Mergulhos rasos e fundos nos mares de Caymmi
Resenha de Programa de TV
Título: Som Brasil Especial - Dorival Caymmi
Artista: Alice Caymmi, Danilo Caymmi, Dori Caymmi,
Margareth Menezes, Moinho (em foto da TV Globo), Nana
Caymmi e Zeca Baleiro
Data da exibição: 19 de dezembro de 2008
Cotação: * * *
Sem forjar falsa modéstia, Dorival Caymmi (1914 - 2008) sempre costumava dizer que ele próprio era o melhor intérprete de suas músicas. A edição especial dedicada pela TV Globo ao compositor na série de programas musicais Som Brasil - exibida na noite de sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 - deu razão a Caymmi. O que não significa que não tenha havido momentos de brilho entre mergulhos rasos e profundos no mar deste artista que tão bem soube retratar a velha e mítica Bahia assim como o Rio de Janeiro esfumaçado das boates e dos sambas-canções típicos dos anos 40 e 50. Sua filha Nana - em sua primeira aparição pública desde a morte do pai - é das que mergulham fundo nesta vertente mais romântica. Tanto que sua interpretação de Só Louco - emoldurada pelo violão de Dori e pela flauta de Danilo - abriu o programa em grande estilo. Mais tarde, Dori mostraria que é o grande herdeiro vocal do pai ao cantar João Valentão enquanto Danilo fez dueto com a filha, Alice Caymmi, em Sábado em Copacabana. Aliás, a aparição da neta de Dorival - que cantou sozinha Nem Eu, outra pérola do rosário de sambas-canções do seu avô - revelou jovem cantora de voz grave e viril, ainda em busca de uma identidade (o timbre lembra o de Nana, mas sem reeditar a carga emotiva que enobrece o canto da tia de Alice). Fora do círculo familiar, Zeca Baleiro comprovou que sabe se apropriar de repertório alheio com personalidade ao abordar em tom pop um trio de mulheres (Dora, Marina e Rosa Morena) celebrizadas pelo cancioneiro de Caymmi. O arranjo de Marina, em especial, deu outra pintura à música. Já Margareth Menezes teve seu grande momento ao cantar Morena do Mar com o suingue afro-brasileiro que valoriza sua voz calorosa. Maga também interpretou Canoeiro (Pescaria) e a Suíte dos Pescadores, esta num tom mais reverente ao mestre das canções praieiras. Por sua vez, o grupo Moinho ficou com os sambas buliçosos que são, em sua maioria, belos postais da Bahia. O trio - formado pelo guitarrista Toni Costa, a percussionista Lan Lan e a cantora Emanuelle Araújo (atualmente mais em evidência pela interpretação da personagem Manu na novela A Favorita) - abordou Caymmi com graça e vivacidade sem alcançar um brilho realmente especial como sugeria o título do bem-vindo programa.
Título: Som Brasil Especial - Dorival Caymmi
Artista: Alice Caymmi, Danilo Caymmi, Dori Caymmi,
Margareth Menezes, Moinho (em foto da TV Globo), Nana
Caymmi e Zeca Baleiro
Data da exibição: 19 de dezembro de 2008
Cotação: * * *
Sem forjar falsa modéstia, Dorival Caymmi (1914 - 2008) sempre costumava dizer que ele próprio era o melhor intérprete de suas músicas. A edição especial dedicada pela TV Globo ao compositor na série de programas musicais Som Brasil - exibida na noite de sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 - deu razão a Caymmi. O que não significa que não tenha havido momentos de brilho entre mergulhos rasos e profundos no mar deste artista que tão bem soube retratar a velha e mítica Bahia assim como o Rio de Janeiro esfumaçado das boates e dos sambas-canções típicos dos anos 40 e 50. Sua filha Nana - em sua primeira aparição pública desde a morte do pai - é das que mergulham fundo nesta vertente mais romântica. Tanto que sua interpretação de Só Louco - emoldurada pelo violão de Dori e pela flauta de Danilo - abriu o programa em grande estilo. Mais tarde, Dori mostraria que é o grande herdeiro vocal do pai ao cantar João Valentão enquanto Danilo fez dueto com a filha, Alice Caymmi, em Sábado em Copacabana. Aliás, a aparição da neta de Dorival - que cantou sozinha Nem Eu, outra pérola do rosário de sambas-canções do seu avô - revelou jovem cantora de voz grave e viril, ainda em busca de uma identidade (o timbre lembra o de Nana, mas sem reeditar a carga emotiva que enobrece o canto da tia de Alice). Fora do círculo familiar, Zeca Baleiro comprovou que sabe se apropriar de repertório alheio com personalidade ao abordar em tom pop um trio de mulheres (Dora, Marina e Rosa Morena) celebrizadas pelo cancioneiro de Caymmi. O arranjo de Marina, em especial, deu outra pintura à música. Já Margareth Menezes teve seu grande momento ao cantar Morena do Mar com o suingue afro-brasileiro que valoriza sua voz calorosa. Maga também interpretou Canoeiro (Pescaria) e a Suíte dos Pescadores, esta num tom mais reverente ao mestre das canções praieiras. Por sua vez, o grupo Moinho ficou com os sambas buliçosos que são, em sua maioria, belos postais da Bahia. O trio - formado pelo guitarrista Toni Costa, a percussionista Lan Lan e a cantora Emanuelle Araújo (atualmente mais em evidência pela interpretação da personagem Manu na novela A Favorita) - abordou Caymmi com graça e vivacidade sem alcançar um brilho realmente especial como sugeria o título do bem-vindo programa.
