9 de dezembro de 2009

Grupo recria Villa-Lobos com lirismo matreiro

Resenha de CD
Título: O Papagaio do
Moleque - A Música de
Villa-Lobos
Artista: Rabo de Lagartixa
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

É com alegria quase infantil - traduzida de certa forma no título de seu segundo álbum, O Papagaio do Moleque - que o grupo Rabo de Lagartixa aborda feliz a obra de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) em disco que se junta às lembranças dos 50 anos da morte do mais cultuado compositor erudito do Brasil. Decorridos onze anos do lançamento de seu primeiro CD, editado em 1998, o quinteto carioca se reuniu em estúdio para reviver o cancioneiro menos conhecido de Villa-Lobos entre o lirismo e a matreirice - termo, aliás, usado com propriedade pelo violonista Turíbio Santos em texto sobre o disco reproduzido no encarte. O lirismo brota das regravações de temas como Tristorosa (1910), faixa de tom seresteiro, e Quarteto de Cordas nº 1 - Canto Lírico, em que o grupo toca no violão a melodia originalmente escrita para viola. A matreirice pode ser detectada na transformação em polca de Brincadeira, segundo movimento do Quarteto de Cordas nº 1. Ou na ligeira evocação do ritmo do jongo feita na terceira parte do Poema Singelo (1942). Com direito a um tema inédito em disco, Canção das Águas Claras (1959), o repertório de O Papagaio do Moleque é tocada pelo Rabo de Lagartixa com tais ousadias estilísticas. Se a valsa Realejo (1926) vira uma marcha, Cançoneta (quarto movimento do Quarteto de Cordas nº 1) ganha toques de baião. É fato que nem sempre o quinteto é bem-sucedido em suas intenções. O arranjo do obscuro Canto do Cisne Negro (1917) não evidencia a contento o tom sombrio do tema. No todo, porém, O Papagaio do Moleque aborda o fino cancioneiro de Villa-Lobos com frescor inusitado, sem excessivas reverências ao compositor.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

É com alegria quase infantil - traduzida de certa forma no título de seu segundo álbum, O Papagaio do Moleque - que o grupo Rabo de Lagartixa aborda feliz a obra de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) em disco que se junta às lembranças dos 50 anos da morte do mais cultuado compositor erudito do Brasil. Decorridos onze anos do lançamento de seu primeiro CD, editado em 1998, o quinteto carioca se reuniu em estúdio para reviver o cancioneiro menos conhecido de Villa-Lobos entre o lirismo e a matreirice - termo, aliás, usado com propriedade pelo violonista Turíbio Santos em texto sobre o disco reproduzido no encarte. O lirismo brota das regravações de temas como Tristorosa (1910), faixa de tom seresteiro, e Quarteto de Cordas nº 1 - Canto Lírico, em que o grupo toca no violão a melodia originalmente escrita para viola. A matreirice pode ser detectada na transformação em polca de Brincadeira, segundo movimento do Quarteto de Cordas nº 1. Ou na ligeira evocação do ritmo do jongo feita na terceira parte do Poema Singelo (1942). Com direito a um tema inédito em disco, Canção das Águas Claras (1959), o repertório de O Papagaio do Moleque é tocada pelo Rabo de Lagartixa com tais ousadias estilísticas. Se a valsa Realejo (1926) vira uma marcha, Cançoneta (quarto movimento do Quarteto de Cordas nº 1) ganha toques de baião. É fato que nem sempre o quinteto é bem-sucedido em suas intenções. O arranjo do obscuro Canto do Cisne Negro (1917) não evidencia a contento o tom sombrio do tema. No todo, porém, O Papagaio do Moleque aborda o fino cancioneiro de Villa-Lobos com frescor inusitado, sem excessivas reverências ao compositor.

9 de dezembro de 2009 às 10:28  

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