Joyce entoa canções de amor no tempo devido
Resenha de CD
Título: Slow Music
Artista: Joyce Moreno
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2
Conta Joyce Moreno - em um texto escrito por ela própria e reproduzido no encarte de seu CD Slow Music, nas lojas esta semana pela gravadora Biscoito Fino - que ao ler, em 2000, o manifesto Slow Food começou a refletir muito sobre o conceito defendido pelo italiano Carlo Petrini e a relacioná-lo à música. Slow Music propõe que a música seja saboreada sem a urgência dos ágeis tempos modernos. Não é um álbum exclusivamente de intérprete. A compositora também se faz presente em temas como a faixa-título e Convince me - ambos, a propósito, assinados em parceria com a pianista norte-americana Robin Meloy Goldsby. Mas é a cantora que se aventura, no tempo certo, por um punhado de canções que têm origem tanto no universo da Bossa Nova (Medo de Amar, uma das composições em que Vinicius de Moraes assina tanto letra quanto música) como no mundo derramado do bolero (Esta Tarde Vi Llover, um dos vários clássicos de Armando Manzanero). Qualquer que seja a origem do cancioneiro abordado em Slow Music, as músicas são irmanadas pelo tempo levemente jazzy do álbum. Leveza, aliás, é uma das chaves para a perfeita compreensão do CD. Slow Music - como também explica Joyce no texto do encarte - é feito de silêncios e pausas que evitam o tom exacerbado com que habitualmente intérpretes entoam suas canções de amor. Para atingir seu objetivo, a artista recrutou um excepcional trio - formado pelo baterista Tutty Moreno, o baixista Jorge Helder e o pianista Hélio Alves - para adequar as músicas ao tempo proposto. Impressiona a precisão do toque do piano de Hélio, evidenciada nas passagens instrumentais de faixas como Nova Ilusão (Zé Menezes e Luiz Bittencourt) e O Amor É Chama (balada pouco conhecida de Marcos e Paulo Sérgio Valle). Entre tantas baladas, como But Beautiful (J. Burke & J. Van Heusen) e Olhos Negros (Johnny Alf e Ronaldo Bastos, num registro lindo), vale ressaltar a apropriada inclusão do Samba do Grande Amor, indispensável no fino repertório pelo fato de uma das inéditas de Joyce, Valsa do Pequeno Amor, aludir já no título aos versos do grande samba de Chico. E por falar em inéditas autorais, Slow Music inclui Sobras da Partilha, que tem versos de Paulo César Pinheiro, hábil ao tocar na ferida sempre aberta da separação conjugal. Enfim, por mais que soe linear em alguns momentos e por mais que a interpretação de Joyce eventualmente pareça fora do tom (em especial em Amor, Amor - a canção de Sueli Costa e Cacaso lançada por Maria Bethânia em 1976), Slow Music é álbum que merece ser degustado com calma - e não empurrado goela abaixo como uma fast food ou uma junk music - para que todas suas nuances (e belezas) sejam apreciadas no tempo devido.
Título: Slow Music
Artista: Joyce Moreno
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2
Conta Joyce Moreno - em um texto escrito por ela própria e reproduzido no encarte de seu CD Slow Music, nas lojas esta semana pela gravadora Biscoito Fino - que ao ler, em 2000, o manifesto Slow Food começou a refletir muito sobre o conceito defendido pelo italiano Carlo Petrini e a relacioná-lo à música. Slow Music propõe que a música seja saboreada sem a urgência dos ágeis tempos modernos. Não é um álbum exclusivamente de intérprete. A compositora também se faz presente em temas como a faixa-título e Convince me - ambos, a propósito, assinados em parceria com a pianista norte-americana Robin Meloy Goldsby. Mas é a cantora que se aventura, no tempo certo, por um punhado de canções que têm origem tanto no universo da Bossa Nova (Medo de Amar, uma das composições em que Vinicius de Moraes assina tanto letra quanto música) como no mundo derramado do bolero (Esta Tarde Vi Llover, um dos vários clássicos de Armando Manzanero). Qualquer que seja a origem do cancioneiro abordado em Slow Music, as músicas são irmanadas pelo tempo levemente jazzy do álbum. Leveza, aliás, é uma das chaves para a perfeita compreensão do CD. Slow Music - como também explica Joyce no texto do encarte - é feito de silêncios e pausas que evitam o tom exacerbado com que habitualmente intérpretes entoam suas canções de amor. Para atingir seu objetivo, a artista recrutou um excepcional trio - formado pelo baterista Tutty Moreno, o baixista Jorge Helder