26 Comments:
Sem forjar falsa modéstia, Dorival Caymmi (1914 - 2008) sempre costumava dizer que ele próprio era o melhor intérprete de suas músicas. A edição especial dedicada pela TV Globo ao compositor na série de programas musicais Som Brasil - exibida na noite de sexta-feira, 19 de dezembro de 2008 - deu razão a Caymmi. O que não significa que não tenha havido momentos de brilho entre mergulhos rasos e profundos no mar deste artista que tão bem soube retratar a velha e mítica Bahia assim como o Rio de Janeiro esfumaçado das boates e dos sambas-canções típicos dos anos 40 e 50. Sua filha Nana - em sua primeira aparição pública desde a morte do pai - é das que mergulham fundo nesta vertente mais romântica. Tanto que sua interpretação de Só Louco - emoldurada pelo violão de Dori e pela flauta de Danilo - abriu o programa em grande estilo. Mais tarde, Dori mostraria que é o grande herdeiro vocal do pai ao cantar João Valentão enquanto Danilo fez dueto com a filha, Alice Caymmi, em Sábado em Copacabana. Aliás, a aparição da neta de Dorival - que cantou sozinha Nem Eu, outra pérola do rosário de sambas-canções do seu avô - revelou jovem cantora de voz grave e viril, ainda em busca de uma identidade (o timbre lembra o de Nana, mas sem reeditar a carga emotiva que enobrece o canto da tia de Alice). Fora do círculo familiar, Zeca Baleiro comprovou que sabe se apropriar de repertório alheio com personalidade ao abordar em tom pop um trio de mulheres (Dora, Marina e Rosa Morena) celebrizadas pelo cancioneiro de Caymmi. O arranjo de Marina, em especial, deu outra pintura à música. Já Margareth Menezes teve seu grande momento ao cantar Morena do Mar com o suingue afro-brasileiro que valoriza sua voz calorosa. Maga também interpretou Canoeiro (Pescaria) e a Suíte dos Pescadores, esta num tom mais reverente ao mestre das canções praieiras. Por sua vez, o grupo Moinho ficou com os sambas buliçosos que são, em sua maioria, belos postais da Bahia. O trio - formado pelo guitarrista Toni Costa, a percussionista Lan Lan e a cantora Emanuelle Araújo (atualmente mais em evidência pela interpretação da personagem Manu na novela A Favorita) - cantaram Caymmi com graça e vivacidade sem alcançar um brilho realmente especial como sugeria o título do bem-vindo programa.
Mauro, concordo com os comentários.
Nana tocou fundo, como sempre. Não há nada mais que só possa dizer dessa grande intérprete. Tudo já foi dito e é pouco.
Alice Caymmi deu um super caldo, timbre com assinatura, emissão firme, se quiser pode ir longe. Você quis dizer viril mesmo? Será que a moça vai gostar? Está mais para vigorosa.
Zeca Baleiro foi o que você disse. Gostei.
Margareth Menezes fez bela figura, arranjos ousados de sua banda, "A Suite dos Pescadores" (embora tesourada, pffffft), foi tratada com dignidade.
Emanuelle Araujo mandou bem, mas eu não entendo qualé a desse grupo Moinho. Parece que cada um está mais interessado no próprio umbigo, não há interação.
