Paralamas retomam a rota pop em 'Brasil Afora'
Resenha de CD
Título: Brasil Afora
Artista: Os Paralamas
do Sucesso
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *
Sim, Os Paralamas do Sucesso pegam leve no 18º título de sua discografia, Brasil Afora, 12º álbum de inéditas de carreira fonográfica iniciada em 1983. Após discos de tons melancólicos (Longo Caminho, 2002) e cinzentos (Hoje, 2005), responsáveis por acentuadas quedas de popularidade e vendas, o trio retoma a rota pop e solar que caracterizava sua discografia nos anos 80 e - depois do boom inicial - em álbuns ocasionais como 9 Luas (1996). Contudo, a estrada atual é mais espinhosa. Nas lojas após o Carnaval, mas já à venda no portal UOl Megastore com faixa adicional (O Palhaço), Brasil Afora não se impõe entre os melhores discos dos Paralamas porque a safra de inéditas de Herbert Vianna está abaixo do padrão de um dos grandes compositores da geração 80. Não foi por acaso que, pela primeira vez na história do trio, um disco dos Paralamas tem seus trabalhos promocionais iniciados por música alheia, A lhe Esperar, ska pop que já invadiu a praia carioca. É parceria de Arnaldo Antunes com Liminha, hábil produtor deste CD que abre em grande estilo com Meu Sonho, tema de Herbert iluminado por metais em brasa e uma guitarra que já anuncia o clima tropical do disco, gravado, aliás, em Salvador, na Bahia, no estúdio Ilha dos Sapos, disponibilizado por Carlinhos Brown, que já colaborara com o grupo carioca em Uma Brasileira, o megahit do eufórico duplo Vamo Batê Lata (1995). Brown fornece dois reggaes para o repertório, Sem Mais Adeus e Quanto Tempo, parcerias com Alain Tavares e Michael Sullivan, respectivamente. No primeiro, Brown canta, toca violão e insere sua percussão tribal(ista). Mas ambos deixam no ar a impressão de que este novo verão do reggae esboçado pelos Paralamas pode ser mais curto. Nessa estrada ensolarada, Mormaço - tributo a João Pessoa (PB), cidade natal de Herbert, prestado com a adesão de Zé Ramalho, legítimo paraibano - parece ser um pit stop mais interessante. Descendo para o Sul, o disco esboça reflexões de tom zen em Taubaté ou Santos, tema da lavra do grupo que não chega a empolgar. Brasil Afora caminha de forma menos acidental quando o trio se assume power e pega pesado em Tão Bela e na faixa-título, um baioque arretado. Entre o peso e a leveza de faixas como Tempero Zen (balada em que Herbert expressa pensamento de natureza mais filosófica) e El Amor (versão em português de El Amor Después del Amor, poética canção do roqueiro argentino Fito Paez, fiel hermano dos Paralamas nas rotas internacionais), Brasil Afora chega ao seu destino sem efetivamente desviar o trio da compreensível crise criativa pós-acidente de 2001. Parece ser (bem) longo o caminho para a completa recuperação artística.
