Texto de 'Despertar' é mais forte do que música
Resenha de Musical
Título: O Despertar da Primavera
Texto original: Frank Wedekind
Música: Ducan Sheik
Letras: Steven Sater
Direção: Charles Möeller
Versão brasileira e supervisão musical: Cláudio Botelho
Elenco: Pierre Baitelli, Malu Rodrigues, Letícia Colin,
Rodrigo Pandolfo, Thiago Amaral, Débora Olivieri
e Carlos Gregório, entre outros atores
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro (RJ)
De quinta-feira a domingo, até 15 de novembro de 2009
Escrito em 1891 pelo dramaturgo alemão Frank Wedeking, o texto original da peça O Despertar da Primavera atravessou com êxito gerações e países por abordar o tema atemporal e universal das descobertas angustiadas da adolescência. Em 2006, o texto chegou ao circuito off-Broadway (e logo depois à Broadway propriamente dita), adaptado e acrescido de canções na forma de musical. É essa versão musicada que ganha sua eficiente primeira montagem brasileira sob a ótica de Charles Möeller & Cláudio Botelho. A grife da dupla que tirou definitivamente o ranço amador dos musicais montados no Brasil - salvo algumas exceções como as encenações de Bibi Ferreira e o arrebatador Somos Irmãs - legitima e valoriza o espetáculo em cartaz no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro (RJ), até 15 de novembro. Ainda assim, se o texto ainda resulta forte, a música em si (a cargo de Ducan Sheik) resulta quase sempre aquém da trama, sem ostentar aquele vigor juvenil que se espera de um score composto a partir de temas tão pungentes. Contudo, as letras (vertidas por Botelho com sua habitual habilidade para criar versos em português que soam plausíveis) cumprem a função de fazer a narrativa progredir.
Emoldurados pelo cenário intencionalmente opressor de Rogério Falcão, os atores da versão brasileira - selecionados através de testes - dão voz e vida a personagens bem intensos, pautados por conflitos dramáticos. O destaque maior do bom elenco nacional é Pierre Baitelli, intérprete do questionador Melchior Gabor, par romântico de Wendla (Malu Rodrigues, sem a expressão exigida pela personagem). Baitelli conduz com brilho as transformações de Melchior, em atuação emocionada e de forte empatia com o público. Merece registro também a atuação de Rodrigo Pandolfo, que encarna o trágico Moritz. Enfim, pelo apuro técnico e visual, O Despertar da Primavera resulta sedutor em sua montagem brasileira. Mas o fato é que a música de Ducan Sheik quase nunca está à altura da matéria-prima original. Apesar de os versos de temas como Mama Who Bore me, I Believe, The World of your Body e The Dark I Know Well traduzirem bem os anseios e dilemas juvenis que norteiam o texto e sustentam o interesse pelo musical.
Título: O Despertar da Primavera
Texto original: Frank Wedekind
Música: Ducan Sheik
Letras: Steven Sater
Direção: Charles Möeller
Versão brasileira e supervisão musical: Cláudio Botelho
Elenco: Pierre Baitelli, Malu Rodrigues, Letícia Colin,
Rodrigo Pandolfo, Thiago Amaral, Débora Olivieri
e Carlos Gregório, entre outros atores
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro (RJ)
De quinta-feira a domingo, até 15 de novembro de 2009
Escrito em 1891 pelo dramaturgo alemão Frank Wedeking, o texto original da peça O Despertar da Primavera atravessou com êxito gerações e países por abordar o tema atemporal e universal das descobertas angustiadas da adolescência. Em 2006, o texto chegou ao circuito off-Broadway (e logo depois à Broadway propriamente dita), adaptado e acrescido de canções na forma de musical. É essa versão musicada que ganha sua eficiente primeira montagem brasileira sob a ótica de Charles Möeller & Cláudio Botelho. A grife da dupla que tirou definitivamente o ranço amador dos musicais montados no Brasil - salvo algumas exceções como as encenações de Bibi Ferreira e o arrebatador Somos Irmãs - legitima e valoriza o espetáculo em cartaz no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro (RJ), até 15 de novembro. Ainda assim, se o texto ainda resulta forte, a música em si (a cargo de Ducan Sheik) resulta quase sempre aquém da trama, sem ostentar aquele vigor juvenil que se espera de um score composto a partir de temas tão pungentes. Contudo, as letras (vertidas por Botelho com sua habitual habilidade para criar versos em português que soam plausíveis) cumprem a função de fazer a narrativa progredir.
Emoldurados pelo cenário intencionalmente opressor de Rogério Falcão, os atores da versão brasileira - selecionados através de testes - dão voz e vida a personagens bem intensos, pautados por conflitos dramáticos. O destaque maior do bom elenco nacional é Pierre Baitelli, intérprete do questionador Melchior Gabor, par romântico de Wendla (Malu Rodrigues, sem a expressão exigida pela personagem). Baitelli conduz com brilho as transformações de Melchior, em atuação emocionada e de forte empatia com o público. Merece registro também a atuação de Rodrigo Pandolfo, que encarna o trágico Moritz. Enfim, pelo apuro técnico e visual, O Despertar da Primavera resulta sedutor em sua montagem brasileira. Mas o fato é que a música de Ducan Sheik quase nunca está à altura da matéria-prima original. Apesar de os versos de temas como Mama Who Bore me, I Believe, The World of your Body e The Dark I Know Well traduzirem bem os anseios e dilemas juvenis que norteiam o texto e sustentam o interesse pelo musical.
1 Comments:
rock'n'roll!!!! rock é que fala pro jovem, não música de musical
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