Dori é o meu preferido desses todos. Parece que ouviu os pedidos do pai e simplificou as harmonias de suas versões. Dori, prefiro suas harmonias sofisticadas mesmo.
Mesmo atrás do anteparo de acrílico, a mixagem da bateria do grupo dos Caymmi ficou a dever. A baqueta no aro ficou alta demais.
Eu deixei gravando e assisti hoje. O que pude constatar é o mesmo equívoco de outros: intérpretes inseguros errando e patinando feio nas músicas do homenageado. Salvaram-se os filhos e Margareth Menezes! Gostei também da neta Alice que tem um timbre interessante, muito parecido com o da tia. Abraços,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
PS: Dona Emanuelle Araújo que se diz baiana deveria ao menos aprender que quando se CANTA todo mundo bole!
PS2: Mauro, não resenhou o Som Brasil Cartola? Deve ter perdido! Aliás, NÃO PERDESTES NADA! Grande abraço.
Outra coisa que esqueci de mencionar e só depois eu li teu texto Mauro, até porque gosto de colocar as primeiras impressões antes para não copiar algo que você escreveu MAS, eu fico imaginando o que seria de Zeca Baleiro se revisitasse mais vezes as canções dos grandes compositores de MPB? Sem dúvida teríamos um dos melhores cantores de MPB! Canta muito bem, tem uma bela voz mas não curto o tipo de repertório. Ele MANDOU MUITO BEM com Gonzaguinha e agora com Caymmi. Abs,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
olá mauro, parabenizo a crítica, muito ponderada.
os artistas elogiados realmente representaram dignamente a obra de caymmi. a começar por seus filhos, que quem conhece, confia... a revelação da linda voz de alice caymmi, devidamente afinada e na medida certa.
o zeca baleiro, grande compositor, com a ajuda de uma competente banda colocou sua impressão nas músicas de forma interessante.
e margareth menezes, com sua baianidade e estilo próprio, ofereceu muita riqueza às interpretações.
Não tão desastroso quanto o de Cartola, mas Margareth Menezes e a "netinha" deixaram a desejar.
Já o Grupo Moinho me surpreendeu.
Fiquei emocionada com tanta beleza.
Como se cada intérprete tivesse sido esolhido pelo dedo de Deus (eu acho que foi de fato).
Ver Emanuelle Araújo cantando (nunca tinha visto), uma voz fantástica, afinada, emocionante de fato.
A família Caymmi então (aguenta coração, falta lenço pra dar conta das lágrimas).
Margareth Menezes é linda de tudo que é jeito, completamente entregue a arte.
Foi perfeito.
havia tempos que não via algo tão lindo.
Dorival Caymmi sem dúvida fez festa no céu, na certa reuniu anjo, arcanjos para verem que a música tem esse poder, poder de encantar.
Parabéns pelo seu blog, como sou apaixonada por música, vou voltar sempre.
Abraços
Com exceção de um anônimo aqui, não corroboro com os elogios à neta Caymmi. Claro que tem sangue bom e ainda muito chão pela frente, mas achei precipitada a exposição. Não está preparada ainda de forma alguma. A voz é diferente sim, mas ainda precisa ser muito lapidada, sem contar que desafina.
Muitos anos de distância de toda a família. Admiro Dori, o mais "cabeça" da família, não ter aconselhado ou até vetado a exposição prematura.
O Futuro dirá.
A Nana como sempre arrasou.Só não entendi ela ter cantado só uma música e na foto do making-off em que aparece todos os participantes, ela não está.
Alice Caymmi tem uma voz deslumbrante, dizem que é semelhante a da avó Stela,se o for, então é uma mistura da voz dela e da Nana.Falta burilar e daí?o que ressaltou é o incrívelmente belo vozeirão que sai um pouco do padrão a que estamos acostumados a ouvir por ai.Meio Nana,meio Virginia Rodrigues.Puro diamante a ser trabalhado, mas que já dá um prazer enorme de se ouvir.Basta ir lá no You Tube para vê-la de novo cantando Nem Eu.
Prezado anônimo,
Pelo que sei Nana entrou numa "deprê" braba com a morte do Mestre do Mar - papai Dorival.
Já deve ter sido difícil cantar "Só louco". Talvez explique.
Quanto à sobrinha, filha e neta Alice, concordo que tem muito chão pela frente e que deveria ter se preservado antes de aparecer muito imatura em plena Rede Globo - e este programa em particular nem foi exibido às altas horas da madrugada. A voz é diferente, o que não quer dizer de forma alguma que seja ruim, mas falta muito para ser chamada de CANTORA.