Título: Brasil Afora
Artista: Os Paralamas
do Sucesso
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *
Sim, Os Paralamas do Sucesso pegam leve no 18º título de sua discografia, Brasil Afora, 12º álbum de inéditas de carreira fonográfica iniciada em 1983. Após discos de tons melancólicos (Longo Caminho, 2002) e cinzentos (Hoje, 2005), responsáveis por acentuadas quedas de popularidade e vendas, o trio retoma a rota pop e solar que caracterizava sua discografia nos anos 80 e - depois do boom inicial - em álbuns ocasionais como 9 Luas (1996). Contudo, a estrada atual é mais espinhosa. Nas lojas após o Carnaval, mas já à venda no portal UOl Megastore com faixa adicional (O Palhaço), Brasil Afora não se impõe entre os melhores discos dos Paralamas porque a safra de inéditas de Herbert Vianna está abaixo do padrão de um dos grandes compositores da geração 80. Não foi por acaso que, pela primeira vez na história do trio, um disco dos Paralamas tem seus trabalhos promocionais iniciados por música alheia, A lhe Esperar, ska pop que já invadiu a praia carioca. É parceria de Arnaldo Antunes com Liminha, hábil produtor deste CD que abre em grande estilo com Meu Sonho, tema de Herbert iluminado por metais em brasa e uma guitarra que já anuncia o clima tropical do disco, gravado, aliás, em Salvador, na Bahia, no estúdio Ilha dos Sapos, disponibilizado por Carlinhos Brown, que já colaborara com o grupo carioca em Uma Brasileira, o megahit do eufórico duplo Vamo Batê Lata (1995). Brown fornece dois reggaes para o repertório, Sem Mais Adeus e Quanto Tempo, parcerias com Alain Tavares e Michael Sullivan, respectivamente. No primeiro, Brown canta, toca violão e insere sua percussão tribal(ista). Mas ambos deixam no ar a impressão de que este novo verão do reggae esboçado pelos Paralamas pode ser mais curto. Nessa estrada ensolarada, Mormaço - tributo a João Pessoa (PB), cidade natal de Herbert, prestado com a adesão de Zé Ramalho, legítimo paraibano - parece ser um pit stop mais interessante. Descendo para o Sul, o disco esboça reflexões de tom zen em Taubaté ou Santos, tema da lavra do grupo que não chega a empolgar. Brasil Afora caminha de forma menos acidental quando o trio se assume power e pega pesado em Tão Bela e na faixa-título, um baioque arretado. Entre o peso e a leveza de faixas como Tempero Zen (balada em que Herbert expressa pensamento de natureza mais filosófica) e El Amor (versão em português de El Amor Después del Amor, poética canção do roqueiro argentino Fito Paez, fiel hermano dos Paralamas nas rotas internacionais), Brasil Afora chega ao seu destino sem efetivamente desviar o trio da compreensível crise criativa pós-acidente de 2001. Parece ser (bem) longo o caminho para a completa recuperação artística.
8 Comments:
Sim, Os Paralamas do Sucesso pegam leve no 18º título de sua discografia, Brasil Afora, 12º álbum de inéditas de carreira fonográfica iniciada em 1983. Após discos de tons melancólicos (Longo Caminho, 2002) e cinzentos (Hoje, 2005), responsáveis por acentuadas quedas de popularidade e vendas, o trio retoma a rota pop e solar que caracterizava sua discografia nos anos 80 e - depois do boom inicial - em álbuns ocasionais como 9 Luas (1996). Contudo, a estrada atual é mais espinhosa. Nas lojas após o Carnaval, mas já à venda no portal UOl Megastore com faixa adicional (O Palhaço), Brasil Afora não se impõe entre os melhores discos dos Paralamas porque a safra de inéditas de Herbert Vianna está abaixo do padrão de um dos grandes compositores da geração 80. Não foi por acaso que, pela primeira vez na história do trio, um disco dos Paralamas tem seus trabalhos promocionais iniciados por música alheia, A lhe Esperar, ska pop que já invadiu a praia carioca. É parceria de Arnaldo Antunes com Liminha, hábil produtor deste CD que abre em grande estilo com Meu Sonho, tema de Herbert iluminado por metais em brasa e uma