27 de outubro de 2008

Muggiati perfila jazzistas com textos elegantes

Resenha de livro
Título: Improvisando
Soluções
Autor: Roberto Muggiati
Editora: Best-Seller
Cotação: * * * * 1/2

Com escrita de fraseado elegante, o jornalista Roberto Muggiati - um dos maiores críticos de jazz do Brasil - defende em seu saboroso livro Improvisando Soluções que o jazz não é apenas um estilo musical, mas uma forma de encarar a própria vida. Para tal, ele apresenta breves perfis de lendas do gênero que superaram adversidades em nome da música. Um dos casos mais pungentes é o do violonista Django Reinhardt (1910 - 1953), que se viu induzido a criar um novo estilo de tocar seu instrumento por conta de um incêndio que lhe queimou parte do corpo e paralisou dois dedos de sua mão esquerda. Outro é o do pianista Art Tatum (1910 - 1956), que, praticamente cego desde o nascimento, fez da música a sua janela para o mundo - com a mesma garra e força de vontade com que outro virtuose do piano, Michel Petrucciani (1962 - 1999), driblou congênita doença degenerativa que moía seus ossos e conseguiu se impôr com toque raro na cena jazzística.

Além de perfilar músicos que superaram tragédias pessoais, sem nunca cair em tom melodramático, o novo livro de Muggiati é, de certa forma, excelente introdução ao mundo do jazz por retratar com exatidão a arte, o som e a personalidade de mitos como o saxofonista Charlie Parker (1920 - 1995), o pianista Thelonious Monk (1920 - 1982) e a cantora Billie Holiday (1915 - 1959), entre outros ícones que enfrentaram resistências e somente passaram para a posteridade porque souberam improvisar tanto na vida como na música. Por fim, o autor se expõe de forma pessoal e confessional no capítulo O Jazz Salvou a Minha Vida, em que conta como, na juventude, um solo do saxofonista Barney Wilen, ouvido nas ruas de Paris, o desviou do caminho do suicídio. Nem o destoante epílogo que roça a literatura de auto-ajuda, em capítulo intitulado O Jazz como Estratégia para o Sucesso, tira o brilho de livro preciso para quem quer entender o espírito do jazz.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Com escrita de fraseado elegante, o jornalista Roberto Muggiati - um dos maiores críticos de jazz do Brasil - defende em seu saboroso livro Improvisando Soluções que o jazz não é apenas um estilo musical, mas uma forma de encarar a própria vida. Para tal, ele apresenta breves perfis de lendas do gênero que superaram adversidades em nome da música. Um dos casos mais pungentes é o do violonista Django Reinhardt (1910 - 1953), que se viu induzido a criar um novo estilo de tocar seu instrumento por conta de um incêndio que lhe queimou parte do corpo e paralisou dois dedos de sua mão esquerda. Outro é o do pianista Art Tatum (1910 - 1956), que, praticamente cego desde o nascimento, fez da música a sua janela para o mundo - com a mesma garra e força de vontade com que outro virtuose do piano, Michel Petrucciani (1962 - 1999), driblou congênita doença degenerativa que moía seus ossos e conseguiu se impôr com toque raro na cena jazzística.

Além de perfilar músicos que superaram tragédias pessoais, sem nunca cair em tom melodramático, o novo livro de Muggiati é, de certa forma, excelente introdução ao mundo do jazz por retratar com exatidão a arte, o som e a personalidade de mitos como o saxofonista Charlie Parker (1920 - 1995), o pianista Thelonious Monk (1920 - 1982) e a cantora Billie Holiday (1915 - 1959), entre outros ícones que enfrentaram resistências e somente passaram para a posteridade porque souberam improvisar tanto na vida como na música. Por fim, o autor se expõe de forma pessoal e confessional no capítulo O Jazz Salvou a Minha Vida, em que conta como, na juventude, um solo do saxofonista Barney Wilen, ouvido nas ruas de Paris, o desviou do caminho do suicídio. Nem o destoante epílogo que roça a literatura de auto-ajuda, em capítulo intitulado O Jazz como Estratégia para o Sucesso, tira o brilho de livro preciso para quem quer entender o espírito do jazz.

27 de outubro de 2008 às 17:22  

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