Alice não desafina e tem voz forte. Mas ainda é técnica demais, fria, sem emoção e sem personalidade. Quando parar de imitar a Nana, talvez ela consiga espaço.
1) Dori foi o melhor.
2)A netinha foi constrangedora
3)Zeca foi fraco.
4)O Moinho, Margaret e Nana foram muito bem.
PS: Marcelão, "canta" ou "samba" dá no mesmo, não perde o sentido.
Deixe de preciosismo. :>)
Jose Henrique
Zeca tava com cara de poucos amigos, parecia que estava ali obrigado. A única vantagem foi ouvir e ver ele cantando algo sem ser do reperório chatérrimo dele...
rsrs Fala Zé! Eu tenho implicância com esse Moinho mesmo! Não suporto! Abs,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Emanuelle Araújo deveria ficar na carreira de atriz ou tentar uma solo!
Depois de Nana,tudo ficou sem graça.Dori tb foi muito legal.Aliás Dori faria muito bem a Nana se a levasse para gravar nos EUA.Um distanciamento,novos ares é o que nossa maior cantora esta precisando agora.E sua parceria com seu mano é imbatível!
Ahhhhhhh, eu falei mal dessa banda logo quando ela surgiu, achei meio "projeto do Gugu", mas ela é boazinha, dá pra divertir.
PS: Gosta da mocinha, é graciosa, bonita e dá conta do recado.
Jose Henrique
Quem ouviu "O Bem do Mar" com Djavan - em disco tributo raro chamado "Dorival" lançado em 1992 pela Sony - pode dizer que Margareth Menezes "foi muito bem" ?
Na minha opinião: léguas de distância.
O Moinho foi o melhor da festa, como sempre.
Nem o brilhante Zeca chegou perto.
Só para corrigir, mas o recado é o mesmo. No disco "Dorival" tem a Abelha Rainha cantando "Morena do Mar". Margareth Menezes ? Sem chance.
O repertório de Zeca nunca foi "chatérrimo". É "diferentérrimo", isso sim.
Não é para qualquer ouvido.
Se ainda existe o termo "vanguarda", Zeca Baleiro é o símbolo.
Nunca se repete e pouco erra.
No especial realmente parecia "em órbita", mas na minha opinião é postura de respeito diante de uma obra "sacra".
Não inventou, ou melhor, não quis reinventar Caymmi.
Muitos artistas de nossa MPB, talentosos ou não, deveriam seguir o exemplo para não arriscar "estragar" uma obra-prima.
Zeca Baleiro é o melhor compositor da nova geração, pelo menos tem sua marca. Ninguém copia. E a cada novo trabalho se renova. Viva Baleiro! Ele e o grupo Moinho salvaram o tributo - claro que não preciso citar os Caymmis (com exceção da neta, muito crua ainda, como já disseram aqui).
Prestei atenção pela 1ª vez no grupo Moinho no programa e me encantei.
Com o resto não me surpreendi.
PS: concordo com o anônimo especificamente com relação ao Zeca Baleiro. "Chatérrimo" deve ser o outro anônimo.
Prestemos atenção antes de falar ou escrever alguma bobagem.
Acho o Moinho ótimo para animar festas.
Comparar a apresentação da Margareth outras gravações em estúdio é uma tolice, aliás comparar Margareth com qualquer coisa é tolice, tudo que ela faz é muito pessoal, bom ou ruim, não merece comparação.
O repertório do Zeca Baleiro é realmente muito chato, mas a voz é pra lá de interessante.
Crua ou não,Alice Caymmi tem uma voz invejável e tem tudo para fazer uma bela carreira musical.
Sem precisar imitar a Nana ou quem quer que seja.Novinha que é, tem tempo p/tudo isso e muito mais.
Eu achei Alice chata, isso sim, tal qual Nana, que tentou borrar a carreira de Marisa Monte por puro despeito em certa ocasião lá no passado, sem sucesso.
Zeca não é chato, tem bela voz e no palco é muito bom mas o que salvou o tributo foi mesmo a melhor das bandas recém surgidas, que mistura e faz um som super decente e honesto, com músicos competentíssimos, que é o Moinho.
Desde quando Nana precisa se preocupar com a concorrência ?
Voz, timbre e interpretação únicas.
Concordo anônimo.
Vão me crucificar: mas nem Bethânia.
Viva Nana.
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