freddie nunca se limitou a cantar as músicas do Queen, o autor revela como o astro foi aprendendo a lidar com sua homossexualidade, assumida (longe dos holofotes) desde que Freddie se separou de Mary Austin, a mulher com quem se uniu em meados da década de 70 e que se transformaria na amiga e confidente fiel, ombro certeiro até os momentos finais da estrela. Freddie Mercury, o livro, mergulha também na busca solitária do astro por amor e prazer. A altíssima rotatividade de amantes e a dedicação de alguns companheiros mais fiéis - alguns destes incorporados ao staff que gerenciava a vida e a carreira do artista - são assuntos recorrentes na narrativa, bem como o refúgio inútil de Mercury nas drogas. Enfim, com personalidade temperada por doses bem generosas de egocentrismo e generosidade, Freddie Mercury viveu como poucos o trinônimo-clichê que agrega sexo, drogas e rock'n'roll. No caso, um rock de arena que contagiou multidões ao redor do mundo, nos anos 70 e 80, dando lugar de honra ao Queen no Olimpo pop. Em sua era, Mercury foi campeão.
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Por bem pouco, o Queen não debutou em palcos cariocas quatro anos antes de sua apoteótica apresentação no Rock in Rio, o festival de 1985 que inseriu o Brasil na rota dos shows internacionais. Ao fazer desbravadora turnê por uma América do Sul amordaçada por governos ditatoriais, em 1981, o grupo britânico tentou se apresentar no Maracanã, mas o estádio não estava disponível para show. Restou à banda a opção de tocar no segundo maior estádio do Brasil, o Morumbi, sediado em São Paulo (SP). A informação é ressaltada pelo escritor francês Selim Rauer na página 158 de Freddie Mercury, sua boa biografia do vocalista do Queen que a editora Planeta está lançando no Brasil neste mês de março. A ascensão, a glória e o calvário de Freddie Mercury (19456 - 1991) - um dos primeiros ídolos mundiais a serem vitimados pela Aids - já foi contada em outras biografias e em documentário (já exibido no Brasil em festivais). Rauer apenas reitera - com narrativa agradável, fundamentada em entrevistas e pesquisas inéditas - a trajetória do emblemático artista de origem persa, nascido em Zanzibar, ilha situada na costa da África. Sem sensacionalismo, mas com perceptível adoração por Mercury, o autor reconstitui a trajetória de um ídolo que amargou no fim da vida - numa época em que os remédios disponíveis para minimizar os efeitos do vírus da Aids devastavam o corpo dos doentes - um sofrimento que, de forma espiritual, ele havia experimentado na infância ao ser separado dos pais para estudar em colégio interno situado longe da comunidade de raiz oriental em que nasceu. A providencial mudança para Londres, na adolescência, marcou o contato do rapaz com a cultura pop britânica e abriu o caminho da fama para o futuro astro. Foi quando Mercury enxergou um passaporte para o sucesso na banda emergente fundada em 1970 pelo guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. Era o Queen cuja trajetória passa a ser confundir com a de seu cantor. Por mais que Freddie seja sempre o centro das atenções da narrativa, a biografia disseca a gênese de cada álbum do Queen. Bem como o conceito de cada uma das megasturnês mundiais que ratificaram o excepcional carisma do vocalista do grupo como um líder pop. Enquanto detalha o envolvimento do vocalista com cada trabalho, mostrando que Freddie nunca se limitou a cantar as músicas do Queen, o autor revela como o astro foi aprendendo a lidar com sua homossexualidade, assumida (longe dos holofotes) desde que Freddie se separou de Mary Austin, a mulher com quem se uniu em meados da década de 70 e que se transformaria na amiga e confidente fiel, ombro certeiro até os momentos finais da estrela. Freddie Mercury, o livro, mergulha também na busca solitária do astro por amor e prazer. A altíssima rotatividade de amantes e a dedicação de alguns companheiros mais fiéis - alguns destes incorporados ao staff que gerenciava a vida e a carreira do artista - são assuntos recorrentes na narrativa, bem como o refúgio inútil de Mercury nas drogas. Enfim, com personalidade temperada por doses bem generosas de egocentrismo e generosidade, Freddie Mercury viveu como poucos o trinônimo-clichê que agrega sexo, drogas e rock'n'roll. No caso, um rock de arena que contagiou multidões ao redor do mundo, nos anos 70 e 80, dando lugar de honra ao Queen no Olimpo pop. Em sua era, Mercury foi campeão.
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