e o pianista Hélio Alves - para adequar as músicas ao tempo proposto. Impressiona a precisão do toque do piano de Hélio, evidenciada nas passagens instrumentais de faixas como Nova Ilusão (Zé Menezes e Luiz Bittencourt) e O Amor É Chama (balada pouco conhecida de Marcos e Paulo Sérgio Valle). Entre tantas baladas, como But Beautiful (J. Burke & J. Van Heusen) e Olhos Negros (Johnny Alf e Ronaldo Bastos, num registro lindo), vale ressaltar a apropriada inclusão do Samba do Grande Amor, indispensável no fino repertório pelo fato de uma das inéditas de Joyce, Valsa do Pequeno Amor, aludir já no título aos versos do grande samba de Chico. E por falar em inéditas autorais, Slow Music inclui Sobras da Partilha, que tem versos de Paulo César Pinheiro, hábil ao tocar na ferida sempre aberta da separação conjugal. Enfim, por mais que soe linear em alguns momentos e por mais que a interpretação de Joyce eventualmente pareça fora do tom (em especial em Amor, Amor - a canção de Sueli Costa e Cacaso lançada por Maria Bethânia em 1976), Slow Music é álbum que merece ser degustado com calma - e não empurrado goela abaixo como uma fast food ou uma junk music - para que todas suas nuances (e belezas) sejam apreciadas no tempo devido.
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Conta Joyce Moreno - em um texto escrito por ela própria e reproduzido no encarte de seu CD Slow Music, nas lojas esta semana pela gravadora Biscoito Fino - que ao ler, em 2000, o manifesto Slow Food começou a refletir muito sobre o conceito defendido pelo italiano Carlo Petrini e a relacioná-lo à música. Slow Music propõe que a música seja saboreada sem a urgência dos ágeis tempos modernos. Não é um álbum exclusivamente de intérprete. A compositora também se faz presente em temas como a faixa-título e Convince me - ambos, a propósito, assinados em parceria com o pianista norte-americano Robin Meloy Goldsby. Mas é a cantora que se aventura, no tempo certo, por um punhado de canções que têm origem tanto no universo da Bossa Nova (Medo de Amar, uma das composições em que Vinicius de Moraes assina tanto letra quanto música) como no mundo derramado do bolero (Esta Tarde Vi Llover, um dos vários clássicos de Armando Manzanero). Qualquer que seja a origem do cancioneiro abordado em Slow Music, as músicas são irmanadas pelo tempo levemente jazzy do álbum. Leveza, aliás, é uma das chaves para a perfeita compreensão do CD. Slow Music - como também explica Joyce no texto do encarte - é feito de silêncios e pausas que evitam o tom exacerbado com que habitualmente intérpretes entoam suas canções de amor. Para atingir seu objetivo, a artista recrutou um excepcional trio - formado pelo baterista Tutty Moreno, o baixista Jorge Helder e o pianista Hélio Alves - para adequar as músicas ao tempo proposto. Impressiona a precisão do toque do piano de Hélio, evidenciada nas passagens instrumentais de faixas como Nova Ilusão (Zé Menezes e Luiz Bittencourt) e O Amor É Chama (balada pouco conhecida de Marcos e Paulo Sérgio Valle). Entre tantas baladas, como But Beautiful (J. Burke & J. Van Heusen) e Olhos Negros (Johnny Alf e Ronaldo Bastos, num registro lindo), vale ressaltar a apropriada inclusão do Samba do Grande Amor, indispensável no fino repertório pelo fato de uma das inéditas de Joyce, Valsa do Pequeno Amor, aludir já no título aos versos do grande samba de Chico. E por falar em inéditas autorais, Slow Music inclui Sobras da Partilha, que tem versos de Paulo César Pinheiro, hábil ao tocar na ferida sempre aberta da separação conjugal. Enfim, por mais que soe linear em alguns momentos e por mais que a interpretação de Joyce eventualmente pareça fora do tom (em especial em Amor, Amor - a canção de Sueli Costa e Cacaso lançada por Maria Bethânia em 1976), Slow Music é álbum que merece ser degustado com calma - e não empurrado goela abaixo como uma fast food ou uma junk music - para que todas suas nuances (e belezas) sejam apreciadas no tempo devido.
Adoro a Joyce. Como ela mesma diz, a carreira dela segue em crescimento constante lá fora e aqui no Brasil infelizmente ela vai sumindo cada vez mais, uma pena. Ja assisti Joyce ao vivo e levanta a platéia. Todo mundo contagiado, uma cantora de primeira e que toca demais aquele violão que a acompanha. Tenho certeza que esse é mais um grande trabalho dela. Vou comprar assim que encontrar nas lojas.
