13 de setembro de 2009

'Iê Iê Iê' põe Arnaldo na pista pop(ular) dos 60

Resenha de CD
Título: Iê Iê Iê
Artista: Arnaldo Antunes
Gravadora: Rosa Celeste
/ Microservice
Cotação: * * * * 1/2

Um dos grandes compositores projetados na cena pop que emergiu com insuspeita força mercadológica no Brasil ao longo dos anos 80, Arnaldo Antunes por vezes empanou o brilho de sua música com experimentações concretistas como as feitas em seu primeiro CD solo, Nome (1993). Contudo, a discografia solo de Arnaldo foi ficando saborosa desde então. Décimo título de sua obra individual (se incluída na contabilidade a trilha sonora composta para balé do Grupo Corpo e editada em CD), Iê Iê Iê põe Arnaldo na pista pop(ular) ao revisitar com inteligência a música e a cultura pop da primeira metade dos anos 60. Nada tão impensável assim. Afinal, foi como integrante dos Titãs - quando o grupo ainda se chamava Titãs do Iê-Iê - que Arnaldo apareceu em cena e logo se revelou dono de uma das mentes mais criativas do octeto paulista. Sem nunca soar simplista, o repertório de Iê Iê Iê flerta com a simplicidade, perceptível já na deliciosa faixa-título que abre o disco com a assinatura de Arnaldo, Carlinhos Brown e Marisa Monte. Com os parceiros do trio Tribalistas, aliás, Arnaldo compôs também Vem Cá, canção de batida funkeada que enfoca dois jovens em busca de lugar mais sossegado para namorar. O álbum é irrestivelmente dançante, sobretudo em sua primeira parte. Parceria de Arnaldo com Ortinho, A Casa É sua é uma das músicas que se beneficia da sonoridade desencanada obtida pela banda que inclui o baterista Curumim. Distante da sonoridade mais delicada e calcada em cordas que norteou seus dois últimos discos de estúdio, Saiba (2004) e Qualquer (2006), Arnaldo retoma a pegada roqueira em faixas como O Que Você Quiser. A produção de Fernando Catatau faz toda a diferença em Iê Iê Iê, especialmente quando Catatau também atua como guitarrista, como nas faixas Invejoso - destaque do repertório e um hit em potencial - e Envelhecer. Entre referências de trilhas de filmes de faroeste (na balada Um Quilo) e da Jovem Guarda (em Luz Acesa, faixa de romantismo onírico típico do cancioneiro veiculado nas tardes dominicais dos anos 60), o titã apresenta canções como a envolvente Longe (parceria com Marcelo Jeneci e Betão Aguiar, baixista da banda) e Sua Menina (da lavra de Arnaldo com Paulo Miklos e Liminha). Ambas ostentam letras diretas que simplificam a música de Arnaldo Antunes sem banalizar e nivelar seu som por baixo. Nisso reside o maior mérito de Iê Iê Iê, álbum de veia pop.

11 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Um dos grandes compositores projetados na cena pop que emergiu com insuspeita força mercadológica no Brasil ao longo dos anos 80, Arnaldo Antunes por vezes empanou o brilho de sua música com experimentações concretistas como as feitas em seu primeiro CD solo, Nome (1993). Contudo, a discografia solo de Arnaldo foi ficando saborosa desde então. Décimo título de sua obra invididual (se incluída na contabilidade a trilha sonora composta para balé do Grupo Corpo e editada em CD), Iê Iê Iê põe Arnaldo na pista pop(ular) ao revisitar com inteligência a música e a cultura pop da primeira metade dos anos 60. Ou melhor, repõe. Afinal, foi como integrante dos Titãs - quando o grupo ainda se chamava Titãs do Iê-Iê - que Arnaldo apareceu em cena e logo se revelou dono de uma das mentes mais criativas do octeto paulista. Sem nunca soar simplista, o repertório de Iê Iê Iê flerta com a simplicidade, perceptível já na deliciosa faixa-título que abre o disco com a assinatura de Arnaldo, Carlinhos Brown e Marisa Monte. Com os parceiros do trio Tribalistas, aliás, Arnaldo compôs também Vem Cá, canção de batida funkeada que enfoca dois jovens em busca de lugar mais sossegado para namorar. O álbum é irrestivelmente dançante, sobretudo em sua primeira parte. Parceria de Arnaldo com Ortinho, A Casa É sua é uma das músicas que se beneficia da sonoridade desencanada obtida pela banda que inclui o baterista Curumim. Distante da sonoridade mais delicada e calcada em cordas que norteou seus dois últimos discos de estúdio, Saiba (2004) e Qualquer (2006), Arnaldo retoma a pegada roqueira em faixas como O Que Você Quiser. A produção de Fernando Catatau faz toda a diferença em Iê Iê Iê, especialmente quando Catatau também atua como guitarrista, como nas faixas Invejoso - destaque do repertório e um hit em potencial - e Envelhecer. Entre referências de trilhas de filmes de faroeste (na balada Um Quilo) e da Jovem Guarda (em Luz Acesa, faixa de romantismo onírico típico do cancioneiro veiculado nas tardes dominicais dos anos 60), o titã apresenta canções como a envolvente Longe (parceria com Marcelo Jeneci e Betão Aguiar, baixista da banda) e Sua Menina (da lavra de Arnaldo com Paulo Miklos e Liminha). Ambas ostentam letras diretas que simplificam a música de Arnaldo Antunes sem banalizar e nivelar seu som por baixo. Nisso reside o maior mérito de Iê Iê Iê, álbum de veia pop.