guitarra que já anuncia o clima tropical do disco, gravado, aliás, em Salvador, na Bahia, no estúdio Ilha dos Sapos, disponibilizado por Carlinhos Brown, que já colaborara com o grupo carioca em Uma Brasileira, o megahit do duplo ao vivo Vamo Batê Lata (1995). Brown fornece dois reggaes para o repertório, Sem Mais Adeus e Quanto Tempo, parcerias com Alain Tavares e Michael Sullivan, respectivamente. No primeiro, Brown canta, toca violão e insere sua percussão tribal(ista). Mas ambos deixam no ar a impressão de que este novo verão do reggae esboçado pelos Paralamas pode ser mais curto. Nessa estrada ensolarada, Mormaço - tributo a João Pessoa (PB), cidade natal de Herbert, prestado com a adesão de Zé Ramalho, legítimo paraibano - parece ser um pit stop mais interessante. Descendo para o Sul, o disco esboça reflexões de tom zen em Taubaté ou Santos, tema da lavra do grupo que não chega a empolgar. Brasil Afora caminha de forma menos acidental quando o trio se assume power e pega pesado em Tão Bela e na faixa-título, um baioque arretado. Entre o peso e a leveza de faixas como Tempero Zen (balada em que Herbert expressa pensamento de natureza mais filosófica) e El Amor (versão em português de El Amor Después del Amor, poética canção do roqueiro argentino Fito Paez, fiel hermano dos Paralamas nas rotas internacionais), Brasil Afora chega ao seu destino sem efetivamente desviar o trio da compreensível crise criativa pós-acidente de 2001. Parece ser (bem) longo o caminho para a completa recuperação artística.
Como fã juramentado, já ouvi tudinho (mas não comprei na UOL Megastore - prefiro a versão física, eh, eh, eh...).
Achei bom, animado (concordo com o Mauro: é o mais solar desde "9 Luas"), mas nada que vá fazer a terra tremer. Satisfaz os fãs e consumidores. E já é o bastante.
Só vou discordar em um ponto. Embora as letras dele sejam realmente mais sofridas, acho que, musicalmente, "Hoje" não é SÓ cinzento. Ele vai ficando cinzento ao longo de sua duração.
Mesmo que tenham o estilo confessional corta-pulso que só HV sabe dar, "2A" e "Na Pista" têm arranjo festeiro. E "Soledad Cidadão" funciona, com suas latinidades.
O ponto de virada para "fechar o tempo", em "Hoje", é "Ao Acaso": aí, sim, música e letra ficam mais sombrias, culminando no peso de "220 Desencapado", "Fora de Lugar" e "Ponto de Vista".
Feita a discordância, só mais duas impressões minhas, da audição:
- Digam o que disserem, mas sabem de qual canção "Meu Sonho" me lembrou? "Chorando no Campo". Por incrível que pareça. Dá até para cantar "a chuva cai chorando/e o meu amor vai e vem" em cima...
- Sabe que eu gostei de "Taubaté ou Santos"? Acertaram no tom mais classudo, quase como um Style Council brazuca, com mais guitarra. Só para prosseguir na série "uma canção lembra outra", me lembrou "Primeiro Andar", do Los Hermanos, no caráter etéreo do arranjo.
E deixa eu ir, que já digitei demais.
Oi Mauro,
Permita-me uma correção. O álbum Vamo Bate Lata nao é um album duplo ao vivo. Apenas um dos discos é ao vivo, o outro traz quatro inéditas em estúdio (das quais três fizeram algum sucesso - 300 picaretas, Saber Amar e Uma Brasileira). Fico feliz que os Paralamas se mantenham em atividade com a mesma formação desde o início. Acho que é a única das bandas de sucesso dos anos 80 que conseguiu tal proeza.
Abraços.
É vero, Felipe, não deixaste nada para esse outro fã aqui.
Parabéns pela "versão física". A música como conhecemos depende de nós.
Paralamas é MARA! Que saudade deles! Um bálsamo um disco novo. Não ouvi e já gostei!
Não ouvi e já gostei![2]
Um ótima banda que já deu o que tinha que dar
Olá, Mauro, pode entrar em contato comigo pelo nando (arroba) noize . com . br? Gostaria de publicar uma resenha sua do Brasil Afora, somos uma revista gratuita que circula há dois anos no RS e agora passa a circular nacionalmente. Abraço.
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