Na minha humilde opinião é do 1º time, assim como Nana, Bethânia, Simone, Gal, Beth, Elis.
HÁ MUITO MERECIA SER TITULAR E SER ESCALADA PELO PÚBLICO DE SEU PAÍS.
Joyce cantou fora do tom AMOR AMOR, mas o cd é lindo e merece ser ouvido por ouvidos apreciadores da boa música. Sem pressa...
Emanuel Andrade disse
Joyce é o luxo da fina MPB. Não mistura as coisas. Não é feito a maioria das tais cantoras do primeiro time(exceção para Nana), que canta em qualquer baile, qualquer musica e com qualquer parceria. Vê se ele emplaca a turma do sertanejo e vai ao Faustão? Joyce é tudo de bom.
É melhor ficar como está, arrebentando com seu violão lá fora do que se tornar arroz de festa aqui. E sempre bonitona. Em tempo: Joyce entende de música, não só de abrir a boca e se achar!
Emanuel, se me permite faço minhas as suas palavras.
Só o fato de ter composto a belíssima "Faxineira das Canções" para a DIVINA já mostra o bom gosto e reverência - sem essa de eu sou melhor, eu posso mais - de uma humilde e grande artista.
A Joyce é maravilhosa. Excelente compositora, excelente instrumentista, excelente arranjadora e excelente cantora. E tem uma coerência fantástica em toda sua obra, mesmo quando canta músicas de outros compositores.
Eu tenho um lp em que ela gravou apenas músicas escritas por Vinícius de Moraes com seus diversos parceiros chamado "Negro Demais no Coração" que é um espetáculo. Nesse disco eu passei a considerá-la uma das melhores cantoras desse país. A versão dela para "Primavera" é fenomenal. Pena que esse lp nunca saiu em cd, que eu saiba. (Mauro ou outra pessoa pode me confirmar isso?)
O único tropeço dado por ela que eu conheço foi a participação no especial do Fábio Júnior, em que ela cantou uma música que não tinha nada a ver com ela. Foi constrangedor. Tanto que nem saiu no disco que foi lançado. Só dá para ver no Youtube.
abração,
Denilson
Denilson, o cd da Joyce q ela canta Vinicius saiu em cd sim. Eu tenho.
Emanuel disse
Grande Denilosn, concordo com vc.
Mas...a Joyce pode ser perdoada até porque ela foi superior a tudo que se viu naquele encontrão do FJ.Ela mandou legal naquela música que nem sei de quem é. De fato tudo aquilo foi surreal, inclusive Simone de quem sempre fui observador atento. Ela fumou muito, fumaçou na cara dele e choraram juntos, pior, na absurda Senta Aqui. Mas veja, o programa foi ao ar na Record e que na Globo podia ser pior. Na Vênus Platinada se eles quiseram colocam Joyce com Victor e Léo ou com Sandy.
Pra esqucer tudo isso é só pegar os discos Joyce canta Tom e Vinícius.E pronto. Uma viagem sem tamanho.
Emanuel Andrade disse
Uma correção: foi o Fábio Jr que fumou muito, fumaçou na cara da Simone, choraram juntos, trocaram carinhos, cantando a absurda Senta Aqui
Denilson, o disco NÃO saiu em CD. Há uma versão européia - para variar, que eu tenho - que compila o LP anterior ("Joyce - Tom Jobim... Os Anos 60") - e ALGUMAS do disco que você citou. E A CAPA É A DO 1ª TRABALHO (só que "coloriram").
O Nome é "Joyce Chante Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes".
Do disco com a obra de Vinicius tem: "Primavera" (linda mesmo); "Canto de Ossanha"; "Tarde em Itapoã"; "Deixa/Formosa" e "O Astronauta". AS DEMAIS CONTINUAM INÉDITAS EM CD - NEM EM COLETÂNEAS IMPORTADAS.
Abraços.
O que é que eu preciso fazer para ter em minha coleção "Minha Gata Rita Lee" ? BUÁÁÁÁÁ...
PS: de fato, "Tom Jobim... Os Anos 60" foi lançado em CD aqui e lá fora, mas "Negro Demais no Coração" nem aqui nem lá fora. Por que ? Pelos mesmos malditos motivos que "Minha Gata Rita Lee" também permanece inédita em CD: BURRICE, PREGUIÇA, DISTRAÇÃO, POUCO CASO com o que é belo e verdadeiro em nossa MPB.