13 de setembro de 2009 às 18:18  
Anonymous Anônimo said...

Falando em trilha do Corpo, a do Arnaldo é uma das mais instigantes. Momento III, que está no disco, com participação da Salmaso, é maravilhosa. O Corpo devia lançar uma caixa com as suas trilhas a partir de 1990, porque são absolutamente irrepreensíveis. Os compositores soam absolutamente frescos nos discos, sem contar que há obras-primas como aquele forró que encerra a trilha de Parabelo, do Tom Zé. Quem não ouviu Parabelo, Breu, do Lenine, e 7 ou 8 Peças do Uakti, ouça!!!!!!

13 de setembro de 2009 às 23:45  
Anonymous Anônimo said...

Arnaldo é MARA!

14 de setembro de 2009 às 02:08  
Anonymous Anônimo said...

Quatro estrelinhas?
É, o nome pesa.
Não vale duas estrelas.
O melhor do Arnaldo já foi feito.

14 de setembro de 2009 às 02:37  
Anonymous Anônimo said...

Bem, eu já falei o que achei de "Iê Iê Iê".

Mas deu vontade de repetir (risos).

Se a intenção de Arnaldo era fazer um álbum homenageando a estética musical cujo nome nomeia o disco, cumpriu a meta. Com louvor.

E eu já disse: gostava do Arnaldo berrador e gritalhão de "Ninguém", "O Silêncio" e "Um Som". Mas... acho que, hoje, parafraseando Lô Borges, ele fica bem melhor assim.

Acho que gritar como ele fazia nos Titãs ficaria muito, digamos, datado, além de forçado.

E é como comentei na nota que divulgou o release do CD: se "O que você quiser" fosse uma música do Robertão dos anos 1960, com acompanhamento do RC9, ninguém ia notar a diferença, tal o sucesso de Arnaldo em mostrar a estética jovem-guardista.

Acho que é o maior elogio que posso fazer ao disco.

Felipe dos Santos Souza

PS: Curumin é ótimo músico. Tanto que já virou arroz-de-festa nas gravações de nomes novos da mepebê. Inclua-se Marcelo Jeneci nessa lista, também.

14 de setembro de 2009 às 03:54  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, só uma coisa: saiu um "invididual" no meio do texto.

E desculpe pelos comentários longos.

Felipe dos Santos Souza

14 de setembro de 2009 às 03:56  
Blogger Mauro Ferreira said...

Felipe, grato por apontar o erro de digitação. E grato tb por seus comentários lúcidos e sempre consistentes.

abs, MauroF

14 de setembro de 2009 às 09:13  
Anonymous Anônimo said...

O disco não vale um tostão furado. Achei chatérrimo. Bola fora!

Yeah, Yeah, Yeah!

E olha que eu adoro o AA.

Paulo M

14 de setembro de 2009 às 21:15  
Blogger Unknown said...

Gosto mto do Arnaldo ANtunes, mas continuo preferindo o disco "Qualquer", acho de uma ternura e doçura sem fim!

14 de setembro de 2009 às 22:02  
Anonymous Anônimo said...

Concordo com o Felipe, "Ninguém" , "O Silêncio" e o "Um som" são o supra sumo do Arnaldo solo.

15 de setembro de 2009 às 00:14  
Anonymous Anônimo said...

A principio uma sonoridade diferente, mas depois de ouvir 3x estou adorando, principalmente as letras.... adorei!

16 de setembro de 2009 às 20:40  

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