Mauro, gostaria que vc esclarecesse a frase "por mais que a interpretação de Joyce pareça fora do tom". Eu li e entendi que vc achou que a interpretação que ela deu à canção estava fora do tom interpretativo que vc consideraria o melhor para aquela canção. Isso é uma avaliação pessoal sua, que não se discute. Mas para um leitor desavisado, fica parecendo que vc diz que ela desafinou, ou seja, "cantou fora do tom", como disse um leitor. E isso eu nunca vi acontecer com a Joyce, nem nos tempos em que não existia programa de computador para afinar a voz, desses que a Xuxa usa. Nesse Cd novo, inclusive, a afinação dela é preciosa. Por favor, esclareça esse ponto, para que os leitores que prestigiam o seu blog não sejam induzidos a pensar uma coisa que não é correta. Um abraço de seu leitor, M.
M, como são milhares os leitores diários deste blog, eu tenho por norma não responder ninguém nem tirar dúvidas para não criar privilégios (exceção feita aos que apontam erros nos textos, aos quais sempre agradeço).
Mas abro outra exceção aqui para deixar claro que o 'fora do tom' não significa, no caso, desafinação. Mas se refere a um tom que, no meu entender, não é o mais adequado para a música em questão. Enfim, algo subjetivo, como você mesmo diz com razão.
abs, mauroF
Interessante quando essa busca pela perfeição gera uma coisa destoante.Joyce tem até um livro bacana "Fotografei voce na minha Rolleyflex" em que separa artistas "perfeitos" e "imperfeitos" é interessante mas não concordo muito.éum parecer muito frágil.
Valeu, anônimos das 19:09 e 21:09.
Acho que o jeito é eu passar o meu lp para cd. rsrs
Aliás, boa lembrança. A Joyce além de tudo é excelente cronista.
abração,
Denilson
Quando voce disse que Joyce cantou fora do tom AMOR AMOR, logo pensei: "Lá vem o Mauro criticar só porque considera a gravação de Bethania definitiva".
Tenho impressão que já li algo no seu blog nesse nível sobre essa mesma canção interpretada por algum outro interprete. Então pensei que seria um preconceito seu.
Mas a gravação é mesmo bastante arrastada e tem a harmonia bastante modificada. Eu tambem nao gostei.
E outra coisa, essa fórmula de "slow music" foi o mesmo clima do cd da colega de Joyce, a Rosa Passos.
Acho fora de hora esse projeto.
Cada um tem sua opinião, o que é ótimo. Mas não posso deixar de dizer uma coisa: às vezes tenho a impressão de que muita gente tem uma implicancia gratuita com a Joyce. É como se ela nos ofendesse com seu excesso de talento. Das compositoras brasileiras, é a única que é ao mesmo tempo cantora excepcional, arranjadora, letrista excelente, grande melodista e tem um domínio do seu instrumento que poucos músicos (homens) têm. É uma mulher culta, escreve bem (vejam o livro e o blog dela), fala diversos idiomas. Como bem falou o Anônimo de 22 de julho, ela ao vivo levanta e contagia uma platéia. Enfim, tenho a impressão que para nós brasileiros, com nosso complexo de vira-latas, talento demais incomoda. Por isso ela é mais compreendida fora do Brasil e tem fãs desde DJ's e roqueiros alternativos até jazzistas famosos. Ela está com mais de 60 anos. Quando ela morrer, virão as homenagens e as biografias.
M.
Joyce é voz, composição, violão, inteligência, paciência, investimento a longo prazo (rendeu!!) e pura e simples beleza.
Os "japas" sacaram isso há muito tempo. País desenvolvido tem povo desenvolvido. O Brasil ? Prefiro não comentar sobre os "recordistas" de venda aqui nos trópicos tupiniquins, preciso ?
Se a Rainha da MPB é Bethânia; se a Rainha do samba é Beth... a MINHA rainha é essa aí.
VAI SER TALENTOSA, SIMPLES E EFICIENTE ASSIM LÁ NA TERRA DO SOL NASCENTE.
TUDO DE BOM MINHA "RAINHA MULTINACIONAL". SUCESSO SEMPRE EM TODAS AS LÍNGUAS E MOEDAS.
Pois eu tenho os dois discos da polemica em CD, tanto o "Negro demais no coraçao" quanto o "Tom Jobim...os anos 60" e os Cds. coincidem com os que figuram na discografia da pagina da Joyce.
A faixa "Minha Gata Rita Lee" se acha no disco da Joyce, "Revendo Amigos" na que se acompanha com a filha Clara Moreno
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